Infame escrita por Apiolho


Capítulo 25
Capítulo 25 - Fria como o inverno


Notas iniciais do capítulo

Olá! *-*

Demorei muito? Espero que não, pois estava realmente ocupada e tentando fazer esse capítulo ao mesmo tempo.

Muito obrigada a Luana Bankersen por favoritar e MariaErica, Its Mamacita, Aléxia e Alethea por acompanharem. Realmente cresceu muito de um tempo para cá, e é por isso que resolvi continuar. Deu um colorido a mais na minha fic e me deixou contente demais.

Assim como pelo motivo de que amanhã a fic Infame faz DOIS ANOS DE ANIVERSÁRIO. Uhuuuuul!

Espero que gostem, pois faço para vocês.



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Capítulo vinte e cinco

Fria como o inverno

“Não consigo molhar os pés apenas

Eu mergulho e só paro quando me afogo

Eu me queimo e só paro quando derreto

Eu me jogo e só paro quando me param.”

(Martha Medeiros)

 

— Diga. — repetiu, mirando-me de maneira intensa.

Seu jeito sério foi o estopim para o sorriso pequeno se formar no rosto, pois não acreditava ainda no que tinha pronunciado.

Declarar meu amor? Justo para ele?

— É melhor ir para a classe agora. Não se preocupe, nem vou lembrar que me chamou. — dei uma chance, para que deixasse essa ideia estupida para trás.

— Acha que eu me preocupo em perder umas estupidas aulas de biologia? Quero é saber de ti! — tocou-me de maneira delicada, fazendo uma massagem gostosa no antebraço. Contudo sabia que era para eu não escapar, já sua voz não transmitia em nada o gesto.

Aproximou mais seu corpo, podendo vê-lo de perto. Observei com cautela suas poucas sardinhas que tinha embaixo dos olhos, cuja íris estava em um tom bem verde, assim como notei que sua boca estava aberta enquanto não parava de me fitar. Nada sentia para dizer as palavras que pedira, todavia sabia que o sentimento era mutuo.

— Pensava que conhecia tudo de mim, Jordan. — ironizei, levantando uma das sobrancelhas. Recebi uma risada da sua parte.

Suas mãos pararam em minha cintura, apertando de cada lado.

— Confesso, eu me gabava disso. Só que você mudou.

Novamente com essa mania de ficar sussurrando no meu ouvido, achando que está me seduzindo. Querido, apesar de ser bonito, isso não está funcionando.

— Sou a mesma. — meu espirito de ira estava prestes a sair.

— Verdade? Então responda-me, se fosse igual antes estaria inerte como neste momento, ou teria me expulsado a pontapés antes de estarmos colados? — provocou, o que invocou o meu lado mau. Sim, eu dei um belo de um chute nele, ao ponto de se desequilibrar e cair com o impacto.

— Obrigada por me recordar. — satirizei, limpando as mãos e tentando sair, já que agarrou-me pela perna.

Fulminei-o ao encontrar seu rosto, que estava vermelho e a expressão assustada. Em poucos instantes essa fachada de garoto medroso se quebrou, mostrando um sorriso malicioso em minha direção.

— Foi porque você se apaixonou. — segredou-me sua intenção mais sórdida, arrancando um suspiro da minha parte.

— Jordan, eu nem sequer gosto de ti. — declarei de maneira indiferente.

Sentou no chão perto da parede, dando palmadas do seu lado para que eu o acompanhasse. Por um tempo esse gesto me trouxe recordações de Joshua, mas tratei de focar em sua resposta.

— Eu sei, desde quando me rejeitou no fundamental que percebi isso. — esbravejou. O que ele quer com esse tom alto e irado? Quem deveria estar assim era outra pessoa.

— Não irei me desculpar. — revidei, o semblante mais irritado que o dele.

— No entanto eu preciso, pois se soubesse o quanto iam te odiar eu nem teria me transferido, mas ficado para te proteger. — até tentei falar, todavia continuou. — É por isso que eu quero que declare o seu amor por mim. — terminou o seu ridículo raciocínio.

Querendo dar uma de galã justo para mim, a quebradora de corações?

— Você deve estar doido, por isso vou te dar mais uma chance de sair como se essa conversa nunca existisse. A última. — fitei-o da maneira mais intimidadora que poderia, isso quer dizer que agora deve estar tremendo dos pés à cabeça.

Com certeza estava morrendo de medo. Meu corpo já entrava em êxtase apenas de imaginar isso, mas ver fez-me ter uma sensação muito melhor. Como um orgasmo, talvez?

— Não vou fugir dessa vez, Amie. — provocou, levantando-se em um supetão e se posicionando em minha frente. — Contaram-me sobre um aluno da escola que te enfrentou, rogando uma praga para você. Sabe do que estou falando? — ao abaixar e encontrar-se na mesma altura que eu, olhos nos olhos, eu vacilei por um momento.

— Por acaso está achando que sou a Roxye Honey para acreditar em tudo? — expus rapidamente que tinha conhecimento do assunto tratado por ele.

— Longe disso, você era alguém intocável, que nunca deixaria chegarem perto de ti, pouco se importava em ser o centro das atenções, nem em sonhos um garoto ia te beijar ou ia dizer o milagroso sim para quem pedisse para sair contigo. Mas como nós sabemos isso é passado, então o que te impediria de amar? Ou melhor, está com pavor de contar e ser rejeitada, não é? Porque tudo está diferente dentro de ti desde que o Deboni se aproximou, e você gostou disso. — comentou, tomando em meu queixo para que o olhasse, o sorriso não largando o seu rosto. Estava me consolando e apoiando, sentia isso.

Suas palavras infelizmente lembraram-me do James e Nate, fazendo-me rolar os olhos em contradição aos meus pensamentos.

— Onde exatamente quer chegar? — engoli em seco.

Passou as mãos em meu cabelo e me fez compreender que não poderia ser igual a eu antiga. Mesmo tentando, apesar de ter jogado o diário da colega na privada, ter pulado o muro e entrado no colégio em plena suspensão, no fundo já estava mudada. Só que a minha expressão se amargurou por não querer admitir em voz alta.

— Não faça essa cara, por favor, apenas quero te ajudar. Se dizer que gosta de mim e eu a rejeitar, poderá declarar sua paixão sem problemas para ele. — finalmente revelou todo o seu plano.

— Está parecendo a Anabelle, sabia? Nem me importo com quem ou o que seja, muito menos estou amando o Joshua, é isso que vocês têm de colocar na cabeça. — disse de maneira pausada.

— Não fale dela. — começou, mostrando que ainda se importava com a ex namorada. — Contudo se é tão indiferente assim, então por que não mente e se confessa para ele? Assim pode te dar um pé na bunda de uma vez e se livrar dessa macumba. — desafiou, levantando uma das sobrancelhas. O que acabou de acontecer? Essa é a minha marca!

— E é justamente o que irei fazer. Agora estou liberada? — aceitei sua proposta, dando um sorriso fraco em sua direção. Essa era assinar que estou ferrada e vou ser trouxa.

O Sales me largou para ir embora. E todo o final de semana apenas serviu para pensar no que tinha dito. Teria de ter a primeira experiência em relação a declaração. E a coragem e determinação que tinha quando confirmei sem pensar se foi com a segunda-feira chegando. Última semana de aula antes das férias de julho.

A ida em direção a classe foi tomada por sussurros e miradas fulminantes em minha direção. Isso, sejam menos discretos, é pouco.

— Jurei que não ia mais ver sua cara até agosto. A sua companhia me enoja. — reclamou a Lindsay.

— Imaginei que ia me amparar. Até por que vadias têm que ficar unidas, não? — sussurrei em ironia. Era indiferente em me xingar no meio do processo, mas sua expressão se tornar igual a uma pessoa chupando limão provou-me que tinha acertado. Toma!

— Essa regra não vale ao nos trair desde que colocou aquela lista no mural. — declarou, saindo sem nem me esperar rebater. Não sei se estou mais intrigada com o seu gesto ou por saber que realmente existe esse lance de se protegerem.

Ei, eu que dou a palavra definitiva.

Apesar de gritar para que voltasse foi em vão. Um suspiro decretou o fim das minhas tentativas, chegando em direção a sala praticamente perto do sinal bater. Tudo isso para ver um papel embaixo da minha carteira.

“Estou feliz, mas e você? — J.D

Não precisava completar para compreender quem era. Passei a mão na folha, analisando a sua letra e sentindo-me contente por um tempo. Eu era alegre contigo.

Coloquei na mochila e observava toda a vez que pensava em dizer que o amo. Falar uma inverdade dessas pode doer para ele. Todavia eu garanto, é pior para mim.  Resolvi não responder, e foi assim até nunca mais poder vê-lo nos meus dias.

“É seu namorado esse tal de J.D, filha?”

A minha reação foi pegar o bilhete de suas mãos rapidamente e dizer que ele não era nada meu. Só eu sabia desde que nos separamos que essa era a pior mentira que tinha dito. E eu nem era disso.

Pensava no momento ao pular o muro da escola nas férias de julho. Passei pelo corredor e me dirigi até a porta perto do ginásio, que eu nunca nem sequer tinha visto em meus cinco anos estudando nesse local. Essa ida até a piscina foi barulhenta, se dando ao fato de que usava um salto alto, o uniforme, saia e um moletom. Não estava de maquiagem e meu cabelo encontrava-se rebelde, nem precisaria estar tão enfeitada para o que eu ia fazer.

Era uma loucura, tinha certeza, mas eu quero. Repetia esse mantra enquanto tirava a roupa, ficando apenas de sutiã e calcinha. O frio do ambiente ficou perceptível quando terminei, golpeando em minhas partes descobertas e mostrando que estava ali me benzendo.

A água que batia em mim e molhava todo o meu ser era comparada ao gelo. Igual a Amie de antes, porém encontrou o fogo e derreteu-se quase por completo. Por isso eu precisava tanto sentir o queixo batendo, o corpo tremendo e restaurar a coragem para que não tivesse temor de machucar os outros. Não qualquer pessoa, contudo Joshua Deboni.

— Não, preciso tomar banho sozinho. — ouvi uma voz masculina comentar, provavelmente para alguém que estava do outro lado. E o barulho por fechar a porta de correr também fora bem escutado por mim.

Todavia ao notar que era o ser que pensava antes mergulhei para que não me visse. E essa era a demonstração de que ainda era a medrosa que ele me deixou largada naquela porta ao largar suas mãos das minhas, que o observava ao lado da Valerie constantemente e ainda se frustrava por não poder estar mais perto dele. Tornei-me a fraca que tanto repudiava.

— Pretende brincar de prender a respiração até morrer? Pois posso muito bem esperar. — seu tom divertido fez-me pegar aquela esperança que tinha soltado ao enviar aquela mensagem. Quem sabe tudo tenha mudado, ou melhor, esteja como antes daquele fatídico dia.

Nadei até a superfície, encostando-me na borda para recuperar o folego. Sua surpresa ao notar que era me fez querer voltar ao lugar de antes, porque ver na expressão que não teria falado daquela maneira se soubesse quem era. A decepção comandava o ambiente.

— Posso entrar também? — sugeriu.

Mirei-o com desdém, mas por dentro estava querendo morrer.

— Claro, a pessoa que tem de permitir ou proibir algo aqui nem sou eu. — ainda o olhava, sem nem desviar. Ele fazia o mesmo, como naqueles nossos jogos de antigamente.

— Não mudou pelo jeito. — riu após a sua fala, ficando apenas de bermuda de praia. Observei um pouco o seu abdômen, que apareciam alguns músculos enquanto se apoiava para jogar-se na agua. E foi justamente o que fez para que caísse uns respingos em mim.

E foi esse ato que me acordou. Ele sabia muito bem que eu tinha me transformado, todavia sempre tenta aprontar com suas frases. Por isso ia pagar. Querido, se eu tinha pena de você, agora teria de aguentar as minhas investidas.

— Joshua, por que está tão longe? — na escola da provocação eu sou a aluna número um, e ninguém vai tirar meu lugar.

— É o melhor a se fazer. — disse, mal saindo do canto da piscina.

Aproxime-se. A mente diabólica de uma evil queen ordenou o que meu corpo apenas obedeceu. Cheguei tão perto que deu de colocar as duas mãos de cada lado, prendendo-o com meus braços. Os papeis estavam invertidos e eu comandava agora.

— Por acaso tem medo do que pode acontecer? — sussurrei, vendo-o se arrepiar com minha simples pergunta. — Não mordo, só se você quiser. — continuei, posicionando minha boca perto de seu ouvido.

— Vou cometer um crime daqui a pouco. — respondeu, o qual recebeu um sorriso fraco como reação. Era realmente o que queria, talvez largar e esquecer tudo comigo. — Vai me dizer que nem percebeu que está apenas de lingerie? — seu questionamento final pouco mexeu comigo, e devia isso aos meus anos com aquele semblante de indiferença. Suas mãos foram parar na minha cintura, o rosto denunciando a malicia.

— Essa era a minha intenção. — testei-o, sentindo um aperto onde tocava.

— Coloque a roupa, assim pensarei se poderemos voltar a conversar. — declarou, quebrando todo o clima que nos cercava ao me soltar de maneira ágil. Como podia resistir tanto?

Não, essa era uma forma de defesa.

— Quero ficar. — esse era meu desejo no fundo do coração, o que gostaria de falar desde que me deixou naquele corredor. E eu senti-me na escuridão novamente, apesar de ter adorado. Encostei meus dedos em sua face, ainda gelada, e comecei a acariciar sua pele, sentindo cada parte sem pressa.

— Amie, estaremos cometendo um erro se avançar. — negou, tentando me empurrar. Todavia o agarrei tão firme que minhas unhas chegaram a marcar suas costas, enterrando-me nele para que parasse de me repelir.

— Preciso de um beijo teu. — confessei, aproximando meus lábios dos seus. Sentindo-o vacilar e ser submerso pela minha proposta tentadora. Pegou em meus cabelos e me fitou firmemente, mais profundo do que o liquido gelado que praticamente nos cobria. Firmava-me ao rodear as pernas em sua cintura. — Estou apaixonada por você. — disse sem nem desviar, experimentando a textura de sua boca deitando-se na minha.

Tinha realmente conseguido?

Os olhos antes abertos agora se encontravam fechados. Repeti seu gesto, aproveitando mais do momento. Minhas costas foram parar na borda da piscina de maneira brusca, todavia ainda era apenas um selinho.

Não, me rejeite.

Parecia que tinha escutado meus pensamentos ao se afastar, antes mesmo de me tomar como deveria. Lágrimas escorriam por minha face sem motivo, porém tinha certeza que possivelmente estavam se preparando para o que ocorreria. Tremia, a expressão de surpresa enquanto batia o queixo.

— Sinto muito, estou com a Valerie agora. E ela não merece ser traida. — me deu um pé na bunda daqueles, depois de praticamente se entregar e me beijar incansavelmente. Neste momento me analisava de cima, pelo simples fato que já estava no piso. Botou a camiseta tão rápido, mas não tanto quanto vi-o sair daquele lugar.

Se tinha cumprido o desafio feito por Jordan Sales e levado um fora, por qual motivo sinto-me tão chateada? E também desesperada, assustada, abismada e sem saber o que fazer. Não estava preparada para tanto.


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Notas finais do capítulo

O que acharam da conversa com Jordan? E com o Joshua? Da "declaração"?

A imagem não é minha. Se tiver erros podem me avisar, por favor.

Quem quer comentar? Realmente me faria muito feliz, pois como está na reta final gostaria de saber a opinião de vocês, o que acham que ocorrerá no desfecho. Que casal querem juntos no final, sobre tudo! Aceito critica construtiva. E que tal uma recomendação que nem as queridas da Melodia Enlouquecida, Nuvem e Maze Queen? Seria um presente belissimo e uma motivação e tanto para continuar e terminar a fic nesse mês. Uma honra para essa autora! *-*

Beijos e até a próxima.



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