Quando eu morava em Sydney, em um dia que não tinha nada de especial, eu estava na casa de Courtney e estávamos falando sobre seu namorado. Não devia ter nem 15 anos direito, e certamente já tinha dado meu primeiro beijo, mas ainda não havia namorado ninguém eu me achava nova demais para aquilo e consequentemente não saberia lidar com um relacionamento com a pessoa do sexo oposto. Mas ao contrario de mim Courtney já estava namorando Adam há quase dois meses, sinceramente na época eu a admirava muito por ter um relacionamento indo tão bem. Lembrava-me vagamente de ter perguntado a ela como soube que Adam seria o cara certo para ela, “você vai saber que ele é o cara certo pra você Maby, quando você o beijar e se sentir completa, vai ser diferente dos outros, e de alguma maneira ira fazer você voar.” Na época não entendi sua resposta, não fazia o menor sentido o que me dissera, e Meghan costumava sempre falar que pessoas apaixonadas não diziam nada com nada. Algumas semanas depois daquele dia descobrimos que Adam estava traindo Courtney há alguns dias, ele havia quebrado o coração da minha amiga e vê-la sofrer vez com que tudo que me dissera aquele dia fosse esquecido nas profundezas da minha memoria. Mas por algum motivo me lembrei desse dia quando o mais inusitado aconteceu...

Duas horas antes

Estava sentada em uma das mesas do lado de fora do colégio, acompanhada de Judy. A mesma me olhava fixamente à espera de uma resposta minha parte.

Após a cena constrangedora em que eu e Nicholas estávamos nos beijando e fomos interrompidos por Mike e Eloise nos encarando, Nicholas apenas deu um sorriso constrangido pedindo desculpa pela ex-namorada e após o clima ter ido totalmente embora junto de Eloise, o mesmo me acompanhou ate uma das mesas do pátio, onde sentamos e conversamos ate que Judy chegou e ele nós deixou sozinhas, mas não foi embora antes de me dar um selinho.

Meu rosto estava quente e meus braços cruzados em cima da mesa, tentava evitar a todo custo os olhos de Judy, fazendo assim olhar para todos os lados a procura de algo que me distraia. A garota de cabelo escarlate a minha frente vez um pequeno barulho com a garganta, como se a estivesse limpando e contra gosto a olhei, ela estava com uma sobrancelha arqueada e podia jurar que se estivesse em um desenho animado ela estaria com um ponto de interrogação em cima da cabeça – e pra minha sorte realmente não estávamos em um desenho, se não há essa hora Eloise já teria me acertado com uma bazuca.

— Okay... Você prefere me contar agora o que esta acontecendo ou prefere esperar Chris chega e já vou te avisando, ele é ótimo para extorquir informação. — Ela falou seriamente me fazendo respirar fundo antes de começar a falar.

— Eu e Nicholas estamos ficando. — Soltei de uma vez olhando para minhas mãos na mesa.

— Acho que isso eu já percebi. — Falou em tom divertido. — Quero saber quando começou e onde.

— Começou ontem à noite, quando a gente saiu junto e...

— Foi um encontro?! — Me interrompeu Judy, ela parecia surpresa.

— Não, foram alguns amigos dele também. Mais voltando ao assunto, fomos a uma lanchonete e depois fomos ao parque. Conversa vai, conversa vem, e acabou rolando. — Não pude deixar de me lembrar do beijo de ontem, minhas mãos já não paravam quietas e quase de cinco em cinco minutos tinha que passar a mão em meu cabelo para distrair um pouco. — E depois ele me levou para casa... — Fiz uma pequena pausa olhando para Judy, ela me olhava embasbacada e quase cai na gargalhada ao perceber no que ela estava pensando. — E não, a gente não dormiu junto. Mais hoje de manha ele já chegou me beijando e me abraçando. Nada contra. — Me apresei em dizer. — Mas achei meio estranho.

— Eu e Chris, já aviamos percebido certo ‘clima’ entre vocês dois, mas nenhum de nós dois achou que aconteceria algo entre vocês agora, principalmente por que vocês se conhecem a somente a uma semana e todos sabem dessa historia entre Nicholas e Eloise, inclusive você acabou conhecendo de um modo muito mal. — Me lembrei do dia em que soube que Nicholas e Eloise eram ex-namorados, e realmente foi um jeito muito mal de descobrir uma coisa dessas. — Assim... Eu sei que não é da minha conta, muito menos de Chris, mas vocês não acham que está indo muito rápido? Eu digo isso por que, vocês começaram a ficar ontem e hoje a escola toda já teve uma ideia do que esta acontecendo entre vocês dois. E eu jurei quando vi vocês dois ali juntinhos trocando ate um selinho na minha frente, que eram namorados.

Olhando pelo ponto de vista de Judy ela não estava errada, estávamos indo muito rápido e isso me confundia tanto. Tinha vontade de sair correndo e fugir, assim como fiz com Eloise. Gostaria de fugir desse sentimento, mas não a como.

— Eu sei que estamos indo rápido, e isso me deixa confusão, pois eu não sei nem direito o que estou sentindo por Nicholas. Não sei se quero ficar só por ficar com ele.

— Hey calma. — Ela falou pondo a mão em cima da minha em um gesto de conforto. Ela avia percebido meu nervosismo. — Vai da tudo certo, você só tem que conversar com ele e as coisas se ajeitam.

Respirei aliviada com suas palavras, e era realmente isso. Só precisaria conversar com Nicholas e falar para ele o que estava sentindo e ele compreenderia certo? Afinal, mesmo que agora já tenhamos ficado não significa que ele deixou de ser meu amigo.

O momento seguinte passou muito rápido, um Chris eufórico sentou ao meu lado me fazendo um interrogatório sobre meu relacionamento com Nicholas e pelo que ele avia escutado, eu e Nicholas estávamos namorando. Não seria exagero meu dizer que quando escutei isso tive vontade de cavar um buraco e não sair de lá tão cedo.

✖✖✖

Estava na segunda aula, à única que não tinha com Judy ou Chris, ate mesmo Mike não fazia parte dela. A professora me pedira para buscar para ela um livro que havia esquecido na sala dos professores, e como falaríamos dele durante a aula ele era de muita importância.

Estava saindo da sala dos professores quando vi logo a frente um garoto encostado no armário, ele era magro e alto, usava uma blusa larga cinza, jaqueta jeans preta assim como a calça, e um par de All Star de couro preto, seus cabelos eram compridos, negros e meio encaracolados e estavam presos para trás com um grampo e uma mecha caia sobre seus olhos verdes. Não pude deixar de me arrepiar quando o mesmo olhou fixamente para mim e sem querer o associei a um gótico drogado, que poderia me seguir no final da aula ate em casa e me roubar.

Ao passar pelo garoto, eu ainda estava tensa e fiquei mais ainda quando escutei passos atrás de mim, antes que pudesse virar-me para trás fui empurrada para dentro de uma sala escura, fazendo o livro que estava em minhas mãos cair no chão do corredor, o mesmo garoto que avia me empurrado para dentro da sala, fechou a porta e voltou a andar normalmente para sua suposta aula me deixando apavorada.

Analisei a sala a minha frente e era uma sala de química, com bancadas e vários tubinhos de vidro. Quando escutei um pequeno barulho de risada olhei ao redor me deparando com Mike encostado na mesa do professor, ele tentava inutilmente segurar sua risada e isso só me tirou mais do serio, pra minha sorte quando o garoto me empurrou para dentro da sala eu consegui me manter em pé, ou estaria caída no chão com esse idiota rindo ainda mais de mim.

— Que merda Mike! — Gritei raivosa que só fez seu sorriso divertido se abrir mais. — Por acaso chamou um de seus capangas para me sequestrar?

— Capanga? — Perguntou divertido, se desencostando da mesa e andando lentamente ate mim, que estava encostada na porta. — Eu só pedi para Hector fazer um favor para mim, conheço ele há muitos anos. Sabe não preciso de capangas, tenho algo chamado amigos. — Falou em tom provocante, como se insinuasse que eu era uma garota solitária sem amigos.

— Incrível como tem pessoas que querem sua amizade. — Falei em tom debochado, fazendo seu sorriso aumentar. E era incrível como sempre que eu tentava irrita-lo ele se divertia com isso.

Agora ele estava perto, bem perto. E isso era extremamente perigoso devido aos momentos anteriores que tivemos, pois sempre que ele se aproximava assim era pra me provocar e eu acabava mais vermelha que um tomate.

— Então virou namorada do Nicholas agora? — Ele perguntou de forma maliciosa, mas eu jurava que tinha algo mais em seu olhar.

— Desde quando é da sua conta Mike Mcall. — Falei em tom falso de indiferença, seria melhor assim não demonstrar emoções assim ele não saberia quando suas palavras me afetariam ou não.

— Nossa nunca pensei que meu nome ficaria tão sexy saindo de seus lábios. — Falou com um sorriso provocante, tocando meu queixo com a mão direita me fazendo estremecer.

E lá se vai todo o plano de não demonstrar sentimentos.

— O que você quer Mike? Estou perdendo aula por sua culpa.

— Só quero saber se você esta se iludindo ou não com nosso querido Nick. Afinal eu sou seu amigo, tenho que te manter longe de problemas. — Desde quando eu e ele somos amigos?

— Que problemas? E como assim se iludindo? — Perguntei curiosa.

Mike que ate então tinha os olhos fixos em meus lábios – e eu tentei ignorar com muito custo –, olhou em meus olhos e eu fui preenchida por aqueles lindos olhos azuis, me fazendo lembrar sobre sábado. Com toda essa confusão de Nicholas tinha me esquecido, sobre ter expiado Mike e a culpa de tal ato. Envergonhada acabei por corar, e o mesmo com ego enorme abriu um sorriso certamente pensando que eu corei só de olhar para ele.

— Sabe nessa escola as paredes tem ouvidos. — Ele começou com a voz lenta e arrastada, ela estava bem rouca como se tivesse acabado de acordar. — Se você faz algo de errado sempre tem um ou outro que escutam, e acabam contando para outras pessoas e depois para outras ate que toda a escola saiba. E nisso acabei descobrindo de uma aposta. — Aposta? O que isso tem a ver com o que ele falava? — Nessa aposta, alguns garotos do time de basquete desafiavam o seu capitão a ficar com uma novata, uma novata ate bem conhecida devido a alguns acontecimentos. Sabe o que ele tinha de fazer? Iludir a pobre garota durante uma semana, para depois humilha-la em publico. Triste isso não?

Não precisava ser Einstein para descobrir que Mike falava de mim e Nicholas, era tão surreal o que ele me falava. Não podia ser verdade. Nicholas era tão doce para fazer isso, claro ele namorara a víbora da Eloise, mas ele não é assim, ele não pode brincar com uma coisa dessas.

— Não pode ser. Nicholas não faria isso Mike! Ele é meu amigo. Eu... Eu confiei nele! — Falei alterada, tinha vontade de chorar e de gritar. Mike vendo meu nervosismo passa a mão direita de leve em meus cabelos, e não posso negar que isso me acalmou muito.

— Nicholas nunca foi flor que se cheire Maribel. — Ele sussurrou meu nome de modo que fez estremecer. Estava tão concentrada em seus olhos azuis que nem reparei quando sua mão esquerda foi para minha cintura enquanto a direita continuava a afagar meus cabelos, e seus lábios estavam a poucos centímetros dos meus. — Não foi certo o que ele fez com você, iludir uma pessoa assim deveria ser crime. Sabe o que eu acho que você tem de fazer? — Ele perguntou desviando o olhar dos meus olhos pra minha boca, me fazendo engolir a seco.

— O que? — Nem avia percebido que estava ofegante.

— Acho que você devia dar o troco. — As palavras demoram a fazer sentido em minha cabeça, mas quando fazem já tem uma boca macia e quente colada a minha.