Apesar de toda minha curiosidade, que era muita, devo admitir que talvez estivesse exagerando sobre essa desconfiança.

Mas eu não podia evitar. A menção de Victor nessa conversa, me deixou em estado de alerta.

Eu nunca fui com a cara dele, e sempre fiz questão de deixar isso claro. Para mim ele é um arrogante manipulador. E bom, eu nunca gostei de ser mandada. Havia algo nele que me dizia que ele não era confiável.

Mas bem, ele era tio da minha melhor amiga. Amigo da família e sócio do meu pai, então eu tinha que suportá-lo em prol de um bem maior.

Ouvir meu pai falar dele daquele jeito só me deu mais motivo para acreditar que tinha algo de errado. E aquela mulher? Ela não era alguém, de quem eu me lembrasse.

Passou alguns minutos até que meu pai nos encontrasse. Seu rosto era impossível de ler. Ele combinou algo com Pavel e saímos.

Pavel ficou.

Ficamos a maior parte do caminho em silêncio. Eu e meus pensamentos martelando. Meus pais trocavam algumas palavras de vez em quando.

Eu estava tão alheia ao meu redor, que nem percebi quando tudo aconteceu.

Num momento estávamos tranquilos no carro, em outro, o carro girou para o meio da pista, logo sendo acertado em cheio por algo que eu não consigui identificar, acertando um pinheiro. Tudo muito rápido. Em algum momento, eu fui arremessada pra fora.

Estou caída no asfalto gelado e sentindo uma dor imensa na cabeça. Me surpreendo por estar consciente, e tudo que eu consigo pensar é que meus pais estejam bem também.

Eu sinto sono. Eu luto contra os meus olhos que insistem em se fechar. Nada, nenhum som, nenhum carro, nenhuma ambulância, ninguém. Só eu e a minha dor. Estou perto de desistir, quando ouço alguém me chamar.

— Rose, é esse o seu nome? – diz uma voz grossa – Olhe para mim, não feche olhos.

Eu olho para o homem inclinado sobre mim, seus olhos escuros e acolhedores como uma noite estrelada. – Eu sou Rose. – eu sussurro antes de cair na escuridão.