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Acabei de chegar em casa e estava exausto desse dia “glorioso”. Sorte que sempre tenho á mão meu PSP. Depois de trocar aquele uniforme pego minha fiel companheira. Sim, é mulher, feminino, tanto faz. Minha querida Lessie! E sim, eu coloquei um nome nela. É claro!

– Ás vezes queria que você se tornasse minha namorada... – Digo enquanto observo o ecrã do aparelho. – Seria bem mais fácil...

– Já falando de novo com esse troço, Armin? – Alexy apareceu de algum canto dos infernos, só pode, e bagunça meu cabelo. Daí-me paciência, ele acha mesmo que vou me zangar com isso?

– Já disse pra não bagunçar meu cabelo! – Tá, isso foi puro reflexo... Televisivo... Excessivo. Ah, você entendeu! – E não é troço, é o último modelo do momento!

– É alguma coisa que eu não estou interessado, nem no momento, nem nunca.

Eu apenas reviro os olhos, sempre tive este tipo de conversa com esse retardado que eu não posso nem insultar a aparência. Por que cá entre nós, ele é a minha cara. Seria um tipo de insulto indireto para mim mesmo, então deixamos quieto.

– Aliás, suas roupas estão velhas demais, vamos ao shopping! – Disse com bastante entusiasmo.

– Essas roupas foram compradas semana passada...

– O que significa que estão ultrapassadas! Vamos agora!

– Nem que vacas comecem a voar... – Eu me jogo na minha cama e viro de costa para ele. Tô afim de vê esse maracujá podre reclamar das minhas coisas de novo não.

– Quer mesmo que a mamãe saiba que você vira a noite em videogames, internet e outras coisas?

–... – Não, eu definitivamente não queria. Se a mamãe descobrisse, iria me deixar de castigo, ou seja, sem PSP ou internet durante uma semana ou mais! O que seria, literalmente, um fim do mundo para mim!

– Certo, ô mãããe! Armin tem algo pra te contaaaar! – Seu grito estridente fazia os meus ouvidos quase saltarem. Ô praga disfarçada de gente...

– Tá, eu aceito! Vamos logo nessa joça de lugar antes que esse seu fone de ouvido conheça a privada!

– Se encostar nele, o seu PSP que vai conhecê-la.

– O que houve Alexy? – O grito de volta da nossa querida mãe, me garantia que ela deveria estar subindo agora.

– Nada mamãe, Armin só queria lhe dizer que te ama muito! E que vamos ao shopping! – Eu realmente queria me matar neste momento. Cadê uma escopeta quando se precisa? Se bem que se sufocar com travesseiro não era má idéia.

– Ah, bem, avise-o que também o amo! E vão logo ou vai fechar!

– Poode creer! Ouviu ela, temos que ir rápido.

– Eu não acredito que dividi um ventre com você...

[...]

Depois de mil torturas e uma hora de sofrimento logo estávamos em casa. E depois de uma noite de faladeira sem fim sobre roupas e outras deste marmanjo com essas garotas no telefone, logo já era dia seguinte e eu já fazia meu rumo pelo corredor da escola pela manhã. Não iria passar de um dia comum, se eu não tivesse colocado mentiras nas cabeças das pessoas.

Ao aviso de começo das aulas, logo todos se dirigiam para as mesmas. Eu sempre me sentava no fundo da sala para poder jogar melhor no console. É mais difícil para os professores me notarem quando se tem várias cabeças na frente, me dando certa “cobertura”. Até minha paz ser cessada, quando Castiel se senta na cadeira á minha frente e se volta para quem? Isso mesmo, para o belo garoto tentando passar de fase antes que alguém chame atenção.

– Então pegador, vai nos mostrar “ela” né? – Ele disse com ênfase.

– Ela anda muito ocupada, ultimamente...

– Nem mostrar foto?

– Ela não gosta disso.

– Descrição.

– Ela quer que mantenhamos segredo quanto a isto.

– Pelo menos diga a personalidade! – Disse o ruivo já se irritando por não ter as benditas informações.

– Personalidade? – Eu digo pensando. – Ora, eu já disse.

– Falar de como ela é naquela hora H não é personalidade. – Alguns que estavam por perto se viraram e nos olhavam como se estivéssemos vendo pornô.

– Fala mais baixo!

– Ora, você não explica nada sobre a mina.

– Ela é... Top, corpo violão... Sensível e outras vezes bem indecente, quando quer... – Eu falava o que vinha á cabeça.

– Tipo garota perfeita. Cara, você ta mentindo né? – Eu congelei. Já descobriram? Mas tão rápido? Já sei que não vou ser um ninja ou um agente secreto. Botaria tudo a perder com essa “sorte”!

– Por que uma pergunta dessas? Claro que não!

– Ela parece perfeita demais, só por isso.

– Os dois, já chega de conversar aí atrás! Castiel, vire-se agora!

E agora, outro ato de ajuda, me cai dos céus. Era o professor de História, que nos pediu atenção e foi logo atendido. Eu preciso arranjar um jeito de ajeitar tudo, seria mais simples contar a verdade, mas agora que já chegou até aqui, não tenho nada á perder. Ou melhor, tô um passo mais perto da minha morte, cadê a pá pra cavar logo meu túmulo?

[...]

~Erika’s P.o.V

Eu havia feito um coque simples no cabelo, alguns fios caíam em meu rosto pálido. Era intervalo finalmente e ainda bem que não nos proibiam de ficar na sala enquanto isso. Não era nem épocas para chocolates e bombons, mas a minha carteira já estava cheia deles. De diversas cores e formas, um “obrigado” junto com meu modo “princesa” ligado, já os fazia ir imbora mais rápido. O único problema é que parece que apenas ganho mais seguidores. Bem, nenhum deles sabe que logo seus presentes estarão em uma lixeira mais próxima ou no estômago de Leila. Aquela que sempre me aguentou e entendeu. Não sei como.

Olhei pela janela á procura de uma paz interior. Apoiei a cabeça em uma das mãos e observei atentamente á paisagem lá fora, e de repente, algo realmente me prendeu atenção. Olhei e me maravilhei, cobri um pouco da boca com a mão que estava apoiando e dei um leve sorriso que sei que contagiou todo o meu rosto. Essa realmente foi a melhor parte do meu dia. Me levantei da carteira e segui em direção ao meu armário para guardar estas coisas açucaradas para a Leila.