O Sequestro - Cobrade escrita por Keth


Capítulo 37
O verdadeiro sequestro




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Cobra

Já se passou uma semana desde que os pais de Jade me aceitaram e
voltaram a ter um bom relacionamento com ela, e nesses dias que se
passaram estivemos organizando o nosso casamento, mas, o casamento só
ocorreria depois do nascimentos da Julie, quando tivesse dois meses,
para que tudo corresse bem para Jade, afinal, eu não queria que ela
entrasse em trabalho de parto no meio da cerimônia. Casaríamos ao ar
livre, na mansão de verão dos Gardel que continha uma enorme área
verde ótima, seriam muitos convidados incluindo pessoas famosas e da
elite, aquilo me assustava um pouco, mas, Jade me garantiu que eu
poderia ficar tranquilo quanto a isso, estaríamos ocupados demais nos
divertindo e cuidando da Julie.

Tudo estava dando certo, hoje eu estava com Duca tomando uma cerveja
e comemorando, meu sogro retirou a queixa contra mim e o julgamento não
aconteceria mais, ele também me arrumou um emprego em sua firma e agora
nos dávamos bem. Jade estava em casa com um grupo de amigas, resolveu
fazer o chá de cozinha, de bebê e de lingerie hoje – estou louco para
ver as coisas que ela ganhou, principalmente as lingeries – e como de
costume, o homem não podia ficar. Mas eu estava me divertindo, Duca
me apresentou seus amigos e eu fiz alguns também nos poucos dias de
trabalho, então, hoje era minha “despedida de solteiro” praticamente,
fizemos tudo adiantado para que na hora H não ficasse uma correria. A
comemoração ia bem, conversávamos sobre o trabalho, sobre nossos planos
e sobre sexo, coisas de homem, até que recebi uma mensagem de Jade,
olhei e levantei no mesmo segundo.

“Socorro”

– O que foi Cobra? – Duca me olhava assustado.

– Cara, vá para a delegacia, agora, eu vou mandando mensagens – ele não entendeu nada mas eu saí as pressas e dirigi até minha casa, e chegando
lá vi as amigas de Jade no quintal chorando desesperadas.

– O que houve? Quem esteve aqui? – uma delas, Nat, veio desesperada
até mim.

– Não sabemos quem ele é, ele destruiu tudo, ele nos ameaçava – ela
tentou se acalmar para continuar.

– Onde está Jade? – perguntei temendo a resposta, elas se entreolharam
e não responderam – Perguntei onde ela está! – me exaltei.

– Ele a levou – respondeu Nat - e jurou que ela não voltaria mais – eu
parecia ter levado uma facada, não pude acreditar que tinha sido ingênuo
ao ponto de deixa-la sozinha e tão longe, ele a encontrou, ele a levou e
provavelmente a mataria, ela e minha filha.

– Faz quanto tempo que ele a levou?

– Não muito, pouco antes de você chegar – ela soluçava.

Entrei novamente no meu carro e comecei a dirigir sem rumo, eu não sabia onde Lobão estava se escondendo, eu não sabia onde procurar e muito menos como o acharia, mas, eu deduzi que no mínimo, ele viria atrás de mim e
faria o que todo sequestrador faz: tortura psicológica. Em pouco tempo
recebi a primeira ligação, atendi furioso.

– Olá velho amigo – disse Lobão com ironia.

– Escute aqui seu filho da puta, você vai me dizer onde está a minha
mulher agora! – Lobão gargalhou.

– Está nervosinho? Ah eu compreendo, afinal, agora tenho duas vidas em
minhas mãos! – sua voz era fria e irônica, e eu estava ficando ainda mais nervoso – Veremos se até você nos encontrar haverá alguma coisa viva por aqui.

– Lobão, pare com isso! Ela não tem culpa! Seu problema é comigo, seja
homem, me enfrente e deixe ela em paz – ele gargalhou mais uma vez.

– Que lindo Cobra, mas, se eu quero te afetar, usar ela é a melhor
forma, perdê-la seria doloroso pra você não seria? E sua pequenina?
Acha que pra mim seria o suficiente mata-lo? A morte é rápida e sem
graça, eu quero que você sofra, que você sinta a dor mais profunda,
quero que fique só, aí eu poderei continuar minha vida sabendo que minha
vingança foi mais do que bem executada – entrei em pânico, porém, por
Jade eu tinha de me manter firme.

– Onde você está?! Não ouse tocar um dedo nela, caso contrário eu
faço questão de mata-lo lentamente – minha voz saiu incrivelmente
sombria – Não ouse machucar a coisa que mais amo nesse mundo, pode ter
certeza que se o fizer será um homem morto.

– Uau, realmente parecia um verdadeiro bandido agora! Bom, não quero
discutir com você, acho que já nos falamos demais, tenho coisas a fazer
e quando você a encontrar, será tarde demais – antes que eu pudesse
retrucar ouvi um grito agudo, e Lobão gargalhando outra vez e então ele
desligou.

Parei o carro no acostamento, e respirei fundo diversas vezes, eu tinha
de manter a calma, por ela e pelo bebê, mas o grito que ouvi no
telefone ainda ecoava na minha cabeça. Olhei para o celular e uma ideia
surgiu, eu tinha colocado um rastreador no celular dela quando a
sequestrei, para o caso dela fugir, e como ele usou o celular dela... Eu
poderia rastrear Lobão e encontra-lo antes que fizesse alguma coisa, e
rapidamente encontrei a localização: aquele lugar era mais do que
conhecido para mim, afinal, foi lá onde tudo começou.

Dirigi feito um louco, mandei a localização a Duca e fui até onde ele
estava, a velha casa onde Jade ficou comigo, seu antigo
“cativeiro”, Lobão foi bem idiota ao escolher aquele lugar, eu conhecia
bem aquele lugar, ele não teria chance. Entrei na estrada praticamente
escondida que levava a casa, parei uns quilômetros antes para descer do
carro e seguir a pé, para não chamar a atenção. Entrei na casa que
parecia deserta, estava cheia de mofo e pó, olhava para todos os lados
feito um louco para ter certeza de que não seria atacado por Lobão, mas,
a casa misteriosamente estava quieta. Cheguei ao quarto onde Jade
ficava, não havia ninguém, e pensei em ir na salinha onde ela costumava
ficar antigamente... Antes entrei no quarto e procurei pela minha arma
reserva, eu a deixava num lugar bem escondido dentro do velho guarda
roupa, quando a peguei conferi se estava carregada e a coloquei dentro
da minha calça, porém, atrás e a cobri com minha camisa, Lobão não podia
saber que eu estava armado. Voltei a sala e desci vagarosamente as
escadas que levavam ao primeiro cativeiro de Jade, desci olhando por
todos os lados a procura dela, até olhar para o fundo da sala.

– Cobra! – me virei ao ouvir sua voz desesperada mas não pude me mover depois disso. Ela estava ajoelhada no chão, com as mãos amarradas,
estava com machucados pelo corpo, e o pior: Lobão estava bem atrás dela,
segurando-a com violência pelos cabelos e apontando um revólver para a
cabeça dela.

– Chegou rápido aqui! – ele deu um sorriso malicioso.

– Você sabia que eu viria – falei baixo.

– Claro que sim, e é até melhor, gostaria que presenciasse a morte das
coisas que você mais ama nesse mundo – ele puxou mais o cabelo de
Jade que arfou.

– Lobão, solta ela agora – gritei.

– Onde acha que devo atirar primeiro? Na cabeça? Ou na barriga? Ó dúvida
cruel!

– Pare com isso e solte ela, já disse que seu problema é comigo – gritei
outra vez.

– Se continuar gritando ela vai morrer mais rápido do que você pensa,
então se eu fosse você eu ficaria quietinho – Jade me olhava
desesperada, eu não sabia o que fazer, qualquer movimento poderia
mata-la, eu precisava de um plano, precisava arrumar um jeito de tirá-la
dali em segurança e me virar com Lobão. Foi quando me lembrei de uma
coisa: Lobão odeia quando duvidam dele, quando insultam sua
“masculinidade” era uma ideia louca, mas, se eu e ele começássemos a
brigar daria tempo a Jade para que fugisse, deixei a porta aberta.

– Você é um otário Brad, fica ameaçando minha mulher pra me manter longe de você porque tem medo – ele riu.

– Medo? Não vá me dizer que esse “medo” seria de você? Isso é ridículo!

– Admita, você sempre teve medo de mim – Dei de ombros e caprichei na cara de desprezo – Você nunca foi nada nessa quadrilha, como é que se diz? Você era o café com leite, ou seja, nada. Pode até se dizer o 'nosso' chefe, mas você sabe que dos 'grandões' como você diz, é o mais merda. – Lobão começou a ficar vermelho.

– Você não fez grandes coisas Cobreloa, não venha querer bancar o maioral perto de mim, além disso eu já entendi o que está fazendo, não vai
funcionar – ele deu um sorriso maldoso e infelizmente não soltou Jade,
agora eu precisava partir pra outra.

– Porque se esconde desse jeito? Está aí ameaçando mata-la ao invés de
mostrar que é homem de verdade, que pode simplesmente me deixar incapaz
de defende-la, mas, ao invés disso fica aí o tempo todo só ameaçando,
você não tem coragem de me enfrentar corpo a corpo, sabe que vai perder,
você é um covarde – Percebi nos olhos dele algo cintilar, ele
largou Jade no mesmo instante e colocou a arma ao lado dela ele veio
até mim com tamanha fúria que quase não consegui desviar de seu primeiro
soco.

A luta começara, eu e ele dávamos socos e chutes, uma briga extremamente violenta, assistida por minha mulher grávida que além de tudo isso estava amordaçada e com as mãos amarradas. Lobão parecia um touro,
investia contra mim com tamanha fúria que quase pensei que tivesse sido
possuído, seu olhar demonstrava o que ele mais queria: minha morte, e
somente por Jade, mesmo depois de ter apanhado bastante,
eu me mantinha de pé e batendo em Lobão tanto quanto ele me batia.

– Jade tente se levantar e saia daqui! – Jade assentiu e com muito
dificuldade começou suas tentativas de levantar, Lobão mal se importava,
provavelmente ele me espancaria até a morte.

O único problema era que Lobão me empurrava e me jogava em todos os
cantos daquele lugar, caso atingíssemos Jade os danos ao bebê
poderiam ser muito sérios, então com muito esforço tentei manter a briga
em apenas um lado do pequeno cômodo, quando Jade finalmente estava de
pé ela deu passos rápidos até a saída, Lobão por um descuido meu perdeu o
foco em mim e começou a ir na direção dela com muita rapidez.

– Não vai encostar nela! – o puxei pela camisa com todas as minhas
forças, Lobão cambaleou para trás e com só Deus sabe que força eu
consegui jogá-lo contra a parede e lhe dar um soco no estômago, logo em
seguida dei outro em seu nariz e corri até a arma. Jade já estava ao
pé da escada, pelo menos se algo me acontecesse ela não veria, me
aproximei apontando a arma para Lobão que estava muito ferido e riu com
desdém para mim.

– Vamos logo com isso, me mate, já estou certo da minha derrota – seu
nariz sangrava muito e seu olho já começara a inchar.

– Não vou matar você, por mais que queira, agora eu tenho uma família e
vou ser pai, não posso ir pra cadeia – suspirei e tentei me manter
firme, a dor dos socos e chutes que levei pioraram – Mas você pode, e
você vai pagar por tudo o que fez, talvez de alguma forma você acorde e
perceba que isso não é vida.

– Pois eu já prefiro que me mate, sem dor, rápido, minha passagem para o
inferno já foi comprada a muito tempo – deu de ombros mas gemeu de dor.

– Não em interessa não vou matar você – Lobão permanecia caído, quieto
demais até, talvez por causa da dor, mas, eu fui ingênuo demais em
pensar que tudo acabaria ali...


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