Ode ao Futuro escrita por Eduardo Druver
Notas iniciais do capítulo
Nada a declarar...
[Instituto de meteorologia de Böderwald]
– O que ele disse?
– "Como se eu fosse", todo misterioso e desligou na minha cara.
– Eles se odeiam tanto ao ponto de deixar o outro morrer? - perguntou Klaus.
– Eles não se odeiam de verdade...
– Mas você disse que eles vivem brigando e eu mesmo vejo às vezes.
– Como eu explicaria...? É que, aqueles dois tiveram um amor no passado que foi interrompido, eles ainda se amam e tentam esconder isso.
– Lucas, você é o noivo dele e ainda diz esse tipo de coisa?!
– É claro, eu sei e vi o que causou a separação, eu acompanhei aqueles dois desde o começo, além disso, não posso mentir pra mim mesmo.
– E o que causou?
– Foi uma coisa chamada... Donnie.
[Ruas de Böderwald. 19h50.]
Há um som de bateria dentro da minha cabeça que começa quando você está por perto...
Eu sei que você pode ouví-lo, ele faz um som todo poderoso.
Frederich corria descalço no gelo por entre as pessoas, na escuridão das luzes de postes, carros e janelas de casas e apartamentos, chamando a atenção de todos, tropeço por tropeço e cada suspiro forte e fraco, quase sem ar.
Estava frio, muito frio, gelado.
Doía, doía muito.
Mas Frederich não parava de correr.
Há um som de bateria dentro da minha cabeça que me empurra para o chão...
Eu sei que você pode ouví-lo, ele faz um som todo poderoso.
No instante em que novamente tropeçara e suas bochechas encontravam-se com o gelo mais uma vez, sirenes tocaram alertando a população de que há perigo.
Mais alto que sirenes, mais alto que sinos.
Mais doce que o paraíso e mais quente que o inferno.
E no mesmo instante um certo caos se iniciou, todos pararam tudo para irem à suas respectivas casas. Frederich continuou no chão, chorando sem saber por quê.
Quando movo meu pé na direção do seu corpo, eu posso ouvir esse som.
Ele preenche minha cabeça e fica alto e mais alto.
Preenche minha cabeça e fica alto e mais alto...
[Restaurante]
Eduardo estava preocupando Ellis, já estava na segunda garrafa de vodka e sem comer nada, ela tinha medo de que ele viesse a ter coma alcoolico:
– Eduardo, já chega, as sirenes tocaram, você tem de ir pra casa!
Mas ele não respondia, tampouco fazia algo além de repetir os movimentos de levantar a garrafa e dar um grande gole, daqueles que desce rasgando a garganta. O jantar foi um fracasso para Ellis, que além de assustar-se com os trovões cada vez mais altos, se assustava com o estado de Eduardo, mesmo sabendo que era a culpada. Ela o tentou carregar apoiando-o no ombro, mas não suportava o peso, foi o garçom ancião que apareceu e ajudou ela segurando-o pelo outro braço. Não havia tempo para discutir algo, eles só tinham de ir embora.
– Onde vocês moram? - perguntou o garçom enquanto carregava Eduardo. - Eu posso levar os dois.
– Eu te digo no caminho, vamos, vamos! - respondeu e apressou Ellis.
Ao saírem do restaurante, uma forte e repentina chuva com ventania começou, vento este que sacudiu os sinos de uma catedral próxima e encharcou todos que foram pegos desprevenidos. O que ninguém notou no rosto molhado de Eduardo enquanto era carregado, é que boa parte daquela umidade não era da chuva. (...)
Frederich não havia desistido, e conseguiu chegar lá, ao longe notou Eduardo nos braços de outros dois e então correu em sua direção.
– EDUARDO! - gritou.
Os olhos mortos e alcoolizados dele responderam olhando em sua direção. Fred continuou então:
– IRRESPONSÁVEL! SABE QUE É FRACO COM ÁLCOOL E OUSA INSISTIR! VOCÊ SEMPRE FICA COM ESSA CARA! EU VOU TE BATER!
– Quem é aquele? - perguntou Ellis.
– ... Ele é... O meu... Ex... - respondeu com dificuldade.
Frederich então foi correndo na direção dele, com alguns escorregos e tropeços; Eduardo sorriu ao pensar: "Por que esse retardado está de pijama e roupão?"
E então, um abraço forte, e um beijo, um beijo de lingua, até ficarem sem ar.
– Que pouca vergonha! - reclamou o garçom entrando sozinho no carro.
– Vamos, entrem no carro! - chamou Ellis, mas logo foi interrompida pelo garçom.
– Viado nenhum põe os pés no meu carro.
– Como é?! - esbravejou Ellis.
– Se a madame quiser vir, é outra história.
– Nunca que vou pisar no carro de alguém como você para uma carona! - respondeu chutando o carro e gritando: - Vai embora!
– Não se preocupa, garota. - disse Frederich respirando com força. - Eu cuido dele a partir daqui.
Nesse instante, Eduardo o segurou pela gola do pijama e aos prantos, implorou:
– Por favor... Frederich, por favor, acabou...
– Superar você foi uma tarefa muito difícil, Eduardo, eu te amei tanto... E agora aconteceu de eu morar junto contigo nesta cidade... Não era esse o nosso sonho? Tenho até pena do Lucas, você usou ele como curativo...
– Pare... Cale a boca...
Observando, mesmo não sendo uma conversa agradável entre os dois, Ellis notou que os dois se amavam, mas bem no fundo.
– Frederich é seu nome, certo?
– Sim, o que foi?
– Por que se separou dele? Por que disse que o amava enquanto ia embora?
– Além de irresponsável, é fofoqueiro também. - ironizou. - Desse jeito você vai morrer sozinho, Eduardo.
O garçom deu partida no carro e foi embora, Frederich continuou:
– Mas não podemos conversar debaixo de uma chuva dessa. - riu. - Estou com muito frio.
Todos os taxis haviam sido pegos e muitas pessoas já estavam indo embora, e o pior de tudo é que a água já estava na altura do tornozelo, parece que a própria água ajudou a derreter uma parte do gelo e fez mais água, fazendo que alagasse mais rapidamente. Os três foram pra debaixo de uma cobertura com um pouco de altitude, com Eduardo sendo carregado.
– Eu esqueci meu celular, você tem algum? - perguntou Fred.
– Aqui. - Ellis entregou o celular dela.
Frederich fez uma ligação para mim, Lucas, que rapidamente atendo mesmo estranhando o número, apesar que me era familiar e com DDD local.
– Alô? Quem fala?
– Lucas, sou eu.
– Fred?! Que número é esse? Onde você tá? Cadê o Eduardo?
– Ele está aqui, comigo, estamos ilhados perto de um restaurante, a água subiu muito de repente.
– Ah, não! - respondi nervoso e desesperado.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
O próximo capítulo: "O fim, e o que vem depois..." é o ultimo.
Será lançado dia 19 desse mês.