– Vamos, Lily. - Scott estava com a mão estendida para mim e com um sorriso convidativo na cara. - Vai ser divertido variar um pouco.

– Scott, eu não vou.

Eu não quero ir com eles nem a pau. Não quero ser vista entrando na cantina com Scott, nem muito menos ser vista almoçando com ele. Na verdade, ser vista é meu menor problema. Eu não quero nem chegar perto dessa criatura rastejante dos pântanos.

– Vamos lá, Lily... só um dia não vai te matar.

– Caso você não saiba, "eu não vou" é um equivalente para "eu não vou almoçar com você nem em um milhão de anos".

– Você vai mesmo deixar a Summer sozinha? - ele levantou uma sobrancelha, demonstrando que estava realmente surpreso que eu estava tomando esse caminho.

Abri a boca para responder que sim, eu iria, mas percebi que ela estava prestando atenção na nossa discussão e me olhava praticamente implorando para que eu ficasse. Rolei os olhos. Eu realmente faria qualquer coisa por essa lesada que aceitou almoçar com os dois garotos que ficaram olhando feito abestalhados para nós durante toda a aula.

– Tá. Eu não vou deixar a Summer sozinha com vocês dois.

– Ótimo! - Scott exclamou, parecendo realmente feliz porque eu estava indo.

Ele tentou entrelaçar nossos braços, mas eu simplesmente recuei e o afastei a uma distância mais respeitosa de mim.

– Eu já estou indo almoçar com você. Não force a barra.

Ele levantou as duas mãos, como que dizendo que eu tinha um ponto. Algo me dizia que ia ser um almoço longo e que eu não ia comer.

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Pegamos nossos almoços e eu e Summer estávamos procurando por uma mesa limpa e escondida, onde fosse mais difícil que nos vissem. Mas os meninos decidiram que não íamos comer na cantina. E eu só pude agradecê-los mentalmente. Eu não precisava que uma multidão visse que eu estava almoçando com Scott Rivers. Eles nos levaram até uma espécie de jardim com uns banquinhos e tudo o mais. Que raio de escola tem esse tipo de coisa? Ah, é. O colégio Baxter tem. Algo como originalidade e visão de futuro e essa ruma de baboseiras que toda escola diz que tem. Bobby puxou a Sums para um lado e eu estava indo para o lado da minha melhor amiga, quando Scott me interrompeu, puxando meu braço e quase derrubando minha comida toda. Minha única satisfação com isso, foi que meu suco caiu na jaqueta dele, manchando tudo. Comecei a rir, enquanto ele olhava indignado.

Ele parecia com raiva e foi se afastando para um banco que estava mais longe e eu tive um momento de fraqueza, que me fez sentir pena dele e seguí-lo.

– Hey, você tá bem? Eu derramei suco em algum órgão vital? É fatal?

Ele começou a rir e se sentou em um extremo do banco.

– Ora, faça-me o favor Lily. Nós dois sabemos que você é mais do que isso.

– Eu vim aqui para saber se a minha dupla estúpida do trabalho estúpido de literatura estava bem, porque eu quero tirar uma nota boa naquela bagaça. - sentei no outro extremo do banco.

– Nossa. Tirar uma nota boa envolve se importar comigo, por acaso?

– Por acaso, sou eu que sei?

– Deveria ter algum motivo para você começar a me tratar melhor do nada, não?

– Você podia ter se cortado ou estar tendo uma apendicite ou ataque cardíaco e estar tentando ir para a enfermaria sozinho, não? - perguntei levantando uma sobrancelha. - Nesse caso, acho que seria desumano deixar você sozinho, não acha?

– Realmente seria. - ficamos nos encarando por uns momentos, até que ele parou e eu decidi ignorá-lo.

Cada um ficou do seu lado do banco, almoçando pacificamente, como se não nos odiássemos ou brigássemos a cada 5 segundos. Após algum tempo, eu resolvi falar. Não podíamos ficar em silêncio para sempre e tínhamos que decidir sobre o trabalho.

– Então, - falei me virando para que pudesse olhar para ele, que já olhava para mim. - já pensou sobre que livro faremos o trabalho da Natalie?

– Ahn, na verdade, não. - ele baixou a cabeça. - É bem difícil pensar num livro entre tantos.

– Entendo perfeitamente. Eu estava pensando em algo como um clássico, tipo o Fantasma da Ópera ou talvez um livro mais atual, como O Caçador de Pipas, ou qualquer outro.

– Acho que seria mais fácil fazer sobre As Crônicas de Nárnia, não?

Comecei a rir.

– É, concordo. Mas eu acho que a professora quer ver os gostos da turma. Acho que ela quer algo mais maduro da parte de todos.

– Hum... vamos ver algo mais maduro... - ele passava a mão pelo queixo enquanto pensava. - Já sei! Que tal fazermos sobre 50 Tons de Cinza?

Fiz minha melhor cara de indignada.

– Você tá de brincadeira com a minha cara? Só pode! Acho que não é bem essa maturidade que ela quer.

– Porque não? Aposto que ela leu e adorou. - Scott tinha um sorriso sugestivo no rosto.

– Scott! - dei um tapa no braço dele.

– Hey! Era brincadeira. É só porque eu acho masoquismo uma coisa interessante.

– Pessoas que curtem sofrer realmente são interessantes. Quero abrir o cérebro delas e descobrir com o funciona.

Ele explodiu numa gargalhada.

– Claro que você pode fazer isso. Nem deve ser ilegal.

Dei um soquinho no braço dele, sorrindo.

O sinal tocou, o que significava que eu tinha sobrevivido a um almoço sem a Sums e sem derrubar nada em mim. Acho que Scott não é tão insuportável assim. Tão. Continua chato, mas todos temos nossos raros momentos de simpatia.

Fui para os armários e percebi que provavelmente estava atrasada.