Honestly? I love you! escrita por Miss Vanderwaal


Capítulo 15
Cabeça-dura




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Mona sempre foi boa em ler as expressões de Hanna. Um arqueio distinto de sobrancelha e ela já conseguia saber se havia algo errado se passando na mente da loira. Os sorrisos tímidos de Hanna eram os mais lindos, eram os que deixavam transparecer suas covinhas, peculiaridades que ela cismava em esconder parcialmente debaixo de maquiagem.

Mona realmente conhecia Hanna tão bem quanto conhecia os vincos que haviam nas palmas de suas mãos. Mas era entendível o porquê de isso não se aplicar às amigas dela. Apesar de conhecê-las superficialmente, pelo que Hanna contava a ela e por suas próprias observações ao longo dos anos, elas ainda eram para Mona, querendo ou não, estranhas; e isso era o fato principal que contribuía para ela se sentir impotente quando se tratava de ajudar Emily.

A morena alta continha bravamente as lágrimas enquanto saía do consultório do Dr. Gilmore ao lado de Mona, que, nervosa, se perguntava o que diabos devia fazer. Embora soubesse que iria se sentir melhor se abraçasse Emily, Mona não tinha como saber se Emily queria ser abraçada por ela.

As íris castanhas de Emily, assim como as azuis de Alison, momentos antes, estavam rodeadas por um tom suave de vermelho, e a garota então parou, cobrindo os lábios com as costas de uma das mãos. Conteve um soluço e flexionou levemente os joelhos, como se o peso do corpo tivesse se tornado insuportável de repente. Calada, Mona enlaçou-a para evitar que ela desabasse. Emily retribuiu ao gesto fortemente, como se as diferenças entre as duas estivessem se extinguindo ali, naquele exato momento.

— Está tudo bem – Mona sussurrou, embora soubesse que não estava tudo bem, mas era um placebo ótimo.

Elas permaneceram por alguns segundos daquele jeito até que Emily começou a desvencilhar-se devagar.

— Me desculpe – murmurou, como se estivesse com vergonha do próprio rosto úmido.

— Não há porque – garantiu Mona docemente.

Emily respirou fundo, passando os dedos pelos olhos.

— Deus, eu não posso deixar que ela me veja assim.

— Não vai contar a ela? – perguntou Mona, após uma breve pausa.

— Como quer que eu conte isso a ela? – Emily olhou na direção das portas duplas envidraçadas da clínica. Via-se apenas as costas da jaqueta jeans de Alison, que mantinha os braços cruzados enquanto esperava – Eu nunca conseguiria.

Mona não replicou, apenas caminhou junto dela até estarem novamente do lado de fora do prédio. Viu Emily respirar fundo e varrer qualquer tipo de insegurança que poderia restar em seu rosto.

— Vamos? – disse ela a Ali, com um sorriso imperturbável.

— Vocês demoraram – reclamou a loira, encaixando-se ao lado esquerdo de Emily – O que o médico disse?

— Nada que você já não tenha ouvido – mentiu sem exitar – O que quer que você tenha, vamos descobrir com o exame de sangue, que, à propósito, você fará hoje mesmo, assim que seus pais chegarem.

Ali grunhiu infantilmente.

— Só você mesmo para fazer com que enfiem agulhas em mim – disse, enquanto as três atravessavam a rua e iam em direção ao carro de Ali (Emily realmente viera correndo de Rosewood High até ali) – Você se importa se eu ficar no banco de trás sozinha? É que eu estou meio cansada.

Emily trocou um olhar incerto com Mona. Ali realmente andava arrastando os pés, bem como a voz.

— Se por acaso eu dormir, me acordem quando chegarmos à escola, tudo bem? – murmurou Ali novamente, recostando-se à porta traseira esquerda do carro.

Emily fitou o espelho retrovisor interno do veículo enquanto se ajeitava no banco do carona.

— Não tem mais escola pra você hoje – disse, séria, como se falasse com uma criança.

Ali abriu os olhos abruptamente e franziu as sobrancelhas.

— Como não?

— Bem – Emily se virou para ela, fazendo o banco ranger –, eu não estou nem um pouco a fim de saber que você desmaiou no meio de uma aula de química.

Ali passou dois segundos olhando para Emily como se ela houvesse acabado de dizer algo tremendamente absurdo.

— Isso é ridículo, Emily. Eu não estou doente.

Ao ouvir a frase, Emily, já de costas para Ali novamente, fechou os olhos, como se aquelas palavras tivessem surtido a dor de um chute nas costelas. Mona sentiu o próprio peito apertar também. A imagem de Ali debruçando-se sobre aquela pia, tremendo e colocando para fora algo que deveria permanecer estritamente dentro de suas veias não saía de sua cabeça de jeito nenhum. Não era algo que alguém saudável faria.

— Mesmo assim. – Mona sentiu-se no dever de segurar as pontas – A sra. Harris já te deu um passe para “passar o dia longe da escola”. Seria estranho se você voltasse quarenta e cinco minutos depois alegando estar novinha em folha.

— Mas nada impede que eu desmaie em minha própria cama, sem ninguém por perto – insistiu, com uma ponta de dramaticidade.

Olhando novamente para o espelhinho retrovisor, Emily soltou um riso irônico.

— Como se eu fosse mesmo deixar você sozinha até que seus pais cheguem.

Ali abriu a boca para replicar, mas desistiu, como se aquele argumento fosse de fato forte demais. Revirou e voltou a fechar os olhos.

— Você é, sem dúvida, a pessoa mais cabeça-dura da face da Terra.

— Que bom – Emily deu um meio sorriso para o espelho – Ser assim foi o que nunca me deixou desistir de você. E não vai ser agora que você me verá agir diferente.


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