Havia vezes em que os dois passavam dias inteiros em silêncio.

Dias em que Rick tinha uma marca vermelha de batida no rosto ou hematomas colorindo seu corpo. Dias em que os olhos de Kieren estavam vermelhos e doloridos de tanto chorar, um olhar perdido e entorpecido em seu rosto, a frustração de não saber ao certo de onde vem sua tristeza.

Naqueles dias, eles não falavam nada, se sentando para ver o por do sol, com a cabeça de Ren em geral acabando nos ombros ou no colo de Rick. Quando era Kieren que estava mal, Rick iria passar as mãos nos cabelos macios dele, e, no inverso, Ren traçaria padrões sem sentido em suas mãos. Quando ambos não estavam se sentido bem, se abraçariam tão forte que seus corpos pareciam se fundir, e ficariam nessa posição por horas.

Ao invés dos hardcore metals que em geral habitavam o iPhone de Kieren, ele colocaria uma música instrumental para tocar, bonitas e melancólicas notas de piano contando histórias tristes em sua beleza. A melodia suave traria paz para suas mentes turbulentas, só apreciando o fato de que os dois estavam ali, juntos, algo sólido que poderia lhes lembrar da realidade e de que ainda havia um futuro que valia a pena ser vivido.

Nenhum dos dois perguntaria se o outro estava bem, porque sabiam a óbvia resposta. Ao invés disso, se beijariam e se abraçariam, prometendo, nos contatos íntimos e suaves, que tudo ficaria bem.