Legado de Uma Paixão escrita por BrinaBella


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, adorando saber que estão gostando da história, esses dois tem o temperamento bem forte mesmo, mas muitas surrpresas vem por aí para que tudo dê certo.Lá vai mais um pouquinho, espero que gostem.Bjs



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/58840/chapter/7

—     Parece que você é bem conhe¬cido neste lugar — Bella observou, depois que Edward pediu o vinho, sem consultá-la. Pelo menos, deixara que ela escolhes¬se o que comeria, sem interferir.
—     Estou hospedado aqui.

Ela sentiu uma pontada no peito ao saber que Edward tinha um quarto bem perto dali. Sen¬tia a musculação tensa.
—     Pode beber. — Edward apontou para a taça de vinho, que ela não tocara. — Não pretendo embebedá-la. Senão, acabará dormindo. Pensa que não me lembro?
—     Você se diverte fazendo-me lembrar daquela noite...
—     É sempre tão rigorosa consigo mesma?
—     Deixarei que descubra. — Bella se sur¬preendeu com a pergunta.
—     Não lhe farei nenhuma concessão só porque temos uma relação pessoal.
—     Não temos, não! — Amassou o guardanapo com os dedos trémulos.
—     Isso frustrou suas expectativas. Na verdade, queria dormir comigo.
Bella observou com evidente ressentimento o rosto seguro e soberbo dele.
—     Considera-se irresistível, não? Chega às raias do patético.
—     Ao menos você deixou... Como é que ele se chama? Mike! Deixou-o enciumado. Não era isso o que tinha em mente?

Bella mordeu o lábio, enfurecida com o tom de superioridade dele.
—     Já que estamos falando do que é patético...
—     Eu não estava preparada para pagar aquele preço, Edward.
—     Na hora, me pareceu bastante satisfeita. Não venha criticar minha moral, Bella. Você é suscetível ao mesmo tipo de apetites que qualquer um de nós, reles mortais.
—     Pensei que quisesse um relatório, sr. Cullen.
—     Sou todo ouvidos.
Encostando-se no espaldar da cadeira, Edward pousou nela o olhar desconcertante e atento. Ou¬viu em silêncio, só a interrompendo para fazer algumas questões pertinentes. Quando Bella acabou, ele elogiou-a:
—     Você trabalhou como uma abelha, não?
—     Já era hora de reconhecer minha eficiência.—     ela levou à boca o garfo com um pouco de musse de aspargos.

Edward riu, satisfeito.
—     Estou impressionado. Melhor assim?
—     Muito — ela assentiu, com ar sério, notando que Edward era ainda mais atraente quando ria.
—     Pensei que estivesse com fome. Você não tocou na comida.
—     Se houvesse tocado, você teria reclamado que não dei a devida atenção a seu relato. Não me trata com a deferência que espero, Bella. Nunca fui tantas vezes chamado de senhor como desde que cheguei aqui.
—     Não vejo por que me juntar aos bajuladores. Já fui demitida, não fui?
—     É você quem está dizendo.
—     Só estou me adiantando. Ou devo esperar que diga que não tinha a intenção de me despedir?
—     Havia me esquecido de que você agora é uma mulher de negócios e que pode se dar ao luxo de ter comportamentos precipitados.
]
O cínico movimento dos lábios, tal como as pa¬lavras de Edward, fizeram desvanecer a breve ilu¬são de harmonia.
—     É fantástico! Nunca mais precisarei dormir com meu chefe. Que alívio! — Bella desabafou.
—     Pensei que houvesse decidido abraçar os ne¬gócios de Aro e defender os interesses dele. Ou foi apenas um alarme falso? É uma garota tão versátil, que até me levou a acreditar em você. Sou seu chefe agora. Poderia dormir comigo. Mas não irei colocá-la em meu testamento, nem irei promovê-la.

Apesar de não ter cabeça para decidir se ele a estava insultando ou apenas brincando, Bella desejou arrancar aqueles cílios espessos daquele rosto inesquecível.
—     Se é assim, é lógico que não valerá a pena para mim. Além disso, não disse que será Peter Llewellyn quem cuidará da agência no futuro? Então, passarei a usar meus dotes para seduzir Peter. A propósito, admiro você por admitir que não está à altura da tarefa de administrar a empresa.
—     Não vejo graça em me importar com uma nova embalagem de chocolate ou a imagem de algum político reciclado. — Edward suspirou. — Entenda como quiser. A Cullen´s precisa de al¬guém dinâmico ao máximo, e não há ninguém lá que preencha essa nessidade. Ao menos tendo Peter, não precisarei ficar gastando meu tempo por aqui. Aro sabia que eu não iria seguir os passos dele, mas tinha certeza de que não des¬truiria o que ele construíra. Meu tio não teve fi¬lhos. Acho que a agência foi a contribuição dele para a posteridade.
—     Para mim, isso é muito melancólico.
—     Eu também acho.
Bella sentiu-se ressentida com a maneira dis¬tante com que Edward se referira à empresa.
—     E lógico que fica mais feliz podando parreiras e colhendo uvas. — Por algum estranho motivo, de súbito Bella teve a imagem nítida de Edward em uma escada, a pele brilhando sob o sol intenso, e acabou perdendo o fio da meada. Sentiu a garganta seca e, depressa, levou a taça até os lábios e tomou um gole do pálido líquido. Os filhos de Edward se¬riam concebidos em um insensível casamento por conveniência, se fosse verdade o que ele dissera.
—     Gostou?
Bella se assustou com a indagação, mas ba¬lançou a cabeça, sentindo na língua o sabor dis¬tinto e aveludado do vinho. Respirou fundo e endireitou-se na cadeira.
—Então significa que cuidei bem da propriedade — disse ele, vendo que os olhos dela pousaram no rótulo da garrafa. — Um ótimo Chardonnay, mas nosso Botrytis Semillon é o melhor que já produzi¬mos. E um vinho intenso, que acho que pode ser comparado ao melhor Sauternes disponível. No sul do País de Gales o clima não é semelhante ao do sul da França. Em Wollundra, por exemplo, temos sorte com nosso clima. É uma região montanhosa. Penso que você encontrará nossos rótulos na maioria das melhores cartas de vinho.

Edward parecia empolgado, falando sobre seu ramo de atividade. Ela o ouvia, atenta.
—     Quanto à vinícola... Bem, você tem razão, é uma fazenda, e muito grande. Participo de cada estágio, desde a plantação até a distribuição e comercialização. E gratificante ver o resultado fi¬nal de meu trabalho e saber que o rótulo é con¬siderado uma garantia de qualidade.
—     Cada um em sua especialidade. Você tem tudo isso e, ainda assim, irá para a França para começar tudo de novo. Algumas pessoas nunca estão satisfeitas.
A sua maneira, Edward ansiava pelo sucesso, assim como Aro, ela deduziu, com pesar.
—     Gosto de desafios. Wollundra está em boas mãos.
—     Se tem um irmão, Edward, por que Aro não deixou a agência para os dois? Imagino que seja mais velho que você. — Bella pensou que poderia tirar vantagem do raro humor expansivo de Edward para satisfazer sua curiosidade.
—     Por que acha que é assim?
—     Ele tem a propriedade, não é? O filho mais velho herda o reino.
—     Jasper é meu irmão caçula. Meio-irmão, na verdade — acrescentou, com um brilho de tristeza no olhar.
—     Então, por que...
—     Você é bem curiosa, hein? — Edward inclinou-se sobre a mesa. Seu olhar estava à altura do pescoço dela, seguindo o rumo natural até a elevação dos seios dela. As grandes e hábeis mãos se fe¬charam, e os nós dos dedos esbranquiçaram.

Uma excitação ilícita quase sufocou Bella, que se imaginou sendo acariciada por elas. Na¬quele clima sonhador, suspeitou que a imaginação de Edward estivesse seguindo o mesmo rumo.
—     A irmã de Aro, minha mãe, é Elisabeth Cullen.
—     A cantora de ópera! — Bella suspirou, ali¬viada por haver se libertado da fixação sensual.

Por um lado, Elisabeth não parecia ter idade para ser mãe daquele raro espécime da natureza humana; por outro, Aro nunca dissera uma pa¬lavra sobre a irmã famosa.

—     Mamãe passou o primeiro ano de minha vida em Wollundra, antes de concluir que sua carreira era mais importante do que um marido e um bebé.— O riso de escárnio de Edward e a manifestação de suas emoções despertaram em Bella uma reação de empatia. — Meu pai ficou arrasado. Mas, para sorte dele, conheceu Esme, a mãe de Jasper, e o final feliz aconteceu. Quando papai se casou de novo, de súbito, minha mãe quis reatar os laços maternais, e minha presença ao lado dela tornou-se essencial para sua felicidade.

O sorriso irónico se apagou.
—     Ela não teria sua "família feliz", mas Esme, com toda a certeza, também não. Depois disso eu apenas ia a Wollundra nas férias, poisElisabeth não conseguia encontrar ninguém para cuidar de mim. — O ressentimento era evidente, e fez Edward emudecer.
Bella admitiu que aquilo exigira dele abne¬gação e esforço.
—     Jasper cresceu na propriedade, ela lhe perten¬ce. — Edward abriu os braços em um gesto expansivo e elegante. — Papai queria assim...

Ele parou e balançou a cabeça, desanimado. Bella sentiu vontade de afastar uma mecha que caíra sobre a fronte dele.
—     Consegui o que desejava: o pedaço de terra onde vovó começou o vinhedo, quando sua família era pioneira na região. — Edward abriu um sorriso
carismático. — A história de uma vida! Satisfeita?

Bella teve a impressão de que ele la¬mentou haver lhe contado aqueles fatos, mas a imaginação fértil preencheria "as lacunas por si mesma. Pensou no menino tirado da terra e da família que amava, manipulado como um acessó¬rio de uma estrela célebre.

Muitas pessoas teriam crescido odiando o meio-irmão, que lhe tomara o lugar. Mas Bella só percebeu afeto na voz dele quando se referia a Jasper. Estava explicada a antipatia que Edward tinha por ela: ele compa¬rava o que julgara ser uma ambição grosseira com a daquela famosa diva.

—     Seu pai deveria saber como sua mãe era quando se casaram.
—     Papai estava cego de amor — Edward justificou, com menosprezo. — Ou, no mínimo, desconfiava que a forte atração sexual não seria suficiente para suportar as dificuldades da vida. Como nós, eles sentiam um pelo outro um apelo selvagem e, depois de tudo, nada mais fizeram do que trocar cartões de boas festas. Poderiam ter evitado muito sofrimento se houvessem percebido isso antes de se casar.

Aquela repentina referência à situação deles a deixou perplexa.
—     Talvez seus pais não possuíssem esse divino poder de prever o futuro que você possui. Fique tranquilo, pois não corre perigo algum, Edward. Não tenho a mínima intenção de manter uma relação, selvagem ou o que quer que seja, com você.

O sorriso feroz que ele esboçou em resposta ao comentário que Bella fizera abalou seu sexto sentido, vendo aquilo como um mau presságio.
—     Talvez eu não tenha sido bom o suficiente para você na cama, querida.
Bella enrubesceu diante dos olhos verdes, paralisantes e inquisidores.
—     Quer que eu dê uma nota a seu desempenho?
Edward se mexeu na cadeira e puxou com força a gravata de seda que usava. Aquilo, ao menos, demonstrava que não se sentia totalmente seguro.
—     Prefere continuar fingindo que nada aconte¬ceu entre nós?
—     Com relação a mim, nada, nada de maior importância — Bella respondeu, inflexível.
—     É um desafio?

Tomada por um desespero mudo, ela fixou o olhar nos dedos fortes.
—     Não confunda importância com desejo, Bella.
—     Desejo?
—     Só estou frisando o que ambos já sabemos —- continuou, inexorável.
—     Estamos falando sobre uma única noite, Edward. Muito boa, mas não marcante a ponto de me fazer perder o sono. Pode ser chocante para você, mas nada de errado aconteceu em minha vida antes de conhecê-lo.
—     Com certeza. Deve ser tão perfeita que pre¬cisou de um acompanhante para salvar sua pele. Deve ter exasperado seu namorado com suas in¬fidelidades a ponto de afugentá-lo. O rapaz estava louco por você, todo mundo percebeu.
—     Não estava! Para sua informação, Mike acha¬va que eu era frígida. — Bella fechou os olhos e, sem perceber, gemeu pela dor e amargura que sentira ao fazer aquela confissão.
—     Verdade? — Edward meneou a cabeça. — Que interessante!
—     Amor e sexo não são a mesma coisa.
—     Talvez, mas amor, com certeza, não é aquela emoção pura que você acha que é. Você se apai¬xonou por aquele sujeito porque ele tinha todas as qualidades que achava essenciais? Acreditou nele quando a acusou de frigidez? Deve ter achado que era ele o culpado.
—     Que dizer que eu deveria tê-lo comparado a meus antigos amantes? — ironizou.
—     Pelo menos poderia ter feito de conta.
—     Não sou fingida!
—     Você acabou de esclarecer uma dúvida que me torturava. — Suspirou, fingindo-se aliviado.
Bella prendeu a respiração, indignada. Edward sabia como manipulá-la, isso estava claro.
—     Você não é sensível o suficiente para ter dú¬vidas, Edward.
—     Não acredito que uma mulher sensual como você estivesse disposta a se casar com um amante sem imaginação.
—     Mike não é nada disso! — Tentou ignorar o fato de que Edward a chamara de sexy, pois aquilo a fazia sentir-se ainda mais vulnerável. — Além do mais, pensei que não considerasse que o amor tivesse algo a ver com o casamento.
—     É verdade, mas casar-se com alguém por quem não se sente atração sexual é apenas uma complicação desnecessária. Um homem que a con¬sidera ineficiente na cama só pode ser um com¬pleto idiota! Há algo em você que desperta a fan¬tasia de qualquer um, Bella. Um calor e um mistério... — A chama dos olhos dele era calorosa e brilhante. — De minha parte, não fiquei nem um pouco desapontado Ou será que necessita do anonimato para poder se liberar por completo? Isso a excita?

A especulação fria deixou-a enojada. De modo algum confessaria que Edward fora o único que já a fizera sentir-se entregue e realizada.
—     Não há como enganá-lo, não é? — provocou, brava. — Quem precisa de psicólogos quando te¬mos Edward Cullen?
—     Não sou um especialista, querida, mas per¬cebo as coisas melhor do que você. Por que des¬preza sua mãe? Por ela ser uma mulher cheia de energia e generosa, capaz de expressar seus sentimentos? Não acho que está em posição de criticá-la.

Aquele comentário a aborreceu.
—     Se ser uma mulher cheia de energia e generosa significa ficar mendigando companhia, obrigada, fico feliz por haver pulado esse estágio de desenvolvi¬mento. —

Sozinha em seu quarto, Bella ouvira a mãe chorar durante noites inteiras, e sempre em virtude de um homem a haver magoado.Ela fora estúpida uma vez, confiando em Mike, acreditando que ele fosse diferente. Mas pro¬vara que não merecia confiança, e a ferira demais.
—     Entendo porque os homens preferem mulhe¬res tão cheias de vida, Edward. Vocês são criaturas tão queridas e confiáveis... Quem pode culpar mi¬nha mãe? Não a desprezo, tenho pena dela por acreditar em pessoas como você!
—     Não me lembro de haver abandonado alguma mulher enquanto ela dormia.
—     Qual o problema? Gostaria que eu houvesse discorrido sobre quão maravilhosa foi a nossa noi¬te? Ou só queria ter tido a chance de me dizer como fui tola?

Nunca o perdoaria por haver passado por idiota. Edward a manipulara desde o instante em que se conheceram, e ainda a manipulava. "Fui uma cre¬tina. Deveria ter fugido e deixado que você des¬truísse a empresa de Aro", pensou, sentindo lágrimas quentes inundarem-lhe os olhos.
—Vou embora. — Bella colocou o guarda¬napo sobre a mesa. Levantou-se de súbito, certa de apenas uma coisa: tinha de se afastar da presença dele.

Ele seguiu seu exemplo. Silenciou o protesto do garçom com um olhar arrogante.
—Não irá a lugar nenhum sem minha permissão. Está certo, vamos esquecer o jantar e discutir nosso problema de comunicação em al¬gum lugar menos movimentado.

Furiosa, Bella não lhe deu ouvidos. Edward seguiu-a através do salão até a rua. Alcançou-a com facilidade e a agarrou pelo braço, forçando-a a ficar de frente para ele.
—     Vejo que sente um prazer sádico em enlou¬quecer os homens.
—     Homens?!
—     James May, meu tio...
—     James me odeia, e seu tio nunca... — Ela enrubesceu, indignada. — Aro sempre agiu como um cavalheiro.
—     Foi isso o que o matou tão cedo. — Edward sentia uma necessidade enorme de feri-la.
—     Isso é ridículo e absurdo!
—     Pode ser. Mas é verdade. Seja honesta uma vez na vida e admita que quer o mesmo que eu. Obedeça a seus instintos.
—     Está me pedindo para confiar em você?
"Só se eu fosse louca!", pensou.
—     Ed! — A saudação festiva fez Edward virar-se, não conseguindo disfarçar a zanga. — Ora, como estamos atrasados!

Um jovem alto e loiro, de queixo quadrado, igual ao de Edward, cumprimentou-os, sorridente.
—     Apresente-me esta jovem adorável.
—     Olá de novo. — A garota morena que Bella encontrara no escritório aproximou-se do grupo, com um largo sorriso no rosto. — Tentei conter Jasper, mas sabe como é... meu marido não é famoso por sua discrição. Ed, querido. Céus, Jass, ele parece extasiado por nos ver!

Alice deu forte abraço em Edward e, rindo, ele correspondeu, relaxando. Mas, quando olhou para Bella, ela notou sua frustração.
—     Chegamos em má hora? — Confuso, Jasper fitava ora Edward, ora Bella.
Alice riu.
—     Jasper ficou no final da fila quando Deus dis¬tribuiu a intuição, pobrezinho... Quer uma bebida, Ed, ou prefere que eu leve Jasper embora?

A pergunta direta e a curiosidade nos olhos de Jsper estavam deixando Bella embaraçada.
—     Para dizer a verdade, preciso ir para casa — ela adiantou-se.
As súplicas do jovem casal para que ficasse fo¬ram interrompidas por Edward:
—     Não!
Bella sentiu a raiva explodindo por todos os poros.
—     Mas que autoritário! — observou Jasper, num tom que não disfarçava a surpresa ante o com¬portamento estranho do irmão.
—     Em minha opinião, rude e arrogante seriam adjetivos mais apropriados — opinou Bella, re¬cobrando o controle.
—     Verdade... mas Ed nunca disfarçou esse seu lado indelicado — explicou o jovem Jasper, ignoran¬do a fúria assassina do irmão. — Qual é seu nome? Parece-me uma moça de bom senso. O que está fazendo com meu irmão?

Enquanto se dirigia a Bella, Jasper passou um braço sobre os ombros dela. Era um tipo de charme bastante diferente do de Edward e, à vontade, ela correspondeu à piscada e à tentativa de aproximação.
—     Sou Isabella Swan, mas pode chamar de Bella.
—     Então vamos, Bella. Junte-se a mim e minha esposa para um drinque. Estamos celebrando. Pode vir também, se quiser, Edward.

Sem saber como, Bella foi levada ao bar e sentou-se em meio ao clã Cullen. Jasper era exu¬berante, e Alice tinha o senso de humor invejável. O casal havia aceitado Bella como se fosse na¬morada de Edward, o que a incomodava um pouco. Seria bom se fosse verdade.

—     Estão aqui de férias? — perguntou ela, ten¬tando ignorar Edward. Às vezes, era como se ele pudesse ler seus pensamentos. Sentia-se exposta ao lado dele, como nunca se sentira antes.
—     Lua-de-mel atrasada — respondeu Alice, sorrindo na direção do marido. — E a primeira vez que conseguimos escapar. Wollundra é aman¬te de Jasper.
O tom de voz era brincalhão, indicando que Alice apreciava a dedicação do marido ao trabalho.
—     São casados há muito tempo? — Bella teve de reprimir um onda de ciúme ante a óbvia inti¬midade amorosa entre eles.
—     Três anos...
—     ...dois meses, cinco dias e... —Jasper olhou para o relógio de pulso — ...cinco horas e vinte e sete minutos.

Ele estendeu a mão, segurando a da esposa e levando-a aos lábios.
—     Como está Esme, Jsper?
—     Mamãe é a mesma de sempre. Mandou-lhe lembranças e pediu que vá visitá-la em breve. Expliquei a ela que você está ocupado, bancando o executivo. Já conseguiu controlar a situação?
—     Estou tentando. — Edward fitou Bella, especulativo.
—     Aro era uma figura rara. E óbvio que era irmão de Elisabeth. Foi até Wollundra há alguns anos para visitar Edward — Jsper explicou para Bella. — Era como a visita de Sua Alteza real mas levou sua assistente pessoal em vez de um camareiro, e ela...
—     Antes que você continue, querido irmão, acho que devo lhe avisar que Bella foi assistente pessoal de Aro até a morte dele — interferiu Edward, com brandura.
Jsper abriu e fechou a boca duas vezes antes de recuperar a voz.
—     Será que alguém poderia cavar um buraco para eu me enterrar? Não tive a intenção de ofen¬der,Bella.
—     Não se preocupe, já me acostumei com esse tipo de insulto — ela o tranquilizou, olhando de maneira significativa para Edward.
—     Qual era o nome dela?
—     Srta. Jones.
—     Bem, Aro sempre teve faro para um bom par de... pernas. Veja bem: Bella usa saias bem mais longas, pelo menos no trabalho. Na verdade, é quase como se estivesse usando um uniforme, sobretudo com a ajuda dos óculos. Precisa deles?
—     Sofro de miopia, Edward.
—     Isso explica por que aceitou sair com você, Ed. — Jasper deu um tapinha no ombro de Edward.
—     Mudando de assunto, mamãe ficou radiante quando soube da notícia. Eu a avisei que terá de mudar seu jeito, agora que será avó.
—     Sua petulância é quase insuportável — ob¬servou Edward, rindo. — Até parece que ninguém nunca produziu um bebé antes.
—     Com certeza não um tão talentoso e excep¬cionalmente lindo quanto será o nosso.
—     Parabéns! — murmurou Bella.

Agora entendia o ar de felicidade do casal. Será que a criança herdaria o queixo obstinado dos Cullen?, perguntou-se, sem perceber que um riso melancólico brotara em seus lábios.

—     Seu instinto materno foi despertado, Bella? — brincou Jasper. — Tome cuidado, Edward.

O jovem não percebeu a brusca queda de tem¬peratura ao redor da mesa.
—     Bella é uma mulher de carreira, Jass. Du¬vido que o instinto materno a mantenha acordada durante as noites. — Era óbvio que Edward de¬saprovara a observação pouco sutil do irmão.
—     E mulheres de carreira não podem ter filhos? —     inquiriu Bella, magoada.
—     Há escolhas na vida das quais não podemos escapar. Ter uma criança só por vaidade seria uma grande prova de egoísmo. Você não abando¬naria seu emprego para se dedicar aos filhos, não é? Não faz seu género.

O silêncio incómodo foi quebrado por Alice:
—     Só os homens não conseguem fazer malaba¬rismos, Edward. As mulheres têm feito isso há anos.Além do mais, apoio a divisão de tarefas. Jass está louco para desfrutar da experiência de trocar fraldas.
—     Estou?
—     Não sou sua mãe, Edward Cullen — disse Bella, ignorando por completo o comentário pa¬cífico de Alice. — Portanto, não desconte sua agressão em mim. Meus instintos maternais, ou a ausência deles, não são problema seu. Na ver¬dade, nada do que faço é.

Contendo uma gargalhada histérica, Bella levantou-se e saiu apressada. Edward não tentou impedi-la.Antes que conseguisse pegar um táxi, Alice a alcançou. Parecia preocupada.
—     Não vá, Bella!
—     Por acaso Edward pediu que viesse atrás de mim? — Notando a expressão embaraçada de Alice, Bella acrescentou: — Imaginei que não.
—     Sei que ele exagerou. Às vezes não age como um homem moderno, mas gosta de mulheres. — Ela parecia confusa, sem saber o que dizer. — Você tocou em um ponto fraco quando mencionou a mãe dele.
Bella respirou fundo e olhou direto para ela.
—     Ele não gosta de mim,Alice. Mas, mesmo assim, quer dormir comigo. Esse é o problema.
—     Gosta dele?
Bella engoliu em seco, tentando controlar a forte emoção que a assolou.
—     Sim, mas... — Empalideceu, percebendo o que quase admitira.

Não ele, não Edward. O destino não poderia ser tão cruel! Deu o endereço ao motorista e entrou no táxi.Bella não precisou completar a frase, que foi recebida por Alice com uma expressão condoída. Bella sentia-se segura de que a outra mulher não trairia sua confiança. Alice parecia uma pes¬soa sensível e bondosa.

Cruzou os braços, procurando confortar a si mesma, enquanto lágrimas rolavam pelas faces lívidas. O que deveria fazer? Sua vida estava to¬talmente fora de controle!

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eo que acharam?

Gostaram?

Já sabem....

reviews = mais capítulos!!!!

Bjs