Comédia Romântica Qualquer escrita por Thaís Romes


Capítulo 14
A tristeza toda que te leva a pensar, como a vida é uma merda.


Notas iniciais do capítulo

Oi amores!i
Como o combinado eu estou de volta a todo vapor, agora que US acabou (não superei isso ainda), vou estar focada em CRQ. Sei que já fiz vcs esperarem muito, então nos falamos lá em baixo.
Boa leitura!



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OLIVER

Não sei direito a quanto tempo eu estou nessa sala de espera, é estranho, pois me sinto a caminho do médico que assinaria minha certidão de óbito. Mas estou fazendo a coisa certa, não estou? Acredito que sim. Diggle não gostou da idéia, e no fim se propôs a vir comigo, mas ele finalmente conseguiu Lyla de volta, os dois estão felizes juntos, não vou o tirar dela por uma segunda vez.

Não tive escolha, depois que a noticia da morte do soldado Todd chegou aos meus ouvidos, eu precisava ajudar de alguma forma. Então esse é o motivo de estar aqui nesse momento, aguardando para falar com o General Steve Trevor. Estou prestes a assinar minha provável certidão de óbito.

–Tenente Queen, o General Trevor está o aguardando. –uma mulher de terno me chama, eu me levanto e a sigo, sentindo o peso da minha escolha a cada maldito passo que dou em direção a sala dele.

Eu entro o vendo de costas, olhando através da janela. Steve Trevor, é o general mais jovem de todo o exercito americano, tendo hoje a mesma idade que eu. Um homem alto com cabelos dourados e o porte militar impecável. Filho de militares, ele cresceu dentro do ofício, há dois anos parou de agir em campo e passou para burocracia, quando conheceu Diana Price, embaixadora de Themyscira, e a primeira mulher que conseguiu ganhar de seu rifle. Bato continência assim que seus olhos me encontram.

–Descansar tenente. –responde com seriedade, antes de sorrir e caminhar em minha direção, nos abraçamos de forma breve. –Oliver Queen, a que devo a honra?

–Quero voltar. –falo sem rodeios e a seriedade volta a sua face. Steve me indica a cadeira e dá à volta em sua mesa, se sentando a minha frente.

–Jordan já me avisou que em breve teríamos essa conversa. –suspira cansado.

–Hal não deveria discutir isso com você. –digo em tom de brincadeira.

–Ele me contou que você encontrou “a” garota. Como vai contar isso a ela? –me olha de cima, tentando me intimidar, me fazer recuar.

–Jason Todd está morto, Steve. E ao contrario do que o Tenente Wayne pensa, sim, ele precisa de ajuda. –falo pausadamente. –Minha vida amorosa não é a maior coisa em jogo nesse momento. E tem Slade, eu o vi perder tudo o que tinha, não posso o deixar perder a vida.

Steve me entrega um porta retrato que estava em sua mesa, nele havia a foto de uma bela mulher, de cabelos negros e um corpo perfeito. Diana Price, ela o abraçava na fotografia e os dois se olhavam de forma intima. Tenho uma dessas em minha mesa, Felicity sorrindo como um anjo com suas mãos em meus cabelos, enquanto a olhava com ar de adoração. Eu a uso para desacelerar meu dia, voltar a pensar com clareza, mas estou pensando com muita clareza no momento.

–Você é um homem de sorte Steve. Ela é linda. –elogio o devolvendo a fotografia. Steve a olha por alguns segundos antes de a colocar de volta sobre a mesa.

–Ela é sim. Eu não a abandonaria nunca Oliver, não me afastaria dela. Você ama essa garota com que em está, ou ela é mais uma Laurel?

–Não, eu a amo Steve, mas tenho um dever para com o país.

–Vai a fazer passar por tudo isso? –pergunta de forma retórica. –Wayne não quer sua ajuda Oliver, ele quer que você tenha uma vida. E Slade tenta se matar desde o que aconteceu com a Shado, só não fez isso com as próprias mãos por que prometeu a ela. –ele se levanta e para novamente na janela. –Sabe por que estou fazendo isso não sabe? –se vira em minha direção.

–Sim. Senhor.

–Oliver, você é meu amigo. Todos nós queremos seu bem.

–E eu quero o bem de vocês, se Kyle ou Grayson morrerem...

–Dick e Selina. –me interrompe e vejo algo em seus olhos, algo parecido com temor. Steve se sentia como eu, queria voltar, sabia que precisava, mas estava lutando contra isso por Diana. –São seus amigos, não precisa ser formal com eles. –fala entre dentes.

–Dick e Selina, são só o que Bruce tem no momento, tudo para ele. –deixo transparecer toda a dor que venho contendo, parece ser o suficiente. Steve volta para sua mesa e me entrega os formulários necessários.

–Só. Não. Morra. –fala pausadamente antes de se levantar e sair da sala, batendo a porta com força atrás de si, e eu me volto para toda a burocracia em minha frente.

Ando pelas ruas da cidade pensando em como contaria isso para minha família, como anunciaria isso para a Felicity. Penso em como foi da ultima vez, como poderia fazer isso novamente? Parto em três dias, era o tempo que tenho para colocar minha vida em ordem, e me despedir de todos que amo. Entro em uma cafeteria e me sento em uma mesa mais afastada, peço um café puro e tento espairecer.

–Ollie. –maldição! Levanto meu olhar vendo Laurel parada em minha frente, a única pessoa no mundo que eu não gostaria de ver nesse maldito momento. –Posso me sentar aqui? –questiona já se sentando.

–Claro. –murmuro com ironia encarando minha xícara de café.

–Você parece perdido. Está tudo bem? –existe genuína preocupação em sua voz.

–Claro.

–Conhece outra palavra? –pergunta com um sorriso doce nos lábios.

–Cla... Sim. –respondo com um mínimo sorriso, o que aumenta o seu.

–Sinto falta de você. –eu a olho assustado. –Oh, não dessa forma! –corrige percebendo o que pareceu. –Digo que sinto falta da nossa amizade. –respiro aliviado e ela solta um riso nervoso. -Você parece precisar de um amigo agora, está tudo bem com a garota do restaurante?

–Posso te fazer uma pergunta? –ignoro o que ela disse, minha vida amorosa não era da conta dela.

–Claro. –parece surpresa. –Qualquer coisa.

–Como lidou com minha ida para o Iraque? –olho dentro de seus olhos e vejo todo o desconforto que isso a causava. –Digo, tirando o Tommy.

–Ollie, sinto muito por isso...

–Tudo bem Laurel, não pergunto por que isso me machuca, pergunto para saber o que fazer agora.

–Você vai voltar? –passa um pouco de medo por seus olhos.

–Como conto isso a ela? –encaro minha próprias mãos. –Como falo para mulher que eu amo que eu estou caminhando para uma possível morte?

–Só... Seja justo com ela. –murmura com os olhos brilhando.

–Como seria isso? –questiono confuso.

–Não tem nada pior Ollie, do que sofrer pela morte de quem não morreu. Não a faça passar por isso, se a ama de verdade, dê a ela a chance de seguir a vida, sem a interminável espera. –Laurel se levanta e me dá um beijo no rosto. –Não banque o herói lá okay? –sorrio sem responder e volto minha atenção para meu café, a vendo passar pela porta secando algumas lágrimas que escorreram por sua face.

FELICITY

–Caitlin, quando falei que queria todos os detalhes sobre sua lua de mel, não pensei que você seria assim tão específica. –dou risada, jogada no sofá acariciando Ray que dormia todo esparramado ao meu lado, e escutando o quanto minha melhor amiga é pervertida. –Eu definitivamente não quero saber nada disso!

‘É sua obrigação, eu faria o mesmo por você.’

–Coitado do Barry, vai acabar se trancando no banheiro para fugir de você! –provoco.

‘Eu não faria isso!’ –quase engasgo ouvindo a voz do marido dela.

–Oh meu Deus, está tendo essa conversa no viva voz? –exclamo chocada me sentando ereta. Meu cachorro se move ao meu lado sem acordar.

‘Desculpe Felicity, não queria te assustar.’ –posso ouvir o sorriso na voz dele. ‘Se faz com que se sinta melhor, eu acabei de chegar.’

–Sempre um cavalheiro Sr. Allen. –respondo e vejo a porta se abrir, Oliver entra parecendo ter acabado de viver o pior dia de sua vida. Ele se senta ao meu lado e passa o braço por meus ombros.

–Oi Caitlin. –fala com os lábios próximos ao celular, e mudo para o viva voz.

–E Barry. –conto e ele faz cara de surpresa.

‘Oie!’ –Caitlin cumprimenta animada.

–Ela te obrigou a fazer isso Allen? –questiona segurando o riso.

‘O que posso fazer Queen? Essa mulher consegue o que quiser de mim.’ –coloco o dedo na garganta e Oliver esboça um pequeno sorriso.

‘Nem preciso me esforçar muito.’ –Caitlin fala gargalhando e soltando gritinhos em seguida, o que me faz pensar no que esses pervertidos estavam fazendo.

–É melhor desligar isso. –exclama Oliver.

–Concordo! –respondo desligando o telefone. –Nossa. –faço cara de nojo. –Eu amo eles, juro, mas nunca mais quero ter esse tipo de conversa na vida! –disparo falando muito rápido, o vejo sorri, mas não um sorriso que alcança seus olhos.

–Como foi seu dia? –pergunta respirando fundo.

–Melhor que o seu aparentemente. –respondo beijando seu rosto. –Pensei que não viesse hoje.

–Precisei passar em casa antes, reunião de família. –dá de ombros como se não fosse importante. -Sabe o quanto eu amo você? –diz de repente com seus olhos de um azul líquido, sondando toda minha face, fazendo-me sorrir abobada.

–Espero que me ame muito. –digo sem pensar, completamente presa por seus olhos, e ele sorri com carinho para mim acariciando minha face.

–Exatamente assim que eu te amo, muito. –apesar de suas palavras serem doces seus olhos estavam sombrios.

–O que está acontecendo Oliver? –questiono preocupada. Ele não responde, apenas cola seus lábios nos meus em um beijo intenso, quase desesperado. Sua mão livre segura minha face na dele como se temesse que eu o deixasse. Coloco minhas mãos em seus braços e retribuo da mesma forma, tentando tirar dele o que for que o esteja causando toda essa dor.

–Uau... –murmuro zonza. –Por que isso? Não que eu esteja reclamando, por que foi muito, muito bom mesmo. –começo a me atrapalhar nesse ponto. –Mas sinto como se estivesse me dizendo adeus. –sussurro o fim, e vejo sua face se fechar.

–Vou... Voltar para o Iraque. –ele desvia seus olhos dos meus, tirando seu braço dos meus ombros. Não sei o que responder, não faço idéia de como lidar com isso. Sinto um grande abismo se abrindo entre nós.

Oliver levanta e começa a andar de um lado para outro. –Quando? –pergunto em choque o seguindo com o olhar.

–Em três dias. –ele para, olha em minha direção com a voz embargada de emoção. Tristeza, dor, angustia, tudo isso gritava por seus olhos.

–Você foi convocado? –sinto o nó em minha garganta aumentar, temendo a resposta. Ele apenas nega com a cabeça, e aquilo parece uma facada direta em meu coração.

–Quis voltar para a guerra, por vontade própria? –me levanto o olhando séria, reprimindo o choro, reprimindo minha vontade de gritar a plenos pulmões.

–Me deixa explicar? –pede em um sussurro de voz, quase implorando.

–Não sou eu que vou para o Iraque Oliver! –não consigo evitar o sarcasmo em minha voz. –Explique o que bem entender.

–Lembra do meu amigo, Slade? –Oliver anda em minha direção parando na minha frente, o que torna isso o próprio inferno na terra, por que sinto a corrente elétrica entre nós, me puxando em sua direção, involuntariamente. Apenas balanço a cabeça concordando, e desvio o olhar para meus pés. –Ele foi capturado, junto aos filhos e a mulher de um amigo meu. –dessa vez eu o olho, entendendo seus motivos, não sei se faria diferente, o que não significa que seja fácil aceitar que ele pode estar indo em direção a morte iminente. –O garoto mais novo foi dado como morto. –morde os lábios, formando uma linha fina.

–Vocês eram próximos? –questiono com a voz doce, ele balança a cabeça concordando e posso ver o choro que ele reprime. –Oh meu Deus! –levo minhas mãos aos lábios. –Eu sinto tanto, sinto tanto meu amor. –o puxo para mim me acomodando em seus braços, com minha cabeça em seu obro. Ele estreita seus braços aminha volta, seus lábios são pressionados contra meus cabelos. Acaricio suas costas o sentindo estremecer levemente, enquanto se permite chorar. –Queria poder fazer algo, poder tomar um pouco da sua dor. –murmuro com sinceridade, e o sinto acariciar meus cabelos.

–Obrigado. –murmura. –Já está ajudando, pode acreditar. –se afasta para me olhar nos olhos, estendo minha mão limpando as lágrimas que escorreram por sua face. –Só estar aqui já é o suficiente.

Os dias se passam mais rápido do que eu desejava, passei dois dias na mansão dos Queens, por que não achava justo com a família dele, ter Oliver dormindo em minha casa nesses últimos momentos antes de partir, cada segundo contava. E sinceramente Thea foi uma companhia agradável, ela é doce e carinhosa, mesmo com todas as minhas trapalhadas, ela era paciente e se diverte com pouco. Já Moira é mais distante, mas se existe algo que é notável naquela mulher é como ela ama os filhos.

Cada abraço era duradouro, cada beijo intenso, as palavras eram ditas em tom de despedida. E tudo aquilo estava me matando. Em sua ultima noite, Oliver decidiu passar em minha casa, conversei com Moira para saber se estava ok para ela, que me assegurou que seria bom para ele, então concordei. Assim que abrimos a porta Ray corre em sua direção, Oliver se agacha para acariciá-lo, e aquela simples cena me faz querer chorar.

–O que acha de pedir pizza? –pergunta casualmente, mas havia um grande nó em minha garganta que me impedia de responder, percebendo Oliver deixa Ray abanando o rabinho, e vem em minha direção. –Hey! –toca meu queixo me fazendo olhar em seus olhos. –Não faz isso, por favor, não quero que se lembre de mim dessa forma...

–Você não vai morrer Oliver. –o repreendo cheia de convicção em minha voz, por um momento, posso ver que ele trava uma imensa luta interna. Beijo seus lábios brevemente, mas aquilo tinha gosto de despedida, e eu estou começando a me cansar de despedidas.

–Não posso fazer isso... –diz se afastando de mim. –São seis meses fora Felicity, podendo se estender a um ano, 365 dias que você se sentirá dessa forma. Nada disso é justo com você.

–Você pode voltar antes. –o lembro.

–Não é uma certeza. –é sua vez de me lembrar.

–O que quer dizer com isso? –Oliver dá mais dois passos para trás, aumentando a distancia entre nós.

–Eu quero terminar. –sua voz sai desprovida de qualquer emoção.

–O que? Não! –protesto dando um passo em sua direção, o que o leva a recuar mais uma vez. –Você disse que me ama a dez minutos atrás!

–Não quero fazer isso pela segunda vez Felicity. –me sinto pequena devido ao olhar que ele me lança.

–Não. Sou. Laurel. –falo pausadamente começando a me irritar.

–Não foi o que eu disse.

–Foi sim. Você disse que não quer fazer isso pela segunda vez. –repito suas palavras o encarando. –Eu te amo, sabe tudo o que passamos. As nossas tragédias anteriores, Oliver, não existe mais ninguém que eu queira nesse mundo. –sou incapaz de filtrar o que se passava por meus lábios, então tudo sai como um enxurrada, o que quebra a máscara de gelo que estava posta em seu rosto. –Nunca faria o mesmo que ela fez...

–Sinto muito. –vejo tristeza em seu olhar, mas ele estava decidido. –Estou tentando ser justo, não sei o que vai me acontecer...

–Você vai voltar Oliver, eu posso esperar. –interrompo, e dessa vez é ele quem se aproxima, entrelaçando sua mão na minha. Ele leva minhas mãos aos seus lábios, depois se aproxima mais beijando minha boca. Quando ele me abraça, eu já pressinto o que estava por vir.

–Não quero que espere. –sussurra em meu ouvido me soltando. Seus olhos passam por minha sala, param brevemente em Ray que estava deitadinho no tapete, e depois se voltam para mim. –Adeus Felicity.

Não consigo responder, ele espera por longos cinco segundos que eu poderia ter usado para implorar, o agarrar ou gritar com ele, mas nada sai, estou vazia, seca. Então Oliver me dá as costas parecendo uma criança ferida, essa poderia ser minha ultima lembrança sua. Ele me dando as costas, suas ultimas palavras poderiam ser esse adeus. Deixo meu corpo cair sobre o sofá, apoiando minha cabeça em minhas mãos. Sinto lambidas em minhas pernas, e deixo Ray colocar sua cabeça em meu colo. Eu o acaricio sentindo as lágrimas escorrerem sem controle por minha face. Oliver se foi... E esse é o fim.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Eu sei, não teve comédia, não como nos outros, mas sempre vem a escuridão antes do clarear do dia (brega ao extremo agora), enfim, espero o feedback!
Bjs queridos!