Em um segundo, Luke já estava derrubando Percy no chão. Ambos distribuindo socos no ar, de vez em quando acertando a cara do outro.

– Se larguem - Berro,me enfiando no meio da briga.

Um soco perdido acerta minha face.

– Você é um idiota, Luke, acertou a cara dela. - Percy debocha

Luke murmura um palavrão e Percy retribui com uma palavra ofensiva.

Com essa tumulto no corredor, eu pensei que ele já estivesse cheio de pais e professores, mas sequer uma alma está presente.

Corro até a sala, abro a porta e , sem querer, esbarro-a em alguém.

– Ai!- Grita Shane

– Desculpa, mas duas pessoas estão se matando lá fora. - Falo, ofegante.

Alguns pais murmuram algo, depois Shane atravessa para fora, trombando em mim.

– QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO AQUI? - Ele berra ao ver os dois garotos rolando pelo chão.

À essa altura, os pais já estão todos do lado de fora,até mesmo minha mãe em sua cadeira de rodas.

– Um Jackson atacando um jovem bondoso, típico. - Resmunga

– Cale a boca - Grita Poseidon.

O pai de Percy corre até o fim do corredor e, junto de outros pais, separam os jovens.

– Posso saber o que está acontecendo aqui? - Indaga Shane, com sua cara de autoridade.

– Esse garoto - Percy fala, com raiva - É um doido.

– Você estava agarrando ela! - Berra Luke

– Não, estávamos nos beijando, nunca beijou na vida? - Responde Percy

Minha mãe olha para mim, com raiva. Ela é inteligente, certamente ligou os fatos.

– Creio que seja um mal entendido. - Fala Shane - Mas os dois ficarão na sala do diretor para que possamos conversar melhor.

– Mas o diretor não está viajando? - Indaga uma senhora, creio que seja a avó de Frank.

– Está,de fato. Mas na falta do diretor sou eu quem assumo. Agora, quero que voltem para a sala enquanto conduzo esses indivíduos para a sala.

Então todos voltamos para a sala. Instantes depois, a Sra. Paige, nossa professora de geografia, assume a reunião.

Thalia fica me encarando durante toda a reunião, ela está curiosa, sei disso por seu modo de agir.

– O que aconteceu lá? - Sussurra em meu ouvido, discretamente.

– Depois te conto. - Sussurro de volta

Ela faz uma cara de decepcionada e depois volta a encarar a janela.

Quando a reunião finalmente tem seu fim decretado, conduzo minha mãe até o carro.

– Espere – Ela fala – Temos que buscar Luke.

– Eu vou buscá-lo – Falo

– Não, eu quero ir junto. – Ela fala. – Aproveitarei e conversarei com o Jackson- júnior – Ela fala o sobrenome com desprezo.

– Atena,a a senhora não precisa ir – Fala Thalia – Eu fico cuidando de você enquanto Annie vai buscar Luke.

Ela me encara.

– Certo, mas teremos uma grande conversa ao chegar em casa.

Concordo com a cabeça, embora esteja pensando : “mas que droga!”.

Vou andando rapidamente até a sala do diretor, passando pelos corredores lotados de armários. Encontro algumas pessoas conhecidas, cumprimento-as.

Chego por fim em frente à grande porta de madeira, bato nela algumas vezes.

– Senhorita Chase,o que a traz para essa sala?.– Indaga Shane.

– Vim buscar Luke, minha mãe quer voltar para casa.

– Entre.

Entro na sala pintada de azul claro. O local está perfeitamente organizado: Duas cadeiras de couro, ocupadas por Percy e Luke, estão bem na frente de uma mesa de madeira com várias pastas empilhadas ao lado do computador. Uma xícara de café está repousado em um porta copos. Atrás da cadeira do diretor fica a janela, com vista para os fundos da escola. Ao redor da sala, armários e lugares para guardar papéis estão perfeitamente limpos.

Percy oferece a cadeira para que eu me sente, mas eu nego.

– Então, a senhorita viu o que aconteceu. – Fala, totalmente imparcial.

– Sim.

Ele beberica um gole de café e continua:

– Então, confirma a versão de Percy de que foi Luke que o atacou?

– Sim.

Luke me olha, com dor no olhar.

– Afirma também que o motivo de tudo isso foi o fato de que Percy tenha beijado uma garota por quem Luke, supostamente, tem uma queda? E também afirma que o beijo ocorreu em uma cafeteria da cidade?

Ok, agora eu fiquei confusa.

– Como? – Indago

– Percy me contou que a garota não estuda aqui e que é de outra cidade, você afirma isso?

Percy olha para mim, dando uma piscada.

– É. – Respondo.

– Nesse caso, acho melhor levar Luke daqui e nunca mais o trazer de volta. Percy ganha uma advertência por se envolver em brigas, três no mesmo semestre e é expulso.

Percy assente.

– Estão livres.

Luke se levanta e sai da sala, bufando.

– Que história foi aquela? – Pergunto para Percy, assim que saímos da sala.

Percebo que ele tem um olho roxo.

Ele ajeita o saco de gelo na bochecha direita.

– Inventei aquilo para te proteger.

Sorrio.

– Você está bem? – Indago.

– Estou, mas Luke foi quem levou a pior. Deve estar chorando lá no banheiro.

O encaro, reprovando sua piada.

– Ok, desculpa. E você, como vai o soco que levou?

– Ele foi uma ação, já acabou. Agora se você me perguntasse como anda minha testa, eu diria que dói um pouco.

– Pare de ser tão sabidinha.

Sorrio.

– Preciso ir, depois nos falamos. Não pense que está tudo bem, você bateu no meu amigo.

– Sempre tenho que estragar alguma coisa.

Estico a mão, limpando um fio de sangue perto de sua sobrancelha.

– Se cuide.

Encontro Luke perto do bebedouro daquele corredor.

– Annie eu...

– Pro carro, agora. Depois conversamos.

Ele me segue até o carro.

* * *

Deixamos Thalia em sua casa,depois partimos para o apartamento.

– Luke, poderia ir para o quarto? – Indaga minha mãe. – Vou conversar com Annabeth um pouco, depois será a sua vez.

Ele pega alguns analgésicos e depois vai para o banheiro, com a desculpa de que irá cuidar dos machucados.

Me sento em uma cadeira.

– Poderia me explicar o que aconteceu lá eu terei que deduzir?

Eu poderia mentir, mas achei melhor não. Escolho as palavras corretamente para causar o menor efeito o possível, minha mãe é como uma Bomba atômica: Se não for manuseada corretamente, explode e afetará tudo ao seu redor.

– Olha, mãe, a verdade é que Percy e eu estávamos nos beijando.

– O que?! – Ela berra – Ele ta agarrou? Aquele desgraçado...

– Não, mãe. Na verdade fui eu quem beijou ele.

Seu rosto assume uma expressão de choque, passando pelo horror e depois pela raiva.

– Me diga que isso é mentira. – Fala, tentando manter a calam na voz.

– Não , não é mentira.

Ela agarra a roda da cadeira de rodas, me encara com aquela expressão de “não passei nove meses com você na barriga para dar nisso” depois fica vermelha. Está se remoendo de raiva, eu não só explodi a bomba atômica como também acabei de contrariar seus princípios.

– Onde foi que eu errei? – Indaga para si mesma – ONDE FOI QUE EU ERREI?

– Mãe...

– Nada de mãe para você. É UMA VERGONHA PARA A FAMÍLIA CHASE, UMA VERGONHA. Se seu pai estivesse vivo certamente se mataria de tanta vergonha.

– Ele iria querer me ver feliz.

– Isso não é ser feliz! Beijou um membro daquela maldita linhagem Jackson e ainda por cima fez Luke se envolver em briga.

– Ele foi porque quis...

– FOI PORQUE VOCÊ É UMA IMBECIL. UMA VERGONHA, UM ERRO!

Lágrimas surgem no meu rosto, minha mãe, minha própria mãe está me rebaixando, está me desmerecendo.

– ISSO, CHORA. CADÊ O JACKSON AQUI PARA TE CONFORTAR? Ah, ele não está aqui, será que está com uma garota? Com certeza, não é?

– Para! – Grito

– PARE ATENA, VOCÊ É MÁ, É MUITO MÁ. SÓ QUIS QUE SUA FILHA ARRUMASSE UM HOMEM QUE PRESTE, MAS ELA ESCOLHE UM FILHO DA MÃE E VOCÊ TEM QUE ACEITAR. – Berra, novamente. –Coitada da menina!

Escondo a cabeça entre as pernas.

– Foi só um maldito beijo – Murmuro

– Só um beijo,só um namoro, só uma noite, só um filho, só uma promessa de casamento, só uma fuga e um abandono, só a vida da coitada sendo arruinada. Só um Jackson fazendo o que sempre faz.

Continuo com a cabeça escondida, tentando me afastar de tudo.

– Já que gosta tanto assim de um Jackson, porque não pega suas coisas e vai para a casa dele?

– Está me expulsando? – Indago

– Minha casa, minhas regras. De hoje em diante vai ser uma aluna de internato feminino, um lá da Escócia! Vai fazer até faculdade por lá. Vai perder todos os laços de amizade que tem por aqui, e nunca pisará em Nova York enquanto eu viver.

– E se eu não for?

– Sua escola é particular, se não pagar, não estuda. Ou aceita ou vai morar embaixo da estátua da liberdade. Choro, depois corro para o meu quarto. Bato a porta e tento dormir, porque dormindo é que fugimos de toda a realidade.

Tenho um ideal e uma ideia na cabeça.