– Você anda bem estressado ultimamente, não é...? - Akashi perguntou para Shizuo, após ele ter arrancado um poste e lançado em um homem.

– Por causa desses malditos boatos...! - Shizuo falou em um tom relativamente normal, mas com um pouco de raiva, após aquilo. - Eu vou esmagar cada osso do corpo dessa pessoa que inventou isso sobre eu e o motoqueiro negro!!

– Eu não duvido, tenho até pena da pessoa que fez isso. - Akashi riu levemente, por causa da resposta previsível do companheiro.

Porém, a conversa dos dois foi interrompida por um grande fluxo de pessoas correndo para observar algumas televisões que se espalhavam entre lojas, ligadas no canal de notícias. Por mera curiosidade talvez, os dois foram ver o que estava sendo exibido para atrair tantos passantes.

O que estava sendo exibido era a perseguição ao vivo de Celty, realizada pelos faixas brancas. Uma parte dos olhares se voltaram para Shizuo, e o sangue subiu em sua cabeça.

Akashi já entendera o que aconteceria em seguida, e provavelmente iria com ele, tanto para aprimorar sua habilidade de lutas, tanto para ver de perto que aconteceria. Shizuo não tardou para se retirar de lá, e Akashi o seguiu. Mas, antes dos dois realmente saírem, uma moto os parou.

– Desculpa, mas eu ouvi a conversa de vocês... Sabe, aquela rua é longe daqui, e eu posso levar vocês, também sou amiga do motoqueiro negro... Heiwajima Shizuo-san, certo? Eu tenho um plano. - Ayumi falou para os dois.

...

– SEUS KAMIKAZES DE MERDA!! - Shizuo gritou, em frente a um dos que parecia ser líder do pelotão, com o punho estendido.
Um soco daqueles poderia facilmente terminar com a vida de alguém, dada tamanha raiva e força que aquilo poderia ter sido aplicada na cabeça daquele motoqueiro. Mas, isso não chegou a acontecer.

Um outro punho se chocou com o de Shizuo. Foi possível ouvir o barulho dos ossos da mão daquele jovem que se escondia atrás de um capacete preto, se quebrando; era como se fossem apenas palitos de dente.

Porém, aquele jovem continuou de pé. Era possível ver seus olhos apertados de dor, mas também de desafio; estava desafiando Heiwajima Shizuo para um mano a mano.

Enquanto os dois se encaravam, praticamente choveram facas lançadas por Akashi, que furara todos um pneu de cada moto ali presente.

– Oe, vocês não achavam que iriam fugir tão fácil, não é? - Akashi falou para eles.

Havia começado a chover pouco antes, para enfeitar o clima daquela luta unilateral. A chuva e o vento forte impediram que os tiros fossem efetuados precisamente, e a luta teve que ser física.

A maioria atacava Akashi, por motivos óbvios, mas Shizuo acaba desviando alguns para si mesmo; e os que prevaleciam em Akashi acabavam sendo precisamente esfaqueados.

Aquilo tudo só terminou quando a polícia estava chegando, e todos os membros, conscientes ou não, conseguiram evacuar com duas vans. Não se pode dizer que Heiwajima e Akashi saíram ilesos; ambos tinham alguns cortes e hematomas.

Naquela gangue haviam membros a quem não se podia subestimar.

Inclusive o jovem que desafiou a Shizuo. Se ele tivesse mais força nos pés, o homem com roupa de bartender dificilmente sairía apenas com um corte e um hematoma no lugar.

Mas, no final, eles realmente ganharam com vantagem.

...

Após as aulas acabarem, Setagaya e Chiba saíram do colégio, conversaram um pouco, e logo se separaram; pois cada um morava em uma direção diferente.

Enquanto Setagaya andava por uma das praças de Ikebukuro, com o celular no bolso, simplesmente olhava para o céu laranja do entardecer. Foi quando o seu celular começou a tocar. Ele, a princípio, não estranhou nada, apesar de o número ser um desconhecido.

– Alô? - Setagaya chegou a atender, mas o remetente da ligação logo desligou.

– Com licença. - Uma mulher, não parecendo muito velha, foi até Setagaya. - Seu nome seria... Setagaya Saito?

– Ah, sim, sou eu.

– Meu nome é Erika Karisawa. Se não for incomodar muito, pode vir comigo? Eu estava procurando você para te mostrar uma coisa.

– Ok, então...

Setagaya estava realmente desconfiado, mas se deixou levar. Afinal, o que de tão ruim podia acontecer? Os andaram um pouco, e Erika finalmente parou em um estacionamento. Antes do loiro questionar, a garota falou primeiro.

– Mas antes, pode me responder uma coisa? Qual é a sua ligação com os Faixas Brancas?

– Hã? Do que você está falando? - Setagaya perguntou, em dúvida sobre o que ela estava falando.

– Não adianta mentir. - Erika falou, com olhos intimidadores para ele. - Não foi muito difícil conseguir descobrir seu telefone através daquele fórum que antes era dos Dollars. E nem adianta tentar fugir também, porque meus companheiros estão bem ali, prontos para se você tentar. Por isso, acho melhor que você fale logo.

– Eu já falei, garota chata! Eu não tenho porra nenhuma haver com esses faixas brancas!! - Setagaya gritou para ela, que apenas deu um sorriso de deboche.

– Ah é? Se não, por que perdeu a cabeça tão rápido? - Ela continuou com os questionamentos. - Setagaya Saito... Ou eu deveria te chamar de "Líder dos Faixas Brancas"?

– Por que eu tenho mais o que fazer!! E pare de inventar coisas sobre mim!! - Ele não baixou o tom de voz, e se retirou daquele estacionamento.

– Dotacchin, agora é com você. - Erika se virou para trás e falou para um dos homens que estava na van.

O homem suspirou e saiu da van, aquilo provavelmente iria ser uma complicação. Eles queriam informações sobre a gangue por causa da confusão que havia ocorrido com Celty mais cedo, e já sabiam que ele estava registrado no fórum dos dollars, onde tudo estava acontecendo sobre aquilo. Eles não tinham acesso a tudo, foram excluídos do fórum, e só podiam ver as notícias. De um jeito ou de outro, no final ele iria falar por bem ou por mal.

– Saicchi? - Uma outra garota colocou a cabeça para fora da van, com o intuito de observar quem estava lá, e saltou da van, indo em direção a Saito; não deixando Kadota chegar perto. Ela tinha cabelo loiro até a metade da cabeça, olhos castanhos e pele branca. Saito tinha o pressentimento de que já conhecia ela.

– Ayano, fica fria, são só umas perguntinhas... - Kadota falou para a garota, que não saiu da frente de Saito, confuso.

– Saicchi não seria líder de pessoas tão cruéis assim!! - Ayano inflou as bochechas. - Parem de pegar no pé dele!

– Saicchi...? - Saito se perguntou, mas logo o estalo veio em sua mente. - A-Ayano?? Aquela d-do secundário??

– Continua idiota... - Ela sorriu, ao ver o rosto envergonhado de Saito. - Mas como eu falei, eu conheço ele desde o primário!! Ele não é um gangster!!

– Nem todo mundo continua igual, e como conheçe tão bem ele para afirmar com tanta certeza? - Logo, Kadota abriu um sorriso. - Será que... você gosta dele?

– Kadota-san!! Mas eu não vou ficar perto de pessoas que desconfiam do Saicchi!!

Ayano saiu quase correndo, puxando Saito pela mão. Kadota até tentou pará-la, mas não conseguiu.

O jeito era rezar para que nenhum faixa branca aparecesse...