A Única Inocência escrita por Laís Bohrer


Capítulo 7
Apenas nade, Noah


Notas iniciais do capítulo

E a infância acaba... NO PRÓXIMO CAPÍTULO.
Sim, não estou de sacanagem. Eu fiz isso de novo.
Mas agora eu JURO que no 8 acaba a infância.
Vai ter mais um capítulo com eles pequenininhos e depois acaba se eu conseguir colocar tudo o que quero.
Mas é bom que a fanfiction fique grande.
Temos o revezamento finalmente
Boa leitura.



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A cada minuto de atraso para Ewan Thompson, Noah ficava mais ansioso. Olhava para os lados esperando ver o membro em falta em qualquer lugar, mas ele não aparecia.

Na sua frente estava Ryan, mordendo as unhas enquanto o Sr. Porter caminhava na direção deles.

Noah olhou para Sora.

– Cara, você está verde. – disse.

O japonês respirou fundo.

– Será que Ewan-san vai demorar muito? – ele perguntava pela milésima vez.

Mais? – Ryan explodiu virando-se. – Sora, nós não temos nem mais um minuto.

Noah estava pensando em uma resposta para aquilo, mas o Sr. Porter já estava na frente do trio. O velho homem agachou-se para ficar na altura dos três.

– Onde está o senhor Thompson? – ele perguntou.

– Queríamos saber – resmungou Noah com o punho cerrado.

Alfred se ergueu olhando ao redor em busca de uma solução. Noah percebia o quanto o mais velho parecia tão preocupado quanto os garotos. O homem pousou a mão na cabeça de Sora que pulou ligeiramente com um susto. Seu rosto ficou rosado.

– Eu darei um jeito nos jurados – disse Alfred. – A competição de revezamento é a última depois do nado livre. Se concentrem primeiramente em suas competições individuais. Se Ewan não chegar a tempo, teremos que substituí-lo.

Ryan arregalou os olhos claros.

– Sr. Porter... Mas já estamos em cima da hora. Não podemos...

– Pretende desistir por causa de um membro em falta, Sr. Cross? – o Sr. Porter sorriu e naquele momento, Noah viu em seus olhos castanhos, o brilho dos olhos de uma criança ao invés de um velho. – É uma situação nostálgica pra mim. E você Ryan, esteve esperando muito por isso, não é mesmo?

Ryan relaxou os ombros.

– Bem...

– Então está decidido! – Alfred bateu as mãos. – Falarei com os jurados agora. Boa sorte.

E ele os deixou.

Os três garotos se entreolharam. Ryan e Sora pareciam mais relaxados, mas Noah ainda estava vermelho de tanta vontade de estrangular Ewan quando o visse e isso se ele aparecesse naquela hora. Eles esperaram até que Ryan disse:

– Desculpe Noah. Eu sei que você se esforçou para vencer Ewan naquela vez... Tudo por causa do revezamento.

Noah não o encarou nos olhos.

– Não é culpa de ninguém – disse ele. – Exceto do Ewan, sim, eu vou quebra-lo.

Uma expressão de desânimo passou pelas feições asiáticas de Sora.

– Assim ele não vai poder nadar com a gente, Noah-san! – lembrou.

– Eu já volto – disse sem mais nada, rangendo os dentes.

Antes que qualquer um deles dissesse qualquer coisa, Noah se foi pelos corredores, afastando-se da piscina. Havia muitas pessoas lá. Rostos que ele não conhecia, mas pessoas que o conheciam pela sua má fama.

Para Noah, Reesetown era uma cidade estranha cheia de pessoas estranhas. Ele se perguntou mais uma vez o porquê era tratado com tanta indiferença. O que exatamente ele havia feito? Era certo que Noah tinha a fama de atrair problemas para si e no final ele era responsável por tudo independente dos fatos.

Ele chegou ao mural onde estava a foto de seu pai. Noah nunca havia parado para se sentir triste porque não tinha pais. Ele já havia recebido provocações de outras crianças sobre isso. Todos sabiam que seus pais haviam morrido um dia depois do nascimento de Noah.

Mas pela primeira vez ele se sentiu carente de uma família.

Nas arquibancadas do clube estavam pais de várias crianças ali. Até avós, tios, irmãos, primos... Todos para torcerem por uma das crianças em especial. No entanto, quem torceria por Noah?

Ele se lembrou de Jasmine e da bola de futebol que estava guardada no vestiário.

Eu só vim lhe desejar boa sorte.

Noah se apoiou na parede. Olhou pelo vidro, para a piscina. A competição do nado peito estava começando, os nadadores mirins saltaram para as suas respectivas raias, mas entre eles Noah não avistou Ewan.

O loiro olhou para o lado, desviando do vidro. Havia uma estante com alguns poucos troféus empilhados. Não deveria haver muito tempo que estes haviam sido colocados ali. Noah se esticou. Muitos tinham o nome de Alfred Porter, por revezamento e nado borboleta. Outros nomes se repetiam: Patrick Laurent para nado de costas, Anthony Thompson para nado peito e William Andersen para nado livre.

Prestou atenção aos últimos nomes. Havia três troféus de revezamento. Noah voltou-se para a foto no mural. Seu pai era o com a face emburrada, sem nem ao menos olhar para a câmera, como se estar ali era tudo o que menos queria. Ao seu lado, um garoto mais alto passa o braço ao seu redor, este tinha pele mulata e cabelo ralo. Só poderia ser Anthony Thompson. Era incrível a semelhança, exceto que o pai de Ewan tinha um sorriso enorme no rosto. Também abraça de lado a versão de Alfred Porter mais novo, com os cabelos escuros e lisos, ele sorria despreocupado. E por último, ele adivinhou ser Patrick Laurent.

Noah nunca tinha ouvido falar nele, mesmo quando viu a foto com sua tia Agnes, ela deve ter mencionado o seu nome, mas nada disse sobre ele. Patrick tinha os cabelos grandes descendo pelo rosto, ele piscava um dos olhos claros. Na sua cabeça, havia óculos de natação com lentes azuis.

O Alfred mais novo segurava um troféu e todos os garotos tinham medalhas ao redor do pescoço.

Noah se afastou pensando em como teria sido aquela antiga geração. Aquele Thompson na foto não parecia alguém que se atrasaria para uma competição.

– É melhor você chegar logo Ewan – murmurou o loiro para as paredes. Ele suspirou. – Por favor.

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Sora saiu da piscina ofegante. A competição do nado borboleta havia finalmente acabado. Ele esperava ainda ter fôlego o suficiente para o revezamento, isso se realmente houvesse um revezamento para eles. Ryan sorria para ele na distância.

– Sora, você é muito bom mesmo! – Ryan exclamou animado.

O asiático sorriu torto.

– Não tanto quanto você, Ryan-san. – disse ele olhando na direção em que Noah havia saído. – Noah ainda não voltou.

Ryan suspirou ficando com uma expressão desanimada.

– Bom, vamos nos preocupar com as individuais – ele voltou-se para Sora. – Até lá temos tempo até Ewan chegar. Só espero que Noah não tenha desistido.

Sora arregalou os olhos para Ryan que abaixara a cabeça. De todos eles, Ryan era o que estava mais ansioso para aquele dia, mais até do que Sora. Sora também estava nervoso e a cara de Ryan, tristonha, não ajudava muito.

– N-Noah-san não desistiria da gente assim – ele se apressou. – Além disso, nós somos...

E EM TERCEIRO LUGAR, James Nichols.

Ryan desviou o olhar de Sora para um garoto da idade do asiático, Sora virou também. Um senhor na mesa dos jurados falava em um microfone os resultados da competição de nado borboleta. Sora se perguntou se estava inerte o suficiente para não prestar atenção em seu nome sendo dito. Será que já havia passado?

Olhou para o chamado James Nichols. Aquele nome não lhe era estranho. Sora estava a uma série antes de Ryan e Noah, já havia ouvido o nome James Nichols na chamada da sua sala.

O menino tinha acabado de tirar a touca de natação e os óculos, revelando grandes olhos escuros. Os cabelos caiam bagunçados e as mechas apontavam em todas as direções. Tinha a pele amorenada. Uma garota da mesma idade estava indo atrás dele.

– Você foi muito bem. – disse a garota.

– Na próxima eu vou ser melhor ainda – disse James – Eu prometo, July.

– Eu acredito, acredito – ela disse rindo.

Sora não podia deixar de notar o quão eles eram incrivelmente parecidos, exceto os olhos. Enquanto os olhos de James eram escuros, os da menina eram de um tom verde, até mais claro que os olhos de Ryan. Sora não tinha achado ela realmente bonita a primeira vista, parecia muito animada e agitada. Ele se lembrou da ruiva, Jasmine, mas July parecia menos assustadora.

EM SEGUNDO LUGAR, Sora Hayashi.

Ryan gritou.

– ISSO AI! – então ele bateu tão forte nas costas de Sora que este quase foi ao chão. - Segundo lugar, Sora! Sabe o que isso significa? Que você quase ficou em primeiro!

Sora piscou e sorriu.

– É... Vou me esforçar mais no revezamento – disse ele.

Então a expressão de Ryan ficou séria novamente.

– Ei... – disse o moreno de olhos claros. – Eu vou procurar o Noah, você busca a sua medalha, sim?

Antes que Sora pudesse dizer qualquer coisa em resposta, Ryan já tinha saído correndo na outra direção. Agora começaria a competição de nado costas, a qual Ryan não participaria. Ficou preocupado em ter dito algo que não deveria. Talvez a menção do revezamento... Foi quando uma sombra surgiu cobrindo metade de seu rosto.

– Oi.

Sora saltou.

– Hã?!

Uma risada feminina. Era a garota chamada July, estava bem na sua frente e agora Sora pode ver que ela era um pouco mais alta que ele.

– Oooi? – ela alongou a palavra.

– O-oi – Sora gaguejou.

A garota riu.

– Você ficou em segundo lugar, né? – ela disse. – Uau, só não digo parabéns porque ficou acima do meu irmão.

– Oh... Desculpe – Sora corou.

A menina soltou uma gargalhada alta.

– Bobo, por que está se desculpando? – perguntou ela. – Meu nome é Juliet Nichols, pode me chamar de July e você... É Sora.

Sora ficou ainda mais vermelho.

– C-Como sabe?

– Ouvi quando o homem falou – ela disse sorrindo. – James é meu irmão gêmeo.

Sora se perguntou como não tinha adivinhado, afinal de contas, eles eram muito parecidos. Mas ainda não entendia o porquê...

– Por que eu estou falando com você? – Juliet riu, parecendo ler seus pensamentos. – Bom... Você não estava olhando para mim há um tempo?

Sora queria urgentemente afogar-se naquela piscina.

– E-Eu... Não estava olhando. – ele abaixou o olhar.

Juliet riu.

– Tudo bem então – ela disse. – Eu estou indo achar meu irmão, até mais, Sora.

Ela estava indo quando se virou para ele novamente:

– Ah, me esqueci de dizer... Você é fofinho.

E Sora ficou ali encarando o caminho por onde ela passou, com as bochechas coradas.

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Na entrada do local lá estava Noah olhando para os lados na esperança de avistar Ewan em algum lugar com uma expressão tranquila que faria o sangue de Noah ferver. O garoto estava com os punhos cerrados. Sua raiva era tanta que o fez esquecer até mesmo do torneio.

O céu estava azul e o sol era forte aquecendo o afasto. Vários carros estavam espalhados pelos cantos das ruas – Noah nunca tinha visto a rua tão cheia deles. Algumas pessoas passavam em sua frente.

Noah estava com sua roupa de banho ainda seca, sentia em seu corpo pequeno e magro a brisa suave do outono. Folhas secas caíam no chão, arrastando-se com o vento.

Noah estava irritado com seu próprio cabelo, o levando para trás, mas no mesmo instante os fios cor de palha voltavam a roçar em sua testa, interferindo em sua visão.

A rua não estava tão cheia de pessoas como estava de carros e isso o deixava mais ansioso

– Noah! – ele ouviu uma voz gritar logo atrás de si.

Primeiramente suspirou irritado e ignorou a voz, mas ouviu um sonoro “Ah!” e foi empurrado logo depois com um impacto no centro de suas costas. Noah arregalou olhos e Ryan caiu em cima dele. Antes de qualquer coisa, Noah se levantou mesmo com Ryan em cima de si e este último foi ao chão pela segunda vez.

– Ai! – gemeu. – Que cruel, Noah... Por que fez isso?

– Por que caiu em cima de mim?! – indagou o menino de cabelos cor de palha.

– Des... Desculpaaa, Noaaaah... – o menino agarrou em sua perna.

Noah se conteve em chutá-lo.

– Me. Solte. – disse as palavras ameaçadoramente dando um intervalo entre as duas.

Mas Ryan não ligou para o olhar que recebia do amigo - que estava vermelho de tanta raiva que sentia do outro.

Noah livrou-se de Ryan e suspirou em uma tentativa de recuperar a calma.

– Bem, o que você quer? – Noah perguntou.

Então ele surpreendeu-se quando Ryan fez uma expressão séria. Seus olhos verdes eram tristes naquele momento e Noah tinha medo de ter certeza do porque, isso o acabaria levando a pensar em Ewan e sentir raiva dele novamente. Ryan cerrou os punhos.

– Ewan não vai chegar – ele concluiu.

– Ele tem que chegar – Noah rosnou. – Ele perdeu a aposta.

Ryan sacudiu a cabeça em negação.

– Não Noah. Ewan não vai chegar a esta altura. Não dá tempo. Seremos expulsos.

Noah parou para ouvir os gritos que vinham de dentro da construção. A última competição seria dedicada ao revezamento entre times. Se não estava a se enganar, havia dois times de revezamento do seu clube.

– Ei, Ryan – Noah tentou sorrir. – Vamos fazer o revezamento com ou sem Ewan.

Ryan arregalou os olhos.

– Como-... No que você está pensando, Andersen? – Ryan perguntou, mas Noah apenas sorriu mais ainda. – Eu... Eu conheço esse sorriso diabólico! Pa-Pare com isso agora!

Noah gargalhou.

– Vamos fazer o revezamento – Noah voltou a dizer. – De qualquer jeito.

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Uma vez, Noah pegou escondido algumas balas do pote da padaria. O padeiro fixou seus olhos nele por um microssegundo antes de começar a correr atrás do garoto com um rolo de madeira. Noah correu desesperadamente por sua vida com três balas de morango na mão e o padeiro o perseguiu por quase toda a pequena cidade de Reesetown. Noah se livrou dele apenas quando saltou para um latão de lixo laranja vazio. Lembrou-se de ter ficado com o rosto todo arranhado pelo gato que estava na lixeira.

O garoto se lembrava disso quando andava na frente de Ryan, ele sorriu.

Eles chegaram até Sora que estava inerte em pensamentos, encarando o vazio.

– Ei, cara! – Noah apoiou o braço ao redor de seus ombros. – Que cara é essa? Parece que viu um fantasma...

Sora arregalou os olhos – não que isso os tornasse maiores - em um susto. Então ele se afastou e olhou para Noah e depois para Ryan.

– Hm?! – exclamou. – Onde está Ewan?

Noah bufou.

– Ewan, Ewan, Ewan... Vocês só sabem falar desse cara – disse virando o rosto em sua típica expressão emburrada. Um enorme bico. Uma vez Sora disse que Noah ficava assustador com aquela expressão, mas Ryan o achava engraçado. Noah relaxou os ombros e sorriu. – Se esqueçam dele! Não precisamos de alguém que não cumpre apostas.

– Mas... – Sora começou.

– Ei – Noah o interrompeu. – Vamos nadar e se alguém tentar nos deter... Corram para a piscina.

Sora recuou em uma expressão assustada. Ryan suspirou ao seu lado.

– Não somo como você, Noah – Ryan disse com um enorme bico.

– É contra as regras – Sora lembrou. – Seremos desqualificados se fizermos isso.

Noah revirou os olhos.

– Seremos desqualificados de qualquer forma – disse. – O que estamos perdendo de qualquer forma?

Na mesa dos jurados, o senhor com o microfone chamou pelos times do revezamento. Os três se misturaram com os outros grupos e ocuparam uma das raias. Ninguém olhou para o time incompleto, o que deixou Noah desconfiado e aliviado por uma parcela.

– Eles não nos notaram? – Sora perguntou.

Ryan respondeu algo que Noah não prestava atenção. Sem olhar para ninguém, ele disse:

– Ryan, você começa.

– EH?! – o garoto gritou.

Noah riu debochadamente.

– O que? – perguntou. – Está com medo agora?

Ryan suspirou.

– Suas provocações não funcionam comigo – disse. – Certo, eu vou... Eu... Já vou... Esperem só...

Sora hesitou, olhou de soslaio para Ryan, uniu as mãos na frente do corpo e disse:

– Nó-nós vamos torcer por você, Cross-san.

– Pare com essa mania – Ryan disse com a voz trêmula.

Noah o encarou.

– Não me diga que está realmente com medo...

– Não estou! – Ryan contrariou. – Estou nervoso... Nunca fiz um revezamento.

– Finja que está no individual – Noah disse sem olhar para o moreno. – Agora entre nessa piscina, antes que eu te empurre.

Ryan colocou seus óculos de natação. Riu nervoso.

– Você é cruel, Noah.

Então ele entrou pelas escadas um microssegundo depois dos outros garotos. Agarrou-se a escada de saída e quando ouviu o apito saltou dando impulso para trás. Antes de suas costas colidirem com a água ele fechou os olhos e afundou.

Como um instinto o garoto já estava batendo as pernas e os braços freneticamente. Sua única preocupação era chegar do outro lado.

Na borda da piscina, os outros dois garotos olhavam para o amigo. Sora tremia e Noah mantinha uma expressão séria. Estavam ambos com suas tocas e seus óculos de natação no topo da cabeça. Sora piscava rapidamente os olhos puxados.

– Acha que ele vai conseguir? – disse. – Quer dizer, não temos nem chance...

– Ele está em terceiro – Noah respondeu sério e então sorriu. – Ei, não temos motivo para ficarmos nervosos, não é?

Sora hesitou.

– Não sei...

– Vamos lá Sora... – Noah respirou fundo. – Após o nado costas vem o nado peito que deveria ser do senhor Atrasado Thompson.

– O que faremos quando chamarem? – Sora perguntou.

Noah respirou fundo, tentando ajeitar uma mecha loira que estava fora da touca.

– Eu vou ao invés dele – disse. – Não é o meu estilo preferido, mas...

Sora soltou uma exclamação interrompendo Noah:

– Ele está voltando!

Noah avistou quando Ryan estava na metade da piscina. Ele era rápido, mas ainda estava em segundo. Uma adrenalina e ansiedade estranhas cresceram em Noah. O menino murmurava palavras confiantes para Ryan e enfim o moreno de olhos claros bateu com a palma da mão na borda. Nisso, Noah já se preparava quando foi empurrado para trás.

Arregalou os olhos.

– Ei... – disse a voz. – O que pensa que esta fazendo, Andersen?

Um pouco maior que ele, a pele escura, os olhos igualmente escuros. A toca na cabeça e os óculos de lentes azuis. Ewan Thompson estava preparado para saltar. Ele não disse nenhuma outra palavra para Noah que o encarava ao mesmo tempo estupefato e com um pingo de raiva.

Como ele se atrevia a aparecer ali? Se bem que era onde Noah desejava que ele estivesse, mas ao mesmo tempo sentia raiva. Noah estava dividido entre a raiva e o alivio.

Ewan saltou do bloco de partida por cima de Ryan que estava igualmente surpreso.

O moreno saiu da piscina pelas escadas e chegou até os dois.

– Aquele...

– Ou estamos todos malucos ou era Ewan. – Noah interrompeu. – Como ele pode ter a cara de pau de aparecer...

– Ainda bem que apareceu – Sora admitiu. – Agora temos uma chance.

Noah virou o rosto, emburrado, como sempre fazia. Ryan sorriu.

– Precisa admitir isso, Noah – Ryan falou. – Deixe de ser cabeça dura.

– Cale a boca... – disse o louro. – Vamos ver no que isso vai dar... Aquele idiota dobrou os joelhos demais.

E lá estava Ewan Thompson afundando profundamente. Sua cabeça quebrou a superfície da água. Em seus pensamentos antes de entrar correndo no clube há alguns minutos atrás, não estava interessado em vencer, mas em descobrir o porquê estava tão animado.

De qualquer forma, em seu salto ele se empolgou. Agora vencer faria tamanha diferença. Era como se fosse a competição da vida do menino e indiretamente, mais tarde ele saberia, que aquela de fato era.

Lembrou-se de quando seu irmão Derek o ensinava a nadar. Ewan escolheu o nado peito porque era um dos mais difíceis, o que no começo o desanimou. Ele lembrou de cada instrução que seu mentor irmão havia lhe dado na época.

Com as duas mãos, ele tocou a borda da piscina, lançou o braço direito para a piscina novamente. Empurrou a borda e jogou a cabeça para o sentido contrário, seus joelhos aproximaram-se da parede e com os pés ele tomou impulso. Ele retomou os movimentos. Estava cometendo vários erros nas braçadas, mas estava tão elétrico que não pensou na hora em consertar aquilo. Os outros nadadores não eram melhores do que Ewan. Nisso ele pensava.

Então tocou a borda e o menino japonês Sora Hayashi saltou por cima dele.

Ewan tomou fôlego e puxou o corpo para cima, mas caiu novamente. Alguém segura seu braço e o puxa.

Era Noah Andersen.

Ewan com o rosto perigosamente emburrado para o loiro. Soltou-se das mãos do Andersen e retirou seus óculos os colocando no topo da cabeça.

– Você foi... – Noah fez uma expressão de como se estivesse engolindo a comida de Derek Thompson. – Be... Be... Be...

Ryan chega por trás com uma leve cotovelada nas costas de Noah.

– Bem! – então olhou com raiva para o amigo.

Ryan sorriu inocente.

– Incrível, Ewan! – exclamou. – Achamos que não iria aparecer.

– Eu quero quebrar essa sua cara de bunda – Noah disse.

Ewan ignorou, adorava deixar Noah com raiva. Havia com o tempo se tornado uma de suas atividades favoritas.

– Noah! – Ryan reprimiu, mas Noah cruzou os braços virando o rosto.

– Estava cheio de falhas – disse Noah.

– Faça melhor então, vira-lata – Ewan desafiou.

Noah respirou fundo.

– Hã? O que está dizendo? – perguntou ele. – Eu nado livre, mas se quer tanto... Farei melhor no meu estilo.

Ewan fechou a cara.

– De qualquer jeito, você deveria ser mais grato – provocou. – Eu poderia ter passado reto pelas portas desse lugar. Dependem de mim.

– Não dependemos de você – Noah disse entre os dentes. – Principalmente de alguém que não cumpre horários.

– Se você diz... – Ewan deu de ombros. – Que fique claro que estou aqui por mim mesmo.

– Não me importo – Noah murmurou quando Ewan deu as costas e se afastou um pouco deles. – Ele me deixa irado.

Ryan gargalhou.

– Noah, você está vermelho – disse. – Vamos, esqueça isso por um momento. Veja, Sora está se esforçando também.

Na verdade, Sora não estava em uma boa posição em relação aos outros. Mas Noah via o quanto nervoso o menino se sentia quando estava prestes a saltar do bloco de partida. Noah lembrou-se que ele era o próximo e último a nadar. Sem dizer nada, o loiro se posicionou no bloco de partida, murmurando palavras de estimulo para Sora.

O garoto mal tinha chegado à virada, estava muito atrás. Quando Sora ergueu a cabeça ao mesmo instante Noah não conseguiu aguentar mais, tomou fôlego e berrou:

– VAI SORA!

O menino deve ter ouvido, pois suas pernadas ficaram mais forte a medida que ele se aproximava da borda. Ele tocou a parede da piscina e voltou. Atrás de si, Ryan começava a pular, gritando o nome de Sora. Noah continuava torcendo.

Finalmente Sora chegou até ele e quando suas mãos tocaram a borda, ele gritou:

– NOAH!

Noah sorriu e saltou por cima do amigo, quando ouviu o sinal.

O loiro imaginou que estava caindo em um buraco bem fundo. Ele uniu as mãos a frente à cabeça com os braços esticados e mergulhou. Era como se ele tivesse nascido para fazer aquilo. Noah não estava preocupado com nada no momento, diferente de seus amigos, ele estava simplesmente ali, fazendo o que queria fazer.

Noah pensou em todas as sensações boas que já havia sentido. Pensou nos biscoitos da sua tia Agnes – que nunca sentiria novamente o gosto -, pensou em quando brincava com a menina desconhecida na praça – nunca a veria novamente -, pensou em quando ria das coisas engraçadas que causava na escola – e quando todos riam dele -. Seria que todos os bons momentos estariam acompanhados de sensações ruins?

Mas ele ouviu em algum lugar muito atrás, as vozes de Sora e de Ryan.

Está tudo bem, apenas nade.

Ele tocou a borda e voltou o mais rápido que podia. Era como se fizesse parte da água agora.

Ele nadou.


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Notas finais do capítulo

Algumas curiosidades:

1. A fanfic recebe algumas inspirações como da música Six Trillions Years and Overnight Story, do anime 'Free!' e eu acho que... É só.
2. Sora é Sansei (japonês de terceira geração) e só faz o estilo borboleta mesmo porque um cara japonês que tem os créditos pela criação desse estilo.
3. Tirei o nome Juliet da música Check Yes, Juliet. Estava ouvindo a música quando escrevi o capítulo.

É isso...
Espero que tenham gostado ^^
Eu parei o capítulo logo ai porque ia ficar muito grande, ia chegar a mais ou menos cinco mil palavras ou mais se eu continuasse.

Pretendo fazer muito futuramente uma fanfic dedicada aos pais do Noah dos quais falaremos um pouco aqui. Acho a história deles muito... Fofa T-T
Então é isso
Beijos Azuis

Espero que tenham gostado