Chapter 7 – Complicated situation

[Natasha Romanoff]

Se eu tivesse que descrever como estou me sentindo agora, ou como está a minha cabeça nesse momento, honestamente eu não saberia por onde começar.

Confesso. Fiquei surpresa com o que acaba de acontecer aqui. Steve Rogers, o garoto que eu mais odeio em todo o planeta, qual eu desejei que morresse inúmeras vezes durante três anos da minha vida, acabou de me roubar um beijo.

Exatamente! Eu estou nesse instante sentindo o gosto intrigantemente delicioso de seus lábios sobre os meus, sua língua travando com a minha uma batalha ardentemente prazerosa, enquanto suas mãos envolvem minha cintura, apertando-a com leveza, mantendo nossos corpos colados um ao outro, causando-me arrepios intensos.

Jamais imaginei que isso fosse acontecer algum dia. Parecia até um pesadelo, do qual inexplicavelmente eu não queria acordar. Será que estou ficando maluca? Consciência, onde está você quando eu preciso?

Sinto meus pulmões gritarem, implorando pelo ar que lhes faltava, e imagino eu que o mesmo deva ter acontecido com a peste loira, pois logo senti o mesmo interromper aquele beijo ridiculamente bom, sugando o oxigênio para dentro do seu corpo.

Eu, por outro lado, estava completamente chocada que até mesmo me esqueci de como se respira. Tudo que eu conseguia fazer era encarar Rogers boquiaberta, sentindo uma raiva repentina me dominar, esquentando meu corpo muito mais do que aquele beijo caloroso e feroz havia conseguido.

Meus lábios deveriam estar inchados, assim como os de Steve, que ainda mantinha suas mãos em minha cintura, e nossos corpos encaixavam com perfeição, o que me deixou ainda mais irritada.

Sentindo a sanidade voltar à tona, não pensei duas vezes para levantar meu braço direito, acertando a palma de minha mão com grande violência no rosto de Rogers, usando tanta força que sua cabeça chegou a virar para o lado, e um auto estralo foi ouvido no momento que minha mão se chocou contra a sua face.

– Merda, ruiva! Por que me bateu? – a pergunta que o loiro me fez certamente só serviu para me deixar com mais ódio do próprio, bem mais do que eu estava de mim mesma por tê-lo permitido me beijar daquele jeito, fazendo assim com que eu traísse meu namorado.

“Natasha, como pode fazer isso com o Bucky?! Você acaba de alcançar o nível de vadia da Sharon, meus parabéns!”, ah, consciência estúpida, agora você resolve dar as caras, só pra me deixar pior do que eu já estou.

Eu sentia meus olhos repletos d’água, uma vontade enorme de chorar me consumindo. Um choro de pura raiva, tanto do cretino a minha frente quanto de mim mesma. Porém, segurei as lágrimas como pude, e uma vez que o corpo de Rogers havia se afastado do meu, não hesitei em empurrá-lo contra a parede, abrindo passagem para que eu pudesse chegar até a porta.

A destrancando com rapidez, saí do almoxarifado com um turbilhão de pensamentos perturbando a minha mente, deixando para trás aquela peste loira que eu tanto odeio. E caminhando pelo corredor largo do colégio, pude sentir as lágrimas me vencerem, brotando para fora de meus olhos, molhando meu roto violentamente.

Não acredito que fui capaz de corresponder aquele beijo, e pior, ter gostado daquilo e não querer que acabasse. Mas afinal de contas, qual é o meu problema? Eu tenho um namorado, por quem eu sou completamente apaixonada. Então, porque isso não é o bastante para me fazer odiar aquele beijo?!

O fato é que nunca gostei tanto de um beijo como o que acabei de receber, nem mesmo Bucky me beijara com tanta intensidade assim a ponto de me fazer desejar mais e me odiar por isso. A questão é que eu estou com muita do Rogers por ele ter me beijado, mas por mais incrível que pareça, não consigo odiar a maneira que ele me beijou, ou o ato em si.

Droga! O que há de errado comigo?

[...]

O som suave da música era como um remédio. Sempre curando a alma, ajudando-me a superar momentos complicados, dissipando qualquer sentimento ruim e negativo que pudesse baixar minha autoestima.

Mas não era apenas a música que me fazia sentir bem comigo mesma, a dança era uma forma essencial de me fazer esquecer os problemas, sempre me deixando relaxada e tranquila, dando-me uma paz e alegria impossíveis de descrever.

Esses eram os meus sentimentos conforme eu movia meu corpo em alguns passos de balett, dançando delicadamente na ponta dos pés, no palco dentro de um prédio abandonado onde antes era um teatro, um lugar no Queens que apenas eu tenho o conhecimento, onde sempre venho quando algo me deixa meio pra baixo.

Assim que saí da escola, vim correndo pra cá, pois precisava de uma boa dose de dança para esquecer tudo que aconteceu naquele almoxarifado, o sentimento de culpa que me dominou e está sendo difícil de afastar. Por mais que tenha sido Rogers a me beijar, tenho total culpa pela pequena traição, afinal de contas eu não fiz absolutamente nada para impedir que aquilo continuasse, simplesmente deixei acontecer, e ainda gostei disso. Eu devo ser a pior namorada que existe, de fato. E eu não sei como vou conseguir olhar para o Bucky depois de tudo isso.

A música continua a rodar, uma melodia suave e bastante intensa, apenas o som belo e encantador do piano adentrando meus ouvidos, fazendo-me sentir como se estivesse flutuando sobre as nuvens, dançando junto ao céu, alcançando qualquer limite.

Porém, isso não evitou a dor que senti ao cair sentada sobre o palco de madeira, no exato momento em que aplicava um giro gracioso, tudo isso causado pelo toque irritante de meu celular.

Ainda ouvia a música rodar, e caída sobre o chão, bufei, preparando vários xingamentos para a pessoa que ousara atrapalhar a minha dança.

Sem muita escolha, obrigo-me alevantar, em seguida andando até o lado esquerdo do palco, próximo as escadas, onde estava minha mochila juntamente com meu celular e uma caixa de som pequena onde a música permanecia tocando.

Primeiramente desligo a caixa de som, e logo em seguida dou uma olhada na chamada em meu celular, revirando os olhos ao ver a foto sorridente de Bobbi preencher a tela do aparelho.

– O que você quer, Bárbara? – pergunto assim que atendo a chamada, e imaginei a expressão indignada que deveria estar estampada na cara da loira naquele instante.

– Oi Natasha, eu estou bem sim, e você, como está? – sua resposta irônica me fez revirar os olhos novamente.

– Meio curiosa pra saber o motivo da sua ligação. – replico, sendo costumeiramente sarcástica, o que a loira já deveria esperar.

Um suspiro impaciente exala de seus pulmões no outro lado da linha, indicando que o assunto a ser tratado não seria do agrado de nenhuma de nós.

– Nada importante, Natasha. Só queria avisar que estou te esperando em frente a mansão Rogers, e é melhor vir pra cá agora, pois se você não lembra, nós combinamos de começar o trabalho daqui dez minutos.

Parei de respirar, literalmente. Meus olhos se arregalaram e todo meu corpo paralisou. Minha mente havia entrado em colapso, sentia o desespero chegar com rapidez, e isso não era nada bom.

Como eu pude me esquecer desse compromisso? Em poucos minutos tenho que estar na casa do garoto que mais odeio, com o qual vivenciei um momento que certamente me deixou constrangida e que irá complicar nossa convivência ainda mais a partir de agora, e eu nem sei com que cara vou encarar Steve Rogers depois do que houve na escola hoje.

Céus! O que eu faço agora?