Harukaze escrita por With


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Yoo!
A última prévia das mudanças na vida de Tsuhime. Será que agora ela conseguirá realizar os seus sonhos?
Boa leitura!



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Harukaze

Capítulo 11

O junho das mentiras e da verdade na frente dos meus olhos

Está escondido em tons de sépia

O calor de estar aninhado perto um do outro, eu não entendo

Essas coisas mais

Três anos depois...

As amarras prendiam fortemente seus pulsos e tornozelos enquanto que, com os olhos, Tsuhime implorava ao pai para que desistisse daquela ideia absurda. Era fato que todos os sucessos que ele tivera com as experiências não passavam de um golpe de sorte, afinal mesmo os DNAs sendo completamente modificados, não tinham a capacidade para se tornar um perigo em sua genética favorável. Ela não sabia o que a aguardava agora, porém o sorriso de Kabuto e a seriedade de Orochimaru apenas faziam com que especulações surgissem em sua mente.

Observou o pai misturar um líquido marrom ao recipiente de origem e, em seguida, fixar os olhos atentos a qualquer repulsão. E quando ele sorriu, deixou que as últimas lágrimas escapassem ressentidas. Quando conversou com Orochimaru acreditou que, por um instante, poderiam ter uma relação estreitada e participativa, que o Sannin tivesse algum lapso de consciência e percebesse o quanto a machucava com aqueles atos. Tolo pensamento, tolas crenças. A sua frente encontrava-se um cientista fanático por Jutsus e leis da vida, e já não mais o seu pai. De todo, não seria a primeira vez que o desconsideraria. Orochimaru preenchia todos os requisitos para ser odiado, então, por que não conseguia?

— Não se preocupe, Tsuhime-chan, vamos acabar em um minuto. — O Sannin disse com prazer, os olhos brilhando em ansiedade e expectativa. — Desculpe o papai por te causar tanta dor.

E dito isso, tudo o que preencheu o laboratório foram os seus gritos. A agulha grossa despejava o líquido viscoso em sua veia e ela podia sentir as células sendo absorvidas pelas células invasoras. Uma descarga de adrenalina eletrizou seu corpo, fazendo com que movimentos involuntários a dominassem. Arqueou as costas, fechou as mãos em punhos até que as unhas ferissem as palmas, as pupilas se dilataram com tamanha dose de substância desconhecida, o coração disparou frenético dentro do peito e em alguns minutos todo o descontrole havia cessado, fazendo-a ficar inerte na maca de alumínio.

Não havia sequer um tremor ou ao menos um batimento cardíaco que revelasse que a experiência tivesse saído como o esperado. Ao invés disso, marcas assimétricas espalharam-se pelo corpo de Tsuhime como uma espécie de acorde, entretanto permanecia imóvel. Na verdade, seu corpo não reconhecia suas ordens. Era como se as comunicações nervosas estivessem desorientadas.

E diante daquele cenário, Orochimaru começou a se preocupar. Todos os procedimentos anteriores haviam ocorrido de forma estressante, porém não daquela forma violenta. Sentiu que pela primeira vez poderia, de fato, perdê-la. Todavia, como era de seu feitio, ele analisou a reação do Selo Amaldiçoado. Para a segurança da transformação ele ainda estava intacto, sem sinais de querer prosseguir, e aquilo atiçou ainda mais a curiosidade do Sannin. Ele sorriu satisfeito, embora devesse ampará-la.

— Não é incrível, Kabuto? — Ouviu-o perguntar ao longe, estarrecido. — Tsuhime-chan nunca deixa de me surpreender. Fiquei curioso quanto à segunda forma dela, devemos esperar?

— Talvez em outra hora, Orochimaru-sama. Podemos perdê-la agora. — Kabuto tentou chamá-lo para a realidade, o que Tsuhime duvidava se tratando da personalidade obsessiva do Sannin.

— Injete o soro. — Ele ordenou, afastando-se da maca para que Kabuto pudesse agir.

O ninja médico preparou o soro com rapidez, e ao localizar a veia para injetá-lo os dedos gélidos e finos seguraram seus pulsos, causando-lhe surpresa. Um sorriso quase maníaco rasgava os lábios de Tsuhime; Os olhos de outrora amarelados agora tinham certo tom acastanhado. Como os olhos de seu doador, Orochimaru pensou consigo fascinado com aquela reação totalmente inesperada. Aquele DNA era, de fato, o mais poderoso que conseguiu um dia saquear em seus tempos de jounin de Konoha.

Em sua pele, Kabuto sentia como se uma temperatura extremamente fria o queimasse, tornando a pele azulada e impedindo o sangue de se mover com toda sua fluidez. Tentou se afastar, entretanto parecia que estava preso a Tsuhime por uma cola invisível.

Tsuhime sentou-se na maca de alumínio, absorvendo todo o estranho calor gélido, como se aquela temperatura sempre fizesse parte dela. Talvez não psicologicamente como antes, mas fisicamente como agora. Seu corpo havia mudado, tais marcas do Selo Amaldiçoado faziam questão de lembrá-la que jamais voltaria a ser a mesma. Era palpável a agitação de suas células, ansiosas para se acostumarem com o controle de um corpo completamente débil e degenerado. Os batimentos cardíacos eram fracos, causando-lhe desconforto. Outrora fora cheia de vida — mesmo que às vezes não a sentisse —, todavia apenas parecia ocupar um corpo renegado de qualquer reação, calor ou sentimentos. Era como se estivesse morta, literalmente.

— O que... O que fizeram comigo? — Tsuhime revezava minha atenção entre Kabuto e Orochimaru, esperando respostas. — Digam-me! O que colocaram em mim? Eu preciso saber! — Gritou, arremessando Kabuto que se chocou contra a parede, e começou a derrubar tudo o que se colocava em seu caminho. — Fui modificada de novo, por que papai? Eu acreditei em você! — Agora as lágrimas escorriam com um pesado soluço, incapacitando-a de discernir o que se tornara um simples borrão.

Cessado o seu descontrole rendeu-se ao choro copioso, esperando, mesmo que tolamente, que o pai atribuísse a ela alguma parcela de compaixão. Desejava ver o brilho carinhoso que imperara os olhos sádicos há três anos, em seu quarto; Desejava sentir o abraço reconfortante e as palavras mais doces que ela um dia escutou. Tudo vindo da pessoa que a analisava como uma mercadoria a ser comprada. Um simples objeto. Um mero teste que revolucionou todas as formas de brincar com as vidas humanas. Contudo, toda a vontade de ter um pouco de afetividade se extinguiu quando os mais tortuosos pensamentos assombraram sua fragilizada mente.

— Acalme-se, Tsuhime-chan, já acabou. Está tudo bem agora. — Orochimaru proferiu as palavras com falso consolo, enquanto se aproximava com a seringa contendo o soro. Se aquilo prolongasse, poria todo o seu trabalho à ruína. — Papai vai fazer essa dor passar. Deixe o papai cuidar de você.

Embora soubesse que precisava daquele soro, Tsuhime não permitiria que o pai a tratasse daquela forma. Logo não irá mais doer, a frase de Sasuke iluminou-se em seus pensamentos, e percebeu que ele tinha total razão. Sorriu confiante para Orochimaru, esquecendo-se de todo o temor que a assombrou por dezenove anos.

— Não, você não irá fazer o que quiser comigo. — Forçou-se a esgueirar da aproximação dele, ficando ao canto de uma parede sem porta. — Está na hora de eu tomar as decisões na minha vida. E a primeira coisa que irei fazer será destruir esse maldito laboratório.

Enquanto ouvia o discurso heroico de Tsuhime, Kabuto começava a se erguer. Com a batida sólida, a garota conseguiu deslocar-lhe o ombro e este se encontrava imóvel, acentuando um quadro de extrema irritação em seu ego recentemente atingido. Ser ferido por Tsuhime era um insulto! Recolocou-o no lugar, movendo-se cautelosamente até manter uma distância segura entre os dois. Não queria arriscar, desta vez ele não seria pego de surpresa.

— Não acha que é uma tarefa um tanto difícil para você? — O sannin interrogou a filha com desdém, divertindo-se com o olhar feroz da jovem. — Acabou de sofrer mutações e já quer testá-la?

— Não veja isso como mais uma das demonstrações de como sou receptível a qualquer genética. Vocês não farão isso com mais ninguém, eu já tive sofrimento suficiente e não desejo que continuem oferecendo isso a terceiros. — Tsuhime juntou chakra nas mãos unidas, como se estivesse orando, antes que sentisse a falta daquela parcela de força. — Suiton: Tsunami!

Uma onda abundante de água atingiu tudo ao seu redor, transformando o laboratório em um grande aquário. Orochimaru firmou-se para não ser levados pelas ondas, e sorriu satisfeito ao constar que Tsuhime podia executar aquele jutsu apenas com pouco chakra, afinal, analisando todo o cenário, não havia água de onde ela pudesse tirar para formar aquela quantidade. Apenas uma pessoa conseguia, e ele já estava morto há anos.

Tsuhime pronunciou mais algumas palavras e selou mais uma vez, fazendo toda a água petrificar. O laboratório emitia frio, temperatura fora do comum para simples humanos. Todavia naquela casa não existiam seres humanos considerados normais. E com um soco revestido de chakra uma rachadura foi o suficiente para fazer com que gradativamente o gelo se quebrasse.

E quando a neblina se desfez, a garota já havia sumido.

(...)

Depois de correr enlouquecidamente pela floresta tão conhecia, Tsuhime começava a se sentir realmente livre. Apesar de o corpo apresentar quadros de cansaço, implorando por repouso, ela sorria como nunca antes. Sabia que fora loucura de sua parte ter fugido, ignorando todos os procedimentos que deveria seguir após o experimento, porém a ideia de se sentir forte o bastante para escapar mais uma vez a dominou completamente. Sua respiração encontrava-se fraca e sua visão, embora aguçada, perdia o foco a cada passo.

Avaliando-se melhor, Tsuhime notou não só mudanças psicológicas como físicas também. Uma força extrema se apoderava de seu ser, como se existisse duas almas em um único corpo; o chakra deficiente restabelecendo as linhas danificadas, embora soubesse que aquilo não passava de uma mera sensação. A deficiência natureza de seu chakra nascera com ela, e com ela morreria. Não seriam genes que reconstruíram a conexão perdida.

Parecia mais alta, percebeu também, e principalmente o medo que sempre fez parte dela já não lhe assustava mais. Era como se ela tivesse se tornado outra pessoa. A voz que a acompanhara nesses dezenoves anos havia cessado. E ela sorriu feliz. Agora, restava recuperar o tempo que perdera.

Tempo este que ela desejava mais que tudo reaver. Não existia outro lugar onde ela se sentiria em casa, a não ser Konoha. No entanto, soava-lhe errado retornar agora, querendo tomar tudo do que se afastara. Por livre e espontânea pressão. Na verdade, Tsuhime temia voltar e não ser mais aceita. Especialmente por ele.

Ela jamais se esqueceu de Shino, do primeiro e único homem que conquistara completamente sua atenção, seu carinho, seu coração. Nos últimos três anos, Tsuhime aprendeu a compreender seus sentimentos. Aceitava que aquele sentimento quente e ansioso que a habitava era amor. Porém, antes de declarar-se abertamente, com todas as letras que Shino desejara tanto anos atrás, ela precisaria de mais tempo para aprender a conviver com ela mesma, agora que se haviam modificações a esclarecer.

Tendo isso em mente, achou melhor se recuperar primeiro e dar-lhes uma boa imagem. Mesmo que falsamente, queria fazê-los acreditar que estava bem. Especialmente queria acreditar que poderia ficar, de fato. Então, decidida, esgueirou-se ao caminho oposto que a levaria a Konoha e seguiu, não se abstendo de que um dia o retomaria.

(...)

O sangue de Kabuto fervia de ódio. Como pudera ser pego por uma mera brincadeira? Olhando seu estado, não trajava mais do que um farrapo de calça e seus óculos transformaram-se em retorcidas armações. Pressentiu que a qualquer momento se entregaria a fúria, como há muito tempo quase fizera.

— Maldita Tsuhime. — O Sannin iniciou a conversa, os olhos lacrimejantes em felicidade. — Pegou-nos direitinho. O que acha?

— Que desta vez o senhor foi muito complacente. — Kabuto tentava medir o tom de voz. Na verdade, o que mais pesava nele era a humilhação que a garota o fez passar. — Tsuhime pode ter uma rejeição e não ser capaz de controlar todo o poder que o senhor lhe deu. Não percebe que, deixando-a ir, está perdendo anos de pesquisa?

Orochimaru virou-se para seu subordinado, nas mesmas condições que ele, e lançou-lhe um olhar gélido autoritário. Quem aquele moleque pensava ser para se dirigir daquela forma acusatória a ele?

— Não me questione, Kabuto. Se a deixei ir, foi porque quis. Ela não é mais necessária para mim. Concluímos todos os planos para com Tsuhime-chan.

— O quê? — O médico não conseguia aceitar tal explicação. — Quer dizer que, depois de tudo que passamos, de todos os riscos que corremos, o senhor está dizendo que a descartou?

— Parece que você ainda não me entendeu... — O Sannin apressou-se até o rapaz, prendendo-lhe pelo pescoço alguns centímetros do chão. — Quando foi que se tornou tão rebelde?

Kabuto abriu a boca para se desculpas, porém a indignação não permitiu que o fizesse. Permaneceu, então, calado, torcendo para que a razão tomasse novamente a consciência do Sannin.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a você que leu.
Qualquer dúvida, crítica construtiva, sugestões... Tudo é bem vindo.
Até o próximo!
Beijos!



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