Enquanto você dança escrita por Raissa Vilas Boas


Capítulo 7
6 - Descoberta


Notas iniciais do capítulo

Boa noite gente!
Primeiramente quero agradecer por ainda estarem acompanhando a história mesmo depois de tanto tempo! Isso me dá um gás pra escrever... e é tão bom voltar pra esse mundo!
Espero que estejam gostando!



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Edward POV

 

— Edward, o que está acontecendo? - Perguntou Tânia, enquanto beijava meu pescoço e tirava meu cinto - Você está distraído - Comentou.

E eu estava. Não conseguia tirar aquela menina da minha cabeça, Isabella.

Ela não era como ninguém que já houvesse conhecido.

Era totalmente o oposto do que eu esperava em todos os sentidos.

Hoje mesmo, quando estava trazendo a Tânia para cá, eu a vi dançando!

Quem dança ao ser sequestrada?

E quem consegue dançar tão leve e equilibrada, mesmo estando em um lugar como aquele?

E ela sabia dançar tão bem... Eu só consegui ver poucos movimentos, através da pequena janelinha de seu quarto que dava para o lado de fora. Ela dançava com os olhos fechados, estendendo os braços como se estivesse flutuando.

Nas missões de Peter eu já estivera a frente de muitas pessoas, e em muitas situações como aquela... e já tinha visto de tudo. Gente que tenta escapar a qualquer custo, gente desmaia o tempo todo de medo e fraqueza, gente que pede para participar da equipe, pois já estava cansado de andar do outro lado da linha. E até gente que se mata para acabar logo com aquilo.

Mas nunca, nunca tinha visto alguém que dançasse em uma situação como aquela.

Na verdade, eu pouco sabia sobre Isabella. Peter nos contava sobre Charlie, apenas. E só nos disse que ele tinha uma filha que precisaríamos sequestrar. Encontrar uma mulher, ao invés de uma garota como esperávamos, já foi uma grande surpresa.

E além disso, deixá-la acorrentada não era o que eu queria fazer. Não era pra ela ter se alarmado com a vinda de mais alguém, pedindo ajuda. O que ela esperava? Que eu traria alguém nesse lugar, que pudesse ajudá-la de algum modo?

Tânia já até participara de algumas missões. Sempre que Peter precisava de uma figura feminina para algum jogo de sedução e distração, era ela quem ele chamava. Eu também já deveria esperar que ela fosse protestar contra o lugar escolhido, já que ela estava acostumada com os motéis luxuosos, ou com o meu quarto na casa de Peter.

Mas precisávamos nos manter melhor escondidos, e essa casa velha do amigo do meu pai, Benjamin, era o melhor e mais distante lugar que encontramos. 

— Sério, o que deu em você? Não vai dar conta hoje? - Perguntou Tânia, enquanto terminava de se despir, e se exibia completamente nua para mim.

Tânia era, de fato, uma mulher estonteante. Era a minha preferida. Mas hoje, por razões que desconheço, não conseguia desconectar meus pensamentos para nada. Nem para Tânia.

— Vista-se - Ordenei, entregando-a suas roupas - Hoje não estou em um bom dia.

— Ah, para com isso Edward! - Protestou, jogando as roupas no chão e se deitando por cima de mim. - É por causa daquela garotinha no quarto? - Ela perguntou, erguendo uma sobrancelha. - Você abusou dela Edward? Sabe que não precisa disso. Além do mais, eu sei que você gosta de mulher, não de menininha. Era só ter me chamado que eu viria mais cedo.

— Claro que eu não abusei. Porque mentiria pra você? - Perguntei. - Eu só dei um beijo! E ela ainda me deu um tapa.- Contei, enquanto vestia minhas roupas.

Tânia revirou os olhos enquanto assistia eu abotoando as calças e vestindo os sapatos.

— Um beijo sem consentimento, ainda é abuso, você sabe. - Ela explicou.- Não que isso faça diferença para vocês aqui. - Ela disse, se referindo aos negócios da família. - E então, qual é a história dessa menina? Porque trouxeram ela aqui? - Perguntou, enquanto vestia suas roupas, desanimada por nada ter acontecido dessa vez.

— Foi só um beijo roubado, Tânia - Expliquei. Não queria ficar mais pensando nessa história de abuso. - E como eu já te disse, não posso te contar sobre essas coisas. Você só pode saber o mínimo, quando participa da missão. Essa aqui é algo mais pessoal do Peter.

— Ah... - Ela assentiu, concordando. Ela sabia que com o Peter era melhor não se meter. - Vou embora então, e espero que da próxima vez você me recompense, Edward - Ela piscou.

Levei ela até sua casa, negando repetidamente as vezes em que me pediu pra subir pro seu quarto. Mas no fim, acabei cedendo apenas para tomar um banho e vestir roupas limpas. Me despedi e voltei para aquela casa minúscula e suja.

Entrei no quarto devagar e notei que Isabella já estava dormindo. Com cuidado para não acordá-la e ser atacado novamente, tirei as amarras e as algemas e a deitei na cama cuidadosamente.

Seus punhos estavam machucados, sangrando. Sua boca estava cortada na altura em que eu havia amarrado para ela ficar quieta. Senti um aperto estranho no peito e olhar o ferimento que causei. Eu não devia me importar com aquilo, eu já tinha feito ferimentos bem maiores que aqueles.

Mas nunca em uma mulher, deve ser por isso que me sentia tão estranho ao olhar os machucados e as unhas cheias de sangue.

E pior: Eu terei que machucá-la ainda mais para poder enviar as fotos que Peter pediu.

Tirei o celular do bolso e tirei três fotos dos principais machucados, e enviei para o número do celular que Peter havia deixado. Ele respondeu na hora.

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De: Peter

Para: Edward

Muito bem, Edward.  Já estava ficando sem paciência esperando as fotos. Na próxima vez machuque mais, e machuque o rosto dela também, dá um efeito visual melhor. Mas por hora, da pra usar essas.

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Olhei o rosto de porcelana de Isabella. Tranquila. Serena. Pensar em machucá-la era desconfortável, estranho, errado. Eu não queria ter que fazer isso, ainda mais sem saber o real motivo dessa missão. Peter ainda me devia algumas respostas.

 

—---------------------------------------------------------------------------

De: Edward

Para: Peter

Como está a missão? Precisamos conversar. Preciso entender mais sobre o que estamos fazendo com a garota Swan

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Dessa vez ele demorou pra responder. Não sei se estava no meio da missão, ou se divertindo com Jacob torrando o dinheiro que já havíamos conseguido, em um bordel. Mas quando respondeu, a resposta foi tão decepcionante quanto o tempo esperando.

—----------------------------------------------------------------------------

De: Peter

Para: Edward

Apenas faça o que mandei, você saberá no momento certo. Você deveria ser mais como o Jacob, e contestar menos minhas decisões. Só mande mensagem se for pra enviar mais fotos da garota machucada.

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Ser mais como Jacob? Até parece. Ele bem que gostaria disso. Jacob era o único filho que fazia tudo o que nosso pai pedia, sem contestar nem perguntar. "Mate aquela garota";"Roube esse cofre";"Acabe logo com isso"; e ele prontamente atendia.

Jacob sabia que ficaria na liderança sempre que precisasse, e sempre seria o escolhido para as missões mais difíceis. Ele, ao contrário de nós, gostava disso. De sentir a adrenalina, de conseguir dinheiro fácil, de viver intensamente, como ele mesmo costuma dizer.

Então é claro que ele fazia tudo o que Peter dizia. E é claro que ele foi  o escolhido para a missão com Peter. Eu nem mesmo sabia o que iriam fazer lá. Mas por um lado, fico feliz que ele tenha ido. Ele não teria hesitado em machucar Isabella, nem por um instante.

Não que eu me importasse dessa forma com ela, eu só achava desnecessário machucá-la. Era só pegar o dinheiro de Charlie, e devolver a menina para a família. Não era isso que Peter queria? O dinheiro de Charlie?

Eu estava tão entretido em meus próprios pensamentos, que levei um susto quando escutei a voz baixa e rouca de Isabella.

— Por favor, me deixe ir - Ela falava tão baixinho que mal dava pra escutar - Por favor! - Disse, com o lábio inferior tremendo

Suas pálpebras tremeram e ela virou pro outro lado, se ajeitando na cama.

Ela estava tendo um pesadelo com a atual realidade, pelo visto.

Ela era só uma menina, afinal. Tinha medos como todos as outras, só era corajosa o suficiente pra não mostrar esses medos conscientemente.

Senti de novo aquele aperto estranho no peito e entendi as mãos para ajeitar seus cabelos, mas parei na metade do caminho, interrompido pelo Jasper, que chamou urgentemente:

— Edward, preciso falar com você!

Me virei para olhá-lo, e ele estava com os olhos arregalados, com as mãos tremendo segurando uma pasta preta. Deixei Isabella sozinha em seus pesadelos, e tranquei a porta para ver o que Jasper queria, e o que o deixara naquele estado.

Em letras pretas, numa etiqueta branca, colada na lateral direita da pasta em que ele segurava, estava escrito duas palavras que me fizeram entender de imediato a situação

ORFANATO CLEARWATER

 

Era o orfanato que Jasper havia sido adotado. O mesmo que ele perseguia por muito tempo, procurando por seus pais biológicos. Sem nenhuma informação, nem ninguém que pudesse ajudá-lo. Algo em seu rosto e sua expressão, e na forma que ele segurava aquela pasta, me diziam que ele havia encontrado algo.

 


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Notas finais do capítulo

Não deixem de comentar...críticas construtivas são sempre muito bem vindas!
Obrigada!



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