Eternity escrita por sallyssong


Capítulo 40
This can't be the end.




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    Catherine estava acorrentada em uma cadeira, no meio daquela ampla sala. Estavam em uma imensa mansão longe de Londres. Ficava escondida por um bosque, por isso, deveria ser difícil achá-la. Tinha um ar antigo, os móveis, a decoração... Tudo lembravam-na muito a era vitoriana. Um pouco mais sombria. Tentou mexer os braços, porém, as feridas que a prata causavam-lhe doía demais. Thomas estava parado a sua frente, sorrindo como sempre.

- Gostou daqui? Eu simplesmente adoro esse lugar! – Thomas dissera, ainda sustentando seu sorriso macabro. Catherine encarava-o friamente. Thomas iria pagar por isso. E a hora dele iria chegar logo.

Dois homens – amigos de Thomas – estavam parados logo atrás dele. Um na entrada principal da casa, e o outro em frente a um corredor escuro. Catherine observara tudo por vários minutos.

- Onde está Matthew? – Catherine falara séria com sua voz firme. Thomas deu um leve suspiro e logo em seguida reergueu seu sorriso debochado.

- Está lá, depois do corredor. Quer ir vê-lo? Acho que não vai dar, por enquanto. Falta exatamente 15 minutos para o nascer do sol. – Thomas deu a volta em passos calmos por trás de Catherine e parara, segurando os longos cabelos dela para o lado. Aproximou seus lábios da orelha da menina e sussurrou:

- Matthew queria tanto sua vida humana. Sentia falta das pequenas coisas que a humanidade lhe proporcionava... Eu irei lhe dar a principal delas. Ver o nascer do sol novamente. Não é magnífico? – Thomas deu um pequeno beijo no lóbulo da orelha da menina, que se remexera com força, fazendo as feridas do seu braço aumentarem. Thomas andou em direção a janela e parou a frente de Catherine. A casa era totalmente fechada. Até as janelas eram. Não dava para passar um raio de sol. Catherine não sabia como ele iria fazer isso com Matthew. Deveria ser blasfêmia. Tinha de ser. Tantas horas dentro daquela casa havia feito-a perder a noção do tempo. Se lhe perguntassem, não saberia dizer quanto tempo estava alí.

- Tenho de te dizer que é um desperdício com Matthew. Beleza rara, exótica. Chama a atenção facilmente... Matthew, Matthew... Poderia ter aproveitado dele um pouco, mas... Que seja! Tenho a eternidade inteira pela frente para encontrar outras belezas exóticas, não é mesmo? – Thomas falara em um tom alto, sorrindo para a menina, que o encarava raivosa. Catherine tinha a expressão diabólica. Thomas tinha certeza que se ela fosse solta, em menos de um minuto estariam todos caídos pela sala. Mas ela não seria. Não depois de um plano perfeito.

- Você sabe que eu irei lhe caçar até o fim da sua... Morte. – Catherine falara em um tom de voz baixo e sombrio, porém firme. Thomas deu uma pequena gargalhada e inclinou a cabeça para o lado, sorrindo irritantemente.

- Acho que você não entendeu, Catherine. Para uma anciã, você é realmente muito atrasada. Eu achava que seria mais esperta, tenho de confessar. Você não vai me caçar porque você não irá se soltar. – Thomas completou. – E eu já sei o que devo exatamente fazer. A camarilla não irá me caçar, pode ficar tranqüila. Sabe o que eu acho? – Thomas chegara novamente perto de Catherine, inclinando-se para frente e erguendo seu rosto na altura do rosto dela. – Que seríamos uma bela dupla. Eu e você. Eu aprendo rápido, acho que já deu para perceber. Se tivesse me escolhido um pouquinho antes do meu criador... Matthew não foi uma boa escolha. Ele e esse papinho de mortalidade, piedade com os humanos e nhenhenhenhe. Juro que ficava enjoado. Mas, você não terá de se importar com isso! – Thomas sorrira, demonstrando falsa alegria. Voltara à posição anterior e olhara no relógio. – O tempo passa incrivelmente rápido. – Thomas falara sorrindo. E foi aí que ele escutou o grave barulho da enorme corrente de prata caindo no chão. Sua expressão mudou de sorridente para assustada. Não podia ser.

 

   Matthew observara o lugar aonde se encontrava. Era um cubículo com uma enorme porta de madeira que dava para a casa. Totalmente trancada. No teto, havia uma janela só com grades, enorme, por onde ele podia ver o céu estrelado. Sentou no canto ao lado da porta e ficou pensando. Não podia dizer que viveu uma vida “feliz”. Havia terminado com sua namorada um pouco antes de criar sua louca obsessão pela procura dos seres das trevas. Gostava da história dos vampiros, lhe encantava. Nunca pensou na possibilidade de tornar-se um. Mas é claro, uma completa bobagem isso! Balançou a cabeça e irritou-se por um momento. Se Catherine não tivesse transformando-o, nada disso teria acontecido. Mas, ele não teria conhecido-a. Gostava dela. A amava. Como amar um ser que fez tanto mal para ele? Oras, não poderia explicar... Era estranho. Poderia sair de casa quantas vezes fosse, mas, ele sempre voltaria. Era nela, nos olhos azul-acinzentados profundos que mais lembram-na mares no dia de tormenta, nos lisos e tão negros cabelos quanto a noite, no rosto angelical. Na face, estampava uma menina. Uma criança de 16 anos. No interior, um espírito de mulher madura e diabólica. Que também sabia ser doce. Suspirou profundamente e abaixou a cabeça, apoiando-a nos joelhos dobrados. Sentiu uma leve brisa passar e bagunçar seus cabelos. Ficou mergulhado em pensamentos durante alguns minutos. Tanta coisa tinha para dizer. Foi quando ouviu um barulho já conhecido por ele, que estava esquecido, depois de tanto tempo. Pássaros cantando. O sol estava nascendo. Olhou para cima esperando contemplar o belo espetáculo. Sentiu os primeiros raios solares tocarem sua pele, criando algumas queimaduras, que foram se alastrando. A dor era insuportável. Fechou os olhos e soltou um grunhido de agonia.

 

 

   Catherine corria em uma velocidade absurda pelos enormes cômodos da casa. Não achava onde ele estava. Tudo estava um breu e em um completo silêncio. Estava perdida. A casa era enorme. Entrou em uma porta e pôde ver um enorme quarto. Olhou para o local totalmente escuro e fechou-a novamente, continuando sua procura. Passou por um imenso corredor e viu uma porta de madeira no final do mesmo. Por debaixo dela poderia ver uma pequena claridade. Era a lua. Mas, Thomas havia dito que o dia estava nascendo. Ela mentiu. Catherine fez uma enorme força e abriu a porta, ficando estática em seguida. Era como se fosse uma estátua do homem. Aproximou-se cautelosamente e tocou com a ponta dos dedos, vendo a enorme figura um pouco deficiente explodir-se em pó. Ajoelhou-se e abaixou a cabeça, tocando o chão com a mesma. A luz da lua invadia o lugar e ela sentia algo escorrer de seus olhos. Elevou a cabeça e tocou a ponta dos dedos no rosto, observando-os em seguida. Sangue. Lágrimas de sangue desciam livremente pelo seu rosto. Nunca havia chorado. Matthew. Seu menino. Ouviu passos apressados atrás de si e um enorme vampiro, o mesmo que havia falado com ela no ninho de Kurt, aproximar-se. Não ligou. A profunda dor que seu coração inexistente sentia, era demais para ela. Doía por dentro. Mais do que os ferimentos do sol, mais do que a maior fé que um dos melhores religiosos poderia ter. Era a dor da perda. Ele se aproximou dela, ainda recuperando-se dos ferimentos que a menina havia feito. Não havia matado o homem. Saíra correndo procurando direto por Matthew. Ele puxou-a pelo pescoço, segurando depois em seus cabelos. Catherine tentou debater-se, mas perdeu o ânimo ao olhar novamente para onde Matthew havia habitado por pouco tempo. Quando tentou soltar-se, o homem a jogou em um caixão. Os olhos de Catherine arregalaram-se e ela gritara várias vezes “Não”, até ser trancada no mesmo. Debatia-se alí dentro, socando a tampa diversas vezes.

- O que fazemos com ela? – O homem perguntou para Thomas, que aparecera atrás dele, recolocando um de seus braços. Os ferimentos em seu corpo eram enormes, estavam sarando bem devagar. Olhou com desprezo para o caixão, ouvindo atentamente os gritos de desespero da jovem.

- Enterre. Bem longe daqui. Não quero mais saber nunca mais desse demônio. Merece muito mais do que a segunda morte. Pronta para agonizar pela eternidade nesse caixão, Catherine? – Thomas gritara e passara uma de suas mãos pelo rosto, sujando-a de sangue pelo imenso ferimento que havia alí. O homem que estava junto com ele pegou o caixão com ambas as mãos e foi caminhando para fora da casa, em direção ao lugar onde enterraria a menina. Catherine parou de debater-se e ficou observando atenta a tampa do caixão. Fechou os olhos e sentiu ainda as grossas lágrimas vermelhas mancharem sua pele alva.

Então era assim? Esse seria o final? Doeria menos se soubesse que Matthew estaria vivo. Doeria muito menos.


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Notas finais do capítulo

Falaê gente! Bom, esse é possivelmente o último capítulo de "Eternity"... Mas, se vocês quiserem, eu posso tentar fazer uma continuação. Nessa fic mesmo, ou então, faço outra como continuação. Vocês que sabem! Comentem me falando o que vocês preferem: Continuação nessa fic; Continuação em outra fic; ou então esse como o fim mesmo. Beijinhos e espero que tenham gostado da fic! Até mais.