Legado de Uma Paixão escrita por BrinaBella


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, esse dois são mesmo muito esquentados, vivem negando o que sentem pelo outro, mas aí vai mais um pouquinho para vcs!Espero que gostem.Bjs



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Bella assustou-se quando a mãe re¬tornou à sala, carregando uma ban¬deja. Virando-se de costas para a janela, de onde estivera admirando a idílica paisagem rural, Bella sentou-se. Ia tão pouco à casa materna que se comovia com a atenção que Renné lhe dispen¬sava, como se fosse uma visita especial.

Ela não protestou quando Renné colocou vá¬rias colheres de açúcar em seu chá, apesar de saber que a filha deixara de consumi-lo quando ainda era uma adolescente. Afinal, aquilo era pró¬prio dela, e Bella tinha coisas mais impor¬tantes com o que se preocupar.

—     Não acha que foi precipitada ao sair do em¬prego, filha?
Peter Llewellyn pedira que ficasse quando o prazo do aviso prévio se esgotara, e Bella se sentira lisonjeada.
—     Foi necessário, mamãe. Mas tenho ótimas referências. Estou trabalhando como temporária em uma agência, no momento.
—     Não procurará algo permanente? Bella respirou fundo.
—     A gravidez não deveria ser um empecilho, mas, na realidade, pode ser um obstáculo. Nunca é o motivo alegado, mas...

Um leve tremor nas pálpebras bem maquiadas foi o único sinal externo de que a mãe registrara a notícia. Bella, que já se resignara com a pos¬sibilidade de um ataque histérico, relaxou um pou¬co. Talvez não fosse tão ruim quanto imaginara.
—     Vai ficar com ele, Bella?
—     Sim!
Renné piscou diante da veemência da filha.
—     Então, serei avó. Quer mais chá?

Um sorriso incrédulo levantou os cantos dos lá¬bios de Bella.
—     Você nunca deixa de me surpreender, mamãe.
—     Desta vez, a surpresa foi toda minha. Ima¬gino que se negará a dizer se eu perguntar quem é o pai. — Renné notou a expressão de dor no rosto da filha. — Nesse caso, não direi nada. Fa¬lemos dos detalhes práticos. Está planejando mudar-se para cá?

Bella notou o alívio da mãe quando balançou a cabeça negativamente. Quem poderia culpá-la? O pequeno chalé possuía apenas dois quartos, um deles muito pequeno. Nunca imaginara que a mãe fosse apoiá-la, mas, na verdade, era o que acon¬tecia. Um apoio silencioso e livre de qualquer crí¬tica. Era um grande consolo o fato de não ter sido abandonada por completo.

As últimas seis semanas haviam sido um dos períodos mais difíceis de sua vida, durante a sus¬peita. Logo depois, tivera certeza de que esperava um filho de Edward. Acima do medo e da confusão, Bella descobrira uma forte e inesperada sensação de felicidade. Queria aquela criança. Quando o médico confirmara suas suspeitas, Bella experienciara to¬dos os receios e as alegrias de uma futura mãe.

—     Ficarei em meu apartamento.
—     Como sustentará a si e ao bebé? — Uma ruga de preocupação marcava a fronte de Reneé.
—     Se você conseguiu, eu também conseguirei.
—     O pai vai colaborar? O seu nunca fugiu à responsabilidade. Meu emprego na floricultura nunca teria sido suficiente para nos manter.

Bella mexeu-se na cadeira, desconfortável. Não poderia explicar a sua mãe que seria impossível contar a Edward sobre o bebé. Como esperar um compromisso de alguém que só a desejara? Não tinha o direito de forçá-lo a aceitar a criança e, naquelas circunstâncias, sentia que seria melhor que ele ignorasse tudo. O fato de ela haver se apaixonado não alterava a natureza superficial do breve relacionamento de ambos.

—     Na verdade, Aro me deixou uma he¬rança, mãe.

Em vista dos novos acontecimentos, Bella te¬ria de esquecer o orgulho e a necessidade de pro¬var sua idoneidade moral e fazer uso do presente que o antigo chefe lhe dera.Reneé empalideceu.

—     Está tentando me dizer que Aro... — Levou a mão à garganta, como se estivesse tendo difi¬culdades para respirar. — Ele não...
—     Mamãe! Até você?! — Sua irritação transfor-mou-se em pânico quando notou a palidez de Reneé. — Quer beber alguma coisa? Um conhaque?
—     Não, não. Estou bem.
—     Não parece. — Bella não esperava por aquela reação. — Aro deixou-me um lote de ações e, antes que você me pergunte por que, já adianto que não tenho a mínima ideia.

O envelope marrom não continha nada além dos certificados. Nem um bilhete. Nada. A generosidade bizarra ainda era um mistério para Bella.
—     Está errada, minha querida. Eu tenho ideia do motivo. Aliás, certeza.
—     Você?! —- perplexa, fitou a mãe.
—     Antes de conhecer seu pai, tive um caso com Aro Cullen.
Bella permaneceu em silêncio, chocada. Quando conseguiu se recuperar, perguntou:
—     Por que não me contou isso quando fui tra¬balhar para ele?
—     Porque fui eu quem pediu a Aro que lhe desse o emprego de escrevente.
—     Quer dizer que me tornei a assistente pessoal dele porque você haviam sido amantes?
—     Não... não. Não interferi nesse assunto. Aro nunca teria lhe dado uma chance se não sou¬besse que tinha capacidade para o cargo. Ele ja¬mais tolerou incompetência. Minha participação limitou-se a conseguir a vaga que você desejava tanto. Havia tantos candidatos tão qualificados quanto você... só quis ajudar.

Bella massageou as têmporas e balançou a ca¬beça, ainda tentando assimilar aquela revelação.
—     E Aro ainda se lembrava de você, após tantos anos?
—     Nós não tivemos apenas um caso passageiro. Quase nos casamos.
—     Você e Aro... — murmurou, incrédula. — Ele era meu...
—     Pai? — Reneé riu, com amargura. — Não, não era, mas poderia ter sido se as coisas hou¬vessem ocorrido de um modo diferente. Era um rapaz muito ambicioso. Imaginava que uma mu¬lher e filhos, no estágio em que sua carreira se encontrava, atrapalhariam sua vida. Dei-lhe um ultimato. Na minha arrogância de jovem, achei que optaria por mim. — A voz da mãe soou en¬trecortada. — Aro estava sempre com pressa.

Bella sentiu uma infinita compaixão, sentindo-se tão próxima da mãe como nunca antes estivera.
—     Casei-me com seu pai, tive você, e então Aro voltou. Continuamos de onde havíamos parado.
Bella sentiu-se menos chocada agora do que se houvesse recebido aquela .notícia algumas se¬manas antes.
—     Papai sabia?
—     Aro fez questão de que soubesse. Era um homem cruel, e quis que eu abandonasse seu pai e... você. Não pude. — Reneé piscou para conter as lágrimas. — Após o rompimento, nunca mais nos vimos. Seu pai e eu tentamos reconstruir nos¬sa vida, mas nunca me perdoou e acabou nos dei¬xando. Então, a seu próprio modo, Aro procurou nos compensar pelo mal que nos causou.
—     Pensei que papai houvesse partido por mi¬nha causa. — A voz de Bella estava trémula pela emoção.
—          Sei que foi egoísmo de minha parte deixá-la pensar assim, mas tinha certeza de que você não me perdoaria se soubesse a verdade.

Aquela informação poderia ter ajudado Bella anos atrás, quando se sentira abandonada e res¬ponsável pela ausência paterna. Mas era tarde demais para pensar naquilo e, pensou com tris¬teza, o pai falecera fazia três anos.
—     Nunca procurei Aro todos aqueles anos, nem pedi nada a ele até o dia em que você se candidatou àquela vaga na Cullen´s. Juro!

Bella levantou-se e aproximou-se da mãe. Es¬tendeu os braços, segurando as mãos trémulas de Reneé. Quando se abraçaram, teve sentiu que era ela quem consolava a mãe.

Aquelas revelações fizeram-na ver seu passado sob uma luz bem diferente. Aprendera que as coi¬sas nem sempre eram o que pareciam. O pai não decidira abandoná-las sem nenhuma explicação, e a mãe, a quem sempre considerara a pessoa mais superficial que conhecia, passara anos de sua vida tentando esquecer um trágico caso de amor nos braços de outros homens.

Naquela tarde, conversaram como nunca, mas, em um acordo tácito, nenhuma das duas mencio¬nou os homens que as fizeram sofrer tanto.A única pessoa na Cullen´s que sabia sobre o bebé era Mary.

Naqueles dias, os contatos sociais de Bella foram poucos. Conseguir serviço temporário ficara difícil agora que sua gravidez estava avançada, e ela sentia falta do estímulo do trabalho. Ansiava pelas noites que passava ao lado da amiga Mary, sempre prestativa e carinhosa, e seu marido.

Olhou para o relógio. "Mary deve estar muito ocupada", pensou, enquanto a aguardava, como combinado, no estacionamento subterrâneo da Cullen´s, em pé, ao lado do carro. Não queria subir e dar motivo para comentários maldosos dos ou¬tros funcionários. A camisa larga e o suéter que usava não disfarçavam a barriga proeminente.

—     Bem, bem, bem!
Bella deu um pulo, assustada. "James!" Seu coração parou. Desesperada, procurava Mary com o olhar.
—     Voltou para implorar seu cargo de volta?

Mesmo antes que ele se aproximasse, Bella notou que estava bêbado.
—     Estou esperando uma pessoa, James.
—     O sr. Cullen, o maravilhoso e perfeito de¬ mais, imagino...

Saber que Edward estava no prédio fez Bella entrar em um pânico que a impediu de ver o modo insultante com que os olhos daquele homem per¬corriam seu corpo. Ao se aproximar, James deixou cair as chaves do carro, e o barulho fez com ela voltasse a atenção para o ex-colega.

—     Espero que não esteja planejando dirigir nes¬se estado. — Bella sentiu o cheiro de álcool que exalava dele.
—     Farei o que bem entender. Está ouvindo, sua idiota?!

Bella soltou um grito quando ele se inclinou e a segurou pelos cabelos. A brutalidade do gesto fez com que ela caísse em cima do carro de Mary, o corpo de James debruçado sobre o seu.

—     Solte-me! — gritou, virando a cabeça para evitar o brilho malicioso dos olhos dele.
Sabia que não deveria demonstrar medo, pois aquilo seria fatal. Um homem como James se ali¬mentava dos pavores alheios. Encostou-se sobre ela, sobre seu bebé. Aflita, Bella olhou em volta, mas não havia ninguém para socorrê-la. Tinha de proteger seu filho.
—     Você se achava boa demais para mim, não é? Bem, eu estou no comando agora.— Puxou os cabelos dela e a beijou, a boca asquerosa cobrindo a dela com violência.

Chocada, Bella mordeu o lábio repugnante, revoltada e apavorada com o ataque. James xingou-a, tentando estancar o sangue que pingava sobre a camisa suada. Levantando o braço, atingiu-a no rosto com as costas da mão e, quando se aprontava para esbofeteá-la de novo, foi puxado de cima dela.

Bella escorregou até o chão, as pernas inca¬pazes de suportar o peso do corpo. Viu que Mary estava a seu lado, amparando-a, enquanto James era arrastado para longe.
—     Algo aconteceu — disse Bella, com os olhos arregalados. — O bebé... — A voz estava trémula de medo.
—     Ela está bem? — Edward se materializou a seu lado, massageando os nós dos dedos, o rosto furioso.
—     Precisamos de uma ambulância — Bella disse, aflita.
—     O que aquele canalha fez?
—     O bebé! — Mary passou a mão sobre a fronte de Bella .
Edward congelou, empalidecendo. Os olhos per¬correram o corpo de Bella, ainda sentada no chão, até alcançarem sua barriga.

—     Não temos tempo, iremos em meu carro — determinou ele, recuperando os reflexos.
Pegou Bella no colo. Enquanto a carregava na direção do carro, ela abriu os olhos, fitando-o sem expressão, como se não o reconhecesse.
A jornada até o hospital foi tensa. Bella sabia que Mary estava a seu lado e lhe dizia palavras de conforto, mas receava que algo terrível esti¬vesse acontecendo.

Edward a levou até a sala de pronto atendimen¬to, sem se deixar deter pelas tentativas dos en¬fermeiros e médicos de impedir seu acesso.Em poucos minutos, Bella estava em uma divisória, sendo examinada por um médico.

—     Está sentindo dor?
—     Agora, não. Meu bebé está morto, não está?
—     Foi o homem que a trouxe até aqui quem fez isso? — O doutor tocou o hematoma no rosto dela.
—     Edward? Claro que não! Foi um bêbado, no estacionamento.
—     Nesse caso, deixarei que ele entre, enquanto ouvimos as batidas do coração da criança.
—     Meu filho está vivo? — indagou, incrédula.

Sentia-se aliviada demais para preocupar-se com o fato de que Edward não deveria estar ali. Quando o monitor eletrônico detectou o leve som da batida do coraçãozinho, Bella pensou que aquela era a música mais linda que já ouvira. Fechou os olhos enquanto lágrimas pesadas e si¬lenciosas desciam por suas faces. Não olhou para Edward, que permanecia quieto em um canto do reservado.

—     Mas eu estava sangrando, doutor.
—     Foi apenas um leve sangramento, não há mo¬tivo para entrar em pânico. Agora, você fará um ultra-som, e eu a verei mais tarde, na enfermaria.

Bella suspirou e tentou sorrir.
—     Obrigada.
O médico desapareceu atrás de uma cortina e os deixou a sós. Bella pousou a mão protetora sobre o ventre. Virou-se para encarar Edward, os olhos desafiadores e cautelosos.

Ele parecia tão desolado, tão abatido que ela estremeceu, apreensiva. Era impossível adi¬vinhar o que ele estava pensando.
—     Eu... Obrigada por livrar-me de James. Pode ir agora. Por favor, diga a Mary que estou bem.
—     Obrigado por me dar permissão — disse ele, em tom sarcástico —, mas irei quando desejar, e não quando você quiser. Sabia que pensaram que eu a havia atacado? O quê, em nome de Deus, passou por sua cabeça quando decidiu sair com James? Nunca imaginei que gostasse de reacender velhas chamas.

Bella piscou, surpresa com o comentário.
—     Eu não estava...
—     Esperava por ele, no maldito estacionamento. Grávida! Como pode ser tão estúpida e inconsequente? Ficar grávida de um homem que bate em você?! Se não se importa em viver em um inferno, tudo bem. Agora, expor uma criança a esse tipo de abuso é irresponsável e criminoso!

Era irónico lembrar como Bella tivera medo de que Edward soubesse sobre do filho. Como ele poderia ao menos imaginar que ela e James...
—     Como sempre, levarei sua opinião em consi¬deração. — Bella tremia de raiva. Ingénua, imaginara que ele saberia, por instinto, que ele era o pai. Agora, sentia-se furiosa pela falta de sensibilidade da parte dele. — Por favor, vá avisar Mary. Ela deve estar preocupada.

Suspirou aliviada quando, para sua surpresa, ele a obedeceu.Edward entrou na sala, justo quando a técnica começava o exame de ultra-som.
—     Estou atrasado, sinto muito. Fui acompanhar Mary até o táxi. Prometi que a man¬terei informada sobre qualquer novidade.

A técnica sorriu, permitindo que Edward per¬manecesse ali. Bella sentiu-se frustrada. Devia ter imaginado que não seria característica dele obedecer com docilidade. Poderia ter feito um es¬cândalo e exigir que o retirassem dali, mas, na¬quele momento, só tinha olhos para a tela do mo¬nitor. Precisava saber se o bebé estava bem.

—     Sente-se aqui, senhor, poderá ver melhor — disse a jovem, prestativa.
Aquilo era demais! Bella estava a ponto de dizer algo quando a moça a interrompeu:
—     Ali está o coração, batendo forte. Bem aqui.
Bella acompanhou todo o exame, fascinada com as imagens na tela.
—     Tudo bem com meu filho?
—     Tudo ótimo! Deixe-me ver, você deve estar na vigésima nona semana, agora — observou a técnica, alheia à súbita tensão que tomou conta da sala. Bella endireitou-se, sem ousar olhar direto para Edward.
—     Não, eu... Acho que não — gaguejou Bella, tentando consertar a situação. Sabia que Edward era astuto o suficiente para chegar à conclusão óbvia, diante daquela informação.
—     Não imagina quantas mulheres acabam er¬rando a data da concepção, senhora. Mas as me¬didas do feto dão uma estimativa sem muita chan¬ce de erro.

Edward não disse nada, apenas olhou para Bella com ar acusador. Ela percebeu a ameaça em cada linha do corpo viril. "O bebé está vivo, e isso é tudo o que importa", disse a si mesma.Quando o médico chegou, ela já estava ves¬tida e sentada no leito.

—     Você terá de ficar aqui, repousando, por duas semanas e fazer exames constantes, mas pode ter certeza de que seu filho nascerá perfeito e saudável.

Repousar por duas semanas! O que faria?
—     Eu me certificarei de que ela cuidará muito bem de si e da criança.
Bella olhou para Callum, assustada. Teria de deixar bem claro que não o queria envolvido em sua gravidez.
—     Verei vocês pela manhã. — O doutor retirou-se.
—     Por que não estou na enfermaria, Edward?
—     Achei que preferisse ter um pouco de privacidade.
—     Não posso me dar a esse luxo.
—     Eu posso. Afinal, é de meu filho que estamos falando aqui. Tenho o direito de opinar, apesar de você não estar considerando meus direitos, não é,Isabella? Quando planejava me contar?
—     Não é de sua conta!
—     Meu filho não é de minha conta? — Os olhos verdes brilhavam, ferozes.
—     Você é o pai biológico, mas seu papel termi¬nou há muito tempo. O que houve entre nós foi casual, um breve momento de loucura.

Bella tentou soar o mais impessoal possível. Não podia deixar que ele notasse sua dor.
A expressão de Edward permanecia dura feito pedra.
—     A criança mudará as coisas.
—     Não para você.
—     Não pense que permitirei que afaste meu filho de mim.
—     Não entendo sua atitude. Até alguns minutos atrás, nem sabia que esta criança existia.
—     E quem é culpado por isso?
—     Quero meu bebé, e você não o tirará de mim! — Encarou-o, com ar desafiador.
—     Do que está falando? — Edward parecia tão descontrolado quanto Bella.
—     Não sou boa o suficiente para ser mãe, lem¬bra? Não me esqueci de sua acusação. Bem, se pensa que deixarei que me afaste de meu filho, está muito enganado. Só porque tem dinheiro, não significa que pode comprar tudo.

Furiosa, enxugou as lágrimas que teimavam erti escorrer-lhe pelo rosto.
—     Acalme-se — pediu Edward, gentil, sentando-se na beira da cama, ao lado dela. — Não é bom que fique tão emocionada.
—     E você quem está tentando roubar meu filho. Ele olhou-a, curioso.
—     Você quer de verdade essa criança, não é? En¬tendo isso. Não sei de onde tirou a ideia absurda de que quero separá-la de nosso bebé. Mas não se esqueça: é meu também. Portanto, não tente me deixar de fora. — Suspirando e tentando controlar-se, continuou: — James May é perigoso. Ele andou vendendo informações para os concor¬rentes e foi demitido hoje. Fique longe dele. Mesmo que não tenha auto-estima suficiente para perceber que James é um mau elemento e quiser continuar com ele, tem de pensar no nené. Não terei remorsos em afastar nosso filho de você se perceber que está colocando a vida dele em risco.

—     Quem pensa que é para me passar um ser¬mão sobre responsabilidade?! Não imaginou as consequências quando nós estivemos juntos na¬quela noite. Além disso, estou grávida de sete me¬ses. Não sei como pode imaginar que minha vida amorosa possa estar tão ativa.
—     Você é uma mulher muito sensual, e o fato de estar esperando nené não alterou isso. Acho que está linda e desejável, apesar da barriga proeminente.

Edward cobriu o rosto com as mãos e ficou nessa posição por alguns minutos. Bella sentiu um impulso de acariciar-lhe os cabelos, de confortá-lo,mas conseguiu controlá-lo. Não podia, de modo algum, aproximar-se ou não resistiria à tentação.
—     É melhor descansar— disse ele, enfim, levantando-se. Rabiscou um número de te¬lefone em um pedaço de papel. — Se precisar de algo, ligue para mim. Contatarei sua mãe e direi o que aconteceu, não se preocupe.

Edward assumiu o comando, e Bella não es¬tava em posição de protestar. Flores frescas eram trazidas todos os dias, dando ao quarto um am¬biente de alegria e paz.
Ele ganhara um aliado em Reneé, a quem hos¬pedara em um luxuoso hotel durante a estada da filha no hospital. A mãe a visitava sempre e elo¬giava muito Edward. Não entendia a insistência de Bella em evitar o pai de seu filho. Em sua opinião, ele era tudo o que qualquer mulher poderia desejar em um homem.

Bella não sabia o que dizer. Como contar à mãe que ele a enganara, fingindo-se de acom¬panhante e atirando-a em uma armadilha?

Edward ia vê-la diariamente, o futuro pai, per¬feito e atencioso, o que só provava a Bella como as aparências eram capazes de enganar.

Certa noite, durante uma dessas visitas, en¬quanto Bella folheava uma revista e dava res¬postas monossilábicas às tentativas de Edward de iniciar uma conversa, ele perdeu a paciência:
—     Pare com isso! Sei que não gosta de mim, mas tem de começar a agir como um adulto e se preocupar com o futuro. Temos de esquecer nossos problemas pessoais e concentrarmo-nos em nossa criança. Minha infância foi estragada pelas cons¬tantes brigas entre meus pais. Minha mãe nunca parou um segundo sequer para considerar os efei¬tos que tal comportamento tinham sobre mim. Não quero que meu filho passe pelo que passei.
—     Está querendo dizer que pretende tirá-lo de mim?
—     Nunca disse isso. Quando vi sua expressão ao pensar que perdera o bebé, descobri que eu estava errado quando disse que não seria uma boa mãe.

Bella fitou-o, surpresa. Nunca imaginara que ele fosse admitir tal fato. Ainda assim, não baixaria a guarda.
—     O que afirmo é que uma criança precisa de um ambiente seguro e saudável, e de ambos os pais.
Bella estremeceu. O que ele estaria sugerindo?
—     Elas não sé sentem seguras com pais que não se gostam, Edward. Por acaso, está sugerindo que fiquemos juntos, pelo bem do bebé? Os meus tentaram isso, por mim, e as consequências foram dolorosas.
—     Estamos falando de nós, não de seus pais. Acho que seria a solução mais lógica.
—     É uma ideia insana!
—     Não estou sugerindo que nos casemos. — Edward parecia irritado com a falta de cooperação da parte dela. — Nós geramos uma vida, e agora temos de ajustar as nossas de acordo.
"Ainda que isso não o agrade...", ela pensou. Ele queria a criança, e ela era apenas a geradora.
—     Você descobrirá que não será tão ruim quanto imagina. Seria difícil para você criar nos¬sa filha como mãe solteira.
—     Vendi as ações que Aro me deixou. — Lu¬tava contra a chantagem emocional que Edward , de maneira tão sutil, fazia. — Não terei preocu¬pações financeiras. Acha que será uma menina?
—     Acho. E, quer queira, quer não, eu serei parte da vida dela, e estou disposto a fazer qualquer coisa para dar a minha garotinha um lar estável.
Edward estendeu a mão e, possessivo, colocou-a sobre o ventre dela. O toque fê-la estremecer e sentir-se zonza, mas também feliz, como se pela primeira vez estivessem compartilhando o filho.

—     Você precisa de mim. Por que é tão difícil admitir? — Seus olhos mostraram uma emoção que ela não conseguiu decifrar. — Ela se mexeu! — exclamou, afastando-se como se hou¬vesse levado um choque.
—     Tudo bem. — Bella pegou seu pulso e guiou-o de volta ao ventre. — Parece estar certo de que será uma menina.

Edward sorriu ante o gesto instintivo de Bella.
—     Minha alma me diz — assentiu, com suavi¬dade. — Então, deixará que eu cuide de vocês?
Franzindo o cenho, Bella fitou o homem que amava.
—     Como será nossa vida?
—     Nós daremos um jeito. Um passo da cada vez. Tenho certeza de que duas pessoas inteligen¬tes podem chegar a uma solução adequada.

O problema era, refletiu Bella, que uma da¬quelas pessoas inteligentes estava apaixonada. Aquele fato parecia cancelar qualquer manifesta¬ção de racionalidade que ela pudesse ter.
Apesar das preocupações, Bella concordou. Que alternativa teria? Tinha de pensar no bebé. Quanto demoraria para que Edward descobrisse o que sentia por ele? Estremeceu ao imaginar como ficaria vulnerável então. "Bem, terei de cui¬dar para que ele nunca descubra o que sinto."

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Notas finais do capítulo

E aí?
O que acharam?

Já sabem

Reviews = mais capítulos.

Bjs