Em Busca de um Futuro Melhor escrita por Lyttaly


Capítulo 31
30


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas o/
Mais um capitulo, dessa vez sem atraso o/
Boa leitura o/



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(Às vezes a rasteira vem enquanto ainda estamos no chão.)

Kali apertou mais a mão de Felipe sem conseguir desviar os olhos do rosto da mulher que falava tão friamente sobre a morte de seus pais. Não conseguia acreditar que tudo o que ela falava era verdade.

— Então você e Victor se conhecem há muito tempo? – O policial que fazia o interrogatório perguntou.

— Conheci o Victor quando ainda era adolescente. Na época éramos apenas jovens querendo curtir a vida. Até que o Victor começou a se envolver com gente da pesada e eu acabei me afastando dele. Nos reencontramos anos depois. Ele apareceu com um plano maluco de conseguir uma grana alta. Infelizmente aquele infeliz conseguiu me convencer. Ele usou meu filho pra me convencer. Apesar de não ter sido uma boa mãe, eu amo meu filho e eu não ia perder a chance de dar a ele um futuro. Mas as coisas começaram a dar errado e eu, burra, não caí fora a tempo.

— Quando as coisas deram errado?

— Quando a Kali não morreu.

As pernas de Kali não podiam mais sustentá-la, fazendo com que a menina desse alguns passos para trás e sentasse em uma das cadeiras encostadas na parede. Felipe sentou-se ao lado dela, abraçando-a. Apesar do choque, Kali não conseguia desviar a atenção de Célia.

— Conte-nos o plano.

— Era bem simples. Eu deveria fazer com que Marcos se apaixonasse por mim.

— Quem é Marcos?

— Meu falecido marido.

Rafael, que estava preocupado com Kali, passou a prestar mais atenção em Célia quando o nome de seu pai foi citado. Ele queria saber o que Marcos tinha a ver com aquela história.

— Pobre Marcos, – Célia continuou – ele estava no lugar errado e na hora errada. Eu cheguei a amar aquele homem.

— Volte ao plano. – O policial pediu.

— Eu deveria casar com o Marcos. O Victor, não sei como, sabia que Marcos e o irmão tinham herdado uma fortuna dos pais que eles decidiram não mexer para que pudessem dar um futuro aos seus filhos. Como Marcos não tinha filhos na época, ele ainda não tinha passado sua parte para o nome de ninguém. Se eu conseguisse me casar com ele e ele acidentalmente morresse, eu ficaria com a grana. Só que depois que eu estava casada o Victor quis mais. Ele decidiu que mataria o irmão de Marcos e sua família, assim o dinheiro do irmão passaria para Marcos. Só teve um problema: a Kali ficou viva. O pai dela já havia passado o dinheiro para o nome dela e ela só poderia mexer nele quando tivesse 18 anos. Como Marcos era o parente mais próximo, Kali foi morar conosco.

— O que aconteceu depois?

— O Marcos fez uma burrada que acabou matando-o antes do planejado. Como a menina não morreu decidimos esperar um pouco pra matar o Marcos pra não dar muito na cara, caso contrário a polícia podia desconfiar.  Só que nesse meio tempo ele passou a sua parte para o nome do Rafa sem me falar. O Victor achou que perderia essa grana. Foi quando ele decidiu matar todo mundo. Mas eu não deixei que ele matasse o Rafa e expliquei pra ele que o Rafa não precisava morrer pra ele ter a grana.

— Por que não?

— Porque eu tinha uma procuração no nome do Rafa.

— E como você conseguiu essa procuração?

— Foi bem fácil na verdade. O Rafael é meu filho biológico.

— O quê? – Rafael ficou chocado com a informação. – Não é possível. – Ele começou a tremer de nervosismo.

— Você adotou seu próprio filho? – O policial perguntou.

— Digamos que sim. – Célia respondeu. – Quando eu me casei com o Marcos eu já tinha tido o Rafa. Só que quando ele nasceu eu não tinha onde cair morta, então deixei ele num orfanato. Logo depois Victor apareceu com essa ideia maluca e eu vi a oportunidade de dar um futuro pro meu filho. Eu fiz muita coisa errada na vida, mas, no fim das contas, eu ainda sou mãe. Mas o Marcos acabou descobrindo todo o plano. Ele tinha desconfiado que eu o traía e me seguiu quando eu fui encontrar o Victor. Victor deu um tiro nele. Nessa época eu fiquei bastante abalada. Eu estava procurando uma forma de manter o Marcos vivo. O Rafa amava ele e eu não queria ver meu filho triste. E eu também tinha carinho por ele. Era um bom homem.

A essa altura Rafael estava tão chocado com tudo o que ouvia que não conseguiu reagir. Seus olhos estavam fixos em Célia.

— Tudo deu errado quando Kali não morreu naquele acidente. Se ela tivesse morrido logo Victor teria matado o Marcos e não daria tempo do Rafa se apegar a ele.

— Por causa disso você espancava a Kali?

— Eu não espancava ela. – Célia respondeu friamente. – Eu a corrigia quando ela fazia algo errado. E ela sempre fazia algo errado.

— Os exames feitos por Kali provam que ela era espancada. – Afirmou o policial.

— Aquela garota é uma fraca! – Célia falou irritada. – Qualquer palmada é motivo de choro pra ela.

— Uma palmada não acusaria espancamento, senhora Célia. Mas continue a história. Por que a senhora e Victor mantiveram Kali e Rafael reféns?

— Depois de matar Marcos, Victor decidiu que o melhor a fazer era dar um tempo mais uma vez. Foi quando ele se envolveu com essa quadrilha de tráfico internacional. Ele se enrolou todo e, eu não sei direito o que aconteceu, ele teve a cabeça premiada e decidiu fugir. Mas ele não tinha dinheiro pra isso. Então apareceu com essa ideia maluca de reféns. Eu não sabia de nada porque fiquei alguns dias no hospital e ele tinha sumido. Ele apareceu de repente já prendendo os dois e chamando a polícia. Eu tentei pôr juízo na cabeça dele porque essa era uma ideia idiota e não fazia sentido algum. Eu disse que seríamos presos, que não daria certo. Mas ele não me ouviu. Agora que penso sobre isso ele não estava agindo normalmente. Acho que ele tem algum problema mental, porque não é a primeira vez que ele age como louco assim. Ele realmente pensava que ia conseguir fugir.

—E pra onde vocês iriam fugir?

— Pra qualquer país que não necessitasse de passaporte. Lá começaríamos do zero. Eu, Victor e meu filho viveríamos tranquilamente.

— E Kali?

— Mataríamos ela quando completasse 18 anos.

— Já temos informações suficientes. – O segundo policial se pronunciou. – Leve ela de volta pra cela.

Quando Rafael viu que Célia saía da sala correu para encontrá-la. Um policial tentou segurá-lo, mas ele seguiu em frente vendo Célia no corredor da delegacia.

— Célia! – Ele a chamou segurando em seu braço para que ela não saísse do lugar. – Me diz que isso não é verdade.

— O quê? – Célia perguntou confusa.

— O que você disse no depoimento! – Rafael gritou.

— Você... você ouviu? – Célia tremeu. – Não era pra você ficar sabendo assim, meu filho.

— Preste bastante atenção ao que eu vou dizer. – Rafael disse com a voz firme. – Eu não sou seu filho. Não tenho mãe. Quero distância de você porque a única coisa que eu sinto por você é nojo. – Rafael a soltou, virando-se para ir embora.

— Não faz isso comigo, meu filho. – A voz de Celia falhou e lágrimas começaram a descer de seus olhos.

— Não me chama de filho! – Rafael gritou e olhou novamente para Célia, assustando-a. – Nunca mais se dirija a mim! Você me privou de viver, destruiu a vida da pessoa que mais amo e matou meu pai! Você merece sofrer!

— Me perdoa... – Célia chorava a ponto de soluçar. – Por favor, me perdoa.

— Você não merece perdão. – Rafael disse mais calmo, virando-se para voltar para a sala.

— Ingrato! – Célia gritou como se não estivesse chorando alguns segundos atrás e sorriu. – Eu não devia ter me preocupado com você. Devia ter deixado Victor te matar. Um dia você vai ter que me agradecer por tudo que eu fiz por você.

O policial puxou Célia para levá-la para sua cela e Rafael voltou a caminhar pelo corredor vendo que todos que estavam na sala de interrogatório assistiram àquela cena.

Kali correu em sua direção, abraçando-o. Os dois choraram, finalmente compreendendo tudo o que Célia falou. O peso das palavras e dos fatos caíram sobre eles e o que podiam fazer no momento era extravasar tudo em forma de lágrimas.


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Notas finais do capítulo

Se você leu até aqui #obrigada^^



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