— Então, o que você vai fazer agora? - Lissa estava preocupada, e não era para menos.

Após o acidente, eu passei quase dois meses no hospital. Além das fraturas, ossos quebrados, e várias contusões, meu diagnóstico apontava um traumatismo craniano. Os médicos acharam melhor "induzir um coma", para que meu cérebro sofresse menos com os procedimentos. Lissa ia me visitar todos os dias.

Eu não me lembro de nada do meu período de inconsciência. Na verdade, eu não me lembrava de muita coisa que tinha acontecido antes do acidente. Foi Lissa quem me ajudou a lembrar. Falando sobre histórias antigas, nossos amigos, a vida "boêmia" que costumávamos levar, planos para o futuro. Até que tudo começou a voltar.

— Eu não sei. – suspirei cansada, enquanto fechava minha mala. – Mas, eu tenho que começar por algum lugar. A Rússia é o ponto de partida.

— Você não vai mesmo desistir. – não era uma pergunta e eu senti que ela tinha falado mais para ela mesma do que para mim.

— Liss, você sabe que eu não posso. Devo isso a eles.

Eu não tinha para onde ir depois que meus pais se foram. Eles tinham casado contra a vontade de ambas as famílias e desde então, não trocaram notícias. O acidente foi manchete em vários sites e revistas, nenhum parente entrou em contato. Não os culpo.

Mas Rhea e Eric, os pais de Lissa, me acolheram como uma filha. Eles não tinham nenhuma obrigação, mas se dispuseram com muita dedicação. E eu realmente os admiro por tudo o que fizeram por mim.

— Rose, se você estiver certa. Há realmente algo grande por trás disso, e pode ser muito arriscado. – ela queria me fazer repensar, mas já estava decidido.

— Já conversamos sobre isso Liss e é algo que eu tenho que enfrentar.

Eu tinha mencionado a ela de minhas suspeitas sobre conspiração. Sem citar nomes, é claro. Eu confiava nela, mas ainda não era a hora. A polícia não tinha encontrado nada que confirmasse isso, além de quê o meu único suspeito era o tio dela e eu teria que investigar isso por conta própria.

— Me deixe ir com você Rose. - ela insistiu com seus olhos pedintes.

— Liss.. - era difícil negar alguma coisa a ela. Mas era a segurança dela que estava em jogo.

— Por favor Rose, você já fez tanto por mim, deixe-me te ajudar. Eu sei me cuidar e ainda terá os seguranças..

— Que seguranças? - eu não tinha pensado nisso, mas conhecendo os pais de Lissa, eu não deveria estar surpresa.

— Ah Rose, você não acha que eles iriam te deixar viajar sozinha, considerando tudo isso não é? Mas na verdade, é um segurança pessoal que irá acompanhar. Pavel. - respirei aliviada com essa última parte, Pavel era de confiança. Ele estava junto comigo nessa "caçada".

— Ai Liss... – eu desviei o olhar, ela juntou as palmas com um sorriso sapeca - Liss.. OK, mas nada de envolvimento direto.

— Tudo bem. – ela falou revirando os olhos. Eu suspirei pesarosa.

Ela deu alguns gritinhos em comemoração, com palminhas e me abraçou. - Ahh, papai quer te apresentar uma pessoa. – ela lembrou antes de sair.