Príncipe Légolas escrita por America Singer


Capítulo 30
Capítulo 30: Viajando pra Longe


Notas iniciais do capítulo

Como vão? :D
Quero dizer que acho que estou com um péssimo problema: bloqueio literário. Sabe aquela enoooooorme preguiça de escrever ou de ler? Então. E por causa disso estou atrasada com algumas fics e parei o livro que estava lendo, O Colecionador de Lágrimas, e estou apenas conseguindo estudar porque sou obrigada. às vezes eu nem presto atenção nas aulas X.X
mas enfim, me perdoem se o capítulo estiver ruim. Eu me esforcei, ok? hshuahushuasuauh
Beijos e Boa Leitura.



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O cavalo reclamou, já há muito estávamos cavalgando sem rumo. Runel me acompanhava calado, meio indeciso sobre o que realmente estava fazendo. E, eu já não me importava se ele estava ou não satisfeito em me ter do lado, ou arrependera-se de me fazer companhia nessa nova vida.

Era madrugada quando saímos, por volta das quatro. Descansei pouco, meu corpo inquietava-se ao saber que ainda estava muito perto de minha mãe ou até mesmo da Floresta das Trevas. Tudo o que eu queria era me afastar o máximo possível de todos aqueles que planejaram minha vida.

Eles não tinham direito nenhum sobre isso.

– Já são duas da tarde. – Runel falou depois de horas. – Os cavalos estão exaustos, precisam descansar. E você precisa parar pra comer também.

– Eu estou bem. – respondi em dúvidas. Meu corpo estava anestesiado, pra falar a verdade. Não sentia sede, dores, fome ou calor. Apenas continuava com a viagem. – Mas concordo que eles precisem descansar.

Paramos perto de uma pequena lagoa. Descemos dos cavalos, e os deixamos beber da água e comer da grama enquanto sentávamos perto de uma frondosa árvore de maças. Runel pegou algumas delas para nós e outras para os cavalos, e só percebi a fome aparecer quando mordi um pedaço daquela suculenta fruta.

– Precisa comer mais do que uma simples fruta. – Run disse-me entregando um embrulho com pão e queijo. – Está pálida, e espero que não desmaie.

Peguei o pão e o queijo e passei a comer aos poucos. Pra quem estava acostumada com a comida farta do palácio, aquilo era praticamente nada. Mas tínhamos pouca comida, e o dinheiro que meu pai me deu era necessário para nos acomodarmos em algum lugar por um tempo antes de conseguirmos trabalho. Tínhamos o suficiente para começar uma vida singela, porém feliz. Minha concepção de felicidade ainda não havia mudado. Viajar pelo mundo era o que eu queria, e era o que eu faria ao lado de Runel.

– Acho que consigo algum dinheiro cantando e tocando em bares. – Disse momentos depois, concluindo que conseguir dinheiro não seria algo difícil.

Runel encarou-me triste. Sua face ainda exibia total desaprovação para comigo, mesmo depois do beijo. Suas mãos passaram a me acariciar o rosto.

– Não acho prudente uma lady freqüentar coisas do tipo. Você nasceu para se tornar princesa, para viver no conforto, e não para batalhar por um pedaço de pão. – ele me respondeu, deixando sua comida de lado.

– Não pense assim. – Respondi-o. – Eu sempre quis ter a vida que eu imaginava. Livre e dona de mim. Estou feliz por ter que batalhar por um pedaço de pão, se quer saber. É muito melhor do que ter que obedecer alguém pelo resto de minha vida.

– Não creio que sua vida ao lado de Légolas fosse tão ruim como imagina. – Runel parou de acariciar meu rosto e sentou-se bem de lado, fechando os olhos. – Você aceitou se casar com ele, provavelmente algo dentro de você dizia que seria a vida que você quer ter.

Suspirei. Tudo o que eu não queria pensar era em Légolas, nossas promessas e a vida que eu teria ao seu lado. E eu queria fugir pro mais longe possível, afim de que essas lembranças me deixassem por completo. Talvez com o dia a dia, elas vão se esvaindo aos poucos. Era a minha esperança.

– Ele prometera-me que iríamos conhecer o mundo juntos. – disse, despertando Runel, que abriu os olhos e deu um sorriso fraco.

– E eu não creio que ele não cumpriria. – ele respondeu, encostando sua cabeça em meus ombros.

– Talvez...

– Sei que você tem muitos motivos para odiá-lo agora. – Run continuou. – Mas você já parou para pensar neles? Quer dizer, você não é do tipo que pensa antes de fazer as coisas.

Senti-me um pouco ofendida com aquilo. Sei que sou impulsiva, mas não era pra tanto.

– Me diz quais são. – Runel voltou a encarar-me.

– O que?

– Os motivos pelo qual você não quer ficar com ele. Mas que sejam exclusivamente dele, não os de sua mãe ou do rei.

Me assustei com a proposta. Como dizer os motivos pelo qual eu não continuaria com o príncipe, sendo que eu mesma não parei para pensar neles? No início era por causa de Runel e da minha liberdade, agora já não se encaixa mais. Légolas prometera-me sermos livres, e esse era um argumento que acabara de confessar à Runel.

– Eu não quero falar sobre eles. – Respondi, levantando-me e indo em direção ao meu cavalo. – Vamos continuar.

– Está fugindo, Bell. E Não é de Légolas ou de sua mãe e o rei, é do sentimento que surgiu.

– Fique quieto, Runel! – Senti meu rosto esquentar de raiva. – Eu pensava que você gostava de mim, e que ficaria feliz de nós podermos finalmente seguir com nossos planos.

– Eu gosto de você, Bell. Mas eu não estou gostando do que isso se tornou. Você não sente o mesmo por mim, nunca sentiu. Você o ama, e nem precisa me confessar isso, eu vejo em seus olhos e suas atitudes. O ama como nunca amou ninguém, e nunca vai amar. Será que pode perceber isso?

Montei meu cavalo, ignorando Runel completamente. Ele estava nervoso e equivocado, fazendo-me perder completamente a paciência.

– Você vem? – Limitei a perguntar, seguindo com o caminho logo após.

Runel seguiu-me, impaciente. Ouvia-o suspirar e controlar-se para não continuar com aquela conversa.

Enquanto continuávamos, meus pensamentos não paravam. Queria conseguir vários motivos para justificar para Runel o fato de eu não estar com Légolas, fora os planos de minha mãe e do rei Thranduil. Mas, cheguei à conclusão que eu não precisava mais de motivos do que esses, que eram os piores. Se ao menos essa Seleção fosse real, e que ele houvesse me escolhido sem influência nenhuma ou favorecimentos, talvez eu e ele ainda estivéssemos lá planejando nosso casamento e contando à todos do reino nossa decisão.

Tentei, mais uma vez, ignorar tudo e continuar com a viagem no propósito de esquecer pelo que passei. Foram apenas dois meses, não seria difícil apagar essa parte da minha vida. Mesmo sabendo que deixar de amar alguém é uma tarefa árdua.

O dia começou a escurecer. Os cavalos recomeçavam a reclamar e Runel parou subitamente, amarrando seu animal perto de uma árvore que estava no meio do caminho. Retirou um frasco com água e depositou aos poucos na boca do cavalo, que respirava aliviado pela pausa.

– Vamos passar a noite aqui. Não podemos continuar nessa escuridão, precisamos acender uma fogueira, comer e descansar. Você precisa dormir. – Ele disse enquanto amarrava meu cavalo junto ao dele, dando um pouco de água ao animal e retirando várias maçãs para alimentá-los.

– Tudo bem. – respondi.

– Vigie os cavalos enquanto busco a lenha. – Run pediu e seguiu adentrando à floresta que pendia à poucos metros da estrada.

Minha visão foi acomodando-se à escuridão que começava. Os relinchos dos cavalos serviam para me manter acordada, já que meus olhos pesavam cada vez mais pelo cansaço. Nos últimos dois dias minha vida virara um caos, e não me permitia fechar os olhos, pois a cada vez que eu tentava, Légolas aparecia. Era realmente uma tortura.

Runel voltou com alguns gravetos e depositou no chão, produzindo uma fogueira logo após. Senti o calor envolver meu corpo, e abri os olhos, voltando-me para o clarão do fogo.

– Ele beijou outra. – Disse como num impulso, lembrando-me de um fato ao qual me faria afastar do príncipe.

– Como é? – Runel encarou-me sem entender.

– Légolas. Ele beijou Hangar, uma das elfas que participam da Seleção, logo após dizer que seu primeiro beijo fora comigo.

Runel ainda me olhava sem entender.

– Me perguntou os motivos, estou lhe dando um.

Runel sentou-se ao meu lado. Riu de minha expressão e encarou-me um pouco triste.

– E o que você fez pra isso? – Ele perguntou logo após.

– Fugi para a Floresta das Trevas, afim de nunca mais vê-lo novamente. – respondi.

– Não foi isso que perguntei, embora seja bom saber. – ele tornou a rir. – Quero saber o que fez para que ele beijasse outra garota.

Recordei-me do dia.

– Estava tentando ensinar à ele uma dança, quando ele me beijou. E eu me deixei beijar. Depois disse que era uma forma de pagamento, ou um pedido de desculpas. Alguma coisa assim. Ele ficou chateado. Sei que fui estúpida.

– Deixou claro que não queria nada com ele?

Maneei a cabeça em concordância.

– E ainda quer que ele seja fiel à você? Que ele não tente ficar com outra, quando você mesma não fez questão de tentar?

– De que lado você está? – perguntei Runel, nervosa. – Diz que me ama, que me esperou esse tempo todo, que estava com saudades, e ainda o defende? Parece que quer que eu fique com Légolas e o deixe. Que tipo de amor é esse?

Meu amigo suspirou mais uma vez, tentando controlar-se. Ele era muito calmo, mesmo quando eu explodia em raiva e rancor. Procurou meus olhos e fixou-se neles.

– Eu amo você. Nunca tenha dúvidas disso. Mas não sou eu quem você ama. Entende? Eu não quero que você fique comigo estando apaixonada por outro. Eu não quero ser responsável por você ter esperanças de que um dia você o esquecerá. Porque não vai.

Bell, eu amo você. Mas não quero que você fique comigo. – Os olhos de Runel começavam a marejar.

– Mas... – tentaria argumentar com ele, porém ele continuava.

– Certa vez ouvi algo que agora faz mais sentido. Foi sua mãe quem disse, na época tínhamos dezessete anos, e ela conversava com minha mãe sobre algo. Ela disse: “... Porque o amor é uma porta aberta. Você não sabe o que vai encontrar dentro dela, apenas tenta se encaixar, e se você não couber perfeitamente dentro, você se machuca. E mesmo que você tente alargar esse espaço, acabaria se machucando e mudando o coração da outra pessoa.

Até que quando você desiste e abre os olhos, vê que em outro canto tem uma pessoa tentando entrar pela sua porta, e quando você menos espera, ela se encaixa lá dentro perfeitamente. Não machuca, não alarga, não reclama de dor, apenas se aconchega.

E quando você olha pro lado, vê que aconteceu a mesma coisa com aquele que antes você tentava entrar. “E compreende que, se realmente você se preocupava com ela, deixaria a porta dela livre pra outra pessoa entrar.” Não conheço o contexto dessa história, mas agora ela faz sentido pra mim. Guardei esse trecho, o reescrevi em um papel para nunca me esquecer. Faria dele um argumento contra ela no dia em que nós dois resolvêssemos ficar juntos. Mas agora eu o compreendo de maneira diferente. Eu deixei sua porta livre para Légolas entrar. Seu coração agora pertence à ele, não a mim. E eu quero que você também perceba isso. Eu guardei essas palavras, mas nunca imaginei que as usaria contra você, e sinto muito por isso.

Runel levantou-se e caminhou até o cavalo em busca de cobertores para nós. Voltou, depositou um em meu corpo enquanto permanecia calada, e sentou-se longe de mim.

– Porque não se dá a chance? – perguntei logo após.

– Eu estou dando. Estou me libertando para você ser feliz. – Ele respondeu-me e virou-se de lado para dormir.

Permaneci naquela posição por muito tempo depois. Minha mente vagava, não indo necessariamente à algum lugar. Runel não me queria como esposa, e desistira de mim por causa de Légolas. Mas ainda assim não tinha problema. Eu continuaria com a minha viajem, e isso era toda a conclusão que eu tomaria naquele momento.


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Notas finais do capítulo

O que será que faria Belle mudar de ideia e pedir perdão ao Légolas? acho que, se fosse eu, só com as palavras de Runel eu desistia dele shahusuhasuhahusa.
O trecho em que ele descreve ser as palavras da mãe de Belle na verdade foi tirado de outra história minha. Ela se chama "Martin", "Ían" e "Victor", história original, que eu não postarei porque é minha trilogia de livros sobre três homens e uma mulher. :D
Mas aqui vai o trecho inteiro para vocês, retirado de Victor:
Aí você olha pra você mesmo e pensa: o que eu tenho?
Foram tantos amores, tantas brigas e decepções. Foram tantos estragos, tantas tentativas de darem certo, tantas angústias, tantos desprezos.
Tantos choros em muitas madrugadas.
Você se culpou por tudo, se achou idiota, achou que era você sempre o errado.
Você se achou ridículo, feio, sem graça, sem atrativo.
Você tentou se encaixar de todas as maneiras no mundo da outra pessoa, afim de que ela prestasse atenção em você e visse o quanto você era perfeito pra ela.
Mas no fundo era tudo fingimento.
Tudo o que você realmente queria era finalmente dizer: agora posso ser eu mesmo.
Você queria que a outra pessoa te aceitasse assim.
Você queria a outra pessoa mudasse por você.
Afinal de contas, se você tentou mudar por ela, por que não receber em troca?
Por que ela nunca quis que você mudasse. Ela sabia desde o inicio que você não era exatamente o que ela sempre quis. Que os seus agrados eram fingimento. Que os seus carinhos acabariam pela falta de amor.
Porque o amor é uma porta aberta. Você não sabe o que vai encontrar dentro dela, apenas tenta se encaixar, e se você não couber perfeitamente dentro, você se machuca. E mesmo que você tente alargar esse espaço, acabaria se machucando e mudando o coração da outra pessoa.
Até que quando você desiste e abre os olhos, vê que em outro canto tem uma pessoa tentando entrar pela sua porta, e quando você menos espera, ela se encaixa lá dentro perfeitamente. Não machuca, não alarga, não reclama de dor, apenas se aconchega.
E quando você olha pro lado, vê que aconteceu a mesma coisa com aquele que antes você tentava entrar. E compreende que, se realmente você se preocupava com ela, deixaria a porta dela livre pra outra pessoa entrar.
Confesso que é uma das histórias mais velhas que tenho.
Beijos e até o próximo ♥