Em Busca de um Futuro Melhor escrita por Lyttaly
Notas iniciais do capítulo
Ola pessoas o/
Desculpa o atraso desse capitulo.
Esse é uma capitulo de transição e não acontece muita coisa, mas já aviso-vos que se preparem pois o próximo está um amorzinho (sem spoilers!)
Boa leitura o/
(Quanto tempo dura um período de calmaria?)
Três semanas depois
— Ainda não encontrou nada no escritório? – Felipe perguntou a Rafael.
Os dois estavam sentados no pátio da escola no lugar onde Rafael e Kali costumavam ficar sozinhos anteriormente. Esperavam Kali, que estava demorando para chegar, e aproveitavam para discutir os planos com relação a Victor.
Rafael, Kali e Felipe agora estavam sempre juntos na escola. Felipe, que antes era o novato sobre quem todos queriam saber, agora era mais um dos “irmãos antissociais”, apesar de não serem de fato irmãos, porém, agora, era visto assim pelos demais alunos, o que Felipe achou bom, pois seu objetivo ali não tinha relação com fazer amigos. Quando seu trabalho acabasse aqueles alunos não o veriam mais.
— Não. – Rafael respondeu. – Não tem nada no escritório. E vocês já encontraram o Victor?
— Sim. Ele tem andado por toda a cidade nessas últimas semanas, dormido em albergues. Ele também passou alguns dias em São Paulo. Alguma coisa parece estar errada, porque ele anda inquieto.
— E isso é bom ou ruim?
— Depende de como o problema dele pode nos ajudar. E ainda não sabemos o que está acontecendo.
— Então não sabem se é bom ou ruim?
— Não.
— Quanto tempo isso ainda vai demorar? – Rafael suspirou, cansado.
— Acredito que não muito. Todos os que estão trabalhando nesse caso são bons profissionais, não se preocupe.
— Mas ainda não sabem quando vão prender essa quadrilha, né?
— Precisamos do paradeiro dos chefes da quadrilha. Se prendermos os subordinados, os chefes irão fugir. Então temos que ser cautelosos.
— Eu entendo isso, mas saber que nossa liberdade está mais próxima do que imaginávamos e não saber quando exatamente isso vai acontecer tá me deixando ansioso demais e tenho medo de, no fim, nossa esperança ser frustrada.
— Você e a Kali são parecidos. – Felipe sorriu lembrando-se da conversa que tivera com Kali.
— Muito tempo de convivência torna as pessoas parecidas.
— Tem razão. Mas logo tudo vai se resolver.
— Espero que sim.
— E a Célia? – Felipe perguntou – Como está?
— Ela vai ter alta hoje à tarde. Mas vai precisar fazer repouso absoluto. Eu e Kali vamos ter que cuidar dela. Irônico, não? Cuidar da mulher que tanto nos fez mal...
— Tem razão. Eu ajudo vocês. Não precisam passar por isso sozinhos.
— Não sei se é uma boa ideia. Se ela souber que tem alguém em casa vai sobrar para a Kali.
— Ela não pode fazer nada com o braço engessado, Rafa, e, de qualquer forma, eu aposto que tudo isso vai acabar antes do braço dela se recuperar.
— Mas e se o Victor resolver voltar e te ver lá em casa? – Rafael estava apreensivo.
— Eu me finjo de inocente e dou alguma desculpa. Ele caiu da última vez. Ele realmente acreditou que eu tinha ido na sua casa tirar dúvidas de matemática com a Kali. – Felipe riu com a lembrança.
— Mas ele pode decidir descontar na Kali. O braço dele está inteiro.
— Qualquer coisa eu quebro o braço dele, que tal?
— Você sabe lutar, por acaso?
— Claro que sei!
— Mas ele é mais alto e mais forte que você. – Rafael queria tirar da cabeça de Felipe a ideia de ajuda-los a cuidar de Célia. Temia por Kali.
— Saber lutar não depende sempre de força e sim de técnica. – Felipe não desistiu de convencer Rafael. – E o Victor não tem técnica. Ele só bate em quem parece mais fraco que ele. Ele é como um cão que ladra, mas não morde.
— Como você sabe disso?
— Tive que ler todas as informações e ver todas as imagens que a investigação conseguiu antes de entrar neste caso.
— Entendi.
— Oi, gente. – Kali chegou, sentando-se ao lado de Rafael e abrindo a bolsa com lanches. – Sobre o que estavam falando?
— Eu tava falando com o Rafa que vou ajudar vocês a cuidar da Célia.
— Hum. – Kali deu de ombros.
— Achei que você fosse protestar. – Rafael estranhou a reação de Kali.
— Você já deve ter protestado e não deu em nada, tô certa?
— É, você tá certa.
— Não adianta contrariar o Felipe. Ele é muito teimoso.
— Concordo com você.
— Mas uma hora a gente dobra ele.
— Eu estou aqui escutando tudo caso tenham se esquecido. – Felipe disse, pegando um dos sanduíches que Kali havia feito.
Nas últimas semanas, Isabella deu dinheiro para que eles pudessem se alimentar bem e Kali preparava lanche para três pessoas, já que Felipe estava sempre junto com eles. Essas três semanas haviam sido as mais calmas que tiveram em anos. A calmaria às vezes era quebrada pelo medo de a qualquer momento Victor voltar, mas na maior parte do tempo tinham tranquilidade. Kali até mesmo sorria de vez em quando e fazia piadas com Felipe como fizera agora. Até Rafael espantava-se com a mudança de humor que estava acontecendo com Kali. Lembrava-se da divertida Kali de anos atrás e isso o tranquilizava. Mas seu medo de tudo ir por água abaixo deixava-o aflito em alguns momentos. Várias vezes lembrava-se das palavras de Kali em seu diário e ficava temeroso de que aquela pouca alegria que a irmã sentia acabasse de uma hora para outra.
"Vai ficar tudo bem." – Repetia para si mesmo tentando manter o foco.
***
Quando a aula acabou, Kali decidiu ir para o hospital com Rafael. Isabella ofereceu carona para buscar Célia e os três foram para o hospital. Felipe também queria ir, mas decidiu que ia fazer o almoço para quando chegassem em casa terem o que comer. Isabella o convenceu de que era melhor Célia não o ver. Já teria ela como desconhecida na casa. Deixar Célia mais nervosa do que isso não era necessário.
Quando chegaram no hospital, o médico disse-lhes que Célia já podia ir embora. Só estavam esperando algum parente chegar para deixá-la sair do hospital.
— Vocês demoraram! – Célia disse quando viu Rafael e Kali. Ela tinha o braço direito engessado e estava mais magra. Andava com dificuldade pois também havia machucado sua perna. Vestia roupas casuais e em seu rosto havia uma clara expressão de impaciência.
— Viemos direto da escola, Célia. – Rafael disse.
— Nem deviam ter ido! A mãe de vocês tem alta do hospital e vocês vão para a escola como se nada tivesse acontecido?
— Você nunca foi nossa mãe, Célia. – Rafael disse, tentando manter a calma. – Podemos ir então, doutor?
— Podem sim. – O médico respondeu. – E não se esqueçam de que ela precisa de repouso absoluto e de tomar os remédios.
Eles assentiram e foram para fora do hospital com Célia atrás deles ainda os xingando.
— Pra onde estão indo? – Célia perguntou quando notou que caminhavam em direção ao estacionamento do hospital.
— Temos carona. – Rafael disse simplesmente.
— Quem–
— Olá! – Isabella chegou perto deles, interrompendo Célia e cumprimentando-a.
— Eu sou Isabella e você deve ser Célia, não é mesmo?
— Quem é você? – Célia perguntou.
— Sou professora dos meninos.
— Eles te pediram carona? – Célia olhou para Kali como se quisesse matá-la e ela apenas encolheu os ombros, sentindo que a vida voltaria a ser como era há três semanas.
— Na verdade eu que insisti em dar carona para eles.
— E como sabia que eles viriam aqui?
— Eles me perguntaram que ônibus teriam que pegar para chegar no hospital. – Isabella mentiu – Eu fiquei curiosa para saber por que viriam aqui e eles me disseram que a mãe deles estava internada. Daí decidi dar carona.
— Mãe? – Célia olhou interrogativamente para Rafael, que deu de ombros.
— Obrigada, senhorita Isabella, e desculpe incomodá-la. – Célia sorriu.
— Não é incômodo nenhum, Dona Célia. Vamos embora? A senhora deve tá cansada de ficar em pé.
Isabella aproximou-se de Célia para que ela pudesse apoiar em seu ombro e andar até o carro.
— Seus filhos são ótimos alunos, Dona Célia. Deve estar orgulhosa deles. – Isabella tentou puxar assunto, fingindo desconhecer a relação de Célia com Kali e Rafael, quando o silêncio dentro do carro se tornou insuportável.
Ela viu pelo retrovisor Célia esconder a irritação e Rafael olhou para Isabella como se perguntasse "Que simpatia é essa?". Kali, que estava no banco do passageiro, apenas continuou olhando para fora pela janela que estava aberta, fingindo não escutar nada.
— Puxaram minha inteligência.
Kali sorriu irônica imperceptivelmente e Rafael voltou a olhar a paisagem, achando qualquer coisa mais interessante do que aquela conversa que acontecia ali.
— Deve ser bom ter filhos assim.
O assunto encerrou-se ali e o silêncio voltou a reinar.
***
— Que barulho é esse? – Célia perguntou quando o carro estacionou em frente à casa. – Parece a porta de casa. Tem alguém lá?
— Não que eu saiba. – Rafael respondeu, mas sabia que Felipe estava na casa.
— Eu acho que o barulho veio do outro lado da rua. – Isabella tentou ajudar.
— Não. Eu tenho certeza que foi o barulho da minha porta. – Célia retrucou.
— Vamos entrar logo. – Rafael disse, abrindo a porta do carro. Ele olhou para a casa e viu Felipe saindo de lá. Fez um sinal para que ele se escondesse e ele foi para o fundo da casa. Célia saiu do carro olhando para os lados, desconfiada que alguém estivesse ali. – Vamos? – Rafael disse, segurando seu braço bom.
Quando estavam chegando na porta da casa, o barulho de um graveto quebrando foi ouvido por todos. Kali, Isabella e Rafael paralisaram.
— Tem alguém aqui. – Célia disse, olhando para a direção em que o barulho veio. – Quem está aqui, Kali? – Célia olhou para a menina com raiva.
— E-eu não sei. – Kali encolheu os ombros.
— Fala logo ou vai ser pior!
Célia chegou mais perto da menina, que se encolheu mais.
— Vem aqui! Agora! – Célia disse, indo para o fundo da casa.
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Se você leu até aqui #obrigada^^