~Pov Hermione

–Mamãe? –Chamei assim que tirei o feitiço dos dois. –Papai?

–Hermione minha filha! –Minha mãe disse depois de me olhar por um tempo. Eu pulei nos braços dos dois chorando e eles me abraçaram apertado.

–Você está muito encrencada mocinha. –Disse meu pai sem me soltar.

–Nunca mais faça isso Hermione! E se algo acontecesse com você? Nós iríamos achar que você nunca existiu?

–Eu sinto muito. –Falei abraçando-os mais uma vez. –Eles viriam atrás de vocês, eu não pude arriscar!

–Está mesmo grávida?

–Não se preocupe Paul, foi só uma desculpa para entrar. –Draco disse sorrindo, meu pai suspirou aliviado.

–Assim espero. –Ele disse e eu revirei os olhos rindo.

–Morena eu vou ir pra casa, depois a gente se vê. –Disse Draco me dando um selinho. –Até mais Paul e Mary, foi muito bom ver que estão bem.

–Obrigado Draco... Por trazê-la de volta pra nós. –Disse meu pai. O loiro sorriu e logo em seguida aparatou.

–Imagina o que seria de nós sem você minha filha! É só o que eu quero que entenda, não pode simplesmente nos fazer esquecer! –Disse minha mãe me apertando em seus braços mais uma vez.

–Mas agora está tudo bem. A guerra acabou, Voldemort não vai mais voltar.

–Você poderia ter morrido! –Disse meu pai.

–Na verdade eu morri. –Murmurei.

–O quê?! Hermione Jean Granger, explique isso direito. –Disse minha mãe cruzando os braços.

–Draco deu um jeito. –Falei. –Tivemos muitos mortos.

Só de pensar meus olhos se encheram de lágrimas, pois vários que contribuíram para que chegássemos onde estamos hoje não desfrutaram da felicidade desse mundo livre sem Lord Voldemort.

–Pode nos contar tudo o que aconteceu? –Meu pai perguntou e eu assenti.

Depois de contar tudo desde o início, em meio às lágrimas minha mãe se levantou do sofá.

–Querida, nós vendemos a casa em Londres, creio que não poderemos voltar tão rápido.

–Tudo bem, eu entendo. Posso ficar com Draco? Amanhã é o dia do julgamento e eu quero muito estar com ele.

–Pode sim, mas mande notícias. –Eu balancei a cabeça assentindo e os abracei mais uma vez.

–Obrigada. Eu amo vocês.

–Também te amamos querida. –Disse meu pai.

*-*

Draco estava sentado no sofá mexendo em uma espécie de livro grosso quando cheguei, um álbum de fotos.

–Oi. –Falei e ele fechou o álbum. Eu me sentei ao seu lado e lhe dei um selinho. –Isso é um álbum de fotos?

–É, mas tem muita coisa constrangedora aí. –Ele sorriu.

–Posso ver?

–Vai ficar traumatizada. –O loiro levou um dos braços até minha cintura e me puxou pra mais perto, em seguida colocou o álbum no meu colo e eu o abri.

A primeira foto era dele pequeno, uns 8 ou 9 anos se não me engano. Ele sorria. Estava com uma blusa de um time de Quadribol e uma vassoura nas mãos.

–Que fofo! –Falei gargalhando fazendo-o revirar os olhos.

–Eu disse que era constrangedor.

Passei a página me deparando com uma foto de Cissa e Draco. Ela sorria enquanto o segurava em seus braços, ele ainda era um bebê e dormia tranquilo. Ele desviou o olhar rapidamente.

–Eu sei que está abalado com tudo o que aconteceu. –Falei e ele não respondeu. –E que a primeira coisa que vai fazer quando encontrá-lo no tribunal vai ser tentar matá-lo. –Ele abriu a boca pra falar, mas eu fui mais rápida. –Não adianta negar, eu conheço você e também não o culpo por pensar assim, pelo menos não depois de tudo o que ele fez.

–Ela não vai voltar e a culpa é dele... –O Sonserino suspirou. –Ou minha. –Ele acrescentou baixo.

–A culpa não é sua.

–Se eu não tivesse nascido talvez isso não acontecesse.

–Por favor, não fala isso. Você é a melhor coisa na minha vida e tenho certeza que foi a melhor coisa na dela também, sua mãe não ficaria orgulhosa de vê-lo falar assim.

–Eu sei. –Ele disse me dando um selinho.

–Promete que não vai se culpar pela morte dela? –Draco não respondeu. –Promete?

–Eu vou tentar. Sabe que amanhã pode dar tudo errado não é? Que eu posso ir preso.

–Mas você não vai. –Falei firme.

–Hermione eu fiz várias coisas ruins, não vou me surpreender se eu for para Azkaban ou pior.

–Vai dar tudo certo, confia em mim. –Falei beijando-o.

Nosso beijo foi interrompido por duas corujas. Uma que com duas cartas e outra que eu reconheci rapidamente, era a coruja de Blás. Me levantei e peguei rapidamente as cartas. Duas delas eram de Hogwarts, endereçadas a nós dois. Entreguei a de Draco e abri rapidamente a minha:

“Caros alunos,

Tenho o prazer de convidá-los para mais um ano letivo na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Como os alunos do sétimo ano não o completaram por conta da guerra todo o corpo docente resolveu dar-lhes uma segunda chance de terminar seus estudos e repetir o último ano. Logo após o fim da reforma o castelo estará pronto para recebê-los.

Atenciosamente...

Diretora Minerva McGonagall”

–Vamos voltar a Hogwarts!! –Exclamei feliz pulando em seus braços. –Como será que a escola vai ficar depois da reforma? –Ele deu de ombros fechando sua carta.

–Eles vão enlouquecer quando descobrirem que está viva. –Ele riu. –Eu não vou ser muito bem-vindo lá. –Eu não respondi, era verdade. Alguns não sabem a história toda e não vão gostar nada de estudar com um Ex-Comensal da Morte.

–Tem mais uma carta. –Eu peguei e a abri, lendo-a em voz alta.

“Mione e Draco,

Amanhã de manhã todos nós iremos ao Ministério para o julgamento de Draco. Não podemos deixar que ele seja preso, então faremos de tudo para ajudar.

Boa noite...

Luna (Estou pronta para contar tudo o que fez por mim)

Blás (Interrompemos algo? Hahaha’ Não vamos incomodar mais, prometo hahaha’)

Gina (Espero que esteja melhor Herms)

Harry e Rony (Só estamos nisso porque trouxe a Mione de volta)”

Eu sorri e ele revirou os olhos quando deixei a carta de lado.

–O Potter e o Weasley não vivem sem mim. –Eu gargalhei. –Se eu não estiver aqui quem vai implicar com eles?

–Não sei, o Blás?

–Não, eles me odeiam mais, o que quer dizer que eu sou melhor nisso, além de ser insubstituível. –Ele sorriu me puxando mais pra perto e eu gargalhei.

–Quem trocaria sua implicância por outra? –Falei irônica.

–Não é? –Ele riu. –Eu sou o melhor nisso, exceto quando se tratava de Bellatrix. Ninguém era melhor que o Blás em irritá-la.

Ficamos conversando até tarde e acabamos dormindo no sofá mesmo. Eu dormi por volta das 2h30min da manhã, ele ainda estava acordado.

~Pov Draco

Hermione dormiu em meus braços no sofá, mas eu não consegui. Toda vez que eu fechava os olhos eu me lembrava do dia em que ela foi torturada, de seus gritos...

Flashback On

Hermione, o Weasley e um outro cara estranho estavam lá embaixo sendo segurados por sequestradores. Onde será que o Potter se meteu? Eu não fazia ideia e nem queria saber, tudo o que eu queria era tirá-la dali, então assim que a vi naquela sala tirei minha varinha.

–Draco, de todos aqui você foi o que mais conviveu com ele. Pode nos dizer se esse é Harry Potter? –Perguntou Lucius apontando para o estranho. –Chegue mais perto.

Eu me aproximei tendo a certeza de que era ele. Reconheci pelo jeito como me olhava, o mesmo ódio de sempre.

–FIQUE QUIETA! –Disse o sequestrador que segurava Hermione sacudindo-a e apertando seus braços. Eu me levantei rapidamente pronto para atacá-lo, mas ela balançou a cabeça como se me pedisse pra ficar quieto.

–Eu não sei. –Respondi e o Potter arqueou as sobrancelhas surpreso. –O que aconteceu com o rosto dele?

–O encontramos assim.

–Foi você não foi?! –Disse Bellatrix se aproximando de Hermione, a morena balançou a cabeça negando.

Depois de alguns minutos me perguntando se os gritos dela poderiam ficar piores a minha pergunta foi respondida. Assim que viu a espada de Godric Gryffindor ela realmente surtou. Começou a atacar todo mundo e espantar os sequestradores de lá.

–Leve-os para baixo. –Ela disse para os Comensais, que seguravam os três agora. Eu encarava Lucy, que tinha um sorriso no rosto.

–Acho que poderíamos ter um pouco de diversão com a sangue-ruim, o que acha Bella? –A vadia disse me encarando.

–NÃO! NÃO TOQUEM NELA!

–Excelente ideia Lucya. –Minha tia disse ao ver meu desespero e eu apontei minha varinha para o Comensal que segurava Hermione.

–Você sabe que se tentar algo pode acertar sua preciosa namoradinha. –Lucy falou sorrindo.

–Draco, por favor, vai ficar tudo bem. –Disse Hermione olhando em meus olhos, mas eu sabia que não ficaria e que ela só estava falando aquilo porque não queria que me matassem caso eu tentasse alguma coisa.

–Imperio. –Nem percebi que a varinha de Lucy estava apontada pra mim, assim como a de todos os comensais na sala. – Vou levá-lo para o quarto, guarde um pouco da diversão pra mim Bella.

Eu lutava o máximo, mas eu não conseguia parar de subir as escadas em direção ao meu quarto. O máximo que eu fazia era segurar nas paredes. Eu nem sabia mais onde estava minha varinha.

Contra minha vontade eu fui até o meu quarto, e assim que entrei Lucy fechou a porta com um feitiço, livrando-me da maldição. Eu já havia retomado o controle do meu corpo e estava muito nervoso, então comecei a dar socos e chutes na porta sem me importar se me machucaria ou não.

–LUCY ABRE A PORTA AGORA!!

–Você sabe que eu não vou abrir. –Ela riu. –Mas não fique triste, irei narrar os acontecimentos pra você.

–ABRE LOGO SUA VADIA, PIRANHA, FILHA DA PUTA...!

–Bella acabou de pegá-la pelos cabelos e jogá-la no chão. E temos o primeiro Crucio da noite! ... –Ela começou a gargalhar, parando de falar.

Quando os gritos e as risadas começaram eu tentei com todas as minhas forças arrombar aquela porta, tentei tanto que acabei com as mãos completamente feridas de tantos socos. Meus olhos estavam cheios de lágrimas, eu tinha medo de perdê-la e me sentia cada vez mais culpado.

–Me desculpe. –Lucy disse ainda rindo. –É impossível não rir. Resumindo, a Bella deu dois Crucios nela e agora está cortando o braço da sua amada, escrevendo “Sangue-Ruim”. Ela vai ficar com as cicatrizes pra sempre Draco.

–COMO PEGOU AQUILO NO MEU COFRE?! –Gritou Bellatrix.

–EU NÃO PEGUEI NADA, EU JURO QUE NÃO PEGUEI NADA! É FALSA! –Hermione gritava com voz de choro.

Logo em seguida os gritos de dor ficaram mais altos, aumentando meu desespero. Eles ecoavam em minha mente e eu tenho certeza que eu jamais os esqueceria.

Flashback Off

Eu nem havia percebido que ela havia acordado. Me encarava pensativa e quando eu a puxei pra mais perto ela me deu um selinho.

–Não dorme mais?

–Fiquei sem sono, estou preocupado com o julgamento. – Menti.

–Vai dar tudo certo hoje. –Ela disse me beijando mais uma vez.