Capitulo 61 — Cloroformio!

O porão onde eu estava trancada não havia janelas e nem câmeras, como se tivesse sido projetado para trancar uma pessoa em cativeiro. Pamela diz que a porta fica de certa forma escondida e apenas se você prestasse muita atenção perceberia.

Já fazia quase um dia inteiro que Pamela estava ali comigo, fingindo que me batia. Ela disse que a casa tinha câmeras e, apesar de Renesmee ter saído e nós não precisarmos ficar gritando e batendo nos moveis, ela ainda não podia sair do quarto, se não Renesmee veria pelas câmeras espalhadas pela casa.

Então, ela simplesmente ficava sentada no chão enquanto nós conversávamos, comigo ainda atada á cadeira que me machucava por ficar na mesma posição.

— Você sabe que esse negocio de ser pacifista não faz sentido, não é? — Eu disse, olhando a namorada de Jonathan sentada tranquilamente no chão com as costas apoiadas na porta.

— Ser cruel não faz sentido — Ela responde revirando os olhos.

— Talvez você pudesse ao menos ter pego a flor da mão dela ou não deixado ela machucar Claire — Eu comentei não podendo conter a acusação na minha voz.

Apesar de ela não me machucar e contar tudo o que havia acontecido enquanto eu estava inconsciente, ela havia ajudado Renesmee naquele plano maluco que nem ela mesma parecia entender direito.

— Ela não machucou Claire. Ela tinha me prometido. Claire era apenas uma distração.

— Distração para que?

— Para trazer você até aqui.

Pamela era uma garota cinicamente doce. Eu podia ver a revolta em seus olhos, seu jeito tão irônico e ciumento, mas ela era uma boa garota. Os cabelos vermelhos fogo davam aquele ar rebelde ao seu rosto angelical.

Ela não gostava de mim.

Ela mesma havia dito que não gostava da minha amizade com seu namorado — e o meu melhor amigo — Jonathan. Que ela percebera a ligação que nós dois tínhamos e que não era nenhuma fã do que tínhamos um com o outro... Mas ela me vira com Seth. Disse que acreditava quando eu dizia que Jon era apenas meu amigo e Seth sim era dono do meu coração... Mesmo ele agora estando com Caroline.

A ruiva ficou interessada na minha pequena história de como viera parar ali quando expliquei sobre Caroline e eu sermos a mesma pessoa — Ela mesma havia visto a semelhança entre nós E EU FUI OBRIGADA A CONTAR! Mas eu só contei porque parecia que ia explodir se não contasse para alguém esse segredo.

Não digo que ela ficou muito contente por saber que Seth e Jonathan também eram a mesma pessoa. Não, ela não ficou nada contente em saber que se Jon não ficasse comigo — e não ficaria — ele acabaria com Caroline... Ou sem ninguém, já que Seth era ocupara o posto de namorado para Caroline.

E depois de horas conversando e explicando toda aquela coisa sobre almas e imprinting e lobos, fiquei me perguntando como ela conseguia acreditar em tudo aquilo de primeira... Até ela me contar sobre quem havia pego a Flor.

Sim, Renesmee resolveu fazer estripulias com aquela flor e parecia que Claire estava envolvida. Pamela nada podia fazer... Ela era pacifista e seu lema é “Irritada sim, malvada nunca. ”.

A namorada de Jonathan me contara, com detalhes, como ela havia acabado virando parceira de crime com Renesmee... E eu tinha que admitir que garota só tivera uma grande onda de azar para chegar ali.

Ela saindo brava da festa, Renesmee interceptando seu carro, uma arma na cabeça, algumas promessas de vinganças e tudo que precisava fazer era me carregar até o carro e esperar.

— Eu não devia ter aceitado... Mas a arma... eu estava irritada... Eu só estava com ciúmes! Só isso. — Ela sussurrou se justificando

— Eu não te culpo, Pamela — E eu me limitei a balançar a cabeça em compreensão, sem poder dar um abraço de “tudo ficara bem” por ainda estar atada á cadeira.

— É, mas olha onde estamos agora! Você, correndo o risco de ser morta pela ex-namorada de um de seus amigos e eu correndo o risco de levar a culpa por tudo.

— E por que você levaria a culpa? — Eu perguntei confusa.

— Não é obvio? Tudo me incrimina! A carta em cima da cama com a minha letra, essa casa cheia de coisas minhas... Ela está apenas me usando como... Como se eu fosse um escudo.

Nós não conversamos muito mais do que aquilo. Renesmee havia chego em casa e Pamela resolveu sair do meu cativeiro.

— Olha... Eu preciso de você desmaiada... E... Desculpe-me, ok? — Pamela falou pegando um pano no canto do quarto e jogando um liquido em cima.

[...]

Havia gritos e berros de uma discussão, isso eu sabia. Não conseguia abrir os olhos, com o peso do clorofórmio ainda sobre mim, mas eu quase conseguia distinguir as vozes que gritavam uma com a outra.

Eu achei que estava tonta quando consegui me concentrar o suficiente, pois era como se o mundo estivesse girando e balançando de um lado para o outro, me deixando desnorteada. Meu estomago parecia sensível demais, como se tivesse sentindo o mundo balançar daquela maneira á horas.

Minhas mãos estavam formigando amarradas ás minhas costas e percebi que estava com o a barriga no chão molhado, mas não foi isso que me fez perceber que estava em um barco, mas sim o cheiro forte de sal e maresia.

Meu corpo parecia mais dolorido que o normal, como se tivessem me batido ainda mais depois da minha inconsciência e os berros continuavam ao redor.

— VOCÊ É UMA VACA, ISSO SIM! UMA FILHA DA PUTA DE UMA VACA! — Gritou a voz feminina

— CALE A BOCA! — Um baque surdo de uma mão indo de encontro com a pele de alguém e em seguida, algo caiu ao meu lado, soltando um grunhido estranho.

Demorei alguns segundos para perceber que era uma pessoa que caíra ao meu lado e eu lutei para abrir minimamente os meus olhos, tentando enxergar á frente.

— Fique quietinha aí, cadela. Logo, logo nós chegamos á ilha e você vai receber o seu castigo por ser uma garota má! — Riu medonhamente Renesmee de algum lugar por perto

Estava tudo embaçado e escuro demais para mim enxergar com clareza, mas eu consegui assistir uma Leah caída ao meu lado, com as mãos igualmente amarradas nas costas, cuspindo na direção de onde Renesmee estava antes do barulho da porta se fechando com força me fizesse fechar os olhos com força.

Minha pequena reserva de forças para continuar consciente acabou e eu resolvi não resistir mais, deixando a prisão da minha inconsciência me levar novamente... Mas não antes de sentir uma mão muito quente em meu braço e um sussurro distante dizendo que tudo ficaria bem.