Ode ao Futuro escrita por Eduardo Druver


Capítulo 6
Por favor, acabou...


Notas iniciais do capítulo

Nada a declarar...



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[Instituto de meteorologia de Böderwald]

– O que ele disse?

– "Como se eu fosse", todo misterioso e desligou na minha cara.

– Eles se odeiam tanto ao ponto de deixar o outro morrer? - perguntou Klaus.

– Eles não se odeiam de verdade...

– Mas você disse que eles vivem brigando e eu mesmo vejo às vezes.

– Como eu explicaria...? É que, aqueles dois tiveram um amor no passado que foi interrompido, eles ainda se amam e tentam esconder isso.

– Lucas, você é o noivo dele e ainda diz esse tipo de coisa?!

– É claro, eu sei e vi o que causou a separação, eu acompanhei aqueles dois desde o começo, além disso, não posso mentir pra mim mesmo.

– E o que causou?

– Foi uma coisa chamada... Donnie.

[Ruas de Böderwald. 19h50.]

Há um som de bateria dentro da minha cabeça que começa quando você está por perto...

Eu sei que você pode ouví-lo, ele faz um som todo poderoso.

Frederich corria descalço no gelo por entre as pessoas, na escuridão das luzes de postes, carros e janelas de casas e apartamentos, chamando a atenção de todos, tropeço por tropeço e cada suspiro forte e fraco, quase sem ar.

Estava frio, muito frio, gelado.

Doía, doía muito.

Mas Frederich não parava de correr.

Há um som de bateria dentro da minha cabeça que me empurra para o chão...

Eu sei que você pode ouví-lo, ele faz um som todo poderoso.

No instante em que novamente tropeçara e suas bochechas encontravam-se com o gelo mais uma vez, sirenes tocaram alertando a população de que há perigo.

Mais alto que sirenes, mais alto que sinos.

Mais doce que o paraíso e mais quente que o inferno.

E no mesmo instante um certo caos se iniciou, todos pararam tudo para irem à suas respectivas casas. Frederich continuou no chão, chorando sem saber por quê.

Quando movo meu pé na direção do seu corpo, eu posso ouvir esse som.

Ele preenche minha cabeça e fica alto e mais alto.

Preenche minha cabeça e fica alto e mais alto...

[Restaurante]

Eduardo estava preocupando Ellis, já estava na segunda garrafa de vodka e sem comer nada, ela tinha medo de que ele viesse a ter coma alcoolico:

– Eduardo, já chega, as sirenes tocaram, você tem de ir pra casa!

Mas ele não respondia, tampouco fazia algo além de repetir os movimentos de levantar a garrafa e dar um grande gole, daqueles que desce rasgando a garganta. O jantar foi um fracasso para Ellis, que além de assustar-se com os trovões cada vez mais altos, se assustava com o estado de Eduardo, mesmo sabendo que era a culpada. Ela o tentou carregar apoiando-o no ombro, mas não suportava o peso, foi o garçom ancião que apareceu e ajudou ela segurando-o pelo outro braço. Não havia tempo para discutir algo, eles só tinham de ir embora.

– Onde vocês moram? - perguntou o garçom enquanto carregava Eduardo. - Eu posso levar os dois.

– Eu te digo no caminho, vamos, vamos! - respondeu e apressou Ellis.

Ao saírem do restaurante, uma forte e repentina chuva com ventania começou, vento este que sacudiu os sinos de uma catedral próxima e encharcou todos que foram pegos desprevenidos. O que ninguém notou no rosto molhado de Eduardo enquanto era carregado, é que boa parte daquela umidade não era da chuva. (...)

Frederich não havia desistido, e conseguiu chegar lá, ao longe notou Eduardo nos braços de outros dois e então correu em sua direção.

– EDUARDO! - gritou.

Os olhos mortos e alcoolizados dele responderam olhando em sua direção. Fred continuou então:

– IRRESPONSÁVEL! SABE QUE É FRACO COM ÁLCOOL E OUSA INSISTIR! VOCÊ SEMPRE FICA COM ESSA CARA! EU VOU TE BATER!

– Quem é aquele? - perguntou Ellis.

– ... Ele é... O meu... Ex... - respondeu com dificuldade.

Frederich então foi correndo na direção dele, com alguns escorregos e tropeços; Eduardo sorriu ao pensar: "Por que esse retardado está de pijama e roupão?"

E então, um abraço forte, e um beijo, um beijo de lingua, até ficarem sem ar.

– Que pouca vergonha! - reclamou o garçom entrando sozinho no carro.

– Vamos, entrem no carro! - chamou Ellis, mas logo foi interrompida pelo garçom.

– Viado nenhum põe os pés no meu carro.

– Como é?! - esbravejou Ellis.

– Se a madame quiser vir, é outra história.

– Nunca que vou pisar no carro de alguém como você para uma carona! - respondeu chutando o carro e gritando: - Vai embora!

– Não se preocupa, garota. - disse Frederich respirando com força. - Eu cuido dele a partir daqui.

Nesse instante, Eduardo o segurou pela gola do pijama e aos prantos, implorou:

– Por favor... Frederich, por favor, acabou...

– Superar você foi uma tarefa muito difícil, Eduardo, eu te amei tanto... E agora aconteceu de eu morar junto contigo nesta cidade... Não era esse o nosso sonho? Tenho até pena do Lucas, você usou ele como curativo...

– Pare... Cale a boca...

Observando, mesmo não sendo uma conversa agradável entre os dois, Ellis notou que os dois se amavam, mas bem no fundo.

– Frederich é seu nome, certo?

– Sim, o que foi?

– Por que se separou dele? Por que disse que o amava enquanto ia embora?

– Além de irresponsável, é fofoqueiro também. - ironizou. - Desse jeito você vai morrer sozinho, Eduardo.

O garçom deu partida no carro e foi embora, Frederich continuou:

– Mas não podemos conversar debaixo de uma chuva dessa. - riu. - Estou com muito frio.

Todos os taxis haviam sido pegos e muitas pessoas já estavam indo embora, e o pior de tudo é que a água já estava na altura do tornozelo, parece que a própria água ajudou a derreter uma parte do gelo e fez mais água, fazendo que alagasse mais rapidamente. Os três foram pra debaixo de uma cobertura com um pouco de altitude, com Eduardo sendo carregado.

– Eu esqueci meu celular, você tem algum? - perguntou Fred.

– Aqui. - Ellis entregou o celular dela.

Frederich fez uma ligação para mim, Lucas, que rapidamente atendo mesmo estranhando o número, apesar que me era familiar e com DDD local.

– Alô? Quem fala?

– Lucas, sou eu.

– Fred?! Que número é esse? Onde você tá? Cadê o Eduardo?

– Ele está aqui, comigo, estamos ilhados perto de um restaurante, a água subiu muito de repente.

– Ah, não! - respondi nervoso e desesperado.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo: "O fim, e o que vem depois..." é o ultimo.
Será lançado dia 19 desse mês.