Honestly? I love you! escrita por Miss Vanderwaal


Capítulo 13
Ajudando uma amiga


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo no ponto de vista da Mona (ainda que em terceira pessoa) ^-^



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— Olha a cabeça! – exclamou uma das garotas que estavam jogando vôlei no ginásio, na última aula, que era educação física.

Mona, que estava encolhida na arquibancada, com fones nos ouvidos, olhou para baixo quando a bola parou aos seus pés, depois de ter batido de leve em seu joelho.

— Foi mal – a garota voltou a gritar.

Mona agarrou a bola colorida com a mão direita e lançou-a de volta à quadra, com um leve sorriso.

— Tudo bem.

Nada estragaria seu bom-humor naquela terça-feira! Ela havia passado as seis aulas do dia pensando em Hanna e naquela proposta, e aparentemente os vinte minutos de almoço que passara com ela não foram suficientes. Nunca eram.

É claro, ainda faltava tempo para tal se concretizar. Tinham todo o quarto ano pela frente e ainda o teste de aptidão. Mona sabia que Hanna havia citado Harvard apenas como um exemplo prático, haviam muitas universidades de renome pelo país, dentre elas a UPenn, para a qual Spencer vinha sonhando conseguir uma vaga desde que se entendia por estudante.

Não era qualquer um que conseguia entrar em Harvard de primeira. Não que ela duvidasse da própria capacidade ou da de Hanna, mas era bom não sonhar alto. Entretanto, estava muito difícil dizer isso ao coração de Mona, que não havia parado de bater no mesmo ritmo acelerado desde a tarde passada.

Ela tentava se concentrar em um texto de seu livro de física - em vão, como todas as tentativas de estudar naquele dia –, quando uma lamúria ecoou do meio da quadra de vôlei. Mona ergueu os olhos das frases sobre eletromagnetismo e eles bateram instantaneamente em Alison, que caíra de joelhos no piso frio do ginásio.

Era a primeira vez, desde que sentara ali, que Mona notava a presença de Alison, e um leve calafrio percorreu sua espinha. Ainda não era totalmente normal conviver com Alison, quem dirá quase sempre sentar com ela para almoçar – o que Mona fazia, embora dirigisse a palavra muito mais à Hanna do que às outras meninas.

Não que Alison não estivesse se esforçando para fazer tudo se tornar aceitável, porque ela estava, mas toda vez que a garota dirigia a palavra à Mona juntamente com um sorriso doce, a morena continha o ímpeto de olhar para os lados e perguntar “está falando comigo?”.

Mas Alison havia incontestavelmente mudado desde que voltara de San Diego. Usava saltos em menor escala e permitia-se comer porcarias durantes as aulas, o que a Velha Alison jamais faria. Ela também cortara significativamente o cabelo. Não tinha mais as madeixas onduladas que iam até o meio de suas costas; agora seu cabelo loiro-mel estava liso e ia até pouco abaixo dos ombros; o que a deixava com jeito de mais madura. Mona arriscaria chamá-la de “adolescente normal”.

Ainda com os olhos presos nela, que estava sendo amparada por uma de suas companheiras de equipe, Mona notava que aquele tombo havia provocado mais do que apenas uma lamúria em Alison. Seu rosto estava contorcido de dor. Ela levava o braço esquerdo à parte mais baixa das costas enquanto tentava ficar em pé mais uma vez.

Mona conseguiu ler os lábios da garota que ajudava Alison a se levantar quando perguntou-a “está tudo bem?”. Alison assentiu, parecendo tremer, e a garota se afastou para voltar à sua posição, deixando a loira em pé, um tanto zonza.

Aquele havia sido um dos muitos dias, contando com os do segundo semestre do terceiro ano, que Mona havia sentando junto de Alison para almoçar. A garota usava pouca maquiagem e, desde o começo do dia, usava tênis. Parecia tão mundana e tão humilde que foi impossível Mona não deixar que algo próximo a preocupação a invadisse ao vê-la naquele estado.

Assim que Alison voltou a se movimentar normalmente pela quadra, Mona voltou a baixar os olhos para o livro de física e não tirou-os de tal até que o sinal anunciando o fim da aula tocasse. Quando isso aconteceu, aluno atrás de aluno foi deixando o ginásio, e Alison ficou um tanto para trás, arrumando algo em sua mochila – ela passou a usar bolsas poucas vezes também.

Mona sempre ficava em dúvida se a cumprimentava antes que ela tivesse a chance de fazê-lo ou se esperava o gesto dela para aí sim sorrir de volta. Caminhava cautelosamente, como se estivesse pensando nas possibilidades.

— Seu cadarço está desamarrado, DiLaurentis – avisou o professor de educação física gentilmente, dando um tapinha no ombro de Alison, que olhou para o tênis esquerdo e suspirou, parecendo frustrada.

— Mona? – chamou Alison docemente, enquanto Mona se aproximava da saída.

— Oi, Ali – saudou a morena no mesmo tom, virando-se.

— Eu sei que isso vai parecer estranho, mas... – ela baixou o olhar para o cadarço desamarrado de seu tênis novamente – pode me ajudar com isso? Eu não estou conseguindo me curvar.

Mona precisou de um segundo para absorver aquela informação.

— É claro – respondeu, entendendo apenas o que Alison quisera dizer com “estranho” quando se agachou para amarrar os cadarços cor-de-laranja do tênis dela. Devia ser relativo à toda aquela coisa de princesa e plebeia que as duas viveram anos atrás. Mas Mona nem sequer focou naquele detalhe. Só restavam as duas ali agora, para quem mais Ali pediria ajuda?

— Obrigada – agradeceu, encabulada.

— Não por isso – replicou Mona, ajeitando a bolsa em seu ombro.

Alison deu um passo para trás e agarrou sua mochila.

— Hanna me disse que você esteve gripada ontem – arriscou a morena, tentando puxar assunto.

Alison sorriu, simpática.

— Eu não diria gripe, foi mais um mal-estar. A dor nas costas deve ser por causa disso.

Mona assentiu, despedindo-se em seguida, mas sem nenhum contato mais. Alison caminhava mais rápido, e conseguiu chegar à frente da escola primeiro. Mesmo estando de frente para as costas dela, Mona pôde perceber que ela olhou para baixo, para as escadas frontais do prédio, e exitou por um momento antes de começar a descer. Mona previu outro tombo quando viu o pé direito de Ali pisar em falso no último degrau. Um outro leve calafrio percorreu sua espinha e ela correu para ajudar. Notou olhares preocupados na mesma proporção que risadinhas em volta. Típico.

— Ah, meu Deus, Ali! Está tudo bem? – era óbvio que não estava, mas era uma pergunta retórica que Mona se sentiu na obrigação de fazer.

Alison não respondeu de imediato. Mona guiou-a com uma mão em torno de seu cotovelo até um banco vazio nos arredores do pátio frontal.

— Fora alguns arranhões nos joelhos, acho que tudo bem – ela tentou sorrir enquanto Mona ajudava-a a se livrar da terra nas palmas de suas mãos, que estavam geladas e tremiam.

— Não parece.

Alison passou as mãos pelo rosto.

— É só uma tontura, não é nada de mais – sua voz falhou no meio da frase, como se ela estivesse com certa falta de ar.

Cada vez aquilo parecia mais um “não nada” para Mona. Afinal, a cor havia se esvaído do rosto da garota, ela estava não apenas pálida, mas branca como um fantasma.

— Aqui – ela pescou uma garrafinha de água com gás que trazia na bolsa e entregou a Ali.

— Obrigada – agradeceu fracamente.

A garrafa de plástico tremia na mão direita de Ali, o que assustou Mona genuinamente.

— Você precisa ligar para os seus pais – disse – Não pode dirigir assim.

— Eles estão trabalhando – alegou, como se uma coisa tivesse mesmo algo a ver com a outra.

— E quanto a Emily?

Alison balançou enfaticamente a cabeça enquanto terminava de tomar um gole d’água.

— Não. A Emily se impressiona demais com certas coisas. Eu não quero que ela se preocupe comigo assim de novo.

Mona franziu as sobrancelhas e, embora soubesse que não era de sua conta, decidiu indagar mesmo assim.

— De novo?

Ali sorriu.

— Ela passou a tarde comigo ontem, apenas para ter certeza de que minha febre não iria aumentar. De longe isso é uma reclamação, eu apenas odeio fazer isso com ela.

Mona não conseguiu deixar de sorrir brevemente também. Era fofo pensar em Ali como uma pessoa que realmente se importa com os sentimentos dos outros. Além do mais, por experiência própria, Mona sabia que o amor e a fé de outro alguém em você pode mudar tudo drasticamente de figura. E mais uma vez ela se dava conta de como ela e Ali eram parecidas.

Olhou para a fachada da escola por um segundo. Era incomum um professor prender os alunos na sala de aula já no segundo dia, mas fosse pelo que fosse, Hanna estava demorando.

— Eu posso levar você – disse, gentilmente –, se não se importar.

Alison assentiu, com outro sorriso fraco. Não era como se ela precisasse dizer a Mona seu endereço; todos em Rosewood sabiam onde morava a jovem mais polêmica da história da cidade.

— Consegue caminhar? – perguntou Mona, cautelosa, enquanto se levantava.

— Consigo.

Mona, então, deu dois passos afrente, visando ir em direção ao carro de Ali, que devia estar no estacionamento dos estudantes, do outro lado do pátio, até que sentiu o braço dela se enganchando no seu, sem ela ter realmente o estendido para a garota. Ainda que tal gesto fosse apenas o jeito de Ali de ganhar equilíbrio, e não algo voluntário, Mona não evitou sentir-se imensamente lisonjeada.

Seis minutos e meio depois – que foram passados em um previsível silêncio –, Mona estacionou em frente à casa de Ali e entregou as chaves de volta para ela.

— Eu sei que você sempre espera a Hanna depois das aulas – disse Ali suavemente, após desprender o cinto de segurança do banco do carona – Você não precisava ter feito isso.

Eu não tive opção, Mona queria dizer, não podia deixar você definhando lá, sozinha.

— Ela entenderia. E isso não me custou nada.

— Falando em entender... – Ali olhou para as próprias unhas por um momento – você poderia não dizer nada sobre isso às outras? Eu realmente não quero que elas se preocupem à toa.

Mona demorou alguns segundos para replicar, pensando naquele pedido. Sempre que pessoas diziam isso em filmes, era porque a coisa era grave e, embora a cor já tivesse voltado ao rosto de Ali, ela estivera a ponto de um desmaio.

— Certo – disse ela, um tanto exitante –, mas tem certeza de que está bem?

— Tenho – assentiu, soando convicta –, obrigada.

Mona achou que, depois disso, Alison ia virar-se e sair do carro, mas inclinou-se para um abraço rápido, que pegou-a tão de surpresa quanto os outros poucos que haviam trocado ao longo desse “tratado de paz” que fizeram uma com a outra.

Mona saiu do carro depois também, mas ficou parada junto dele até ter certeza de que Alison estava em casa, sã e salva. Percebeu que estava preocupada e que realmente desejava que estivesse tudo bem.


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