(NARRADO PELA DETETIVE ERIN LINDSAY)

Depois de me beijar Jay sorriu, e me abraçou, dizendo que me amava, existe mais fofo? Eu fui para casa, depois de um dia cheio, eu precisava dormir, eu estava muito cansada, admito, tomei um banho e me deitei, não pensar no Jay era algo que não dava para evitar, ele entrava nos meus pensamentos, e eu não conseguia para de pensar nele, mas também pensava em Antônio, digo, eu tomei a decisão certa, mas não sei como vou contar isso para ele, talvez eu tenha me adiantado quando beijei ele, eu estava confuso, mas está claro que Jay é o homem da minha vida, eu não sei mais o que fazer, bom , vou dormir, como o Hank disse, amanhã será um dia cheio de buscas, preciso estar acordada as cinco, amanhã o turno começa mais cedo e eu estou aqui pensando nele, vou dormir, ou pelo menos tentar.

(NARRADO PELO SARGENTO HANK VOIGHT)

Eu estava dormindo em um sono profundo e tranquilo, escuta alguém bater na porta, estou meio que em transe, amanhã tenho que comandar aqueles molengas da unidade, e pegar aqueles criminosos, eles contaminam as minhas ruas. Trabalho, trabalho e mais trabalho, sou casado com ele. Reparei que as batidas pararam, que bom que não me acordei completamente, estou em um meio termo, vou voltar a dormir, mas não paro de escutar batidas na porta, é algo que não posso mais ignorar, levantei da cama, coloquei um casaco e peguei minha arma, nunca se sabe, são duas horas da manhã e tem alguém na minha porta, coisa boa não deve ser, eu desci as escadas devagar, me aproximo da porta:

–Quem é? - pergunto com voz de autoridade, seja quem for, não é um bom horário para conversas

–É a Bunny- diz a voz feminina do outro lado da porta, ela escolheu duas horas da manhã como o horário mais apropriado para falar comigo?Vou abrir a porta

–Bunny, são duas horas da manhã- eu falo bravo.

–Eu sei, mas você não me deu escolha, não retornou minhas ligações, e eu, não posso mais dormir uma noite com esse segredo.

–Que segredo? Eu não faço a mínima ideia do que você está falando.

–Eu vou ser direta, é sobre a Erin.

–Sobre a Erin? O que foi? Está tudo bem? - quando o assunto é a Erin, eu fico muito preocupado, não posso deixar nada acontecer com ela.

–Hank, você nunca reparou?

–Reparei em que?

–Como a Erin é parecida com você? Em como vocês pensam igual, e agem igual em diversas coisas?

–Eu não estou entendendo Bunny, fale logo o que você quer, eu preciso dormir, amanhã o dia vai se bem cheio

–A Erin...

– O que tem a Erin? Você esta começando a me deixar preocupado.

–A Erin é sua filha.

– O quê? Do que você está falando? Como a Erin pode ser minha filha?

–Você sabe que nós nos envolvemos no passado.

–Sim durante uma crise no casamento com a Camille, mas você tinha o Jerry, a Erin é filha dele.

–Não Hank, quando eu voltei com o Jerry, eu estava grávida de seis semanas, e fazia três semanas que você tinha voltado com a Camille, para ela ser filha do Jerry, ela teria nascido de sete meses, não de oito, as datas não correspondem, não tem como Hank.

–O que você está me dizendo?- começo a ficar bravo –Como pode me esconder isso por tanto tempo? eu tenho uma filha, que considero minha filha, mas não sabia que ela era minha filha?Isso é loucura, a Erin nem sabe que tivemos um caso- eu falei bravo e quase que gritando, como ela pode me esconder isso por tanto tempo? Esconder que eu tenho uma filha, como pode ser a Erin? A garotinha que eu ajudei, não pode ser, a Bunny não poderia ter feito isso comigo, não podia, não foi justo comigo nem com ela, ela fica alguns minutos em silêncio, começa a chorar e finalmente fala:

–Me perdoe, eu sei que a Erin nunca vai me perdoar, isso foi á 27 anos atrás, o que você quer que eu faça? Eu não achei que poderia levar esse segredo por tanto tempo, eu sempre soube que você e Erin eram muito ligados, mas não desse jeito, não dessa forma, até que um dia eu parei e fiz as contas, percebi os detalhes e os fatos, e descobri que ela era sua filha, mas já era tarde, ela tinha dezoito anos e morava com você, eu nem a via mais, ela não queria me ver, você a ajudou sem saber que era minha filha, eu fiquei mal por um tempo, voltei para as drogas e depois finalmente me estabilizei.

–Eu não acredito, a Erin nunca vai te perdoar por isso, e nem eu, ela vai me odiar quando souber que eu tive um caso com você e não fui capaz de contar isso para ela, eu achei que não importava mais.

–Eu nem sei o que dizer em uma hora dessas, a Erin não quer me ver, nos brigamos e ela não retorna minhas ligações, acho que você que deveria contar isso a ela!- ela diz chorando, mas como se estivesse aliviada de contar tudo aquilo.

–Sabe o que é pior?

–O quê?

–Em uma época, Justin estava apaixonado por ela, ele até chegou a beija-la, e eles são irmãos, Graças a Deus que Erin não deu chances a ele, se eles estivessem juntos, eu juro que te matava e depois me matava- mesmo em uma hora daquelas, eu conseguia ter senso de humor.

–Eu vou embora, você precisa pensar e refletir, e você tem que trabalhar amanha então, eu vou nessa, desculpe. Espero que um dia você e a Erin possam me perdoar- ela disse isso e saiu, eu não falei nada, fiquei calado, eu não sabia como agir em relação a tudo aquilo, para falar a verdade, eu já considerava ela uma filha, mas saber que ela realmente tem o meu sangue, me deixou super assustado, como eu vou contar isso para ela? Acho melhor não contar, não por enquanto, ela não precisa saber até eu fazer um teste de DNA, é, está decidido, agora eu vou subir e tentar dormir, com essa informação acredito que seja impossível, mas eu vou tentar, tenho que me preparar para encarar Erin amanhã, não vai ser fácil, não enquanto ela não souber de toda a verdade, espero que ela entenda o meu lado, nem acredito que Bunny foi capaz de fazer uma coisa dessas, ela era uma viciada, mas costumava falar a verdade para as pessoas, como ela pode mentir para própria filha?

Me acordei as cinco horas, dormi pouco essa noite, não consegui para de pensar na Erin, nem posso acreditar, eu fico feliz e triste ao mesmo tempo, eu sei que depois disso ela vai encarar como uma traição minha não ter contado, como ela mesma disse uma vez, ela me contava tudo, o bom, o ruim, o ilegal, admito, as vezes sinto mais orgulho dela do que do Justin, diferente de muita coisa que ele faz, ela é doce e meiga, sempre se preocupando comigo e me alegrando, ela sempre esteve ali por mim, sei que não vai ser justo fazer isso com ela, mas acredito que eu não tenha muita escolha. Tomei banho, tomei café, e fui para a unidade, fui o primeiro a chegar, como sempre, logo chegou Antônio, Jay, e os outros, Erin ainda não tinha chegado, eu estava nervoso, pela primeira vez eu iria ver ela como minha filha, isso deixava meu estômago embrulhado, quando escuto sua voz doce dando bom dia, vou até a porta e fico observando, olhando desse jeito, ela se parece um pouco comigo, ela está vindo em minha direção, vou apenas agir naturalmente:

–Bom dia Er- eu disse a abraçando, ela retribuiu o abraço

–Bom dia Hank,parece cansado.

–Sempre estou - respondi rindo

–Você tem que dormir.- diz ela com o tom de preocupação, odeio quando ela se preocupa demais comigo

–Tudo bem, eu estou bem.

–Sente falta de mim dormindo na sua casa não é? Eu sei que sente, tudo bem papai, no final de semana a gente marca uma festa do pijama- disse ela rindo

–Não é tão simples assim mocinha- trocamos risos e ela se sentou em sua mesa, não acredito que eu nunca percebi, ela precisa saber, eu preciso contar, mas antes preciso de uma certeza.

– Bom dia a todos, vamos colocar os coletes e nos preparar, daqui a quinze minutos iremos sair, precisamos encontrar a BX9 antes que seja tarde demais, hoje as dez horas vai completar quarenta e oito horas do desaparecimento.

–Entendido Sargento- disse Adam, todos foram saindo em direção ao vestuário, ia ser uma grande busca, bem perigosa talvez, mas quem não ama uma adrenalina, quando eu estava saindo da minha sala Erin vinha caminhando rápido em minha direção e disse:

–Bunny disse que você queria falar comigo?

–Falou com ela?

–Ela me mandou uma mensagem, mas só vi agora, achei estranho, você não mencionou nada mais cedo.

–Tudo bem, não era nada importante, eu nem lembro o que ela, falei com a Bunny faz um tempinho, era algo relacionado ao trabalho, não se preocupe.

–Ok, fecha meu colete? – ela pergunta se virando para mim

–Claro- eu disse e fechei seu colete,ela foi em direção ao Jay para fechar o dele, caramba, essa passou por pouco, vou mandar uma mensagem para Bunny, se não, ela vai estragar as coisas com a Erin.