Nossa história continua! escrita por The Kira Girl


Capítulo 6
JADE - Caindo do telhado do galpão de ferramentas


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo :* Espero que gostem *---*



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JADE

Se a minha primeira noite no interior foi ruim, imagine o resto da semana.

Não consegui pregar os olhos de noite graças a minha adorável priminha. Parecia que eu estava dividindo a cama com uma baleia jubarte. Nunca imaginei que uma garota tão magrinha quanto Megan fosse tão espaçosa. No meio da noite ela simplesmente me chutou e me empurrou para fora da cama!!! Então eu dei com o travesseiro na cara dela e ela acordou me xingando, dizendo que nunca faria uma coisa dessas.

Resumindo: só consegui dormir por umas duas horas antes de acordar com o canto do maldito galo. Me diz, pra que esse bicho tem que cantar as quatro da madrugada? Não há necessidade nisso.

Pelo que pude perceber, a noite de Gaah também não foi muito boa. Sua pele que sempre fora branquinha e lisinha como a de um bebê, estava vermelha e toda empolada. Eu não fazia ideia de que ele era alérgico a insetos.

Depois do café da manhã, procurei ficar com ele, para que não se sentisse deslocado no meio de pessoas que conheceu no dia anterior, mas acho que ele se sentia mais confortável do que eu aqui no sítio:

– Nossa, que cavalo lindo! – ele dizia acariciando um dos cavalos mais bonitos da vovó.

– Pois é, ele já vive muito tempo aqui, compramos quando ainda era filhote... – dizia um dos empregados encarregados de cuidar exclusivamente de cavalos. – Você gostaria de monta-lo?

– É claro! – Os olhinhos dele brilharam.

Era muito fofa a relação que Gaah tinha com animais. Antes eu achava que fosse apenas com répteis, mas agora vejo que é com qualquer espécie. Ele pouco se importava de entrar no chiqueiro e alimentar os porcos ou tirar leite das vacas, coisas que eu nunca suportei fazer. Sempre que minha avó me mandava fazer esse tipo de serviço, eu dava um jeito de enrolar e fazer ela desistir de mim. Mas, ele fazia tudo com a maior disposição que tinha e parecia se divertir.

Porém, não posso negar que me senti um pouco “avulsa”. Havia convidado meu namorado justamente para que EU tivesse uma companhia agradável por perto, o que claramente não estava acontecendo.

Decidi por fim, dar uma volta pelo terreno, a fim de esfriar minha cabeça. A vida na fazenda realmente não se encaixava nada no meu perfil. Ficar cuidando de animais e fazendo trabalho pesado não era minha praia. Nesse um dia e meio que havia passado, eu já morria de saudades da minha cama, meu banheiro com cheirinho de sabonete de bebe, meu ar-condicionado, minha televisão... e principalmente meu celular. Sim, eu o trouxe comigo na viagem, mas era impossível conectar-se à internet e mais impossível ainda captar sinal de telefone.

Andei durante algum tempo até que achei uma paisagem bonitinha e parei para apreciá-la. Era um rio de água cristalina que abria caminho por entre as árvores. A correnteza era forte, mas não o suficiente para arrasar uma pessoa. Quase à margem tinha uma casinha de madeira com uma placaa escrito em letras garrafais: GALPÃO DE FERRAMENTAS. Aquilo era a única coisa que de fato atrapalhava a paisagem.

Meus pensamentos foram interrompidos por algo que vibrava em meu bolso emitindo uma musiquinha familiar. Um toque exclusivo que eu mesma havia colocado para identificar as chamadas de minha melhor amiga: Cassy.

Peguei o celular e arrastei o dedo na tela para atender.

– Alô?

–Oi Jade!!! – Cassy gritou do outro lado da linha – To tentando ligar pra você desde ontem mas só da fora d....a...........c...v... – A ligação começou a falhar.

– Alô? Alô, Cassy??? Está me escutando??? – Andei de um lado para o outro tentando achar um ponto onde o sinal estivesse mais forte. – Cassy, não me deixa, Cassy!!!

A voz de Cassy agora havia se transformado em um chiado agudo ensurdecedor.

Quanto mais eu me afastava do rio mais o sinal enfraquecia. Então eu deveria ficar por perto. Olhei para o galpão de ferramentas. Apesar de pequeno, era alto. Não queria que ela desligasse. Queria conversar, me abrir, dizer que tudo isso é o fim do mundo, reclamar desse lugar. Seria um grande alívio desabafar para alguém. Então, o primeiro pensamento que me ocorreu foi simplesmente subir.

Pisei na borda a janela e me estiquei para alcançar o telhado. Subi com um pouco de dificuldade, mas por fim consegui ficar de pé.

Tudo parecia menor lá de cima. O rio parecia mais extenso. Se eu caísse daquela altura, não morreria, mas no mínimo quebraria alguns ossos.

– Cassy? Me ouve agora?

Ainda sem sinal de Cassy, apenas de um chiado misturado com alguns sons que não conseguia entender. Me arrisque a andar de um lado para outro do teto ainda chamando por ela. Porém, meu chamado acabou chamando atenção de uma pessoa que passava por perto.

– Ei garota! – gritou um homem que veio praticamente do nada. – Você ficou louca? Desce daí!

– Mas eu estou tentando falar com minha amiga!

– É arriscado demais, essa estrutura pode ruir a qualquer moment...... – ele não terminou de falar. Não conseguiu. Ouvi um barulho alto e senti meus pés perderem a estabilidade. Eu iria cair.

Gritei, mas antes que tocasse o chão fui aparada por algo. Alguém.

Aquele homem que eu não conhecia havia me aparado.

– Você está bem? – ele perguntou me colocando no chão longe dos pedaços de telha que também caíram comigo.

Assenti com a cabeça. Estava em estado de choque.

– Ai, meu Deus, você machucou a perna... vou buscar água para estancar isso ai! – olhei para minha perna e vi que ela estava coberta de sangue e ardia miseravelmente. O homem voltou com um pedaço de pano molhado e colocou na ferida.

– Ai!! – gritei – está doendo!!!

– É claro que está doendo, a carne está exposta! De onde você tirou a ideia de que subir no telhado???? Estava querendo se matar??

– Quem é você?

– Sou Josh, trabalho aqui já faz algum tempo. Sou o faz tudo desse sítio. – olhei para Josh. Ele era um homem moreno, com olhos e cabelos cor de chocolate. Usava uma barba que combinava bem com seu rosto e sua roupa surrada indicava que teria feito um trabalho pesado.- Eu conserto qualquer coisa, inclusive seres humanos! – disse sarcasticamente enquanto amarrava ataduras que tirou sei lá de onde na minha perna ensanguentada. – E você? É uma das netas da dona Lurdes?

– Sou...meu nome é Jade.

– E o que estava fazendo por aqui?

– Passeando...

– Se eu não tivesse por perto e você tivesse caído estaria com um problema enorme! Ninguém te encontraria por essas bandas...- ele me encarou com os olhos penetrantes. – Acha que consegue andar?

– Acho que sim... – Ele estendeu a mão e eu aceitei, tentando me levantar. Mesmo com a ajuda dele, estava difícil andar. Minha perna doía demais, mas deveria fazer esse esforço se quisesse voltar pra casa.

– Vem, vou te ajudar. – Saímos do galpão completamente abalado agora, eu apoiando parcialmente meu peso em Josh.

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A mesma caminhada que eu havia feito rapidamente em alguns minutos agora durava horas. Não consegui me mover normalmente. Chegamos à frente da mansão-casa quando o sol já tinha se posto completamente. A primeira pessoa que me viu foi minha mãe, que veio correndo até mim.

– Jade, onde você estava? O que aconteceu com você? De onde veio todo esse sangue? – ela parecia muito preocupada. Odiava deixar minha mãe assim.

– Eu estou bem...

– Podia ter sido muito pior, ela varou o teto do galpão de ferramentas... – Josh teve que se meter.

– VAROU O TETO??? VOCÊ FICOU DOIDA??? QUER ME MATAR DO CORAÇÃO GAROTA???

– Calma, mãe, podia ser pior mas não foi, graças ao Josh...

– Josh, quem é Josh?

– Eu sou Josh, o faz-tudo... Prazer em conhece-la... – Josh sorriu para a minha mãe. Percebi que eles pareciam ter a mesma idade.

– Hm... obrigada por isso, prometo que Jade não vai mais interromper seu serviço...

– Não se preocupe, eu não estava trabalhando, estava voltando para casa... eu e minha filha moramos de favor no sítio...

– Você tem filhos?

– Tenho uma filha da mesma idade de Jade... entendo como são os adolescentes....

– Pois é ... É muito difícil controla-los... – minha mãe sorriu também, mas era um sorriso diferente. Um sorriso que ela não dava desde que papai foi embora. Será que...

– Com licença – interrompi- será que vocês podem parar de flertar e me levar pra dentro? Meio que eu estou sangrando ainda...

– Ah sim, Jade, me esqueci! – ela se virou pra mim. – Vamos, Gaah também está muito preocupado com você...

– Agora ele já se lembrou que eu existo...?

– Bom, eu volto amanhã para ver como você está, tudo bem, Jade? – Josh acenou para mim.

– Tanto faz.

– Foi um prazer em conhece-lo. – disse minha mãe – Obrigada de novo!

– O prazer foi todo meu, dona...

– Elle! Só me chame de Elle.

– O prazer foi todo meu, Elle! Até amanhã.

– Até.

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Depois de entrar em casa e explicar para todos lá presentes o por quê de minha perna estar coberta de sangue, eles entenderam que eu precisava descansar. Fui para meu quarto que dividia com Megan e fiquei sozinha apenas com Gaah, que ainda mostrava uma expressão preocupada.

– Tem certeza de que está bem? Não precisa de nada?

Era muito fofo da parte dele se preocupar comigo.

– Sim, sim, tenho certeza... – me encostei nele que estava sentado na cama, junto a mim.

– Depois que terminei de ajudar com os animais, eu fui te procurar mas você tinha sumido... – ele abaixou a cabeça – fiquei preocupado quando você apareceu desse jeito, toda ensanguentada...

– Mas não aconteceu nada, ainda bem que Josh me salvou antes que eu caísse...

– Josh? Quem e esse Josh? – ele disse com uma pitada de ciúmes.

– Josh é o cara que me salvou e por quem agora minha mãe agora está suspirando.

– Espera, a sua mãe...?

– É, acho que ela gostou dele... isso é muito estranho...

– O que?

– Pensar que minha mãe pode estar gostando de alguém...Isso é muuuuito estranho!

– Sua mãe tem o direto de namorar também se ela quiser... – Gaah riu. – e quando é que eu vou poder conhecer meu futuro sogro?

– Ele vem aqui amanhã para ver como eu estou. Ai você pode agradece-lo por te salvado a vida da sua namorada!

– É claro que eu vou agradecer... você é muito importante para mim. – ele me beijou. Estou quase perdoando- o por ter me esquecido essa tarde. – É melhor eu ir agora, você precisa descansar... tchau, princesa!

– Tchau. – ele fechou a porta e me deixou sozinha.

Não demorei a dormir, afinal, hoje foi um dia bem cansativo e cheio de surpresas. Espero realmente que amanhã seja melhor.


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