Aurora Goldwin and The Rise of Night escrita por Nightshade


Capítulo 3
Meu Padrasto Se Revela


Notas iniciais do capítulo

Capítulo Editado



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O garoto de preto estava com Quíron, de modo que também se aproximou da cama aonde eu estava quando Quíron galopou até lá.

— Acho que estou bem... - respondi à pergunta de Quíron, mas em seguida me virei para o garoto meio gótico - Eu não estaria nada bem se não fosse por você, obrigada. - ofereci a ele um sorriso.

Ele não mudou a expressão, mas achei que vi seus lábios formarem um sorriso disfarçado. Ele era fofo. Sei que isso é algo estranho de se pensar de uma pessoa que usa botas pretas, jeans pretos, camisa preta de caveira e jaqueta de couro... mas para mim ele era dark de um jeito fofo.

— Este é Nico di Angelo. - disse Quíron, pondo a mão no ombro de Nico - Filho de Hades.

— Que legal. - sorri mas uma vez para o garot-Nico.

— Precisamos do auxilio do filme? - Quíron perguntou para Will, que permanecia ao meu lado.

Não entendi muito bem a pergunta, mas nem quis entender.

— Não. - Will me olhou - Ela está meio em choque, mas aceitou e entendeu tudo muito bem.

Ah, saquei.

— É, eu estou bem. - tentei sorrir para Quíron, mas acho que dessa vez meu sorriso pareceu mais com uma careta.

— Bem, - fiquei surpresa por Nico di Angelo quebrar o silêncio - Quíron, eu deveria mostrar o Acampamento para a Aurora?

— Sim, sr. di Angelo. Isso seria ótimo. Foi um prazer conhecer você, Aurora. - seu tom era gentil, mas ele parecia de certo modo receoso comigo - O jantar será servido daqui à uma hora. - e com isso, Quíron galopou para fora da enfermaria.

Will havia saído de meu lado, só agora eu notara, para ajudar um garoto que tinha um corte na testa.

Desci da cama e caminhei ao lado de Nico di Angelo.

— Ele anda estressado ultimamente, então não se ofenda. - disse Nico. Fiquei surpresa por ele ter falado comigo... ele não parecia ser o tipo de pessoa que gostava de conversar.

— Porque ele está estressado? - perguntei.

— Por causa da Grande Comoção. Todas as forças ancestrais se erguendo. Primeiro Cronos e a maioria dos Titãs, e então Gaia. - ele explicou. Seus olhos eram tristes e distantes.

Eu apenas o encarei. Will havia me falado um pouco sobre isso, mas eu não havia entendido muito bem. Nem estava com disposição para entender... não naquele momento.

Nico di Angelo era uma boa companhia, embora não fosse completamente simpático, era educado. Eu gostei dele. Ele me mostrou todo o acampamento, os Chalés, o qual o meu seria o 7... todo e completamente dourado.

E então nós fomos para o pavilhão do refeitório, onde havia várias mesas, e vários adolescentes e crianças nos olhavam e conversavam animadamente.

— Campistas! - a voz de Quíron silenciou todos - conheçam nossa nova campista, Aurora Goldwin, filha de Apolo. - ouvi algumas pessoas murmurando. Estava grata por Nico ainda estar ao meu lado - Podem se sentar.

Vi cada grupo de campistas pegarem as mesas, finalmente desviando suas atenções de mim.

— A mesa de Apolo é aquela. - Nico pôs a mão em meu ombro e apontou.

Tentando ignorar o arrepio que aquelas mãos gélidas me deram, segui seu olhar e vi... uma mesa com várias pessoas loiras e de olhos azuis. Will acenava para mim.

— Sério que eu sou a única deles com cabelos escuros? - perguntei a Nico.

Ele sorriu, mas não me respondeu, apenas foi para uma mesa afastada, na qual se sentou sozinho. Caminhei até minha mesa e me sentei ao lado de Will, que sorriu para mim. Acho que ele seria mesmo um bom irmão.

Senti um tapa em meu ombro e me virei para trás; era uma garota que se sentava na mesa ao lado junto de seus irmãos. Ela tinha os cabelos curtos sobre os ombros e os olhos flamejantes, mas seu sorriso era gentil.

— Oi, sou Ariana Grayson, filha de Ares. - ela estendeu a mão.

— Sou Aurora Goldwin, filha de Apolo. - minhas palavras soaram estranhas para mim, mas apertei a mão dela.

— Espero que goste do Acampamento. - ela sorriu mais uma vez e se virou.

Para uma filha de Ares ela era legal. Talvez eu tenha feito uma amiga.

***

Notei que os campistas se retiravam do pavilhão conforme terminavam de jantar. Will Solace ainda estava ao meu lado, mas alguns outros campistas de nossa mesa já haviam se levantado e saído.

— Para onde eles estão indo? - perguntei para Will, que se virou para mim.

— Estão indo para o anfiteatro. - ele sorriu e passou a mão em meus cabelos em um gesto carinhoso - Cantamos canções em torno da fogueira, é um costume.

Já gostava de Will...

Me inclinei de modo que pudesse ver novamente a mesa em que Nico di Angelo havia se sentado sozinho, e pude vê-lo se levantar e se misturar com as sombras da noite do lado de fora.

Me levantei e comecei a andar na direção que ele havia ido.

— Aurora, aonde você vai? - ouvi Will me perguntar; fiz um sinal para ele dizendo que já ia voltar, mas não me virei.

Quando alcancei Nico, estávamos já quase perto da área dos Chalés.

— Ei. - toquei seu ombro; ele se virou para mim, quase parecendo surpreso - Por que você não vai para o anfiteatro com os outros?

— Não gosto. Por que você não vai? - ele lançou a pergunta para mim.

— Não conheço ninguém. - fui sincera - Vou me sentir estranha.

— E você me conhece para não se sentir estranha perto de mim? - ele ergueu uma sobrancelha.

— Você salvou minha vida. - respondi - Evitou que eu fosse morta. Acho que isso é o suficiente para ganhar minha confiança e amizade.

Ele não respondeu, mas caminhamos juntos em direção ao Chalé 13. Nico parou e apontou para a constelação que eu olhava, de uma menina com um arco e flechas pronto para atirar. Ele me contou sobre Zoe Doce-Amarga. Ela era uma caçadora de Ártemis que foi morta pelo próprio pai. Me encostei em um dos pilares da frente do Chalé de Hades e Nico se encostou no outro, ficando de frente para mim. Perguntei à ele o que eram as Caçadoras de Ártemis, e sua expressão ficou sombria.

— Elas são caçadoras imortais que acompanham Ártemis em suas caçadas. - ele respondeu, mas eu poderia dizer que havia algo escondido naqueles atordoadores olhos escuros como a noite. Eles eram tão escuros que refletiam as estrelas quando ele olhava para o céu; a expressão dele era tão madura... parecia que ele mesmo era imortal.

— Parece ser legal. - falei, cogitando a hipótese de estar eternamente caçando monstros... seria uma vida de eternas aventuras.

Mas de repente, os olhos de Nico brilharam com um intenso ódio, e ele me lançou um olhar fulminante.

— Não, não é legal deixar seus amigos e sua família e todas as pessoas que você ama e que amam você, por pessoas que você nem conhece!

Eu realmente não esperava que Nico fosse o tipo de pessoa que gritasse, portanto fui paga de surpresa e realmente me assustei. Ele parecia se irritar facilmente à certos tópicos. Gentilmente, pus minha mão em seu ombro e apertei levemente.

— Eu nunca faria isso. - falei.

Ele me olhou nos olhos, seus olhos estavam tristes e ele se sentou no chão. Me sentei no chão ao seu lado também. Ele me olhou mais uma vez.

— Minha irmã me deixou para se tornar uma Caçadora, e enquanto estava em uma missão, ela morreu. - Nico não estava chorando, mas sua voz falhou.

Não hesitei ao por meu braço ao redor dele. Nunca havia perdido alguém e não poderia imaginar a dor de perder um irmão ou irmã.

— Me desculpe por gritar com você daquele jeito. - ele falou.

— Eu estendo. - falei, e deitei minha cabeça em seu ombro - Não precisa se desculpar.

E assim ficamos sentados lado a lado, envolvidos pelas sombras do Chalé 13. Achei tê-lo ouvido murmurar algo como "tantas poucas lembranças de paz". Não entendi muito bem o que ele quis dizer, mas algo me dizia que iria compreender mais cedo do que imaginava.

****

Meu pesadelo foi basicamente o mesmo; a mulher de capas negras com pontos luminosos rindo triunfantemente e o céu anoitecido desabando e me sufocando, sem que eu tivesse chance de lutar.

Acordei sobressaltada, mas dessa vez era Nico di Angelo que estava ao meu lado, seus olhos demonstrando preocupação.

— Aurora? Você teve um pesadelo? - ele perguntou.

Não o respondi, apenas olhei ao redor. Já havia amanhecido, embora ainda fosse cedo, deveria ser umas sete ou oito horas da manhã. Mas nós dois estávamos envoltos com as sombras do Chalé de Hades. Espere... nós dois dormimos na entrada do Chalé 13? Juntos?

— Nós dormimos juntos? - perguntei do nada. O rosto de Nico ficou comicamente rosado e só então fui notar a pergunta que havia feito - Não foi isso que eu quis dizer... - foi minha vez de ficar constrangida - O que eu quis dizer foi que ficamos aqui fora... na frente de um chalé, embora muito provavelmente ninguém tenha nos visto por causa das sombras... - comecei a tagarelar - E você não me parece ser o tipo de pessoa que confia fácil e deixa garotas dormirem em seu ombro!

— Olha, você é a única pessoa que está nesse Acampamento que eu confio. - ele pareceu sem pensar. Seu rosto ficou novamente rosado.

O que ele disse me pegou tão de surpresa que me fez dar uma resposta não-intencional.

— Você me conheceu ontem. - falei, mas me lembrei que eu mesma já conseguia confiar nele.

— Eu não sei, deixa pra lá, foi idiota. Esqueça isso. - ele se levantou do chão.

— Mas algo entre nós é certo. - falei, me levantando.

Ele se virou para me olhar. Seus olhos escuros brilhavam e ele sorriu levemente para mim. Agora ele parecia com o adolescente que era. Mas eu me senti desconfortável com o que havia dito, e desviei o olhar.

— Então, - mudei de assunto - o que fazemos agora? - perguntei, olhando para o sol.

— O que você quiser. - ele foi educado - Mas precisamos ir para o pavilhão, o café da manhã já vai ser servido.

***

Recebi poucos olhares dessa vez, quando entrei no pavilhão. Fui para a mesa de Apolo. Os meus... irmãos me cumprimentaram, sorridentes.

— Aonde você estava? - Will foi o único que me questionou, mas em sussurro.

— Estava com Nico di Angelo. - respondi sinceramente.

Will me lançou um olhar surpreso, mas me deixou comer em paz depois disso.

Mas meu café da manhã foi cortado por uma garota alta e muito bonita. Ela tinha os cabelos dourados e a pele bronzeada de alguém da Califórnia, mas seus olhos eram cinzas e tempestuosos.

Ela parou em minha frente, me senti levemente intimidada, mas ela sorria de forma amigável.

— Aurora Goldwin, Quíron precisa que venha até a Casa Grande. - ela disse, e fez sinal para que eu a seguisse.

Sentia os olhos das pessoas enquanto a seguia, mas Nico se juntou a nós duas. A garota não fez objeção, então acho que ele também havia sido chamado.

— Quíron, trouxe a Aurora. - a garota disse, quando entramos em uma sala grande, parecia mais um escritório.

— Obrigada, Annabeth. - falou Quíron, que estava lá.

Junto com o centauro estava duas pessoas, um homem meio gorducho, de cabelos negros azulados e rosto vermelho que bebia um refrigerante diet. Mas o terceiro homem foi o que prendeu minha atenção. Ele era alto, com cabelos pretos e olhos claros.

— Richard! - exclamei, e sem hesitar corri até ele e o abracei. Ele me abraçou também apertado - Como você entrou aqui no acampamento? - perguntei, me lembrando que apenas Meios-sangues podiam passar pela barreira.

Uma luz se acendeu para mim, mas deixei ele falar.

— Rory. - ele me afastou, segurando meu rosto delicadamente - Eu sou como você. Sou um meio-sangue.

— E é um prazer vê-lo outra vez, Richard Coulson, - Quíron sorriu - filho de Morfeu.


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Notas finais do capítulo

Por favor, comentem!!!