Aos olhos da guerra escrita por maddiesmt


Capítulo 9
Cap 8- Avanços- parte I


Notas iniciais do capítulo

Amorecos da vida!
Mil desculpas por ta postando tão tarde mas..melhor tarde do que mais tarde ainda n?!hahah!
Vou ser breve então....o cap ta bem transitório mas bem fofinho( com enfase no inho) então espero sinceramente que gostem.
Boa leitura!
p.s: eu ia escrever mais so que fui para um aniversário e acabei chegando agora. Não se preocupem q a continuação ja ta na bala e sai amanha ou segunda.



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Gina acordou sobressaltada. Os pesadelos haviam se tornado frequentes desde que começara a forçar a memória. Se perguntava se esse esforço não estava sendo demais....mas então via Ferdinando com olhos suplicantes e decidia mais uma vez tentar. Como se devesse a ele uma resposta que ela não conhecia.

Dessa vez o pesadelo tinha sido muito mais do que seu corpo pode suportar e ela acabou acordando com o som do próprio grito desesperado.

Lembrava-se pouco do motivo da agonia, mas sabia que tinha algo relacionado com um forte clarão e o desconforto no baixo ventre.

Ouviu passos rápidos se aproximarem e não demorou para escutar sua porta quase tremendo de tanta força aplicada na mesma.

–Gina! Gina!o que esta acontecendo? Você está bem?Gina! Pelo amor de Deus me responda!

A ruiva conseguia identificar a angustia presente na voz do engenheiro e sabia que se não respondesse logo, veria sua porta ir de encontro ao chão.

Por mais que tivesse tentado evitar encontros a sós com ele, sabia que não poderia negar a falta que sentia de seus abraços protetores. Aqueles que a abraçaram logo depois que acordou nessa realidade tão longe da sua.

–Gina! Ao menos me diga se esta bem! O Renato esta aqui do meu lado, estamos todos aqui, por favor, responda. Ou eu vou ser obrigado a colocar essa porta abaixo.

A moça abraçou o corpo com mais força e tremeu a voz ao deixa-la sair fina e sonolenta.

–Eu estou bem. Foi...foi só um pesadelo. Oces podem voltar a dormir.

–Gina! Aqui é o Renato. Você tem certeza que esta bem? Não quer que eu entre para que eu possa aferir a sua pressão?

–Não...oce pode ficar descansado doto que isso foi só um pesadelo besta.

–Tudo bem...mas amanhã conversaremos sobre isso tudo bem?

–Como quiser.

A moça ouviu os passos se afastarem relutantemente. Um por um, sumindo devagar. Decidiu que não queria dormir. Não enquanto a mente girava em confusões entre o real e o imaginário. Foi quando percebeu que não havia notado o distanciamento de um par de passos característicos conhecidos tão bem por ela. Aquele que pisava firme no chão com uma vontade de ser fazer invisível mais que naturalmente não era.

Ela conseguia ouvir a respiração dele por entre as finas paredes que os separavam. Sabia, com toda a força que julgava ter, que ele permanecia lá.

A ruiva tocou levemente a parede fria e desejou atravessa-la .Percebeu a loucura de seus desejos e balançou a cabeça fortemente, piscando várias vezes como se tentasse mudar o canal de pensamento da mente.

Esquecia-se que um dos grandes responsáveis por esse impulso batia em seu peito, freneticamente.

–Ferdinando?

Silêncio. A única coisa que ela ouvia era o ir e vir do ar que ele comandava para dentro e fora do pulmão.

–Ferdinando- tentou novamente- Eu sei que você está ai.

–Gina...eu.- ele não sabia ao certo o que dizer. Não poderia simplesmente confessar que quanto maior a distância entre eles maior era o seu desespero. – Eu so queria ter certeza de que estava bem.

–Eu...eu estou- Desde quando quando gaguejava ao falar com ele?

–Então tudo bem...eu ja vou.

–Tá.

Ambos continuavam parados no mesmo lugar.

A respiraçãoo descompassada a denunciava e os passos não dados o acusavam.

–Ferdinando?

–Sim- a voz esperançosa a fazia imaginar os olhos brilhantes dele.

–Você não ia embora?

–Eu...está certo....se é o que você quer....- pelo tom triste...ela imaginava que, agora, os olhos ja não brilhavam tanto.

Agora sim, ela conseguia ouvir os passos se afastando. Mas algo dentro de si gritava para que não o deixasse ir e assim ela o fez.

–Nando!- a voz saiu um pouco mais nervosa do que pretendia e a fez se assustar com esse rompante quase fora de si.

Ela ouviu os passos apressados dirigirem- se para frente da porta novamente.

–Gina?

–Não...não vá embora.- la tremeu a voz e estranhou o ato.

–Não...eu não vou. Eu nunca irei embora.

Não pode deixar de ficar feliz e ao mesmo tempo desconcertada com tal revelação. Ele não iria abandona-la e ainda sim aquilo parecia vagamente familiar.

–Eu não consigo dormir.

Admitir uma fraqueza e ainda mais para Ferdinando lhe parecia um absurdo tão grande que ela se recusava a acreditar que tinha o feito.

–Eu também não

–Você também tem pesadelos?

–Não exatamente. – Não chamaria os sonhos com ela de pesadelos...por mais que fossem cruéis em lembranças e saudades.

A ruiva virou-se de costas e deixou-se escorrer pela parede que os separavam. Sentou-se no chão e esperou que ele lhe desse uma solução para aquela insônia maldita.

–O que você faz para conseguir dormir?

–Eu...eu gosto de lembrar da minha vida antes de tudo isso aqui.- ele também resolveu sentar , mas ao contrário dela, o corpo todo do rapaz estava grudado na parede, como se por algum momento de milagre, conseguisse atravessar tudo aquilo e, então, conforta-la em seus braços.

–Acho que não posso fazer isso.

–Se você quiser eu posso lhe contar o que lembro.- ouvidos grudados, mãos que acariciavam a parede buscando alguma brecha para tira-la de seu caminho. Tudo isso o tornava mais ancisioso porém resolveu adotar a calma na hora de contar as lembranças para que tudo saísse de forma natural e verídica que devia ser.

–E quem disse que eu vou acreditar na suas palavras Napoleão?- e la estava ela, a Gina turrona que ele adorava desmontar com beijos. Coisa que era impossível no momento, portanto, outras táticas seriam necessárias.

–Bom...fica a seu critério. Eu lhe conto e você julga se acredita ou não.

–Esta certo.

Era uma batalhar ainda pior que a guerra, ja que sua destruição n vinha de nimigo nenhum e sim do próprio amor da sua vida. E ele não se incomodava nem um pouco em entregar sua vida nas mãos dela. Como em qualquer batalha, um movimento errado poderia arruína-lo e cada estratégia deveria ser muito bem avaliada e executada. Ferdinando respirou fundo mais ma vez e pos- se em campo. O que estava em jogo era algo maior do que a própria vida...e ele sabia muito bem disso.

–Sabe, eu gosto de lembrar das tardes depois da lida. O sol se pondo no céu limpo, uma mistura de cores tão bela que eu julgava não estar em outro lugar senão o paraíso.

Gina fechou os olhos e imaginou o cenário. Conseguiria visualizar perfeitamente o por do sol cobrindo o céu de tantas cores que ela pensava ser impossível nomear todas elas.

Sorriu quando pareceu sentir o vento referescante da noite que se aproximava balançar seus cabelos. Parecia que havia se teletransportado para a cena e com todas as sensações cabíveis.

Foi quando ela sentiu um par de braços fortes abraça-las pela cintura e encaixar seus lábios na curva de seu pescoço.

A moça sentiu o local formigar e o tocou involuntariamente.

Voltou a realidade do quarto vazio e gelado pelo frio da madrugada. A voz de Ferdinando havia parado e ela se perguntava se ele havia adormecido la mesmo ja que não ouvira seus passos. Antes que pudesse dizer alguma coisa, ele continuou.

–Você sempre gostou do rastro que as cores do sol deixavam no céu. Aquelas que apareciam no inicio e no fim do dia. Por isso parava o que estivesse fazendo para admira-las.E parava realmente tudo. Até de comer as guloseimas dos pic nics que fazíamos.

Ela riu. Não era difícil imaginar-se fazendo isso.

–É...eu paro tudo mermo.

–E ocê também gostava de me acompanhar no chá depois da lida. Uma colher de açúcar apenas, do contrário você falava que parecia uma velha tomando água com açúcar. Ocê nunca gostou dos chás importados da Catarina e até mesmo na casa da sua mãe, oce fazia questão de ir na horta pegar as folhas de hortelã para mistura-las as de camomila. 3 pingos de limão e você saboreava aquilo como se fosse a ultima xícara de chá na face da terra.

–Mai...esse é o melhor chá do mundo.

– Eu tenho certeza que é.

–Eu to impressionada

–E eu posso saber por que?

–Ara...por que ocê sabe muita coisa...acho que nem o pai sabe quantas colheres de açúcar eu gosto no meu chá.

–Ara Gina...mas eu sei...por que eu presto muita atenção em ocê...ocê...é a coisa mais importante que eu tenho pra fazer da minha vida.

O coração deu um salto. Como se mergulhasse em um vazio inesperado. Uma queda de metros que a deixava com frio na barriga e a garganta seca.

Fechou os olhos mais uma vez e lembrou-se de um final de tarde congelante. Um inverno tão rico que não a fazia lembrar do frio...mas sim do calor. Mas por que tanto calor?

–Gina? Ocê ainda ta ai?

–To.

–Ocê ja ta com sono?

–Não. E oce?

–Não...- ele sorriu. Era bom. Era muito bom conversar com ela de maneira leve, sem brigas, sem confusão.

–Ocê quer que eu continue?

A moça engoliu em seco. Até onde a mente aguentaria tantas informações? Tudo parecia tão real que seria impossível negar. Ele realmente estava falando a verdade ou seria algo misturado entre a realidade que ela não tinha e a que ele queria ter?

–S...sim...- a curiosidade vencendo o medo...ou seria o coração derrotando a mente?

Ele sorriu ainda mais do outro lado da parede. Sentado sozinho no corredor frio, Ferdinando não podia deixar de pensar que, aquele, era um dos momentos mais felizes da sua semana. Ela estava lhe dando uma chance e, mesmo que não pudesse ve-la, toca-la, sabia que estava ganhando um espaço perdido na explosão da guerra.

–Você gostava de folhear meus livros ou ler comigo depois do jantar. E sempre me enchia de orgulho quando me explicava algo que eu desconhecia.

–Eu? Explicando algo proce?

–É gina.Ocê é uma mulher brilhante com ideias e conhecimentos além de qualquer faculdade e ainda mais depois que resolveu estudar mais um pouco com a ajuda de Juliana.

–Mai agora oce foi longe demais nessa sua imaginação.- a voz tremida dela indicavam que ele tinha jogado uma cartada errada.

–Pois eu lhe digo que até ler calma e pausadamente oce lia. E ainda colocava uma emoção única ao ler para a Pituca e para o Serelepe. Não era a toa que, quando passávamos as noites por la por casa, eles sempre pediam proce ler as estórias para eles e eu juro, eu juro Gina, que a cena era tão linda que se eu pudesse eu gravaria e assistiria toda noite.

O engenheiro sabia que estava forçando algo além do que se determinara a fazer, mas ele sabia que o impacto poderia fazer com que ela imaginasse a realidade.

–Eu? Lendo pra Pituca e pro Lepe?

–E oce achava a estória da branca de neve uma besteirada sem tamanho mas adorava o Peter pan assim como eu e os meus irmãos.

–Oce me desculpe mas isso ta difícil por demais de acreditar.

–Oce pode ate achar isso...e eu duvidaria muito se me contassem isso a alguns anos atrás. Mas oce mudou tanto Gina...ou melhor, nós mudamos. E eu não me arrependo, nem por um segundo, de nada.

A certeza com a qual ele disse aquelas palavras a arrepiou. Por um segundo ela desejou conhecer esse novo Ferdinando.

–Eu acho que ja esta tarde.

–É...

–Eu vou tentar dormir agora

–Tudo bem

Ele se levantou e ela, do outro lado da parede, fez o mesmo. Permaneceram calados até o engenheiro perceber que não teria mais nada dela aquela noite. A ruiva havia se fechado novamente naquela muralha quase intrasponivel.

Resolveu voltar para o quarto e tentar, ele mesmo, descansar um pouco. Foi quando a ouviu novamente.

–Nando?

–Sim?- A voz anciosa e o ato involuntário de olhar para a maçaneta da porta e rezar para que ela a abrisse, foi algo impossível de deter. Porém a tranca não se moveu e a porta continuou evidenciando o quanto ela ainda estava longe do seu alcance.

–Agradecida.

–Não se preocupe. Eu sempre estarei aqui proce...sempre.

Ele esperou mais alguns segundos mas dessa vez não ouve mais retorno. E assim ele caminhou para o quarto. Mergulhado nas lembranças dela.

*

Os primeiros raios de sol podiam ser vistos no horizonte se ele, ao menos, conseguisse andar até a janela.

Juliana dormia tranquilamente ao seu lado. Havia trocado o desconforto frio da poltrona para o aconchego da proximidade do esposo.

Apesar de Zelão insistir para que ela ficasse com a cama toda, a moça apenas ignorou o oferta descabida e adormeceu ao seu lado, tomando cuidado para tomar a distancia necessária para que não o ferisse, de alguma forma, durante o sono.

Os pontos seriam tirados em breve, mas ainda estavam ali para lembra-lo de que esforços e emoções eram totalmente proibidos.

A ouviu suspirar e abrir os lindos olhos azuis para a vida. Ela sorriu ao ve-lo e ele não teve mais certeza das convicções que tinha.

–Bom dia meu amor! Dormiu bem?

O rapaz apenas balançou a cabeça positivamente. A alegria dela pela manhã sempre o deixava acanhado e envergonhado por não dispor de tanta disposição.

Ele a observou se aproximar com cuidado e depositar seus mácios e rosados lábios nos seus secos e um pouco pálidos.

–E então? Pessegos ou manga?- a voz doce dela e risonha dela o fazia se sentir mal pelos pensamentos que tinha. Os de acabar com aquela felicidade em beneficio dela.

Arranhou um pouco a garganta e desistiu. O dia aparentava estar muito bonito para ser destruído tão cedo.

–Manga.

–Otimo! Eu vou preparar um super café e ja volto esta bem?

Ele balançou a cabeça novamente e a observou colocar o ropão de seda e dirigir-se a cozinha.

Juliana acordava aliviada toda vez que o via ali, ao seu lado e vivo. Não se importava com as condições...ele estava vivo e era isso que interessava. O resto, o tempo a ajudaria a se acostumar.

Sorria quando entrou na cozinha esbanjando aquele bom humor de sempre.

–Bom dia rapazes.

Viramundo e Renato ainda estavam sonolentos quando a ouviram tão cheia de esperanças.

–Dia professora..

–Bom dia Juliana.- educado como sempre. Nos últimos dias Renato apenas se limitava a educação.

–Alguém sabe da Gina?

–Ela e o doutor Ferdinando ainda não acordaram não.

– Isso é motivo para que eu pense em uma possível reconciliação?- a voz da jovem parecia ter ganhado algumas oitavas a mais devido a empolgação.

No entanto, uma voz ainda não ouvida aquela manhã revelou a verdade.

–Não professora...temo que não foi dessa vez...- o engenheiro entrava na cozinha com o rosto cansado e um brilho no olhar que retornava aos olhos depois de dias sem aparecer.- mas posso sentir que estou cada vez mais perto.

O rapaz tentou se ocupar em procurar xícaras e não dar mais satisfações aquela que tinha sido cumplice de tudo.

–O que quer dizer meu amigo?- o médico parecia ter se interessado pela história afinal, era ele que tinha orientado Ferdinando a ser mais calmo e paciente na hora de revelar o passado para a própria esposa.

–Quer dizer meu caro, que pela primeira vez na vida, estou seguindo um conselho seu.- o engenheiro parecia se concentrar em sua tarefa e apenas deixava informações sub-entendidas.

–Se não estivéssemos no meio da guerra, diria que deveríamos comemorar esse dia.

E pela primeira vez em quase uma semana, a casa foi invadida por risos tímidos.

Um ambiente leve e descontraido constrastando com a destruição fora dali.

–Bom, se me dão licença meus caros, minha missão ainda não está terminada.- com isso os amigos viram o engenheiro sair carregando uma xícara de chá em uma pequena bandeja.

A única moça na cozinha não pode deixar de desejar boa sorte, mesmo sabendo que iria ser ignorada.

A face risonha logo desapareceu e ela voltou a cortar as fatias de manga.

–Juliana, esta tudo bem?- o médico podia tentar ser educado e profissional mas ve-la ficar desanimada e ainda notar o evidente atrito entre a professora e o amigo engenheiro o faziam repensar sua postura.

–Está sim...é so que...- ela terminou de cortar a fruta e tentou segurar as lágrimas que se aproximavam- é so que eu andei fazendo besteiras demais e bom...acabamos todos nessa situação.

–Oce me descurpe professora, mai eu não acho que seja culpa sua. Na verdade, eu acho que não é culpa de niguém.

–Eu agradeço Vira, mas eu sei muito bem que poderia ter evitado muitas tragédias...e o Ferdinando também sabe disso.

Não conseguiu evitar que uma lagrimas fina escorresse pelo seu rosto triste. Ela poderia sim ter evitado muitas perdas.

–Juliana...- o medico levantou-se e andou devagar em direção da moça que estava de costa para os amigos. Não chegou a terminar a frase que tinha tão cuidadosamente elaborado ja que a professora enxugou rapidamente a lágrima, pegou o café e se despediu com um sorriso fraco.

Renato sabia que aquelas batidas aceleradas eram erradas mas não podia deixar de senti-las. Não podia impedir o coração de bater por ela ou a alma se encher de esperanças...mas poderia se recriminar por isso.

–Vira! Se arrume! Eu tive uma ideia.

–E eu posso saber qual é doto?

–Nos vamos fazer um pequeno passeio ao hospital.

*

Gina acordou leve. Parecia que o sono tinha revitalizado o que antes andava destruído.

Rolou na cama e sentiu um certo incomodo ao encontra-la vazia. Respirou fundo e resolveu ignorar aquele alerta de falta que tocava de vez em quando.

Levantou-se e se surpreendeu, ao encontrar no espelho, um sorriso que andava desaparecido. O seu. Mas por que será que havia acordado tão bem? Não. Melhor não questionar a felicidade. É capaz que ela se assuste e fuja como um animal indefeso.

Tocou o espelho e reparou em coisas que não havia notado antes. Não estava se referindo aos machucados que agora cicatrizavam, ou as roupas que claramente não lhe pertenciam. Mas sim no corpo de mulher que não se lembrava que tinha.

As curvas bem acentuadas, os cabelos que, apesar de tudo, andavam menos rebeldes do que costumava se recordar, e nos detalhes do colar de camafeu e do anel de casamento que , em conjunto, a transformavam em uma Gina bem diferente e bem mais atraente.

Gostava de se ver assim, não mais a menina turrona mas a grande mulher que havia se tornado. Talvez Ferdinando estivesse certo. Ela havia mudado e agora notava o quanto havia gostado dessa mudança.

Mas será que estava tão aberta a aceitar essa transformaçãoo a ponto de inclui-lo?

Não saberia dizer exatamente, apenas sentia que se arrependeria se não tentasse compreende-lo.

Enquanto percorria os olhos pela imagem refletida não pode deixar de colocar as mãos no ventre. Um ato tão involuntário que ela se perguntou se havia perdido mais do que memórias. Balançou a cabeça e riu da imaginação fértil. Nunca sonhou com essas coisas e não seria agora, perdida e confusa que iria começar a imaginar. E muito menos levando em consideração que não lembrava de estar casada com Ferdinando. As únicas provas que tinha eram a foto no colar, o anel e as palavras de todos naquela casa...o que para ela não significava tanto quanto uma lembrança que ela tentava em vão obter.

Olhou-se mais uma vez e sentiu o estomago reclamar. A empolgação havia voltado junto com o apetite e ela atribuiu o pequeno e estranho toque na barriga à fome.

Colocou um roupão por cima da camisola e resolveu sair.

No momento em que abriu a porta, ela sabia que seu dia estava destinado a ser diferente. Bem a sua frente e a sua espera, estava uma pequena bandeija com uma xícara de chá. O aroma que conhecia tão bem a fez fechar os olhos e viajar no tempo.

Lembrava-se de colher os ingredientes na horta, de esperar que a água fervesse, de tempera-lo a sua maneira. Segurou a xícara nas mãos e pode sentir que estava morno, o que denunciava que , quem quer que tivesse preparado e deixado o chá ali, o tinha feito no tempo suficiente para não deixa-lo quente o suficiente para queima-la ou frio o suficiente para torna-lo um remédio. Quem tinha deixado essa pequena surpresa a conhecia o suficiente para saber como ela gostava do chá...e ela sorriu ao imaginar o responsável por esse gesto.

*

Ferdinando ouviu batidas leves na porta. Enxugava o cabelo despreocupadamente e não se preocupou em atende-las portando apenas uma toalha na cintura. E não se arrependeu nem um pouco quando viu quem era a sua inesperada visita.


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