Príncipe Légolas escrita por America Singer


Capítulo 31
Capítulo 31: Vida Nova


Notas iniciais do capítulo

Quanto tempo! Inclusive hoje eu não cogitava em postar, porém reuni forças husauhshuahus
Surpresa no capítulo XD
Obrigada sempre pelos comentários e as sugestões. Eu realmente considerei muuitos deles e achei ótimas ideias. Se juntasse tudo o que voces sugerem, daria outra história, tão maravilhosa quanto. Sério, vocês são muito criativas, e gosto muito disso.
Tava relendo A Seleção, e percebi que no primeiro livro eu shippei AspenXAmerica fortemente ~.~ Mas depois o Maxon me conquistou muito mais.
comentário nada a ver né? sahushuauhshuahsu Boa Leitura.



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Runel dormia em paz do seu lado da pequena fogueira de costas para mim. Os cavalos permaneciam acordados, porém estavam quietos presos na árvore. Juntei tudo o que eu precisaria para seguir em frente, deixando as coisas que pertenciam a ele para trás. Soltei meu cavalo com cuidado, temia que Run acordasse e visse o que estava acontecendo ali. Senti as pernas tremerem pelo que estava por vir. Eu deixaria Runel para trás, já que ele não fazia mais questão de continuar com nossos sonhos, e insistia que eu deveria voltar para Légolas.

Eu não me permiti pensar muito sobre isso. Por um lado, todas as minhas forças interiores gritavam comigo, imploravam e choramingavam pela minha volta. Essa parte insistia que tudo se encaixaria e voltaria a ter paz se eu estivesse nos braços de Légolas. Mas outra parte, essa compõe a teimosia, o orgulho próprio e a aversão de certas coisas me faziam continuar com meus planos. E, no meio disso tudo, o tempo passava e eu me deixava levar para o que era mais fácil, pois sabia que, se eu voltasse, talvez até já fosse tarde. Acho que Légolas não me perdoaria por magoá-lo dessa forma.

Enquanto avançava pela estrada na mais completa escuridão, esforçava meus olhos para ver se Runel não havia despertado. Segui calmamente, sem fazer muito barulho, e com o máximo de cuidado para que o cavalo não nos denunciasse. Precisava seguir, era tudo o que me restava.

Os planos? Encontrar um lugar para ficar. Uma casa, ou até mesmo um quarto apenas, e depois ver no que poderia trabalhar. E esquecer o príncipe, o que era meu objetivo principal.

Caminhei na escuridão até o sol aparecer. Dei um pouco de água e comida para meu cavalo, e pus-me a rumar para um lugar qualquer, me distanciando da estrada para que Runel não me encontrasse, caso tentasse me procurar quando acordar.

Peguei um longo pasto onde bois ruminavam, e avistei alguns cavalos também. Concluí que por perto, talvez, encontrasse alguma propriedade. Foram necessárias várias horas para encontrar a tal casa, porém não me atrevi a chegar perto. Algo nela me intrigava, não parecia uma fazenda natural.

Porém, a poucas horas dali encontrei uma pequena lagoa que sustentava algumas árvores frutíferas ao seu redor, e me dispus a passar a noite ali. Colhi algumas de suas frutas e as guardei para o dia posterior, e dei algumas para o cavalo, que bebia água sem parar por causa do cansaço do dia.

Percebi que não tinha habilidades com fogueira ou com fazer fogo. A noite começava, e eu sentiria frio. Apesar disso, tentei esfregar os gravetos, mas em vão. Era uma coisa que eu não realmente não sabia como conseguir.

A luz da lua era suficiente para eu enxergar à minha volta, porém sentia um frio incomum, que nunca senti em toda a minha vida.

Pensei no palácio e todo o seu conforto. Nas luzes douradas e aconchegantes do jardim particular em frente à minha sacada. Nas árvores que mantinham o local confortável e, ao mesmo tempo, com um ar selvagem. Nas horas em que passei observando Légolas passear com as outras garotas, numa tentativa frustrada de encontrar uma noiva adequada para ele. Eu nunca quis me envolver mais do que isso.

Meu cavalo deitou-se na grama, e encostei minha cabeça em sua barriga, que se acomodou aos poucos. Passei minhas mãos por sua crina lisa, e não pude deixar de me lembrar dos cabelos do príncipe.

Será que tudo ao meu redor me fará pensar nele?

Será que o tempo não o apagará de minha memória?

Sinceramente, eu teria de descobrir isso no dia-a-dia. Por enquanto, eu só me permitia relaxar, mesmo sentindo muito frio, e tentar dormir o máximo que pudesse.

~***~

– Menina, está na hora de acordar. – Hëllinien chamou-me. Todos os dias ás sete da manhã eu era desperta para preparar o café da manhã para os donos da casa e seus filhos.

Acordei num susto. A voz de Hëllinien ás vezes parecia a de Vell quando tentava me despertar para o café com o príncipe e as garotas. Muitas vezes a chamei de Vellinel, e em muitas dessas vezes disse que não queria tomar café com o príncipe. Hëllinien ria, claro, e não sabia do que eu estava falando, então, sarcasticamente, respondia dizendo que o príncipe me aguardava ansioso, e que não poderia me atrasar.

Levantei-me num pulo. Há um mês estou na casa desses senhores, que em troca de serviços, me deixaram dormir junto com uma de suas empregadas no menor quarto que já vi em toda a minha vida. Até mesmo a casa de Runel, e seu quarto, eram melhores do que aquele lugar.

À noite, passei a cantar e tocar num bar. Este que abria todos os dias, exigia que eu fosse todas as noites. O problema é que ficava lá até a madrugada chegar, e sempre morria de sono no outro dia.

Desci até a cozinha ainda abrindo a boca, cheia de sono. Trusdy já preparava o chá, enquanto eu arrumava a mesa com os pertences. Os senhores, já bem avançados em idade, permitiam que seus filhos comandassem tudo em sua propriedade, o que era o inferno às vezes.

Eles me comiam com os olhos, e aquilo me deixava frustrada e muito incomodada. Tive medo no início do que eles poderiam fazer comigo, mas estes se comportaram até hoje, exceto no dia em que um deles, “acidentalmente” passou uma de suas mãos por minhas coxas, enquanto arrumava a cozinha, sozinha.

Agora, todas as vezes que me encontro sozinha com um deles, finjo que tenho outra coisa para fazer, e saio de sua presença.

– Prepare o quarto de hóspedes, Aimmee. Nosso convidado chegará hoje, provavelmente já deve estar ultrapassando as fronteiras de Arnor. – Guilden, o filho mais velho, ordenou-me.

– Imediatamente, senhor. – Respondi, servindo-lhe seu costumeiro chá de limão.

Aimmee era o nome que escolhi para esconder minha identidade. Se alguém procurasse por mim, não colheria informações sobre Luzziel Belle, a ex-selecionada do príncipe da Floresta das Trevas.

Após todos os serem devidamente servidos, me retirei para o quarto de hóspedes, a fim de arrumá-lo para o viajante. Esse que anunciara sua hospedagem há mais de dois meses atrás, finalmente chegaria ao destino final.

Quase no fim do dia, tudo estava pronto para recebê-lo. Quando percebi que meus serviços já estavam feitos, rumei para o quarto. Seria mais uma longa noite cantando no bar, sendo ignorada por alguns bêbados, e cobiçada por tantos outros.

Quando sai do banho, percebi que alguém me observava. Os olhos de todos os irmãos eram castanhos claros, e pude perceber que se tratava de algum deles. Assustei-me, porém ele não recuou. Continuou a me encarar, como se esperasse eu me despir da longa veste que cobria meu corpo.

Ouvi vozes após. Aparentemente o visitante chagara. O irmão, que reconheci ser o mais novo, deu uns passos para trás e saiu da janela do quarto, rumando para a casa.

Senti meu corpo tremer. Eu não merecia aquilo! Era desrespeitada da pior forma possível, cobiçada por bêbados e meus patrões, tratada como lixo até mesmo pelas criadas de mais tempo. Até mesmo os senhores mais velhos me viam como apenas mais uma criança iludida com o mundo, que chegara cheia de sonhos em uma cidade relativamente velha, e dera de cara com a realidade. Uma realidade muito pior do que aquelas de quem vive em Valle ou em Mín. Inaceitável aos olhos de meu pai, e até mesmo do gentil Senhor Bard, que sempre prezou por igualdade e justiça para todos. Vivi cercada por esses princípios, e percebi que até mesmo Thranduil, que era detestável a maior parte do tempo, mantinha um nível altíssimo para os seus súditos, tratavam-lhes com o melhor sempre, e ao seu povo sempre fora dadas coisas maravilhosas, fora o respeito e a segurança. Coisa que era desconhecida onde estou.

Vesti minhas roupas o mais rápido possível. Arrumei meus cabelos em um coque, e tratei de sair dali muito depressa. Não que as ruas fossem um bom lugar para ficar, mas pelo menos o sol raiava, e pelo menos durante o dia era seguro ficar fora. Quando o bar abrisse, eu ajudaria às moças a organizar tudo antes dos clientes chegarem. Porém, antes mesmo de cruzar as portas, vi que Hëllinien servia o chá para o novo hóspede, sorridente. Este que retribuiu o sorriso sem malícia, parecia simpático. Tinha os olhos azuis muito bonitos e os cabelos negros lhe caíam à face, um pouco castigada pelo sol. Devia ter pouco mais de trinta anos, mas seu olhar revelava uma experiência que quase ninguém daquela família tem. E responsabilidade.

Bom, espero que esteja certa quanto à isso.

Meus olhos pesavam. Sentia muito sono por causa da pouca movimentação daquele dia, e mesmo tentando tocar as músicas mais agitadas, o sono não passava.

Por volta da meia noite avistei os irmãos adentrarem o bar com o visitante. Estes que se sentaram perto do piano, e o senhor de olhos azuis passou a observar-me atencioso. Sorriu algumas vezes para mim, e passou a conversar com os anfitriões. Algo naquilo me incomodou profundamente.

Às duas da manhã tinha companhia para voltar para casa. Apesar de não me sentir mais segura quanto à isso, andei calada o tempo inteiro ao lado deles, que conversava sem parar.

– Senhorita Aimmee, um momento. – Guilden, o irmão mais velho, chamou-me a atenção quando chegamos em casa.

– Senhor?

– Quero que vista isso, e vá servir Arargorn em seu quarto. – Ele disse, entregando-me um vestido branco, fino e quase transparente.

– Como é? – Perguntei incrédula. – Eu não vou fazer isso!

– Claro que fará. É uma ordem!

Encarei-o.

– Não vou cumprir com essa ordem. Não pode me mandar cumprir tal coisa, não manda em mim.

Guiden me olhava impaciente.

– Ou fará, ou será imediatamente expulsa!

– Mas...

– E não lhe devolverei seu cavalo. Ficará conosco pelas suas dívidas.

– Dívidas? Do que está dizendo, não devo nada a nenhum de vocês!

– E acha que alguém acreditará em você? – ele cuspia em meu rosto à medida que as palavras saíam. – Sou seu dono agora.

– Claro que não! – Minha voz alterava-se. – Sou livre! Nasci e cresci livre, e não lhe devo nada!

Guilden pegou-me pelo braço, forçando-me a encostar na parede.

– Não, não é. Agora vista essa camisola, Aragorn gostou de você, e você irá servi-lo.

O irmão mais velho tentava arrancar meu vestido à força, enquanto eu protestava e gritava, percebi que ninguém daquela casa teria piedade em me ajudar, apesar da súplica.

Porém, quando sentia meu corpo sendo imprensado ainda mais por ele, eu me debatia, e ele insistia em arrancar meu vestido, ouvi uma voz surgir, e o moço de olhos azuis aparecer.

Seu rosto estava confuso, porém ele chegou mais perto.

– Solte-a. – O senhor ordenou, chamando a atenção de Guilden. – O que está fazendo, a moça está desesperada!

Guilden soltou-me, e caí no chão. Em prantos, senti minha blusa descer, revelando o traje íntimo que cobria meus seios.

– Essa vagabunda não quer obedecer minhas ordens! – Guilden gritou, nervoso pela intervenção de Aragorn.

– E o que te leva a crer que ela deveria? Estava maltratando-a. Não deve tratar uma dama assim. – Ele respondeu, agachando-se ao meu lado, pronto para me ajudar a levantar.

– Como sempre se fazendo de bom moço, Aragorn? – Guilden passou a rir sarcasticamente. – Estava preparando-a para você, visto que gostou da moça.

Aragorn abraçou-me pela cintura e me levantou com cuidado.

– Gostar da aparência dessa bela jovem não significa que quero possuí-la! Pensei que me conhecesse, e soubesse que eu não aprovo esse tipo de coisa. E você também deveria respeitá-la. Ela não é sua escrava, Guilden. Tenha uma atitude honrada, e peça perdão à ela.

– Quem pensa que é para me dar ordens, ou para questionar meus métodos, Aragorn? – Guilden gritou, cerrando os punhos. Porém ele era muito mais fraco que o amigo, e provavelmente tinha algum medo deste, já que não tentava atacá-lo.

Aragorn ajudava-me a refazer a parte de cima do vestido, enquanto mais lágrimas desciam. Fiquei imóvel. Eu não sabia como me comporta perante a situação. Somente agradecer por esse senhor ser um perfeito cavalheiro.

Ele fitou-me.

– Eu te levarei dessa casa, se quiser. Estou em rumo à Floresta das Trevas, mas posso te deixar em Valle ou outro lugar no caminho. Tenho certeza que conseguiria algo melhor para a senhorita do que isso.

Assustei-me com a proposta dele. O que ele faria na Floresta das Trevas?

– Não pode levá-la. Ela é minha propriedade. – Guilden bufou, porém Aragorn ignorou.

– Venha comigo. Você não merece isso.

Apenas balancei a cabeça em afirmação.


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Notas finais do capítulo

Aragorn ♥♥♥ Eu sempre imaginei ele como um completo e perfeito cavalheiro, um dos melhores com certeza.
Alguém esperava pela sua aparição? Eu estava considerando colocá-lo apenas no final, beeeeem no último capitulo.
Essas confissões de Confissões de Um Leitor são minhas: https://www.facebook.com/confissoesdeleitor/photos/pb.617262371648699.-2207520000.1426097115./854793141228953/?type=3&theater (sobre Bilbo)
https://www.facebook.com/confissoesdeleitor/photos/pb.617262371648699.-2207520000.1426097115./854792914562309/?type=3&theater (sobre a Seleção)
Vejam lá.
Beijos
Ah, o que acharam do capítulo. Belle tá sofrendo, e bem feito por isso.
u.u