Before - League of Legends II escrita por Ricardo Oliveira


Capítulo 21
Noxus




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Katarina não sabia quantas taças de vinho tinha tomado naquele dia, mas era o suficiente para que a sua cabeça doesse e seus pensamentos se tornassem tão dispersos quanto nuvens pelo céu. Com uma pontada de arrependimento, ela olhou para os papéis acumulados na mesa. Tinha assumido temporariamente as responsabilidades do pai, mas sabia que aquilo não duraria muito.


O governo de Noxus logo exigiria um novo líder militar - “qualquer um exceto Swain”, ela torcia – e iria para a guerra final contra Ionia, quem eles culpavam pelo assassinato do general Du Couteau. Ela também estava quase certa disso, embora torcesse para que estivesse errada.


A assassina olhou ao redor, passando os olhos por todas as conquistas do pai. Os bens, os títulos e promoções. E aquelas que não tinham sido materiais, como a fortuna e o respeito. Tudo tinha ido embora tão rapidamente, e ela sequer sabia o motivo. Tinham vasculhado minuciosamente o lugar e nada parecia ter se mexido um centímetro, tendo como única diferença a ausência do general, agora morto.


Ela se perguntava como era possível passar pelas defesas do homem mais importante de Noxus sem ser percebido. Warlock, surgindo como uma sombra naquele exato momento, respondeu de certa forma o questionamento.


– Katarina Du Couteau. – Ele falou tranquilamente, e aquilo era o que mais a assustava. – Membro fundadora da Liga. A filha mais proeminente do general Du Couteau, o homem que sangrou Ionia.


– Que bom que você estudou o meu currículo. – Ela respondeu com ironia, levemente ébria pelo excesso de vinho, embora isso não a tornasse menos perigosa. A maioria dos usuários de adaga normalmente possuíam um coldre para guardá-las. Katarina não. Ela espalhava as adagas pelo corpo, escondidas nos cabelos, nas botas e roupas. Nunca se sabia por onde o ataque de Katarina Du Couteau viria. – Estou quase lisonjeada.


– E deveria. – Concordou Warlock, com um sorriso autêntico. – Você está olhando para o homem mais poderoso do mundo, seu novo líder. O messias da humanidade.


Ela suspirou. Brandon tinha razão, ele era insano. Por outro lado, ela sabia que a própria consciência - “sempre a maldita consciência” - tinha razão. Aquilo era sua culpa. Tinham criado armas biológicas, apoiado a Liga e montado exércitos ainda mais poderosos, tudo para dominar Ionia em uma guerra fácil. A tentadora possibilidade tinha feito eles esquecerem do elemento mais importante que estava sendo apostado: a vida.


“Bem”, ela pensou, “a guerra não está sendo fácil, afinal.”


– Desculpe, acho que não recebi esse memorando. – Ela imaginou se tinha sido assim com o seu pai. Se ele tinha ficado de frente com seu executor e gracejado embora sentisse que a morte estava mais próxima do que nunca. Se ele também teria pensado em lutar, ainda que o oponente fosse indubitavelmente mais forte. Ela imaginou que sim. – E o que acontece com quem discordar de você?


– Essa pessoa vai descobrir que eu consigo ser bem persuasivo. – Ele explicou, cintilando uma bizarra tonalidade de roxo pelo corpo.


– Ah, isso eu já percebi. De que outra forma a Ilha de Doran atacaria Piltover? Ou a Liga enfrentaria Brandon Beck? É só isso que o seu poder faz, ou essa iluminação toda também anima festinhas? – Katarina puxou uma adaga. Os gracejos tinham acabado, só restava o combate.


– Por que você não descobre por si mesma? – Ele avançou sobre ela com uma velocidade impressionante, tocando-lhe a testa e irradiando a energia da Força da Trindade por sua mente. Tornando a sua palavra a única verdade.


– Eu vejo… – Ela balbuciou, com os olhos vidrados e a boca estupidamente aberta durante uma fração de segundo. - …que você é um grande idiota!


Katarina definitivamente sabia como espalhar sangue. Não contente enfiando a lâmina no corpo do ioniano, ela a girou, maximizando os danos e espirrando o sangue no tapete caríssimo e na própria pele. Ela não se importava, estava acostumada a sentir o sangue alheio espalhado pelo corpo, e naquele caso, era quase prazeroso.


– Eeeeee, corta! – A voz surgiu do outro lado da sala. Mesmo em sua confusão e dor, Warlock a reconhecia. Ele reconheceria em qualquer lugar do mundo. Brandon Beck. – Bom trabalho, Katarina.


O ioniano se preparou para reagir quando seus poderes o abandonaram como uma queda de energia. Ao seu redor, quatro pontos de energia milimetricamente posicionados, com ele, na posição que adotara para converter Katarina, sendo Warlock o centro deles.


– Eu chamo de Beck 2.0, estou em uma fase meio narcisista. Ele faz umas coisas científicas que você não entenderia, o que se resume, basicamente, em tirar os seus poderes. – Ele sorriu para Warlock, que não podia sair do quadrado. – Cá entre nós, eu sou muito bom nisso. Como eu fiquei escondido? Tecnologia de uma menina muito promissora. Em um segundo você está lá, no outro, sumiu. Que tal? Ah, mas você já foi enganado por isso antes, não é?


– Só um idiota não mudar após perder tudo que prezar. E você perder tudo, Beck. – Grunhiu, enquanto sangrava, o sotaque ioniano de volta sem os poderes.


– Eu perdi tudo. – Admitiu. – Mas não foi para você. Você só teve um papel nessa trama, Warlock, e ele acabou. Você não é messias, não é deus. É só mais um sob minha responsabilidade. Não vou mais negligenciar ninguém. – Ele se virou para Katarina. – Essa guerra acabou.


Ela assentiu. Já tinham feito esse acordo na noite anterior.

“- Me dê um bom motivo para não entregá-lo ao Instituto! – Ela exigiu, quando o cientista apareceu repentinamente em seus aposentos, na calada da noite.


– Não preciso. Você não vai me entregar. – Ele estendera as mãos friamente. Se perguntou se estava ficando mais frio, calculando cada gesto e palavra. – Você quer o assassino do seu pai.


– Warlock? – Ela tinha perguntado, quase confirmando.


– Não. – Respondeu cautelosamente, mordendo o lábio inferior.


E passou boa parte da noite contando a própria história, como tinha feito para Leona, exceto os detalhes que Katarina já conhecia. Até chegar na parte das Rosas Negras, que surpreendeu Katarina muito mais. Ela, como membro da elite noxiana, conhecia bem a história dessa organização, mas mesmo a família Du Couteau, segundo a assassina, acreditava que as Rosas estavam dissolvidas.


– Agora, você me deve algumas respostas. – Ele falou, ao acabar de explicar sobre a morte do pai dela. – Quando eu estava desenvolvendo o ZAC, você me prometeu que ele não seria usado como arma se eu vendesse para Noxus.


– Não seja infantil, Brandon, estávamos em guerra!


– Uma guerra que vocês criaram! Contra um homem insano que vocês criaram, que vocês me fizeram criar! Quantas esperanças, sonhos e vidas você quebrou hoje, Katarina?! – Ele recuou. Seu nariz estava quase tocando no da assassina, que assistia surpresa a explosão de raiva dele. O cientista se recompôs, passando a mão pela cabeça. – Nós éramos amigos. Eu confiava em você.


– Aparentemente, você depositou a sua fé na pessoa errada. – Katarina comentou, passando a mão pelo braço para que ele não percebesse que ela tremia.


– É, eu tenho feito muito isso. – Concordou, sorrindo friamente. – Fiz Kristofer espalhar um rumor de que eu estaria aqui, isso vai atrair Warlock. Quando o capturarmos, essa guerra acaba. Estamos entendidos?


– Kristofer e as duas que você mencionou, onde estão? – Ela perguntara, e dessa vez ele se animou verdadeiramente ao responder:


– Em uma missão de paz.”


Ionia:


– E o que eu tenho aqui? – Karma perguntou, avaliando o trio. – Uma assassina de Noxus, que lutou nas linhas de frente e massacrou centenas de ionianos. Uma caçadora de demônios de Demacia, cujo estado não fez um mínimo esforço para nos ajudar. E você, um criminoso fugitivo, inimigo da humanidade.


– Eu pessoalmente prefiro o termo “não-tão-amigo-da-humanidade”. – Kristofer falou, gesticulando as mãos por dentro das algemas de madeira. Por algum motivo, as pessoas gostavam de algemá-lo. – Gosto de escolher o lado vencedor.


– Você não parece muito bom nisso. – A ioniana comentou secamente, cercada de um grupo de aldeões que murmuravam exigindo a cabeça do trio.


– Haha, é verdade. – Ele concordou, olhando a mulher de cima a baixo enquanto amaldiçoava os planos de Brandon Beck.


Karma se vestia de forma simples para uma duquesa, mas conseguia transmitir imponência. Pelo menos na roupa, ela fazia oposição a Warlock, usando roxo e branco em vez de roxo e preto. Na perna esquerda, uma tatuagem que Kristofer não entendia estava marcada, e, segundo diziam, ela dava grandes poderes para a mulher. Ele esperava que ela não os usasse ali.


– Então… - Ela ponderou, extremamente calma. – Por que eu deveria escutá-los?


– Porque a segurança do seu povo depende disso. – Kristofer respondeu, era o melhor orador entre os três. – Nós pretendemos devolver as terras anexadas por Noxus, assim como recuar seus exércitos. Queremos acabar com essa guerra.


– E por que eu deveria acreditar nisso? Como posso confiar em um grupo tão… infame?


– Porque ionianos são um povo de fé. – Riven interveio, ganhando olhares feios de Kristofer. – E, às vezes, para se confiar, é necessário um pouco de fé.


– Fé para poupá-la também, mesmo depois de ter massacrado tantos do meu povo? – A duquesa sugeriu, com um olhar irado.


– Se após a paz ser feita, a senhora quiser a minha cabeça, vai poder vir pegar. Mas não antes disso, eu tenho ordens.


– Ordens de quem? Noxus?


– Brandon Beck. – Ela falou, e, por um segundo, tinham certeza de que conseguiriam o acordo, e consequentemente a paz. Mas a transmissão de Tesla se iniciou, e tudo foi perdido.


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