Em Busca de um Futuro Melhor escrita por Lyttaly


Capítulo 24
23


Notas iniciais do capítulo

Ola pessoas o/
Eu queria dizer que esse capitulo foi o capitulo que eu mais gostei de escrever. Eu gostei tanto desse capitulo que, quando acabei ele, eu estava me debulhando em lágrimas (é serio). Eu espero de verdade que vocês gostem dele porque ele foi escrito com muito amor e carinho ^^
Obs.: leia as notas finais.
Boa leitura o/



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(E como esconder sentimentos que não deveriam existir?)

Rafael caminhou à frente de Célia, chegando primeiro no fundo da casa. Viu Felipe em cima do muro, prestes a pular para o outro lado. Felipe, ao vê-lo, sorriu e piscou o olho direito antes de sumir do seu campo de visão, fazendo Rafael balançar a cabeça em negativo enquanto um discreto sorriso surgia em seu rosto. Tinha que admitir que Felipe era corajoso.

Quanto Célia chegou, procurou com os olhos qualquer sinal de vida ali. Olhou para Rafael, desconfiada. O menino deu de ombros, virando-se para voltar à frente da casa.

— Eu disse que não tinha ninguém aqui. – ele disse antes de voltar a andar.

Quando entrou em casa, Célia foi diretamente para o quarto, sem se importar com a presença de Isabella ali. Subia as escadas com dificuldade, mas precisava deitar-se em sua cama. Odiava hospitais e ter passado tanto tempo em um não lhe fazia nada feliz.

Quando a mulher sumiu do campo de visão, os três no andar de baixo entreolharam-se, ficando algum tempo parados em silêncio. Kali foi a primeira mexer-se, indo para o sofá e deixando o corpo cair sobre o móvel.

— A paz durou pouco... – ela disse em voz baixa, porém os outros dois escutaram e olharam-se tristes.

Kali colocou a mão direita sobre o peito sentindo o coração ser esmagado e o estômago revirar. Sentiu que perderia o controle de novo.

"Não! Outro ataque não!"

Tentava manter a mente longe dos pensamentos ruins, mas sua respiração já estava alterada, o coração acelerado e a mente aos poucos se perdia.

Não via nem ouvia mais nada ao seu redor.

Sentiu que alguém a carregava e levava-a para fora da casa. Foi colocada no banco de trás de um carro que entrou em movimento logo depois.

Ela não conseguia entender o que estava acontecendo. Seus olhos viam, mas não enxergavam nada. Seus ouvidos não conseguiam compreender os sons à sua volta.

Sua respiração ainda falhava e o coração batia forte. O medo começou a surgir e Kali desesperava-se cada vez mais.

Ela sentiu o carro parar depois de alguns minutos. Uma mão tocou a sua e alguém falava com ela, mas Kali não conseguia concentrar-se.

— Kali! – Felipe chamou-a energicamente o que a fez despertar e prestar atenção nele.

Felipe estava ao seu lado olhando-a e segurando suas mãos.

— Felipe? – Kali disse com a voz falhando devido à respiração ofegante.

— Isso. Presta atenção em mim. – Felipe segurou as mãos dela mais forte. – Consegue sentir minhas mãos? – Kali assentiu. – Isso é real. Meu toque é real. – Felipe falava mais tranquilamente. – Foca nisso, no meu toque. Você consegue ouvir a música? – Kali olhou para o rádio do carro percebendo a música que tocava.

— Consigo. – Kali disse com a voz um pouco mais firme, porém ainda respirava com dificuldade.

— Se concentra na música.

Kali começou a prestar atenção na música enquanto olhava para Felipe, que ainda segurava suas mãos. A música se repetiu mais algumas vezes até que Kali finalmente se acalmou encostando as costas na porta do carro e abraçando os joelhos. Ela reparou que o carro estava parado em uma estrada deserta. Era um lugar calmo, sem sons externos. Ela olhou para Felipe que também estava encostado na porta do lado esquerdo do carro, de frente para Kali.

A música que repetia no rádio era a única coisa que não deixava o silêncio imperar dentro do carro. Mas nenhum dos dois prestava mais atenção à música. Cada um estava perdido em seus próprios pensamentos.

— Obrigada. – Kali disse depois de alguns minutos desviando o olhar quando se deu conta que encarava Felipe.

— Não precisa me agradecer. – Felipe sorriu, despertando de seus devaneios.

— Preciso sim. Eu não sei como retribuir tudo o que você tem feito por mim, Felipe.

— Eu nunca fiz nada esperando alguma retribuição. Você não precisa se preocupar com isso.

— Eu só… – Kali sentia-se verdadeiramente agradecida, mas não sabia como expressar isso em palavras.

— Eu sei. – Felipe disse vendo que Kali não completaria a frase.

— Desculpa. – Kali escondeu a cabeça entre os joelhos quando se deu conta de que, mais uma vez, havia tido um ataque na frente de Felipe. Ela não queria que aquilo tivesse acontecido.

— Pelo quê?

— Por, mais uma vez, você ter que cuidar de mim nesse estado. – Kali falava envergonhada, sua voz saindo abafada.

— Você não precisa se desculpar por isso. – Felipe deu de ombros. – Pra mim não é incômodo nenhum cuidar de você. E você devia se deixar ser cuidada pelas pessoas que gostam de você sem se preocupar demais se tá incomodando.

— Mas eu incomodo as pessoas.

— Não a mim, Kali. Olha pra mim. – Felipe segurou a mão de Kali novamente, aproximando-se dela. Ela olhou-o encontrando seus olhos que a encaravam com seriedade. – Eu não cuidaria de você se eu não quisesse. Eu não cuido de quem eu não gosto. Por que faria isso? Eu gosto de você, até mais do que deveria, na verdade. – Felipe gaguejou quando disse isso e seu rosto ficou vermelho, mas não desviou o olhar de Kali. – Por isso estou aqui.

— Você não deveria fazer isso, Felipe. – Kali sentiu o coração acelerar com as palavras de Felipe e sua voz quase não saiu. Não sabia como reagir ao que ele disse ou o que falar. – Eu… – Ela tentou firmar a voz, mas ainda estava nervosa. Puxou a mão que Felipe segurava e desviou novamente o olhar. – Eu sou quebrada, Felipe. Minha cabeça está um caos, minha vida é um caos. – ela falou apressada com a intenção de fazer Felipe entender seu ponto de vista. – Eu não sou alguém que pode retribuir algum tipo de sentimento, eu nem sei fazer isso. – Kali deu um sorriso nervoso sentindo os olhos encherem de lágrimas. – Eu não tenho nenhum tipo estabilidade nem certeza de algum dia ter.

— E você acha que eu ligo pra alguma dessas coisas que você disse?

— Você merece alguém inteira, Felipe, e eu sou apenas cacos.

As lágrimas agora desciam pelo rosto de Kali. Ela desejou ser alguém completa para Felipe. Desejou, mais do que nunca, ter uma vida normal. Durante as últimas semanas tinha notado que gostava de estar com Felipe, da paz que seu sorriso transmitia e a segurança que ele passava. Kali já tinha se dado conta de que nutria sentimentos por ele, não negava isso para si. Porém sua vida não tinha brechas para um romance. Não havia nem passado pela sua cabeça a ideia de ter um romance. Apesar da relativa paz dos últimos dias ela tinha consciência da sua situação e coisas como paixão não tinham espaço na sua cabeça.

— Eu não quero alguém inteira, Kali. Não preciso disso. Eu quero alguém que queira ficar do meu lado quando eu precisar e que me queira ao seu lado também. Alguém que me ajude quando eu desmoronar e que aceite ser ajudada por mim.

— Eu não sou essa pessoa, Felipe.

— Não. – Kali olhou-o confusa com a afirmação. – Você é melhor que isso. Você é forte, inabalável, nada consegue te destruir. Você não desiste. Além de ser linda.

— Você não me conhece. – Kali riu envergonhada entre as lágrimas. – E está exagerando.

— Conheço o suficiente pra ter me apaixonado.

— E não tenho espaço na minha vida pra uma relação desse tipo com alguém, Felipe, você sabe disso.

— Olha, então, nos meus olhos, Kali, e me diz que é indiferente a mim. – Kali colocou a cabeça entre os joelhos mais uma vez.

— Não faz isso… – Sua voz saiu num sussurro.

— Se me disser que é indiferente a mim eu te deixo em paz.

Os dois ficaram em silêncio. Kali levantou a cabeça olhando para Felipe. Tentava criar coragem para lhe dizer aquelas palavras, mas não conseguia acalmar seu coração que batia apressado. Sabia que Felipe descobriria se mentisse, mas não queria se tornar um peso para ele.

— Eu… – As palavras não saíram. – Eu não consigo. – Sua voz fraquejou mais uma vez.

Felipe aproximou-se mais dela, tocando seu rosto e secando as lágrimas que escorriam.

— Eu quero estar do seu lado, Kali, te proteger. Nos conhecemos há pouco tempo, eu sei. Eu minto pra você desde que nos conhecemos, mas acredite em mim quando eu digo que eu gosto de você. Gosto de verdade de você. Sua vida é complicada, eu sei, mas eu estou me rendendo a essa paixão tendo total consciência de onde estou me metendo. Então eu te peço que confie em mim, que me dê uma chance. Você pode fazer isso?

— Posso. – Kali sussurrou.

Felipe acariciou seu rosto e Kali fechou os olhos aceitando o carinho. Felipe aos poucos aproximou seu rosto do dela.

— Obrigado.

Felipe sussurrou e a beijou em seguida. O beijo durou poucos segundos. Olharam-se por alguns instantes sorrindo.

— Eu não mereço você. – Felipe disse. – Você é uma pessoa incrível, sabia?

— Como você conseguiu isso? – Kali tentou ignorar o elogio. Estava cada vez mais envergonhada – Como você consegue me acalmar assim?

— Eu não sei. – Felipe sorriu. – Talvez seja minha vontade de te ver sorrindo de novo como naquele dia na sorveteria. Foi quando me apaixonei por você, sabia? O seu sorriso é lindo.

— Para de me deixar envergonhada, Felipe! – Kali voltou a colocar a cabeça entre os joelhos.

— Eu só falo verdades.

— Isso por si só é uma mentira.

Os dois riram, lembrando-se de já terem falado essas mesmas frases anteriormente.

— Ei, olha pra mim. – Felipe pediu carinhosamente. Kali negou ainda com a cabeça entre os joelhos. – Por favor.

Kali pensou um pouco até que finalmente levantou a cabeça, olhando-o e vendo que ele parecia tão envergonhado quanto ela.

— Você não é a única que nunca passou por isso, okay? – Felipe disse quando viu que Kali o encarava com curiosidade. – Nunca me apaixonei antes.

— Isso é uma das suas mentiras? – Kali desconfiou.

— Não. – Felipe sorriu. – Nunca tive muito tempo pra pensar nessas coisas.

— Entendo…

Ficaram algum tempo em silêncio ouvindo a música que ainda tocava no rádio.

— Essa música é boa. – Kali comentou.

— Sim. É uma das minha preferidas.

— Quantos anos você tem, Felipe? – Kali perguntou de repente mudando completamente o rumo da conversa.

— Por que essa pergunta de repente? – Felipe ficou nervoso.

— Se você tivesse mesmo 15 anos não poderia dirigir. Você deve ter no mínimo 18.

Felipe coçou a cabeça. Não tinha pensado nisso quando levou Kali para o carro.

— Tenho um pouco mais, na verdade.

— Quantos anos, Felipe? – Kali voltou a perguntar.

— Vinte e três… – Felipe disse muito baixo, mas ela escutou.

— Quê?! – Kali ficou surpresa o bastante para quase engasgar com a saliva. – Você tá brincando, né?

— É verdade. – Felipe a encarou para ela ver que ele não estava mentindo.

— Você passa facilmente por 15 anos… Espera! Você não é um pedófilo, é? – Kali disse se encolhendo, fingindo medo. Ela confiava em Felipe. Não sabia por que, mas confiava.

— Não. – Felipe riu.

— Você vai me contar por que está aqui? Por que mente tanto?

— Vou, mas não hoje. Você pode esperar mais um pouco? Eu prometo que não vai precisar esperar muito.

— Eu espero. – Kali deu de ombros.

A verdade era que o mistério que rondava Felipe a deixava mais interessada nele, então não se importava muito em não saber a verdade.

— Me responde uma coisa? – Felipe perguntou.

— Depende da pergunta.

— Você… gosta de mim?

Felipe estava inseguro. Apesar de parecer sempre confiante, ele estava inseguro. O principal motivo para isso era por ter mentido para Kali sobre várias coisas a seu respeito e, talvez, agora que ela sabia mais esse detalhe sobre si, ela reconsiderasse o que acontecera há alguns minutos.

— A resposta a essa pergunta é óbvia, você sabe. – Kali voltou a esconder seu rosto. Agora que sabia que Felipe era mais velho sentia-se um pouco intimidada por ele ser mais experiente. – Idiota. – Sua voz saia abafada – Eu que tenho que tá insegura, não você.

— Namora comigo?

— Que tipo de pergunta é essa de repente?! – Kali levantou a cabeça. Não esperava por essa pergunta.

— Namora comigo? – Felipe perguntou mais uma vez, aproximando-se de Kali e voltando a tocar seu rosto com carinho, olhando profundamente nos olhos da menina que agora brilhavam.

— Sim.

Ela disse por fim e Felipe beijou-a mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?
Gente, vocês já perceberam que eu não costumo pedir comentários nem nada do tipo, mas hoje eu quero pedir que vocês me digam o que tão achando, sim? Eu vejo que bastante gente ta acompanhando, mas eu não tenho recebido nenhum comentariozinho e isso me faz pensar se a historia tá agradando ou não. Eu percebo que tem leitores fiéis à historia pelos números (que eu fico olhando todos os dias e contabilizando e.e), mas nenhum de você se manifestam...
Se não tiver tempo pra comentar apenas diga se gostou ou não do capitulo, sim?
Eu não vou pedir mais isso por aqui, prometo ^^
Se você leu até aqui #obrigada^^



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