Before - League of Legends II escrita por Ricardo Oliveira


Capítulo 6
Fuga




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Ok. Nem sempre “eu tenho um plano” significa “eu tenho um plano”. De vez em quando, nem você mesmo sabe quando tem um plano. As coisas meio que fluem. Isso nem sempre é bom. Eu fui surrado e preso, mas não revistado. Se eles fossem um pouco mais profissionais, eu teria que ir para o plano B.


– Obrigado, Isabel Adhit. – Sussurrei para mim mesmo, ao tatear o pequeno cubo mecânico dentro de meu bolso. Como eu disse, não era o meu tipo de invenção, mas servia muito bem. Ao apertar o botão, desapareci.


Os ionianos deixados para nos vigiar obviamente não estavam acostumados com prisioneiros desaparecendo. Se estivessem, não reagiriam como reagiram. Não que abrir uma cela aparentemente vazia para ver o que aconteceu seja uma ideia ruim, para homens medíocres, sabe? De qualquer forma, foi uma boa oportunidade para sair de lá, mas não sem antes derrubar o homem que, literalmente, não viu o que o atingiu.


O outro, mais surpreso ainda (talvez eles tivessem medo de fantasmas), não teve uma reação muito melhor quando eu o atingi. Depois de desligar o pequeno cubo e ficar visível novamente, peguei o molho de chaves no chão, exibindo-o satisfeito para Riven. A expressão dela não demonstrou muito.

– De nada. – Falei, ao libertá-la, ganhando apenas um olhar mal humorado. Ela não era tão alta ou tão forte, mas eu notava pelas roupas que era uma guerreira. Uma prisioneira de uma guerra que, algumas horas antes, não me afetava.


– Então, o que fazemos a seguir? – Ela perguntou, olhando para os lados, impaciente.


– Saímos. Chamamos a Liga. Bum. Mais bum, e vencemos. – Respondi, enquanto abria a porta que nos levaria ao corredor principal do castelo, onde provavelmente o perigo começava. E quando eu digo “provavelmente”, quero dizer “certeza mortal, mas vou torcer para que eu tenha dado sorte e me enganado para que eu possa sobreviver mais um dia”.


– Ok, então vamos ficar invisíveis até lá?


– Ah, isso? – Peguei o cubo e joguei em um canto qualquer. – Não passa pelos sensores térmicos. Vamos fazer do jeito clássico. Que eu não faço ideia de qual seja.


Então, avançamos pelos corredores, disparando dezenas de alarmes graças às minhas câmeras de segurança. Como eu disse, certeza mortal. Seguíamos bem, avançando por alguns andares rumo ao solo e derrubando alguns ionianos que, embora tivessem aquela estranha energia roxa, eram bem fáceis de se derrubar. Não eram lutadores, eram camponeses ou artesãos envolvidos na guerra da pior forma possível.


– Ei, onde fica o depósito do seu castelo? – Riven me perguntou, parando repentinamente de correr. E logo depois completou, ao ver meu olhar indagador. – Eles ficaram com a minha espada.


– Não temos tempo de ir atrás de sua espada, vamos pegá-la quando voltarmos aqui com a Liga. – Argumentei, não tínhamos tempo nenhum.


– Eu não vou sair daqui sem ela. – Ela falou, firmemente, enquanto me encarava com aqueles olhos cor de âmbar, sob seus cabelos que caíam livremente em seu rosto.


– Dois andares acima, a primeira porta à direita. – Falei, apontando para um lance de escadas um pouco acima de nós. Segurei o seu braço, antes que ela pudesse disparar correndo naquela direção. – Você tem cinco minutos para me encontrar lá fora. Depois disso, eu vou sozinho.


Ela assentiu, e então nós nos separamos. Após mais alguns lances de escadaria para baixo, finalmente cheguei nos portões que estavam sendo vigiados por um pequeno exército de ionianos. Isso normalmente é um problema quando você não é a pessoa que construiu o castelo e suas passagens secretas.


Sem ser visto por eles, empurrei uma pedra na parede mais próxima abrindo um caminho para os jardins. Ofelia sempre gostou de como eu deixei aquele jardim florido, e aquilo tinha uma razão bem específica e especial.


Indo direto para a única rosa branca entre todas as flores, a arranquei, abrindo uma projeção de tela desconhecida até por Ellie. Todos precisam ter seus próprios segredos.


– Iniciar programa Heimerdinger. – Falei para a projeção, enquanto via à distância os ionianos se aproximarem de onde eu estava, guiados pelas câmeras de segurança. Respirei fundo antes de dar o próximo comando. – Ativar módulos de fuga e… desligar todo o sistema.


“Tem certeza” [Sim] x [Não], os botões apareceram na projeção. Toquei, relutante, no “sim”, praticamente desligando toda a Ilha de Doran e o Instituto de Guerra. Com as luzes do castelo e, mais abaixo, da cidade do Instituto desligadas, as estrelas surgiam no céu. Quantas delas minhas invenções ocultavam? Contudo, o silêncio e a escuridão foram quebrados.


– Acha que isso pode protegê-lo? – A luz roxa que Warlock emitia enquanto flutuava era, no mínimo, irritante. Não apenas por machucar os olhos quando se encarava muito, mas por ser algo incompreensível para mim. – Acha que alguma coisa nesse mundo pode protegê-lo de Aung Suu Warlock?


Então, uma luz de entendimento se passou pelo meu rosto:


– Oh, você é o Warlock? O que você fez com o bigodinho? Eu realmente sinto falta do bigodinho. – Falei, enquanto me notava sendo cercado por ionianos roxos.


Ele pousou lentamente na minha frente, murchando toda a vegetação ao seu redor. Poderes bacanas normalmente fazem as plantas ficarem felizes, poderes malvados normalmente destroem o seu jardim. E o seu castelo. Em alguns casos, até a sua vida.


– Ainda não me adaptei a isso. – Ele falou, mais para si mesmo do que para mim, enquanto encarava as próprias mãos que brilhavam um roxo intenso. – Tanto poder, tanto conhecimento. Agora, eu olho para você, Brandon Beck, e vejo que Tesla estava certo. Você é só um humano. Um humano mau.


– Tesla? Tipo, o Tesla que tinha um bigodinho pior do que o seu? – Não pude deixar de gargalhar. – Você sabe que ele é um supervilão, certo? Um daqueles caras que roubam doces de crianças só para lembrarem que são supervilões, porque supervilões fazem isso.


– Não se preocupe, eu limparei o mundo inteiro. Mas o começo, tem que ser com você. – Ele falou, com o jeito de quem fala algo simples como “Sim, eu vou limpar a casa, mas começarei pelo porão”.


Suspirei, colocando as mãos na cintura. Abaixei os meus olhos para a projeção de tela da rosa branca. Com os sistemas desligados, ela só exibia o contador. Os cinco minutos da Riven estavam terminando, assim como a nossa chance de fuga.


– Então, como ele te deu esses poderes? – Perguntei para Warlock.


– Esses poderes sempre me pertenceram, ele apenas me mostrou o caminho para o meu destino. – Ele falou, apontando as mãos que brilhavam cada vez mais intensamente para mim. Retribuí, apontando o meu indicador para ele, ferozmente:


– Ok… Hora da sinceridade, de novo. Quer saber o que eu acho? Você é pirado. Talvez, e eu digo talvez, você tenha um bom motivo para ter ficado pinel no meio de toda essa loucura. Mas quer saber? Eu não ligo. Todo mundo perdeu alguma coisa e nem por isso estamos invadindo ilhas voadoras. Então, abaixa essas mãos roxas, manda seus amigos recuarem, devolve minha amiga e minha ilha e deixa as pessoas especializadas te tratarem para, pelo menos, preservar um pouquinho de sanidade que você ainda deve ter.


– Bem falado. – Ele abaixou a cabeça e as mãos, extinguindo o brilho. Mas só durante um segundo. – Acredito que nunca vi as últimas palavras de alguém serem tão bem executadas.


Eu provavelmente ia morrer com a rajada de energia, plasma, magia, ou seja lá o que ele jogou em mim. Mesmo não tendo aquele lance de reviver toda a sua história nesses poucos segundos pré morte, eu tinha uma certeza mortal de que estava acabado, mas acho que dei sorte e me enganei, podendo viver mais um dia.


– Já eu acredito que nunca vi um ioniano completar uma sentença inteira no meu idioma. – Riven falou, após surgir repentinamente desviando a rajada de Warlock com um golpe de vento proveniente de sua espada quebrada. – Vocês não costumam falar “mim ser ioniano bom”?


– Matem-nos! – Warlock exclamou, antes que a situação se desenrolasse do jeito mais estranho possível. Uma rápida olhada no local onde a rosa branca foi arrancada me permitiu ver que tínhamos poucos segundos.


Uma chuva de ionianos avançou em nós. Embora Riven tivesse como lidar com tantos com a sua técnica de vento, eu me limitava a assistir e ocasionalmente desviar de rajadas. Não tinha como escaparmos ou sobrevivermos, cada segundo que se passava conosco vivos era um presente. O contador chegou a zero. Os módulos de fuga estavam partindo.


– Riven, temos que chegar até lá! – Gritei, torcendo para que minha voz se sobrepusesse à balbúrdia de rugidos e golpes. Então, ela fez o inesperado (talvez o que garantiu nossa sobrevivência) ao apontar sua meia espada para o chão, lançando um golpe de vento.


A última coisa de que me lembro após ser lançado dezenas de metros para o céu, era de começar a cair…


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