Harukaze escrita por With


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Bom dia!
Entramos agora com a segunda etapa da vida de Tsuhime, vamos conhecê-la mais a fundo de agora em diante e espero que ela cative você.
Boa leitura!



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Harukaze

Capítulo 12

"Você vai ficar bem sozinho... Né?"

Você forçou essas palavras para mim e disse adeus

Se ele vai ser aquele tipo de consolo, então eu deveria estar

Cansado de ouvir isso até agora

Um ano havia se passado e nesse tempo Tsuhime permaneceu devidamente escondida em uma pequena vila nos arredores afastados de Konoha. Apesar de ter dito a si mesma que não teria mais medo, preferiu tomar tais atitudes apenas por precaução. Não sabia se Orochimaru havia a deixado livre ou se era apenas uma pseudoliberdade. Saiu pouquíssimas vezes de casa – que ela mesma construiu – para analisar como as coisas andavam, e claro usou esse tempo essencialmente para se recuperar da última experiência que sofrera e, agora, tudo o que restava dela eram as lembranças amargas daquele dia.

— Hime-san, consegui as ervas que a senhorita pediu. — Um garotinho de onze anos, apelidado por ela de Taki, apareceu à porta, eufórico. O sorriso orgulhoso de si mesmo. — Eu posso entrar?

E havia um motivo para que Tsuhime deixasse a porta aberta: Muitas pessoas a procuravam buscando cura para suas dores e doenças misteriosas, que se agravavam durante o inverno. Com o tempo, ela passou a usar seus poucos — e honrados — dons de cura para ajudar aquelas pessoas. Fazendo isso, ela se sentia útil. E o que contribuía bastante para sua afetividade e confiança era que ninguém daquela pequena vila sabia do seu passado.

— Claro, Taki, entre. — Ela sorriu para o garoto, que corou levemente. — Você é muito competente, obrigada. — Afagou os cabelos avermelhados de Taki, em um gesto gentil.

A aparência de Tsuhime mudara drasticamente em um ano. Seus cabelos negros cresceram e alcançavam um pouco abaixo de sua cintura — e ela fazia questão de deixá-los presos em uma longa trança —, os olhos antes amarelados assumiram agora uma coloração acastanhada, muito comum por sinal, e não sofrera muitas modificações físicas — seus seios continuavam no tamanho mediano, cintura fina e pernas longas, nada chamativas. Quando se olhava no espelho, achava-se uma mulher normal de vinte anos, sem atributos para ser considerada bela.

— Não se machucou? — Tsuhime perguntou enquanto recolhia as ervas das mãos do garoto, depositando-as em sua mesa. — Da última vez, você tentou me impressionar.

Taki enrubesceu, coçando a nuca em sinal de vergonha.

— Essas foram mais fáceis, não cresciam nas montanhas. — Ele respondeu nervoso, tentando se recompor. — Hoje irá me ensinar a preparar os remédios para a minha mãe?

— Sim, eu prometi, não é mesmo? — Tsuhime colocou outro banquinho junto ao seu, para Taki. — E como ela está?

— Bom... — Taki pareceu medir as palavras, antes de prosseguir: — Igual. A febre sempre aumenta no período da tarde e a noite ela sente muito frio e soa. Você... Você vai conseguir curá-la, ?

Tsuhime encarou o garoto a sua frente, de feições condoídas e preocupadas. Ela não queria dar falsas esperanças a Taki, porém não dá-lo nenhuma esperança apenas o deixaria mais triste. Ajoelhou-se a altura dele e o segurou pelos ombros pequenos, mas que suportavam um peso enorme.

— Vou dar o meu melhor. Agora, vamos preparar a medicação e levar a sua mãe, certo? — Tsuhime enxugou uma fina lágrima infantil.

— Certo!

A casa de Taki não era muito distante da sua, na verdade, era exatamente três casas depois. A aparência da mãe de Taki realmente não havia melhorado e, ela notou quando adentrou a residência, a mulher tossia sangue. Além de ter perdido muitos quilos. Tsuhime não permitiu que suas feições demonstrassem o que sentia ao vê-la, e manteve-se firme ao sentar-se ao lado da cama.

— Olá, Hanna-san, como está se sentindo hoje? — Ela iniciou a conversa, vendo que a mulher não parara de tossir. Acariciou-lhe as costas, confortando-lhe as dores.

— Ah, menina... — Hanna lamentou-se, sem dar-lhe a resposta clara. Entretanto, Tsuhime entendera.

— Não se preocupe, logo irá ficar boa mamãe. Tsuhime-san é incrível! — Taki disse eufórico, quebrando a aura triste do quarto.

— Eu sei, meu querido. — Hanna assentiu, aceitando o remédio que Tsuhime lhe dera.

— Pelo que notei, Hanna-san, a senhora sofre de tuberculose. — A kunoichi médica conforme explicava, concentrava chakra nas mãos e massageava as costas da mãe de Taki, atingindo diretamente os pulmões. — Isso vai aliviar um pouco e, por favor, continue com o tratamento durante um ano. Fornecerei as doses exatas.

— Mas, Hime-san, por que está dizendo isso? — Taki perguntou. Apesar da pouca idade, ele compreendia o que as pessoas não queriam expressar imediatamente. — Você não vai cuidar mais da mamãe?

Tsuhime terminou o tratamento de Hanna em silêncio, ajudando-a a se deitar confortavelmente. Deu mais algumas indicações e prescreveu todo o ritual dos remédios que deveriam ser tomados nos horários devidos. Ao terminar, segurou a mão de Taki e levou-o para fora do quarto, alegando que era para deixar a mulher descansar.

— Não, Taki. Infelizmente eu tenho assuntos importantes para tratar em outra vila, mas virei visitá-los quando for possível. — A médica sorriu triste, percebendo que Taki não ficara satisfeito com a afirmação. Abaixou-se, abrindo os braços e chamando-o para um abraço. E o menino retribuiu prontamente. — Cuide bem de sua mãe, não a deixe se esquecer de tomar os remédios.

— Pode deixar. — Ele concordou, escondendo o rosto na volta do pescoço de Tsuhime.

Havia se apegado a ela de uma maneira intensa e não queria que ela fosse embora. Tantas pessoas foram curadas por ela, que aquela decisão soava-lhe altamente egoísta. Todavia, quem ele era para se intrometer nos passos de outras pessoas? Mesmo Tsuhime não vendo, Taki iria se esforçar para seguir com que ela o ensinara.

— Agora, vá ficar com sua mãe. Depois faça aquela sopa que ela tanto gosta, sim? — Ela afagou-lhe mais uma vez os cabelos de Taki aquele dia.

(...)

Estava tudo pronto, embora Tsuhime fosse levar apenas seus materiais médicos. Eles possuíam um valor inestimável, simbólicos, jamais se separaria deles. Ajeitou o estetoscópio em um canto da mochila e fechou-a, jogando-a por sobre os ombros. Deu uma boa olhada na casa que fora seu lar por um ano e sentiu um aperto no peito ao abandoná-la. Não só a ela, mas também os cidadãos daquela vila que carecia de atenção. Contudo, ela precisava ir; Precisava dar explicações a Konoha que a acolheu há três anos.

Virou-se para a porta, pronta para seguir com seus desejos, e lá se encontrava Taki sorrindo-lhe inocente e com os braços para trás do corpo. Surpreendeu-se por vê-lo ali? De forma alguma, conhecendo-o, era de se esperar que ele fosse se despedir mais uma vez.

— Trouxe um presente para você, Hime-san. — Tsuhime não pôde evitar um sorriso divertido ao ouvi-lo chamá-la assim. O tratamento a fazia se lembrar de tempos distantes. Taki estendeu as mãos e nelas um embrulho mal feito, mais que ela achou a coisa mais linda, repousava. — Eu mesmo fiz. Vamos, pegue logo!

A garota desembrulhou o presente. Uma caixa de madeira tomava-lhe a atenção e nas laterais pequenos sulcos formavam formas assimétricas. Passou os dedos por elas, sorrindo mais abertamente. Taki realmente será um cavalheiro quando crescer, ela conversou consigo.

— Abra! — O menino quase gritou.

E assim ela o fez. Dentro, repousava uma rosa de um vermelho vibrante, cuja Tsuhime nunca tivera a oportunidade de tocar. Quis perguntar onde o menino arranjara, porém ao segurá-la nenhum espinho do caule machucou-lhe a mão porque não era verdadeira. Tudo fora feito de madeira.

— É lindo, Taki. — Ela beijou-lhe na testa. — Você é muito talentoso.

— Fiz para que você não nos esqueça. — O garoto disse constrangido, as bochechas coradas sempre que recebia um elogio. — Quando você voltar, eu já serei um homem.

— Eu sei que será, Taki.

Taki remexeu os dedos, envergonhado. Aquele não era o real sentido de suas palavras e com certeza ele jamais poderia dizê-lo, de fato. Então, apenas sorriu e deu passagem a Tsuhime, observando como ela ficava bonita quando os cabelos estavam soltos à mercê do vento.

(...)

Quatro anos... Há quatro anos Tsuhime o conheceu. Há quatro anos ela suportou tudo o que lhe foi oferecido para que pudesse, enfim, se ver livre. Há quatro anos ela pensou nele, desejando revê-lo de todo seu coração. Como será que ele está agora? Sabia que não devia se encher de esperanças, apesar de que mais uma decepção em sua vida não faria diferença. A não ser que essa decepção viesse dele. De Aburame Shino. O homem que ela vinho amando a cada minuto de seus dias.

Seus passos a levavam calmos, tranquilos, até os portões de Konoha que parecem lhe sorrir, como se dissessem novamente “seja bem vinda”, embora o coração estivesse completamente fora dos batimentos normais. Ficara tão perto dele, porém não obteve coragem suficiente de encará-lo naqueles anos. Afinal, Shino lhe exigiu tantas respostas e ela apenas o presenteou com perguntas, retirando de ambos cada esperança que sempre diminuía. Ora, Tsuhime ainda era uma criança, não sabia que mais tarde conviveria todos aqueles anos com esse sentimento dentro dela. Porém, fora fraca e aceitou facilmente as chantagens a tentar prevalecer o desejo que tinha de ficar.

Todavia, Tsuhime preferiu afastar tais pensamentos. O tempo seria o melhor conselheiro e o destino a levaria onde estivesse destinada a chegar.

Quando atravessou os portões da vila, já passavam das cinco da tarde. Os guardas a observaram, logo tomando seus dados para permitir sua entrada na vila. Por alguma razão, eles sentiam que a conheciam. Acompanharam o caminhar da bonita jovem, até que ela não alcançasse seus campos de visão.

— Konoha não mudou nada. — Ela comentou nostálgica, direcionando o olhar a grande montanha com os rostos dos Hokages. E sentiu-se aliviada ao ver que o rosto de Tsunade ainda era o último.

Enquanto aproveitava para preencher as saudades, o mesmo cheiro delicioso de lámen atingiu suas narinas. Não importava há quanto havia provado, ela não hesitou em adentrar o Ichiraku Lámen. Uma simpática jovem sorriu-lhe, cumprimentando-a com “seja bem vinda” e Tsuhime sentou-se em um dos banquinhos vermelhos.

— Por favor, poderia fazer um miso de porco para viagem?

— Já saindo! — Desta vez um senhor a respondeu.

E, decidida a apreciar todo o tempo, Tsuhime aguardou a refeição pacientemente.

(...)

Os relatórios haviam diminuído bastante, e em cinco horas Tsunade preenchera e assinara os mais importantes enquanto uma xícara de chá quente a acompanhava naquela tarefa. Shizune fizera um acordo com ela: Se terminasse pelo menos os relatórios daquela semana, daria a ela uma garrafa de saquê. E saquê era sempre saquê, não importava como.

O final da tarde tingia o céu de laranja e já era possível notar a presença de uma ou duas estrelas. Pelo visto, será uma bela noite... A Hokage pensou consigo, pegando mais uma folha para assinar.

— Senhora, perdoe-me por interrompê-la. — Um ANBU anunciou sua presença. — Mas há uma pessoa querendo vê-la.

— Quem é? — Tsunade quis saber, repousando a caneta sobre a folha.

— Ela não quis dizer o nome. Apenas pediu permissão para entrar.

— Tudo bem... — A mulher de cabelos loiros assentiu, recostando-se a cadeira. — Fique atento.

O ANBU sumiu por poucos segundos, logo uma batida leve foi ouvida. Como se estivessem em câmera lenta, a maçaneta girou em um ritmo estressante, aumentando a curiosidade da Hokage. Por seus pensamentos, não conseguia supor quem poderia ser aquela pessoa misteriosa e esperava que não fosse alguém querendo destruir o tempo de paz que viviam.

A primeira coisa que Tsunade viu foram os pés cobertos por botas típicas, depois a saia de cor preta acompanhada de meia-calça quadriculada, em seguida uma blusa também preta colada ao corpo, demarcando a cintura fina e os seios. Onde foi que vira aquela simetria?

E todas as perguntas foram respondidas pelo rosto familiar e que lhe causou saudades e preocupações ao mesmo tempo. Um sorriso bonito enfeitava os lábios da garota, que nas mãos trazia uma tigela de lámen. Embora a garota houvesse mudado durante todos esses anos, para Tsunade ainda permanecia a mesma, salvo a cor acastanhada dos olhos.

— Pensei que, como fica todo o tempo trancada nesta sala, quisesse desfrutar de um bom lámen. — Tsuhime iniciou a conversa, fazendo com que Tsunade se levantasse. — Sou eu, Tsunade-hime.

A Hokage apenas caminhou até Tsuhime, envolvendo-a em um abraço reconfortante. Estava feliz por revê-la, ainda mais naquelas condições saudáveis. Os traços melancólicos não faziam mais parte daquele rosto cheio de cor e felicidade e, embora não demonstrasse, Tsunade sentia-se aliviada.

— Você cresceu. — Foi tudo que ela comentou ao separar-se da jovem.

— Um pouco. — Tsuhime sorriu envergonhada, no fundo ainda se mantinha a mesma de quando conhecera Tsunade. — Acho... Acho que finalmente estou em casa.

— Desta vez veio para ficar sem impedimentos? — Tornava-se quase impossível para a Hokage se comportar.

— Sim. Demorei bastante tempo, mas estou de volta. Isso é, se a senhora me permitir ficar.

— E eu tenho escolha? — Tsunade cruzou os braços, sorrindo para a jovem a sua frente. — Sabe, eu tinha certeza que você voltaria. Eu percebi, naquele tempo, que você deveria ficar aqui em Konoha.

— Konoha nunca deixou de ser um lar para mim. — Aquela recepção calorosa era mais do que Tsuhime imaginou que pudesse acontecer, afinal, foram tantos anos. — Tsunade-hime, eu posso lhe fazer uma pergunta?

A Hokage a esquadrinhou atentamente, captando pelo modo da fala receosa o assunto que Tsuhime queria tratar. Embora quisesse contar a verdade, achou completamente errôneo de sua parte se intrometer quando nada lhe dizia respeito.

— Como ele está? — E o coração alterou-se com as possibilidades de confirmações, o estômago agitado por antecipação. — Por favor, diga-me que ele está bem.

— Sim.

— Fiquei tão preocupada, na verdade ainda estou. — Tsuhime riu, nervosa. — Passei esses quatro anos pensando se papai havia descoberto algo, ou se ele se lembra de mim.

— Voltou por ele. — Tsunade afirmou, deprimindo-se por dentro. Tsuhime, desde a hora que chegara, jamais conseguiu expressar claramente o que queria saber. Depois de alguns minutos cogitando, a Hokage percebeu que ela temia todas as descobertas que tivessem a ver com Aburame Shino. — No momento, mandei-o em missão. Talvez ele chegue amanhã, então, enquanto isso arrumarei um lugar para você.

— Não, Tsunade-hime, eu alugarei um quarto. — Ela sorriu agradecida, ajeitando a mochila nos ombros. — Eu não voltei para deixar que resolva questões tão pequenas como essa por mim.

— Como quiser, Tsuhime-chan. — A Hokage deu de ombros, deixando que a garota se virasse por conta própria como queria.

— Obrigada. — Curvou-se levemente em uma reverência, e pediu licença para sair.

A noite não estava alta quando Tsuhime ganhou as ruas, a brisa de primavera soprava fresca em seu rosto e agitava os cabelos compridos, que logo ela daria um jeito de prendê-los. As estrelas dominaram completamente o céu escuro e, depois de instalada, a jovem marcou uma caminhada para mais tarde.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, espero que tenha gostado.
Dúvidas, críticas construtivas, sugestões... Tudo será sempre bem vindo.
Beijos!



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