Os dias passaram rápido, e o aniversário de Reita já havia chegado. No dia anterior eu havia deixado tudo pronto em sua casa e, inteligentemente, falei pra ele dormir na minha casa. Ele aceitou.

Eu já havia planejado também que hoje eu fingiria não lembrar de seu aniversário, e levaria ele para sair apenas por diversão.

-Reita! - falei a caminho do colégio. - Eu estava pensando... O que você acha de irmos a um lugar especial hoje, sei lá, um encontro?

-Por quê? Tem alguma ocasião especial hoje? - e um sorriso se abriu em seu rosto, logo se desmanchando com minha resposta.

-Não, não tem nada, apenas queria sair mesmo. - e um sorriso malicioso se formou em meus pensamentos.

-Ah... Bem... Por mim pode ser. Iremos depois do colégio?

-Por mim está ótimo! - estava perfeito. Sairíamos dali e não daria nem tempo dele imaginar o que estava acontecendo. Ele estava armando sua própria armadilha.

Chegamos no colégio e meus irmãos vieram falar conosco, e, como combinado, eles também não deram felicidades a Reita, o que o deixou ainda mais aborrecido e confuso.

Assistimos as aulas, e quando o sinal bateu, me levantei rápido, perguntando:

-E então? Aonde iremos?

-Tanto faz, você decide. - ele estava com uma cara de desanimado hilária. Tive que segurar o riso.

-Está bem. - parei pra pensar um pouco. - Que tal irmos a um parque que fica meio isolado? Ninguém vai lá nos dias de semana, pelo menos não quando eu vou. Raramente vejo alguém por lá.

-Por mim pode ser, parece uma boa idéia. - ele pareceu se animar um pouco.

-Então tá. Mas primeiro vamos passar lá em casa pra pegarmos umas coisas pra passarmos o dia.

E dito isso saímos da escola em direção ao seu carro. Ele permaneceu em silêncio a viajem toda, olhando para fora da janela. Eu me perguntei se ele me perdoaria, e quando pensei que sim, ri silenciosamente da situação em que ele se encontrava.

Chegamos em minha casa e ele cumprimentou Uruha. Esse retribuiu o gesto, mas colocando nosso plano em prática.

Subimos ao meu quarto e pegamos uma mochila bem grande. Colocamos dentro uma toalha para colocarmos no chão, um radinho antigo e uns cd's de umas bandas de rock que eu tinha. Descemos até a cozinha, preparamos algumas coisas para comer e colocamos também dentro da mochila. Nos despedimos de Uruha e saímos.

Dirigi lentamente até o lugar onde iríamos, na tentativa de deixá-lo nervoso, mas parece que meus esforços foram em vão. Tentei puxar alguns assuntos, mas as conversas duravam pouco tempo. Droga, esse desânimo dele estava começando a me afetar, e eu por pouco não revelei o segredo.

Parei o carro em um lugar seguro e depois começamos a caminhar por uma pequena trilha que nos levaria ao parque, e em pouco tempo estávamos lá.

Abri a mochila, tirei a toalha e a estendi na grama. Coloquei um Cd no rádio e espalhei as comidas pela toalha, como um pequeno piquenique. Sentamos e começamos a mordiscar alguma coisa. Tentei puxar assunto, me sentando perto dele.

-Nee, Reita, você parece meio desanimado hoje. Aconteceu alguma coisa?

-Hã? Ah, não, está tudo bem. - Quase não percebi a ironia em sua voz. - É que eu acho que você está esquecendo algo meio que importante... - ele disse meio sem jeito.

-Ah sim, é verdade. - e sua expressão ficou alegre. - Eu esqueci de avisar ao Uruha pra dar cobertura lá na lanchonete. Obrigada Reita.

Liguei pra Uruha e falei isso. Ele já sabia que essa seria a minha desculpa.

A cara que ele fe foi o melhor. Gargalhei alto internamente. Ele ficou deprimido de novo, mas tratei de tirar aquela expressão de seu rosto.

Engatinhei para mais próximo dele e o provoquei. Sentei-me em seu colo, colocando uma perna de cada lado do seu corpo, fazendo uma certa pressão sobre ele. Passei os braços pelo seu pescoço e colei nossos corpos. Ele estava começando a se excitar.

Aproximei meus lábios de seu ouvido e falei roucamente:

-Nee, Reita, por que não se anima um pouco? Estamos aqui, eu e você, você e eu. Vai deixar essa oportunidade passar em branco?

Ele me olhou um pouco chocado, não acreditando que eu faria aquilo normalmente. Mas logo, ele ficou com um rosto malicioso e começou a me beijar necessitado. Bom, devido a sua condição física, é verdade que já não tínhamos certa intimidade há algum tempo.

Depois de algum tempo, paramos por falta de ar. Deitamo-nos um ao lado do outro e demos as mãos.

-Sabe, Ruki... - ele comentou. - Na verdade, nã me importo com mais nada. - eu sabia que ele falava sobre seu aniversário. - Eu percebi que o que mais importa está bem aqui do meu lado. Ele olhou pra mim e sorriu. Sorri de volta.

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Olhei o céu e percebi que estava quase no final da tarde. Havíamos passado o resto do dia apenas trocando carícias. E por mais que eu quisesse continuar daquele jeito, ainda havia a surpresa dele. Eu não podia simplesmente estragar seu aniversário por causa do meu egoísmo.

-Amor, sabe o que eu tava pensando? - perguntei.

-O que? - ele acariciou minha mão.

-Está ficando frio. Podíamos ir pra sua casa, nos enroscarmos em um cobertor no sofá, assistir um filme, tomar chocolate quente... O que você acha?

-Acho uma boa idéia. - e sorri. Nem parecia o Reita desanimado de algumas horas atrás.

Guardamos as coisas de volta na minha mochila e caminhamos abraçados em direção ao carro, ele se apoiando um pouco em mim.

No caminho de volta para sua casa, fingi estar escolhendo um filme com ele para assistirmos. Alguns títulos que ele dizia eu discordava, mas admitia que outros eram muito tentadores.

Paramos o carro em sua garagem. A casa estava toda com as luzes apagadas. Devagar caminhamos até a porta, meu coração já batia rápido. Eu estava tão feliz porque havia dado certo.

Entramos.

-Nossa, está incrivelmente escuro aqui hoje. -realmente, não conseguíamos ver um palmo a frente do nariz.

Ele segurou forte em minha mão e falou:

-Nee, Ruki, sei que isso é chato, mas tem algo que martelou na minha cabeça o dia todo hoje. - pausa- Bem... Hoje é meu aniversário... E você não se lembrou disso...

O abracei pela cintura lentamente e virei minha cabeça para cima para ver seu rosto:

-Você achou mesmo que eu tinha esquecido?

E de repente, a luz se acende e todos gritam:

-SURPRESAA!!!

Ele se assustou, mas eu pude ver em seu rosto que ele estava extremamente feliz. E eu também estava. Havia dado certo.

.: REITA'S P.O.V :.

Eu nem acredito! O que era aquilo? Uma festa surpresa pra mim? Que incrível! Olho para o meu pequeno. Este simplesmente sorri para mim e diz:

-Feliz aniversário, meu amor.

Mais do que feliz deposito um doce beijo em seus lábios. Todos começam a pedir por mais, mas os ignoro e rio. Recebo meus presentes, mas o de Ruki foi o mais especial.

Ele compôs uma música para mim, a qual ele intitulara de Cassis. E a música era simplesmente perfetia. Ele fez questão de cantá-la e tocá-la no violão. Foi incrível, todos gostaram. Eu amei.

Pude ver lágrimas em seus olhos no final da apresentação, então corri até ele, o abracei o mais forte que podia e disse:

-Eu te amo! Muito obrigado. Foi o melhor aniversário da minha vida.

-Eu também te amo. - ele disse, e ficou na ponta dos pés para me beijar.

E aquele foi um dia inesquecível da minha vida. Meu aniversário com meu pequeno. Foi realmente o melhor da minha vida.