O Sequestro - Cobrade escrita por Keth


Capítulo 38
O fim do desespero e o nascimento de Julie


Notas iniciais do capítulo

Gente, só lembrando que esse é o antepenúltimo capítulo



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Num momento eu estava de pé, no outro senti algo bater um meus pés e
minha cabeça bater com força no chão, soltei a arma mas mesmo em meio a
dor joguei-a para longe, Lobão já estava de pé e começou a me chutar nas
costelas, uma dor insuportável me invadiu, quase não pude respirar. Tive
um pequeno vislumbre de um vulto passando rapidamente até o outro lado e
foi quando ouvi o barulho do tiro, Lobão parou no mesmo segundo me dando
um pouco de tempo para respirar e observar o que estava acontecendo:
Jade estava em pé do outro lado, já não estava mais amarrada nem
amordaçada, porém sua respiração estava extremamente irregular e ela
tremia ao segurar a arma apontada para Lobão, ele riu.

– Vamos lá princesa o que está esperando? Atire! – ele mantinha os
braços abertos.

– Jade cuidado – gemi, ela me olhou apavorada.

– Saia de perto dele – falou num tom assustado, Lobão gargalhou outra vez e se afastou de mim.

– Não fique brincando princesa, me mate logo, eu sei que você quer,
afinal, olhe o que eu fiz com o seu amor... E faria milhares de vezes
até mata-lo – ele deu um sorriso maldoso, ele estava tentando fazê-la
atirar e cometer esse ato horrível, porém, mesmo tremendo, ela se
mantinha firme.

– Fique aí, Duca já está vindo para pegá-lo – Lobão começou a se
aproximar de Jade, e eu estava sem forças para defende-la, estava
incapaz de salvá-la, mas, quando Lobão estava prestes a chegar perto dela
ouvi o som do tiro e prendi a respiração. Lobão segurou o próprio braço e
gritou de dor, caiu de joelhos aos pés de Jade que já estava com a
arma abaixada, mas, ao encará-la ela fez que não com a cabeça: ela não
tinha atirado.

– Saia de perto dele agora – ela assentiu e correu até mim.

– Cobra você está bem? – Duca correu e se colocou ao meu lado, dois
policiais entraram para pegar Lobão e algemá-lo, Jade tocou meu rosto e
por Deus como estava gelada.

– Ele apanhou muito, precisamos leva-lo ao hospital – Duca assentiu e
ele e Jade me ajudaram a sair daquele lugar e entrar na viatura,
agora, eu precisava de cuidados.

Chegando no hospital fui rapidamente atendido, depois de ser examinado
por um tempo e ter meus machucados limpos e com curativos, pude
finalmente descansar. Dormi por horas e quando finalmente acordei recebi
a notícia de que poderia ir pra casa, contanto que tomasse cuidado e não
abusasse. Jade também teve de passar por alguns exames, o alto nível
de stress e o perigo que passou podia ter afetado nosso bebê, mas, por
sorte tudo estava certo e o nascimento estava previsto para o próximo
mês. Com as boas notícias voltamos para casa, Jade preparou
sozinha meus pratos preferidos e até uma sobremesa, dessa vez eu que
estava cheio de mimos e sinceramente? Estava amando tudo aquilo, Jade
era a melhor mulher do mundo, a mais perfeita e a mais corajosa de
todas, ela é a mulher da minha vida.

– Obrigada por ter me salvado – ela disse baixinho enquanto deitávamos
na cama.

– Eu sempre vou te salvar minha princesa – sorri e beijei seus lábios –
Você e nossa pequena – acariciei sua barriga e senti Julie mexer.

– Ouviu isso Julie? O papai é um super herói – ela acariciou
mais uma vez a barriga e se ajeitou ao meu lado, e logo caímos num sono
profundo e tranquilo.

(...)

Jade


Exato um mês, esse foi o prazo que nos deram para o nascimento do
bebê, minha barriga estava enorme e estava muito difícil até mesmo
andar pela casa, Cobra trabalhava com meu pai agora então ele não
poderia ficar comigo o dia todo, mas, minha mãe estava comigo o tempo
todo, me ajudando de todas as formas. Minha mãe e eu voltamos a ter um
ótimo relacionamento, ela estava empolgada com a neta e já havia
comprado muitas roupas para ela, estava tão ansiosa quanto eu, era
engraçado vê-la assim quando a uns meses atrás ela nem sequer falava
mais comigo. Hoje, por algum motivo, Julie estava extremamente agitada dentro de mim, meu instinto materno já me alertava: de hoje não passa, essa criança ia nascer, e quando senti as primeiras dores já não estava surpresa...

Cobra

Não parei de pensar na minha mulher o dia todo, era preocupante deixa-la
com a minha sogra sabendo que ela poderia entrar em trabalho de parto a
qualquer momento. Eu estava ansioso, tanto que nem conseguia prestar
atenção em nada, inclusive na conversa dos meus colegas de trabalho no
nosso horário de almoço e eu simplesmente segurava o celular a espera da
uma ligação ou uma mensagem.

“Vá para o hospital, está na hora de ser papai, amo você”

Levantei bruscamente e corri, o senhor Edgard me permitiu sair mesmo que sem avisar se Jade entrasse em trabalho de parto, e quando cheguei ao
estacionamento já ofegante mandei uma mensagem a ele pelo menos. Dirigi
feito um louco, queria chegar a tempo, não queria perder nem mesmo um
único segundo daquele momento tão especial. Chegando ao hospital a
recepcionista me disse o número do quarto, corri pelas escadas e
finalmente cheguei: Jade usava aquela roupa esquisita de hospital,
porém estava com uma dor e um medo bem visíveis, o que será que há com ela?

– Cobra – ela disse com muito esforço me aproximei e a beijei.

– O que houve? Está doendo muito? – ela assentiu.

– Também, mas, estou com medo da agulha – sem entender olhei para a
médica do outro lado da cama com uma injeção, a agulha era realmente
grande e assustadora, porém, Jade teve coragem de fazer tanta coisa
que o medo daquela agulha chegava a ser irônico.

– Você é o marido dela? – a médica me perguntou.

–Sim, sou o Ricardo – ela sorriu.

– Sou a doutora Cara, poderia abraçá-la e não deixar que ela se mova?
Ela está realmente assustada, mas acredito que com a sua presença ela se
sinta melhor – assenti e abracei Jade que ainda estava muito tensa.

– Fique calma amor, não vai doer.

– Isso é o que sempre dizem – ela choramingou.

– Tente ficar mais relaxada senhorita – a médica disse delicada.

– Amor está vendo? Tem de relaxar, estou aqui se segure em mim e me
aperte o quanto quiser se doer. – ela assentiu ainda assustada, porém
comecei a cantar bem baixinho para ela, Jade pareceu relaxar e quando pisquei para a doutora ela finalmente aplicou a injeção.

– Pronto, agora esperaremos o efeito da anestesia e iremos para a sala
de parto.

Esperamos um tempo até que os médicos vieram me trazer roupas para
acompanhar o parto e levaram Jade, me troquei rapidamente e fui
assistir, como eu era fraco nessa questão de ver a cena deles cortando-a
preferi apenas ficar perto de seu rosto esperando. Jade parecia calma, serena, porém ansiosa, e quando ouvimos o choro não pude deixar de me emocionar. Eles limparam, pesaram, e a enrolaram numa toalha, pude ver a minha Julie assim que a enfermeira se aproximou com a mesma que chorava, porém, ao colocar ao lado de Jade seu choro cessou no mesmo segundo, Jade sorriu e beijou o rostinho da pequena que foi levada logo em seguida pela enfermeira. Depois disso fui orientado a sair da sala, eles dariam os pontos e depois levariam Jade para o quarto, enquanto isso aproveitei para comer na lanchonete do hospital já que nem consegui comer no meu almoço e esperei até que pudesse ir ao quarto. Passado algum tempo subi e fui até o quarto, Jade já estava sentada e o efeito da anestesia havia passado, quando me olhou percebi que estava com lágrimas nos olhos, eu também não pude deixar de me emocionar.

– Ela é linda – ela sorria.

– Sim, ela é. Puxou o pai – ela riu.

– Bobo! – cheguei perto a beijei.

– Como estão os pontos? – perguntei preocupado.

– Por enquanto estou tranquila, fui medicada e não estou sentindo dor –
ela deu de ombros.

– E eles disseram quando vão trazê-la?

– Acho que logo, quando eu saí da sala as enfermeiras já estavam levando
ela pro banho – ela suspirou alegre, depois de alguns minutos
assistindo Tv uma batida na porta e a enfermeira entrou com minha
criaturinha, vestida de rosa. Pareciam tão pequenina e frágil...

– Aqui esta papais – uma delas sorriu – Acha que consegue dar de mamar sozinha?

– Sim, me de ela, por favor – Jade pediu ansiosa. Ela saiu e nos deixaram a sós com Julie, Jade ansiosa tirou o sutiã e deu a Julie o peito, ela fez uma careta assim que ela começou a mamar.

– O que foi? – perguntei rindo.

– É estranho – ela riu e passou a admirar a cena. – Ela parece com você – Jade observou.

– Sim, acho que sim.

– Cobra, quer pegá-la agora? – assenti, com
cuidado e peguei minha pequena princesa.

– Olá minha princesa – falei num tom carinhoso, Julie era linda assim
como a mãe e quando me dei conta ela abriu os olhinhos e sorriu, o
primeiro sorriso - Viu isso ? – Jade assentiu sorrindo maravilhada.

– Já sorriu para o papai princesa? – Ao ouvir a voz de Jade, novamente
Julie deu outro sorrisinho.

– Ela ama ouvir sua voz – eu disse enquanto segurava ela, Jade
sorriu para mim.

– Ela gosta da sua também, não é filha?


Liguei para os meus sogros avisando sobre o nascimento, porém, Jade
não queria receber visitas enquanto não estivéssemos em casa, eles
entenderam perfeitamente. Passei a noite no hospital com ela, a ajudei
várias vezes a segurá-la, a ir no banheiro e outras coisas mais, minha
mulher era forte e estava aguentando bem, mas tudo seria, realmente, um desafio. No dia seguinte Jade recebeu alta, saímos do hospital e fomos direto para casa, os pais dela já nos esperavam lá e estavam ansiosos para conhecer Julie. Ao entrar percebi que não só eles, como as amigas de Jade e meus colegas de trabalho também estavam lá, incluindo Duca.

Naquela noite, nossa primeira noite depois do nascimento dela,
Jade e eu nos deitamos e ficamos conversando, planejando agora o
casamento e os preparativos, também falávamos de como tudo havia mudado
desde o sequestro, e aquilo realmente me fez olhar para trás e perceber
o quanto minha vida se transformou depois de ter conhecido Jade.
Quando me apaixonei por ela jamais acreditei nem por um segundo que
conseguiria ficar com ela, que poderia tê-la neste instante comigo,
aninhada ao meu peito todas as noites, jamais pensei que poderia ter
filhos com ela, casar, ter uma família grande e feliz. Lembro de ter
desistido dessas ideias, quando sequestrei Jade, quando a vigiei
naquele cativeiro, eu era um homem sem esperanças, sem vida, sem amor,
porém, ela insistiu, ela me seduziu e me encantou, ela me deu esperança
de que tudo poderia melhorar, e mesmo depois dos altos e baixos que
enfrentamos tudo acabou se ajeitando, agora tínhamos uma vida tranquila,
uma vida boa.

– Eu amo você – falei baixinho para ela.

– Eu também amo você – ela sorriu.

– Posso te perguntar uma coisa? – ela assentiu – Como tinha tanta
certeza que íamos ficar juntos? – ela riu.

– O amor vence tudo, nunca ouviu falar disso?

– Já, mas, nunca acreditei – fui sincero.

– E agora? – olhei para ela e acariciei seu rosto.

– Encontrei o amor da minha vida, tenho uma filha linda e estou
extremamente feliz, definitivamente eu acredito agora – beijei-a de um
jeito apaixonado.

– Cobra... – ela sussurrou.

– O que foi? – perguntei entre o beijo.

– Pode parar – ela riu – Não vai começar a ficar empolgado agora – ela
me repreendeu.

– Ei! Eu nem estava pensando nisso!

– Seu amigo aí tá dizendo o contrário – ela riu, merda, beijá-la sempre
o fazia crescer, eu não podia evitar.

– Quanto tempo de castigo? – perguntei num tom choroso.

– Melhor não te falar, do jeito que é vai acabar chorando – arregalei os
olhos – Vai demorar um pouquinho, então controle-se – suspirei irritado.

– Tudo bem, vou ficar quietinho, eu prometo – beijei sua testa.

– Agora vamos dormir, antes que ela acorde, precisamos
descansar – assenti e a abracei juntos a mim de forma cuidadosa, por
causa dos pontos, e então dormimos juntos felizes com nossa família
finalmente crescendo...


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