Príncipe Légolas escrita por America Singer


Capítulo 29
Capítulo 29: Humanos Também se Apaixonam Uma Vez


Notas iniciais do capítulo

Aeeeeeeeee voltei gente :D
O título é um tanto exagerado, pois isso não é total verdade na história (não como elfos). Mas lendo, voces entenderão o que significa.
Beijos e Boa Leitura



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– Abram o portão. – ordenei aos guardas mais uma vez, que insistiam em não fazê-lo.

– Da última vez, a senhorita se perdeu na floresta. Não podemos cumprir com essa ordem sem a aprovação de Vossa Alteza. – um dos elfos respondeu, fazendo-me perder a paciência por completo.

Runel estava ao meu lado de cara fechada. Não disse uma palavra sequer desde o momento em que eu o encontrei ao pé da escada. Apenas concordou com a cabeça quando disse que queria ir embora, e me acompanhou logo após. Não havia procurado minha mãe ou meu pai, e não queria conversar com ambos antes de sair dali. Sairia primeiro, depois me encontrava com eles para explicar minha decisão.

– Podem abrir o portão. – A voz de Légolas apareceu logo após, ordenando aos guardas que fizessem o que eu pedi. Seus olhos estavam um pouco vermelhos e sua expressão fria. Ousou dar uma última olhada em mim, e se virou, saindo dali em passos largos.

Os guardas abriram o portão, revelando a floresta das trevas para nós. Rapidamente saí do reino de Thranduil, e decidi que com isso deixaria também todos os sentimentos novos que descobri para trás. Légolas faria parte do meu passado, um passado bonito e tentador, mas que precisava ficar para trás.

Runel me acompanhava o tempo inteiro, levando minhas coisas em suas costas, ao qual protestei, mas ele não fizera questão de responder. A trilha para a cidade do lago ainda estava lá, e não demoraria muito chegarmos até ela, e de lá rumar até a cidade de Mín. No máximo cinco horas de viagem a pé, talvez quatro, se não parássemos para descansar de vez em quando.

Percebi que na trilha o ar alucinógeno não nos atacava. Talvez fosse esse o segredo, talvez ele não afetasse os elfos de fato. Andamos até nossos pés reclamarem da dor, e paramos com mais ou menos três horas de viagem. Se tivéssemos um cavalo, talvez em duas horas e meia completássemos o curso, mas não me preocupei em pedir um.

Runel passou a observar-me. Seus olhos verdes ainda marejavam, e de tempos em tempos o via engolir em seco. Sabia que sofria por minha causa, mas eu não tinha como pedir desculpas por estar apaixonada por outro. Só me restava continuar ao lado dele, e cumprir com nossas promessas de adolescentes.

Enquanto estava sentado perto de uma árvore, mas sem ousar sair da trilha, abracei Runel. Apertei-o e afoguei minha face em seu peito, permitindo-me inalar seu perfume. Algo como um desapontamento tomou conta de meu corpo. Eu ansiava pelo cheiro de Légolas, e o de Runel não chegava nem perto do que eu queria. Apesar de ter um ar selvagem e romântico, meus sentimentos por ele nunca se despertaram da forma que fizeram com Légolas.

Era inexplicável o desejo que sentia por aquele príncipe. Seus lábios eram um convite à tentação, seus olhos completamente brilhantes e azuis me faziam estremecer todas as vezes que o pegava me encarando. Seus cabelos, seu cheiro, sua voz, suas mãos. Tudo. Légolas pareceu ser feito exclusivamente para me levar à loucura, desde os beijos às carícias, até mesmo a vontade incontrolada de ser feita dele a qualquer momento.

Sentia o gosto de seus lábios. Sabia que jamais sairiam de minha memória, que jamais seriam apagados do meu paladar. Eu também havia lhe entrego meu coração, mas com a vantagem de que, talvez, um dia eu possa esquecê-lo e seguir a minha vida do jeito que eu quero.

Runel acariciava minhas costas, mas percebi que não me arrepiava com aquilo. Passou as mãos por meus cabelos, por minha face e desceu para o pescoço, fazendo-me despertar dos desejos e pensamentos com o príncipe.

Encarou-me. Seus olhos imitavam os de Légolas, vermelhos e frios.

– Senti muito a sua falta. – ele confessou, sem me retirar de seus braços.

– Também senti a sua. – disse em resposta, mas percebendo que já não era mais tanta verdade quando eu e Légolas começamos a nos apaixonar. Por vezes eu forcei meus pensamentos em Runel, mas em vão. Légolas era quem predominava minhas noites em claro, e me levava à loucura por vezes.

Runel continuava a acariciar meu rosto, fitando meus lábios em desejo. Depois de nosso primeiro beijo com quatorze anos, nunca mais tivemos a oportunidade de repetir. Por vezes ficamos sozinhos, mas não sentia vontade suficiente para pedir-lhe mais um. Na verdade, confesso que Légolas realmente despertou o desejo que estava adormecido dentro de mim.

Mas Runel não conhecia tal sentimento. Por mais que fôssemos amigos, ele nunca soube que meu lado mulher só fora despertado pelo príncipe da Floresta das Trevas. Como sou complicada demais quando se trata de relacionamentos, não me surpreenderia que ele achasse que meus sentimentos por Légolas não passassem de curiosidade.

Seus lábios já tão próximos dos meus foram tomados por minha iniciativa. Beijei-o, surpreendendo-o, porém fiz de forma gentil no começo. Eu queria sentir como meu corpo se despertaria ao sentir o gosto de meu amigo, se seria algo parecido com o do príncipe.

Surpreendi-me ao senti-lo puxar-me ainda mais para si, roçando seus lábios cada vez mais fundos, tomando-me pelos cabelos e me guiando num beijo que começara calmo, mas que ficava ardente aos poucos. O gosto deles era diferente, e senti meu corpo reclamar mais uma vez. Apesar de um arrepio inicial, fui me acomodando aos poucos e deixando levar.

O beijo dele era mesmo como nosso amor. Não mudara com o tempo, mas descobri ser fraternal. Runel não me despertou desejo, ao contrário, só me fez querer ainda mais de Légolas.

Soltei-me dele por um instante e tomei fôlego. Este que me encarou com tristeza no olhar, mas que concluía dentro de si que algo não estava exatamente do jeito que imaginava ser.

– Como é o beijo dele? – Ele me perguntou momentos depois, quando percebeu que eu não falaria nada.

– Eu não quero falar sobre isso. – respondi tentando escapar daquela conversa.

– Mas eu sei que está pensando nisso. E comparando. Sei que está indecisa sobre a sua escolha. Algo dentro de você mudou.

– Eu não estou pensando em nada, Runel. – disse com rispidez.

Runel tomou-me pelo braço, fazendo-me encará-lo mais uma vez.

– Você o ama?

Fiquei calada e pus-me a olhar a floresta em volta. Depois, abaixando a cabeça, maneei a cabeça em discordância.

– Eu não acredito nisso. – Ele respondeu, passando a mal por meu rosto e fazendo-me fitá-lo. – Quero que responda olhando em meus olhos. Você o ama?

Não tive coragem de responder, porém meus olhos lacrimejaram em resposta.

Run me abraçou mais uma vez, tendo compaixão de mim. Sabia que era algo difícil, e que eu sofria muito por isso.

– Espero esquecê-lo. Eu prometo. – disse algum tempo depois, afastando-me de seus braços mais uma vez

Espero que sim. – Ele respondeu, acompanhando-me em seguida.

Recomeçamos a caminhada. Ainda faltava algum tempo para chegarmos em nosso destino, e precisava descansar logo após pois, haviam muitas noites de sono perdidas por mim.

~***~

– Finalmente chegaram. – Mamãe disse quando me viu entrar pela porta. – Porque não pediram um cavalo? Sei que não se importariam de lhes dar um, ou de acompanhá-los até a borda da floresta.

– Acha mesmo que eu gostaria de pedir algo à eles depois de tudo? - respondi desaprovando-a.

Melrise encarou-me com severidade. Pelo visto, eu tinha mesmo passado dos limites, mas não chegava nem perto do que ela fizera.

– Espero que papai saiba de toda essa história.

Papai encarou-me também. Tinha o olhar triste, mas não ousou responder-me. Pelo visto ele sabia de tudo de fato. E não me surpreenderia dele saber também que mamãe ainda fosse apaixonada por Thranduil – o que eu posso apostar que sim.

– Seu pai lhe procura. – Papai dirigiu-se à Runel.

– Já vou até ele. – Este respondeu formalmente. – Até mais, senhorita Belle.

Papai acompanhou Runel, deixando-me sozinha com mamãe. Esta que puxou escadas acima, levando-me para meu quarto e trancando a porta.

– Precisamos conversar. – disse, sentando-se em minha cama que estava exatamente do jeito que deixei quando fui para a seleção.

– Pode escolher o assunto, se quiser. São tantos, não acha?

– Porque abandonou Légolas? – ela perguntou com um tom de autoridade na voz, intimando-me a confessar.

– Acho que não preciso responder essa pergunta. Você sabe muito bem de quem é a culpa por esse romance não dar certo.

– Não deve desistir do amor de sua vida só por que eu e Thranduil armamos para vocês dois ficarem juntos! É tolice de sua parte.

– Mesmo? Então por que não está mais com o rei? Qual o motivo de vocês dois se separarem, se querem tanto juntar nossas famílias a qualquer custo?

– Não é assim que as coisas funcionam. – Melrise parecia agitada e um tanto nervosa. – Eu e Thranduil jamais daria certo.

– Mas ele se dispôs a se casar comigo! – gritei em meio ao nervosismo.

Melrise respirou antes de falar qualquer coisa.

– Sei que está magoada e um tanto inquieta pelo fato de Légolas ter-lhe entregado seu coração à você. – ela recomeçava. – Por favor, Belle, me escute. Não seja tola. O príncipe te ama, e sei que ele nunca amou ninguém em toda a sua vida. Eu o conheço bem, apesar de ele não me conhecer da mesma forma.

– E isso porque você e Thranduil combinaram de nos unir em matrimônio. São doentes! São loucos! Não sei quando isso começou, mas não é natural, apesar dos inúmeros casamentos arranjados que existem.

– Eu me deixei levar pelo rei. – Mamãe confessou, enquanto limpava algumas de suas lágrimas que caíam. – Me compadeci por ele quando você nasceu.

– Quando eu nasci? – Não entendi o que Melrise queria dizer.

Ela afirmou com a cabeça.

– Quer saber por que Thrnaduil quer tanto que você se case com seu filho?

Maneei a cabeça em concordância.

– Porque ele se arrependeu amargamente quando viu você em meus braços, recém nascida, depois que eu me casei com seu pai. Há pouco mais de vinte anos atrás, quando ele te viu se apaixonou por você. Não digo paixão de um homem para sua mulher, mas algo diferente, afetuoso. Thranduil amou-a desde o primeiro dia, e se arrependeu amargamente por não ser seu pai. Entende o que quero dizer? Eu e ele temos uma história, que eu prefiro não contar totalmente à você. Mas estamos envolvidos desde sempre. – Mamãe ainda enxugava as lágrimas, essas que desciam ainda mais rápidas e em abundância. Não acreditava naquelas palavras, era tudo muito surreal para mim.

– O rei não me parece do tipo que ama alguém. Sinto muito, mas acho que está equivocada quanto à isso.

Melrise sorriu, discordando com a cabeça as minhas palavras.

– Creio que sou a única que conhece o real Thranduil, aquele que tem sentimentos. Pois acredite, eles estão lá dentro dele, escondidos e guardados a sete chaves. Este que perdeu seu pai quando ainda era adolescente e teve que governar a duras mãos a Floresta das Trevas, sozinho, sem apoio e com muito medo. Este que teve sua esposa arrancada de si pela morte quando seu filho era apenas uma criança, e que não podia contar com mais ninguém, pois sempre achou que não o compreenderiam. Acredite Belle, Thranduil tem seus momentos. E em seu nascimento, esse foi um de seus momentos. Ele lhe quis na família de uma forma ou de outra, e me fez prometer que faria o possível para que você e Légolas se encontrassem e se apaixonassem. Nós faríamos de você a princesa da Floresta, mesmo não sendo do sangue dele. E, pelo jeito, ele não gosta de perder. Tomaria-lhe por esposa se preciso, mas isso já é demais.

Acho que o espanto que tomei deixara meu corpo completamente amolecido. Enquanto mamãe falava, tentava engolir ar de qualquer forma, ás vezes falhando miseravelmente. Era inacreditável aquela história, apesar de bem planejada.

– E quanto ao papai? – perguntei, recordando-me dele. Em qual momento ele permitiu que aquilo acontecesse?

– Thranduil fez um acordo com ele. Total proteção e prioridade de compras em nosso reino. Como ele era jovem como senhor de Mín, Thranduil o auxiliou, fazendo com que ele obtivesse o sucesso. Em troca, ele apoiaria seu casamento com seu filho.

Um acesso de raiva tomou meu corpo por completo.

– Traduzindo, eu fui vendida! Então estava certa desde o início, eu fui feita pra ser mercadoria de troca. Vocês são mesmo inacreditáveis! – recuperei o fôlego e a voz, mostrando o quanto aquilo ainda era desaprovado por mim.

– Não pense assim. Pense no seu amor por Légolas, por tudo o que compartilharam. – Melrise levantara-se da cama, percebendo meu desespero voltar. – Pense que ele te ama, que vocês foram mesmo feitos um para o outro.

– Claro! Eu sou sua cópia, Légolas a cópia de Thranduil. Não tinha como dar errado conosco, e vocês imaginaram isso. Querem que vivamos o romance imaturo de vocês, querem descontar os momentos perdidos durantes esses anos. Você e Thranduil me criaram para ser o que ele queria, mas eu sai errado, não é?

– Escute aqui, – mamãe tomava-me pelo braço bufando de raiva. – não permito que diga essas coisas sobre mim, está me ouvindo? Tenho tolerado a sua rebeldia, mas não por muito tempo mais!

Soltei-me dela de forma brusca, arranhando meu braço por suas unhas.

– Pois não mesmo! Porque eu vou embora, e ninguém me impedirá. – respondi, dirigindo-me até a porta a fim de procurar Runel para ver se me acompanharia.

– Humanos também se apaixonam uma vez na vida. – Mamãe disse, voltando minha atenção por completo.

– Não diga bobagens.

– Falo por experiência própria. E sei que será igual com você, minha filha. Você irá se arrepender.

Abri a porta do quarto.

– Eu já me arrependi.


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Notas finais do capítulo

Quando eu disse que Thranduil ama Belle, não quis dizer de maneira conjugal. Apesar de que se os dois se casassem, ele a amaria de alguma forma. Mas nunca, jamais com a mesma forma que ele amou a mãe de Légolas. Parece complicado, mas é simples: Elfos podem até se casar uma segunda vez, ter certo afeto pelo parceiro, mas nunca será igual. Pensem em algo como o maior amor de sua vida, e que mesmo você gostando de outro, ele nunca será superado.
Espero que tenham entendido.
Beijos e até o próximo ♥
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