Honestly? I love you! escrita por Miss Vanderwaal


Capítulo 27
Bênção


Notas iniciais do capítulo

E aqui estou eu, depois de um ano, com a primeira parte do epílogo. Sim, não me matem, mas eu tive que dividir em duas partes porque senão ia ficar gigante demais. Mas eu juro juradinho que não vou demorar mais um ano pra postar a segunda parte (que já está em andamento, aliás).

Ps: deixo aqui um muito obrigada especial a Nara Rocha, porque o (lindíssimo) comentário dela no capítulo anterior me motivou pakas a voltar a escrever ♥



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Sentada sobre a areia, Mona fechou os olhos e deixou que o cheiro salgado da maresia invadisse suas narinas. Ela sempre amara aquele cheiro desde pequena, bem como o som das ondas e o canto das gaivotas ao longe; tudo sempre fora como um sopro de vida para ela. Porém, agora ela amava tudo aquilo ainda mais.

   À partir do entardecer daquela sexta-feira, a beira da praia e tudo o que a cercava lembraria Mona para sempre das bolhinhas dentro das taças de champanhe, de salgadinhos de festa e, principalmente, de leves vestidos brancos. 

   Ela mordeu o lábio, sorrindo para si enquanto encarava a calmaria do oceano e lembrava-se de que havia recorrido ao Skype para contar a seus avós sobre o noivado, uma semana depois de ela e Alison terem saído do hospital.

   Na hora, o nervosismo tomara conta de Hanna, afinal, ela nunca havia conversado com os pais de Ned e Leona; apenas eles tinham uma boa ideia de quem Hanna era pelo tanto que Mona costumava falar dela quando ia ao Havaí visitá-los, isto é, há anos, quando a morena ainda estava na pré-adolescência.

   Mona, porém, sempre tivera a mais plena certeza de que seus avós tinham a mesma noção que seus pais a respeito do quanto Hanna significava para ela, portanto, não havia o que temer. Inclusive, aqueles dois pares de olhos que as observavam atentamente do outro lado da tela do computador pareciam ter descoberto do que aquela ligação se tratava antes mesmo de Mona agarrar a mão direita de Hanna – a que continuaria ostentando a aliança até o dia da cerimônia – e contar sobre ter pedido a loira em casamento.

— E vocês já pensaram sobre onde querem que seja a cerimônia? – fora literalmente a primeira pergunta que seguira aquela notícia, feita pelo avô de Mona em um tom convidativo que surpreendera até mesmo a morena.

   Desde tal dia, nove meses haviam se passado; o quarto e último ano do colegial havia acabado, as férias de verão estavam em seu princípio e ambas, Hanna e Mona, haviam sido aceitas na Universidade de Nova York. Elas passariam a dividir um apartamento fora do campus da universidade assim que as aulas começassem. Em outras palavras, o futuro tinha tudo para ser brilhantemente promissor e a morena, que agora deixava a areia escorrer por entre os dedos de seus pés descalços, nunca seria capaz de expressar o tamanho de sua gratidão.

— Aí está a noiva mais linda de toda a ilha de Oahu – uma voz conhecida murmurou rente ao ouvido de Mona, que deu uma leve risada e deixou-se ser aconchegada por aquele corpo que a abraçava por trás.

— São oito da manhã. Você deveria estar aproveitando os últimos minutos de sono que te restam antes que a dupla Emison se apodere de você.

— Eu fugi antes que elas acordassem – Hanna contou, soando orgulhosa. – Não aguentei ficar naquela cama sozinha.  

   Mona riu outra vez. Emily e Alison haviam estipulado que ela e Hanna deveriam dormir em quartos separados e não manter contato até o momento da cerimônia, pois alguma lenda milenar dizia que o sentimento de antecipação traz boa sorte aos noivos. O que é um casamento sem superstições toscas?, Mona pensara, achando graça, antes de concordar com tal brincadeira. Porém, ela também acordara cedo – às seis em ponto, especificamente –, em parte por pura ansiedade, mas também porque fora simplesmente estranho não ter pregado os olhos na noite passada com Hanna ao seu lado.

— Mas de qualquer maneira você não deveria estar aqui – Mona sussurrou em um tom de gozação, virando-se para Hanna. – É contra as regras místicas. Vai nos trazer azar.

   Foi a vez de Hanna dar risada.

— Meu bem, quanto a isso, pode relaxar. Nós já atingimos a nossa cota de azares há muito tempo.

   Ouvir tal afirmação em algum momento do passado talvez fosse trazer péssimas memórias a Mona, mas não naquela altura do campeonato, não naquele dia. A morena simplesmente sorriu, leve, deixando-se mergulhar naquele abraço, no calor e no perfume do corpo de Hanna.

— Quer ouvir algo engraçado? – perguntou depois de um tempo, descompromissadamente.

— Eu adoraria – respondeu a loira em um tom meloso.

   Mona respirou fundo, subitamente lembrando-se do porquê viera espairecer à beira da praia, como se por obra do som das ondas.

— Eu tomei café da manhã com a sua mãe agora há pouco e ela me disse que encontrou com o seu pai dois dias atrás – ela pausou por um segundo. –  Ele perguntou como estavam as coisas e ela se sentiu na obrigação de dizer que nós íamos nos casar. Ele disse que significaria muito pra ele se você o convidasse, mesmo que fosse de última hora.

   Um silêncio desconfortável seguiu aquela informação; Mona era quase capaz de sentir o embrulho no estômago de Hanna.

— A parte engraçada é que, até meia hora atrás, eu pensava que o seu pai estava morto. Não apenas pra você, mas pra todos os cartórios em território nacional também – a morena forçou uma risada, fazendo o possível para não soar magoada demais.

— Mon, eu... – Hanna começou, desencorajada. Sua voz nada mais era do que um fiapo.

— Eu sei por que você mentiu – Mona assegurou num tom mais doce, referindo-se ao que Hanna dissera a ela sobre seu pai, há quase cinco anos, quando fora visitar a morena em sua casa pela primeira vez e vira o uniforme da Marinha que havia pertencido a James Vanderwaal. – Você sentiu pena de mim. Eu jamais te culparia. É só... impressionante que isso tenha se arrastado por tanto  tempo. Quer dizer, nós nunca mais tocamos no nome do seu pai desde que você resolveu inventar isso, assim como ninguém mais  tocou. Nem as meninas e nem mesmo Ashley.

— Pra você ver que essa foi a mentira mais verdadeira que eu já contei – Hanna cuspiu, um tanto amargamente. – Ele nunca precisou morrer pra não existir na vida de qualquer um ao meu redor. Mas é verdade – ela beijou ternamente os cabelos de Mona, em um pedido de desculpas. – Eu me senti muito mal por você ter perdido o seu pai e eu só queria que você não sentisse que estava sofrendo sozinha – ela pausou por alguns segundos e torceu o lábio inferior para baixo em uma carinha de súplica. – Por favor, diga que ainda quer se casar comigo.

   Mona não conseguiu fazer outra coisa de imediato senão gargalhar. Ela sabia que a loira não estava realmente preocupada com a ideia absurda de ser deixada antes de chegar ao altar, mas mesmo assim deslizou as costas de uma mão por um lado do rosto dela, a fim de reconfortá-la.

— Eu me casaria com você hoje até se você admitisse ter assaltado o Banco Central pra pagar pela festa – a morena brincou, e os lábios das duas curvaram-se em um par de sorrisos largos antes de encontrarem-se em um beijo profundo.

— Convide o filho-da-mãe – Hanna disparou, ainda sorrindo, assim que se separou minimamente de Mona.

   A morena olhou-a, receosa.

— Tem certeza?

   O sorriso de Hanna alargou-se mais uma vez e o brilho nos olhos azuis dela se fez ainda mais presente.

— Tenho – ela suspirou, como se estivesse tremendamente orgulhosa de tal decisão. – Convide ele, a viciada em bronzeamento artificial da esposa dele e a princesa Middleton. Eu estou tão  feliz que não é nem questão de “esfregar” isso na cara deles. Eu só quero compartilhar essa felicidade com o maior número de pessoas possível. Aliás, é bom alguém me parar logo porque eu estou a ponto de convidar essa ilha inteira!

   Ao fim de tal explicação, Hanna empinou a cabeça para trás, animada, como se estivesse dizendo aquilo aos quatro ventos. Mona gargalhou novamente, desta vez com os olhos úmidos. Correu uma das mãos por um lado do rosto de Hanna, e então pelos cabelos dourados dela. O simples fato de a garota querer o pai – um homem a quem ela claramente detestava – e a segunda família dele no casamento delas, somente para que eles pudessem testemunhar o momento, mostrava o quão extraordinariamente grande era aquele coração.

— Se é que é possível, eu te amo ainda mais por isso – Mona afirmou, suavemente.

   Hanna lançou um sorrisinho brincalhão à morena, com os lábios rentes aos dela novamente.

— Guarde as declarações para quando formos fazer nossos votos.

   Elas beijaram-se mais uma vez e, em um movimento rápido, Hanna ficou por cima de Mona e deitou-a sobre a areia morna.

— Sabe que, de uns tempos pra cá, eu ando tendo a fantasia de fazer amor com você em uma praia deserta?

   O comentário da loira, feito na maior cara-de-pau, deixou as maçãs do rosto de Mona vermelhas.

— Hanna Marin, pare já com isso – Mona não queria mesmo que ela parasse, na verdade. – Nós não estamos em uma praia deserta e podemos ser presas por atentado ao pudor.

— Hmm... passar algumas horinhas na cadeia no dia do nosso casamento? – Hanna continuava a sorrir de um jeitinho cafajeste que fazia Mona perder o juízo. – Me parece empolgante.

   Mona sabia que Hanna não iria deixá-la nua naquela praia; mesmo assim, a morena enrubesceu ainda mais por conta da volúpia na voz de sua noiva. Enroscou os braços em seu pescoço e de repente não ligava mais para a areia em seus cabelos. Deixou que o beijo se aprofundasse outra vez e que Hanna a carregasse para a água em seguida, de roupa e tudo, como se já fossem casadas e o mar fosse a suíte nupcial.

   De fato, a praia não era deserta, mas não havia quase ninguém por perto àquela hora da manhã, então era como se as duas estivessem sozinhas em um paraíso à parte.

   Elas mergulharam e beijaram-se debaixo d’água, embora não fosse tão fácil fazer tal coisa como os filmes faziam parecer e, quando voltaram à superfície novamente, ambas aparentavam sentir-se renovadas; batizadas, de certa forma.

   As mãos de Mona correram pelos cabelos encharcados de Hanna e a morena olhou fundo nos olhos dela, sabendo que já estavam casadas.

   Sim, elas iriam oficializar aquela união mais tarde naquele dia, para as famílias e os amigos de ambas, mas era como se nada daquilo fosse ser realmente necessário. Afinal, o mar acabara de fazer todo o trabalho. Ou o sol. Ou os deuses. Aliás, tudo ao redor dava a elas alguma espécie de bênção.


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