Príncipe Légolas escrita por America Singer


Capítulo 32
Capítulo 32: A Volta


Notas iniciais do capítulo

Me perdoem pelo tempo que fiquei sem postar. Planejava fazê-lo no fim de semana, mas domingo foi meu aniversário, e tive muitas coisas pra fazer :D
Fora a faculdade, ela com certeza é uma das coisas que me impedem de escrever, mas enfim...
Capítulo com mais de Aragorn. Está um pouco melancólico, Belle está frágil :(
Boa Leitura.



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Caminhei silenciosamente ao lado do senhor Aragorn até o estábulo. Guilden exibia um olhar furioso, porém não se atrevia a dizer nada. Sequer ousou chamar pelos outros irmãos, apenas observava Aragorn pegar suas coisas e seu cavalo, deixando-me sempre ao seu lado para confirmar que Guilden não me fizesse nada. Peguei minhas coisas também, um pouco receosa. Guilden parecia ter medo de Aragorn, e se um homem alto e robusto como ele tinha, o que será que Aragorn fazia? Provavelmente era um grande guerreiro, e eu temi que ele fosse ruim, apesar de seu ato de cavalheirismo.

– Querem vir comigo? – Aragorn ofereceu às outras duas criadas, que acordaram quando fui buscar meus pertences do quarto.

– Como é? – Trusdy não entendia a situação.

– As senhoritas não merecem servir esse homem. Sei que as trata mal, que abusam das senhoritas, por achar ser dono de vocês. – Aragorn disse, chocando ainda mais as criadas.

– Você não pode levar todas as minhas criadas embora, Aragorn! – Guilden protestou. – Elas me devem. E eu nunca abusei delas, se quer saber.

Guilden encarou as mulheres em busca de apoio. Essas que afirmaram com a cabeça.

– Meu amo nunca me tratou com desrespeito. – Hëllinien disse, com a voz tão fraca que foi difícil acreditar.

Trusdy ainda apenas afirmava com um movimento.

– Pois bem. – Aragorn disse, ainda desconfiando. – É a última chance que lhes dou.

– Elas não vão a lugar nenhum. – Guilden persistiu. – Estão comigo à anos. Pode levar essa garota, mas não minhas fiéis servas!

Trusdy e Hëllinien entreolharam-se ainda confusas.

– Vamos, Aimmee. – Aragorn chamou-me, puxando meu braço de leve, indo em direção à saída da casa.

Na porta, os senhores apareceram aflitos. Não entendendo bem a situação, observaram Aragorn guiar meus passos em direção ao cavalo, ajudando-me a montar-lhe.

– Espero nunca mais ver-lhe outra vez. – Guilden gritou, frustrado.

– Ainda ouvirá meu nome muitas vezes antes de sua morte, Guilden. – Aragorn respondeu, abrindo um sorriso fraco.

De pé, guiou seu cavalo, e pude ter certa admiração por ele. Aragorn era um cavalheiro, porém temido. Guilden tinha mais dois irmãos para ajudar-lhe a impedir que o hóspede me levasse, mas não recorreu. Talvez aquele misterioso homem fosse ainda mais forte e valente do que todos aqueles presentes na casa.

Descobriria depois.

Meus olhos ardiam. Senti a grama debaixo, um vento frio passando e um cheiro estranho. Forçando as vistas, pus-me a ver Aragorn de pé, abrindo um de seus sacos de comida, revelando-me seu conteúdo.

– Lembas. – disse, quando percebi do que se tratava. – Eu odeio lembas.

Minha voz saía rouca.

– Não são gostosas, mas saciam. Deveria comer, pois parece doente. – Aragorn respondeu.

– Como vim parar no chão? – Perguntei pegando um pedaço daquele alimento, e não me recordando do momento em que adormeci.

– Parei o cavalo e te desci. Estava dormindo em cima dele, quase caiu, mas não abriu os olhos naquele momento.

Olhei em volta. Estávamos no caminho de volta à Floresta das Trevas.

– Obrigada. – Agradeci ao homem de olhos azuis, que sorria simpático. – O que vai fazer na Floresta das Trevas?

– Visitar meu amigo. Soube que ele está para se casar.

– Légolas...?

– Sim, o príncipe da Floresta. Conhece? – Aragorn perguntou enquanto dava-me mais lembas e um copo de água fresca do rio que passava por nós.

– Ouvi falar dele. – Menti.

– Somos amigos à muitos anos. Ele me ensinou tantas coisas! E veja só agora, pareço mais velho do que ele em sua aparência. Os elfos são criaturas incríveis! Você não acha?

Afirmei a cabeça em concordância, desviando o olhar.

– Lindas. – Respondi.

– Lindas! – Aragorn concordou. – Sem dúvida nenhuma.

Ele sorria pro nada. Parecia que sua mente vagava para longe.

– Está apaixonado por Légolas? – Brinquei.

Aragorn assustou-se.

– Não seria difícil. – Ele riu. – Mas não. Légolas é como meu irmão mais velho, meu protetor. Conheço-o desde muito pequeno, e por isso preciso estar nesse momento de sua vida.

Senti uma dor no coração com aquela frase. Aragorn provavelmente me conheceria em outra ocasião, quando eu e Légolas estivéssemos prestes a nos casar.

– Com quem... o príncipe vai se casar? – perguntei curiosa sobre o que Aragorn sabia.

– Ainda não sei. Recebi uma carta dele há mais de dois meses, e foi uma luta chegar até aqui à tempo. Estamos a poucas horas da Floresta se formos rápidos.

– Vinte e duas horas, talvez mais. – respondi.

– Já foi até lá?

Encarei Aragorn. Sua curiosidade não parecia suspeita.

– Sim, senhor. – Limitei a dizer.

Aragorn exibiu um ar de curiosidade ainda maior, porém tentou esconder. Percebeu que minha vontade não era de explicar meus motivos, e respeitou isso.

E eu não queria pensar neles.

Por mais que meus sonhos me atormentassem, durante o dia eu não deixava que meus pensamentos vagassem até a seleção e Légolas. Não queria despertar-me para o que perdi, e muito menos me arrepender pelas minhas escolhas. Tinha orgulho próprio, e mesmo que ele me consumisse aos poucos, eu não queria me render por nada.

Depois de algum tempo, Aragorn e eu recomeçamos nossa jornada. Dessa vez, montamos no cavalo e fomos o mais rápido possível, pois ainda havia muitas milhas por vir.

Viajamos, e como íamos o mais rápido possível, permanecemos calados por todo o tempo, até o cair da tarde, quando decidimos parar para comer e descansar. As lembas me saciaram o dia inteiro, e ainda sentia meu estomago inchar-se por causa delas. Porém, como eu não havia nada, não poderia reclamar do que Aragorn me oferecia de bom grado.

– Já tem idéia de onde gostaria de ficar? - Ele perguntou-me após acender uma fogueira. – Poderia conseguir algo para você em Valle ou a cidadezinha perto da Floresta. Eu não a conheço, mas acho que Bard poderia ajudá-la.

– Eu fico em Mín, se não se importar em me deixar lá. – Respondi.

Aragorn me olhou com desconfiança.

– Conhece a cidade?

– Sou de lá. – Respondi, sentindo meus olhos marejarem, e tentando disfarçar, falhando miseravelmente.

– Tem família por lá?

– Sim, senhor.

Algumas lágrimas desciam por meu rosto.

– Então, o que fazia em Arnor? – Aragorn parecia curioso e preocupado. – Senhorita Aimmee?

Fitou o moço ali parado em minha frente. Seus olhos azuis brilhavam sob a luz da fogueira, seu rosto parecia rígido.

Ele era amigo de Légolas, e não havia no mundo ninguém que eu sentisse mais falta. Talvez eu nunca mais o veja. Talvez ele decida se casar com outra. Então, como sei que nunca mais me perdoará, no fim das contas também encontre um amigo em Aragorn.

Ou ele poderia levar minhas últimas palavras à Légolas.

– Meu nome não é Aimmee. – disse, chocando o senhor em minha frente. – É Luzziel Belle. Meu pai é Kirkel Lúmien, senhor da cidade de Mín. E eu estava em Arnor... Porque fugi.

– Como é? Fugiu de seu pai?

– Não...

Minha voz falhava em meio às lágrimas que desciam por meu rosto. Mas já era tarde demais, algo em mim denunciava que era muito grave o que estava por contar.

– Fugi de Légolas. – Continuei, percebendo Aragorn boquiaberto.

– Como é?

Suspirei. A história era tão grande, que me dava preguiça de contar. Mas já que estava ali, decidi continuar. E tudo o que eu queria mesmo era poder voltar para casa, pois sabia que meu pai me entenderia e me perdoaria. E mesmo que Thranduil ainda insistisse nessa história de “amor, pagamento, e o quer que fosse”, eu encararia. Qualquer coisa é melhor do que ser escrava de Guilden.

No final da história, Aragorn olhava-me com ternura. Sua boca abriu-se muitas vezes para falar, mas ele nunca conseguia soltar uma palavra sequer. Por vezes sorria, imaginando o amigo em certas situações. Por outras, soltava um suspiro de tristeza.

– Há quinze anos conheci uma elfa. – ele disse, abrindo um sorriso. Aquele mesmo que ele abriu mais cedo. – Ela se apaixonou por mim... e eu por ela. Ela era, ela é, sem dúvida nenhuma, o amor da minha vida. Porém, Elrond, seu pai, não permite nossa união. Ela é uma elfa, e tem toda a vida pela frente, poderes, linhagem real... e a imortalidade. Mas isso não me impede de amá-la. Ainda mais depois de entregar-me seu coração, como sei que Légolas fez.

– Não acha injusto, uma imortal entregar-lhe seu coração para o senhor, mesmo sabendo que um dia morrerá, e ela permanecerá aqui, infeliz e apaixonada? Ela não o esquecerá, mesmo que encontre outra pessoa. – perguntei, percebendo que Aragorn estava na mesma posição que eu.

– Acho loucura. Claro, eu não gostaria que ela fizesse tal coisa. Mas ela fez. E sei que, mesmo que os anos passem, ela ainda estará esperando por mim. Mesmo que não consiga a aprovação de seu pai, ela ainda estará lá. E meu coração lá com ela. Você entende? Tem em suas mãos a responsabilidade de fazer aquele que lhe jurou amor eterno feliz. E não digo que não tenha o direito de escolher, mas você sabe que ele só será feliz contigo, Luzziel. Arwen esperará o tempo que for para sermos felizes juntos, disso eu sei. E faço de tudo para merecer seu coração, para que seu pai veja o quanto eu a amo, e que esse amor nos faz sofrer por não ficarmos juntos. – Aragorn disse, firme em seus propósitos.

– Eu realmente acho que Légolas nunca mais me perdoará. – respondi momentos depois, limpando as últimas lágrimas que desciam devagar em minha face.

– Só há um jeito de descobrir. – Aragorn respondeu. – Luzziel, eu lhe desafio a encarar tudo de cabeça erguida. A pedir perdão à Légolas. A ouvir Thranduil. A seguir o que seu coração realmente pede. Desafio-lhe a aceitar a verdade, a encarar as conseqüências. E acima de tudo, agradecer pela aprovação do rei. Pelo amor que ele sente por você, e por deixar seu filho, príncipe da Floresta e imortal, casar-se com uma humana pequena e frágil! Desafio-lhe a fazer meu amigo feliz, pelo resto de vida que você tem.

Aragorn foi de encontro com minhas mãos e sorriu.

– Eu não sei...

– Faça por mim. – Ele disse. – Faça por minha luta. Por estar em busca da aprovação de Elrond. Faça para me dar incentivo, para não perder a fé.

Percebi que Aragorn era muito convincente em suas palavras. E apesar de, mesmo dizendo que eu me desviava de meu futuro e minhas conseqüências, eu gostava daquilo. Afinal, tudo foi fácil para mim. Thranduil aprovava, e me amava também. E eu, por orgulho, não aceitei.

– Eu prometo que vou tentar. – Respondi, vendo o largo sorriso nos lábios do homem.

– Amanhã chegaremos em Mín. Vá até seus pais, e lhes contem que rumará até a Floresta das Trevas comigo. Lhe acompanharei até lá, garantindo sua entrada.

– Tudo bem. – disse, comendo um pedaço de pão com mais entusiasmo.


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de comentar. O encontro de Belle e Légolas está por vir, acham que ele a perdoará?
Beijos e até o próximo ♥