Aurora Goldwin and The Rise of Night escrita por Nightshade
Notas iniciais do capítulo
Capítulo Editado
— Filho de Morfeu? - perguntei estática ao meu padrasto - É o... deus grego dos sonhos, certo?
— Sim, - Richard sorriu, mas parecia um pouco... estranho - E, Rory... - ele olhou para Quíron e para o homem gorducho. O centauro assentiu para Richard, o segundo homem apenas revirou os olhos de forma entediada - Rory, você tem a benção de Morfeu. - ele disse por fim.
— Como assim? - franzi as sobrancelhas - O que isso quer dizer?
— Antes, - Quíron interrompeu - Aurora Goldwin, esse é o senhor D. - Quíron fez um sinal para o homem gorducho.
Dionisio!
— O senhor é... - comecei a falar, mas ele me cortou.
— Se você disser que sou 'o cara do vinho', a faço enlouquecer até a morte, Alicia Gray. - ele disse.
— Meu nome é Aurora Goldwin. - falei, chateada.
— Que seja, Aline. - ele revirou os olhos - Preciso voltar ao Olimpo, Quíron. Boa sorte com os pirralhos.
Nisso, senhor D. andou dois passos e desapareceu em um rastro de fumaça roxa.
Aquilo não me surpreendeu muito. Olhei ao redor, subitamente notando que Nico e a garota loira, Annabeth, não estavam mais ali.
— Bem, Aurora - Quíron suspirou - quando Richard diz que você recebeu a benção de Morfeu, quer dizer que você poderá possuir alguns poderes diferentes dos filhos de Apolo. É claro, você terá as características de seus irmãos, mas também terá características dos filhos de Morfeu. - Quíron parecia tentar ser evasivo.
— Não é muito comum um meio-sangue receber benção. - Richard estava pensativo.
— Vocês tem certeza disso? - acho que eu era a que estava mais confusa ali do que eu.
— Sim. - Richard sorriu - Tenho completa certeza.
— Mas...
— Rory... - Richard me pegou pelos ombros e me fez ficar de frente para um pequeno espelho que havia na parede - por que seus olhos são violetas e não azuis como os de seus irmãos e seu pai?
— Não são violetas. - franzi minhas sobrancelhas e vi meu reflexo fazer o mesmo - Meus olhos são azuis arroxeados, porque as minhas veias sanguinárias se misturaram com o azul. É raro, mas possível... Elizabeth Taylor tinha esses olhos.
— Não, minha querida. - Richard olhou meus olhos pelo espelho - Seus olhos eram azuis, mas se tornaram violetas por conta da magia de Morfeu... depois da benção, como já lhe expliquei, você ganhou outras características. - ele apertou meus ombros - Você vai entender melhor o que quero dizer conforme descobrir seus poderes.
— Sim... - resfoleguei.
— Acho que ela precisa de um tempo, Quíron. - Richard beijou minha testa.
— Sim. - Quíron parecia preocupado - Vá, Aurora, está livre para explorar o Acampamento. - ele sorriu.
Apenas assenti e sai da Casa Grande.
— Nico? - tive um sobressalto ao ver o filho de Hades parado na varanda.
— Aurora, eu quero te mostrar uma coisa. - ele se aproximou de mim - Uma coisa que ninguém sabe.
Ele segurou meu pulso fortemente e me puxou em direção à floresta.
Nico segurava fortemente meu pulso, me impulsionando a correr pela florestas. Ele parecia conhecer aquele caminho, muito provavelmente explorava bastante aquele lugar. Estava escuro; apesar do sol já estar alto no céu, quase nenhuma luz passava pelas folhas das árvores... que pareciam muito, muito antigas.
Avançamos o suficiente para que eu não pudesse mais ver a entrada dela, quando Nico finalmente soltou meu pulso.
— Por que me puxou com tanta pressa? - resfoleguei.
— Porque não queria que nos víssemos e viessem atrás de nós. - ele me olhou por cima do ombro - Me siga.
Corremos mais um pouco pela floresta, até Nico parar de repente e me fazer quase colidir com ele. Estávamos de frente para uma grande árvore, um carvalho se não me engano, mas era muito antigo e muito grande. Mas uma parte da árvore, eu notei, era uma junção de galhos que parecia muito bem feito para ser natural. Ergui minhas sobrancelhas.
— Você é muito observadora, - Nico sorriu para mim - isso te ajudará como uma meio-sangue.
— Obrigada. - agradeci, mas de um jeito pouco paciente.
— Eu fiz isso alguns meses atrás, assim seria mais fácil de me transportar para o palácio de meu pai. - ele se virou e tocou na junção dos galhos.
A principio nada aconteceu, mas então outros galhos se dissolveram para o nada, formando um vão negro, que parecia ser feito de sombras. Eu caberia ali, pelo tamanho, e eu era alta.
— Quando eu estiver com meu pai, você pode usar isso para vir me visitar. - ele disse. Seus olhos brilhavam com orgulho, o que me fez pensar em quanta energia ele gastou para fazer esta entrada para o mundo inferior.
— Então você quer que eu intencionalmente caia na toca do coelho? - perguntei, com ar risonho.
— Sim. - ele respondeu.
— Bem, e como eu fecho isso? - perguntei.
— Fecha automaticamente atrás de você.
— E como sairei?
— Terá uma pedra no chão ao lado da entrada do outro lado, basta pisar nela e a parede irá abrir.
— E como fechamos agora? - olhei novamente para o vão.
— Apertando a junção novamente. - ele tocou no nó de galhos e o vão se fechou.
***
— Então, o que mais podemos fazer por aqui? - perguntei a Nico quando já havíamos saído da floresta.
— Muitas coisas. Você já tem uma arma?
— Nós podemos escolher nossas armas? - o encarei animada.
— É, acho que você ainda não tem uma arma... - ele murmurou.
— Não. - falei.
— Então vamos até o arsenal.
Quando entramos no arsenal, apenas uma pessoa estava lá. Uma garotinha, que parecia ter uns dez ou onze anos; tinha os cabelos espessos e loiros escuros. Ela segurava alguns girassóis recém colhidos nas mãos.
— Cloe? - chamou Nico.
A garota teve um sobressalto e se virou para nos olhar. Ela olhou Nico de forma receosa e pressionou as flores contra seu corpo, como se para protege-las de Nico. Aquela cena quase me fez rir. Mas ela olhou para mim e relaxou a postura, sorrindo.
— O que você está fazendo aqui? - perguntou Nico.
— Estava procurando a nova campista. - ela se aproximou de mim timidamente, mas sorrindo ainda - Queria entregar isso como boas vindas. - ela estendeu os girassóis para mim.
Sorri para a garotinha; girassóis não eram minha flor favorita, mas aqueles eram tão lindos...
— Seu pai é Apolo. - Cloe continuou, antes que eu pudesse agradecer - Então achei que seria melhor girassóis, aí os fiz crescer e colhi para você.
Sorri outra vez para Cloe e beijei sua testa.
— Obrigada, mas... você é filha de quem? - perguntei, curiosa.
— De Demeter. - ela sorriu.
— Sua mãe gosta muito de cereais... - ouvi Nico murmurar. Um trovão soou ao longe, e ele ergueu os braços em derrota.
— Você conheceu minha mãe? - Cloe se virou para ele.
— Sim, ela foi visitar o mundo inferior quando eu estava lá. - disse Nico - Mas, mudando de assunto, você deveria estar no arco e flecha com o Chalé de Afrodite.
Cloe fez uma expressão emburrada, mas me abraçou e saiu do arsenal.
— Então... - Nico pôs as mãos nos bolsos de seu casaco - Que tipo de arma você preferiria? Espadas? Lanças? Adagas?
— Por que não facas? - perguntei, passando meus dedos por três facas idênticas, que pareciam estar escondidas ali a muito tempo. Estavam empoeiradas, mas eram douradas.
Tirei a poeira o melhor que pude com meus dedos. Olhei para a parede do arsenal, onde um escudo mediano era segurado por dois fios. Mirei, segurando a faca pela lâmina e lancei. Atingiu certeiramente o fio e o escudo caiu.
— Puxa, você é boa! - Nico sorriu.
Eu ri, e peguei a bainha com as três facas e prendi em minha cintura.
— Vou ficar com elas.
***
— E agora? - perguntou Nico, enquanto caminhávamos pela grama perto do lago.
— Podemos ir nadar! - sorri, quando paramos perto da água.
— Não vai trocar de roupa? - Nico ergueu uma sobrancelha.
— Não. - tirei meus tênis. Eu estava de shorts e a camisa do Acampamento.
Nico tirou as botas e a camisa. Deixamos nossas coisas na grama e entramos na água. O lago era mesmo muito grande!
— Vamos apostar quem chega primeiro naquela boia! - apontei para uma boia laranja, que ficava alguns metros de distancia.
Nico olhou para mim como se não houvesse me entendido, mas logo avançou nadando. Me pus a segui-lo... eu adorava nadar, Richard que havia me ensinado quando eu tinha seis ou sete anos.
Chegamos na boia lado a lado, mas ele tocou nela primeiro. Me apoiei na boia, recuperando o folego. Vi que havia algo escrito em tinta preta ali.
NO APIT DSETE PNOT. KEN K ADMCDI
Eu não conseguia ler bem, devido a dislexia, mas não quis me preocupar com o que dizia ali.
— Revanche! - afundei Nico na água e nós dois rimos - Solte meu pé. - falei para Nico, sentindo algo roçar em meu pé.
— Não segurei seu pé... - ele pareceu confuso. Não me importei.
Me lancei na água em direção a terra, nadando bem depressa. Faltava alguns metros para eu chegar na margem, mas a água começou a tremer e a ondular. Alguns campistas que estavam no lago saíram e se afastaram da margem, gritavam por lanças e arcos...
Subitamente virei para olhar Nico, ele estava á cinco metros de distancia de mim e me olhava com um olhar que dizia: "Saia do lago. AGORA!" E se erguendo do fundo do lago, estava uma enorme criatura com longos tentáculos... como aquela criatura que tinha aparecido em Piratas do Caribe e em Fúria de Titãs.
Então eu entendi o que estava escrito na boia:
NÃO NADE APARTIR DESTE PONTO. KRAKEN ADOMERCIDO.
Mas Krakens não eram nórdicos?
Oh, não.
O Kraken jogava os tentáculos para todos os lados, derrubando construções de pedras próximas do lago e lançando os campistas longe.
Eu ainda estava tentando assimilar tudo aquilo, quando Nico se lançou sobre mim me puxando em direção da margem, mas paramos onde estávamos quando a agua do lago se ergueu, formando uma barreira entre o Kraken e os campistas.
— Percy!
— Estamos salvos!
Os campistas gritavam, mas quem era Percy?
Então eu notei um garoto vindo voando e caindo na agua em frente a mim e Nico. Ele parecia desorientado. E a barreira de água se desfez.
Ele era muito bonito. Tinha cabelos negros e olhos verdes como o oceano. Era bronzeado e aparentava ter uns dezessete anos.
Ele me olhou.
— Quem é você? - ele me perguntou.
— Aurora. Nova campista. Filha de Apolo com benção de Morfeu. - respondi.
— Benção de Morfeu? - ele franziu as sobrancelhas.
— Podemos nos concentrar no problema em pauta? - Nico nos cortou - Temos um Kraken que acabou de despertar aqui!
— Sou Percy Jackson. - o garoto se pôs de pé rapidamente - Então, seu pai é o deus da música, não é?
— Sim... - respondi.
— E você tem a benção do deus dos sonhos?
— Exato. - eu queria saber aonde ele ia chegar.
— Se preparem. - ele disse para mim e Nico.
E então ele levantou nós três em uma plataforma de água, até estarmos frente a frente com o Kraken.
— O que está fazendo? - perguntei, assustada.
— Ele é grande demais para matar. - disse Percy - Precisamos pô-lo para dormir então... e acho que você pode fazer isso. Cante para ele uma canção de ninar!
— O que? - eu quase ri.
— Acho que pode funcionar. - disse Nico.
Automaticamente, me veio na cabeça a canção Good Night.
Cantei, a principio com a voz tremula, mas em seguida mais confiante. Me concentrei na canção... e antes que eu terminasse de cantar, o Kraken afundou... adormecido.
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