POV da Autora

Céus, eu estava vendo o cara morto bem à minha frente e, se eu não estava enganada – e eu assistia muitos seriados de investigação criminal -, Simone era suspeita, justamente por estar ali naquela hora e, diga-se de passagem, numa hora errada.

Edward me tirou de lá, depois disso, a festa acabou. Nós entramos nos carros e voltamos para a mansão. Havia muito o que pensar, principalmente o porque de Alice não conseguir ver o assassinato para que alguém tentasse impedir. Havia o porque de Dominc ser morto, o porque daquele assassinato colocar em risco toda a espécie. Eram muitos detalhes e, certamente, não seria tão cedo que conseguiríamos resolvê-los.

- O que faremos? – Perguntei.

- Negativo. O que nós faremos. – Edward disse, com aquela coisa de super proteção novamente. Eu odiava quando ele tomava esse tipo de atitude. Eu não ia ficar de fora, não mesmo.

- Negativo, você. – Bati o pé. – Se eu estou me tornando uma híbrida, significa que faço parte da espécie tanto quanto você, já que daqui a algum tempo você irá me transformar, certo? – Ele assentiu, sabendo que eu tinha razão. – Então, o que nós faremos? – Perguntei novamente.

- Primeiro, precisamos descobrir quem é que vai cuidar do caso, precisamos ter alguém lá dentro. – Amy falou.

- Sim, de fato. – Jasper concordou. – Posso descobrir isso facilmente, mas o difícil será infiltrar alguém naquele departamento.

- Conheço um cara que pode nos dar todas as informações que precisamos. – Emmett disse sorrindo, enquanto pegava o celular.

Eu os deixei na sala, discutindo as probabilidades daquilo realmente resultar em algo ruim. Subi para meu quarto e troquei de roupa, coloquei o meu bom e velho moletom e tentei tirar um pouco da maquiagem. Quando eu estava no segundo andar, indo para o primeiro lance de escadas, comecei a ouvir parte da conversa, nela, Emmett dizia que havia conseguido algumas informações.

Desci mais rapidamente e me juntei a Edward no sofá.

- ... Logan é o cara. – Emmett dizia. – Ele sabe que o departamento de polícia está à procura de um novo investigador. O promotor é um tal de Josh Tallbot, mais conhecido por Tallbot.

- E, quem é esse Logan? – Demetri perguntou.

- Ele é um vampiro sedentário e hacker. Entra em qualquer sistema de computador, fica em seu esconderijo jogando e fazendo outras coisas mais, enquanto bebe um bom copo de sangue. – Jasper disse-lhe. – Mas, ele entende do assunto.

- Precisamos infiltrar um investigador.

- Sim, Cullen, mas ainda precisamos forjar todos os documentos, a história precisa ser verídica. – Amy revirou os olhos.

Eles precisavam de um investigador. Bem, não precisava ser exatamente um investigaDOR, poderia ser uma investigaDORA. Pensei um pouco sobre a hipótese de me deixarem entrar no esquema. Alice me encarou, dando um sorriso singelo e me incentivando a continuar, se eu entendi bem, ela estaria procurando pelo futuro, a cerca da minha decisão. Isso poderia funcionar.

- Bem, eu tenho a solução. – Eu disse calmamente, encarando o olhar curioso de nove vampiros. – Me deixem entrar como investigadora.

- De maneira alguma! – Edward surtou. Eu sempre temi esse dia. – Jamais deixarei você se arriscar dessa maneira.

- Nem pensar! – Eu bati o pé novamente. Emmett endireitou-se no sofá, a fim de ver alguém bater de frente com o teimoso Edward Cullen. Reprimi um riso. – Pensa bem. Vocês precisam de alguém que esteja inteirado da história e da gravidade do assunto. Precisam de alguém que POSSA sair por aí num dia de sol, sem ficar fraco ou sei lá, começar a brilhar.

- Eu consigo ver! – Alice sorriu finalmente. – Vai dar certo. Bella entrará, eu consigo vê-la interrogando Simone!

Edward bufou, claro. Era óbvio que ele só concordaria depois de ter uma visão da Alice como prova. Mantive-me atenta por uma boa parte do tempo, até que o sono começasse a pesar sobre minhas pálpebras. Quando me dei conta, eu estava no colo de Edward, que me levava em direção ao quarto, ainda sim, pude ouvir um resmungo de Emmett, dizendo algo sobre humanos chatos e dorminhocos.

Eu sabia bem que eu estava tendo mais um daqueles sonhos que se tornavam pesadelos. Dessa vez não era como se eu estivesse lá, apenas como um fantasma, digamos assim, era mais... real.

Eu ouvia os rádios e jornais de toda a cidade comentando sobre a existência de vampiros. Eu via pessoas sendo caçadas e via uma orda de policiais se aproximando da mansão. Edward tentava a todo custo me proteger, mas não havia saída. Todos foram queimados e eu sobrei, por ser a meio vampira.

Acordei transpirando, suando frio. Edward acariciou minha testa, me aninhou em seus braços e cantou para que eu pudesse dormir.

[...]

- Olá, meu nome é Isabella Swan, fui designada para vir a este departamento. – Eu disse assumindo minha identidade de ‘Isabella Swan, a investigadora.’

- Ah, sim, claro. Bom dia, Sou Tallbot, promotor. – O cara alto e meio loiro, me deu um aperto de mão. – Creio que já te enviaram o arquivo do caso, certo? Deu tempo de dar uma lida?

- Sim, eu li.

- Você é jornalista? – Ele fez uma pergunta totalmente fora do assunto.

- Ah, me desculpe, não disse antes. Acho que não devem ter te falado. Sim, sou jornalista, na verdade eu era, de um jornal local, exibido pela internet, chamado Buzzwire. Eu era repórter investigativa.

- Muito interessante, bem, então começará agora. Há uma suspeita detida. Preciso que a interrogue. Temos muito o que investigar sobre o caso. – Ele disse, me entregando uma pasta e saindo da sala.

Eu o segui, claro. Senti-me como se eu estivesse mesmo em um daqueles Law and Order, indo para a sala de interrogatório, encarar o vilão e fazer ele falar. Ok, menos Bella, eu sabia que Simone era incapaz de fazer isso. Mas, eu tinha que conseguir qualquer informação útil e, precisava manter Tallbot o mais afastado possível desse caso, ou desinformado.

Entrei na sala e vi Simone de cabeça baixa. Ela estava ansiosa, não precisei de Jasper para saber disso. Seu dedo martelava contra a madeira da mesa insistentemente. Nós estávamos numa sala pequena, quadrada, com uma janela fechada por uma persiana. Pelo jeito, aquela era a minha sala.

- Simone, oi. – Eu disse baixo.

- Oi. - Ela disse.

- O advogado Tallbot me pediu para que falasse com você.

- Ah claro, Josef me disse que eles farão o possível para... resolver o caso. Não quero que nenhum deles tenham problemas. – Ela mordeu o lábio. – Eu não matei Dominic.

- Sim, hã, aqui diz que você falou ao Tallbot que ele já estava no tanque quando você o viu...

- É, eu estava tentando tirá-lo. – Ela completou. – Eu sei que foi estúpido e tardio, mas sei lá...

- Não disse ao Tallbot que você estava com Josef? – Perguntei, folheando o arquivo.

- Bem, não. – Ela respondeu. – Nós estávamos, ele estava... bebendo. – Ela hesitou. – Conseqüentemente, eu fui ao banheiro me limpar. Vi um vulto passando atrás de mim, me virei e segui a poça de água, então eu o vi e gritei.

- Mas se você estava com Josef, isso te dá um álibi.

- Mas também dá motivos para a polícia olhar Josef mais de perto. Não quero arriscar. – Ela disse temerosa. Eu a entendia, faria o mesmo em relação à Edward, caso fosse preciso. – Manter o segredo deles, é a regra número um.

- É estranho falar disso. – Eu comentei, olhando sobre o ombro, certificando-me de que alguém não entraria.

- Somos membros de um clube exclusivo. – Ela sorriu. – Fiquei sabendo sobre você. É a futura esposa de Edward Cullen.

- Sim, por isso estou aqui. Precisamos descobrir quem fez isso.

Nesse instante, Tallbot entrou na sala.

- Isabella, preciso falar com você, pode vir aqui um instante? – Eu assenti e me levantei. Caminhei para fora do cubículo e fechei a porta atrás de mim. Nós caminhamos pelo corredor do prédio. – Ela falou alguma coisa?

- Não.

- Se tivesse acontecido algo entre eles na banheira, ela teria dito. – Ele pensou.

- Porque você acha que existia algo entre Simone e Dominic?

- O treinador dele me disse que ela ia a todos os jogos... ela foi vista saindo com ele algumas vezes. – Traduzindo: fofoca. – Isso parece algo para mim.

- Já interrogou Hank Bishop? – Perguntei, me lembrando do encrenqueiro da festa. – Eles dois se desentenderam na festa...

- Ainda não. – Ele disse pegando o celular.

- Quando tempo a manterá sob custódia?

- Até que ela diga algo.

Depois disso, nada pude fazer em relação a Simone. Não havia como tirá-la de lá, a não ser que ela dissesse algo que realmente importasse, mas isso implicaria num problema de escala mundial. Eu não queria nem pensar na guerra que surgiria se os vampiros fossem descobertos.

Quando Tallbot saiu, avisei a Simone que ela teria que continuar lá, peguei minhas coisas e entrei no carro. Percorri pela cidade, movimentada e, pouco ensolarada, até que a estrada para a mansão finalmente estivesse em meu campo de visão. Percorri o trecho que era uma subida, então, depois de alguns minutos, eu pude ver o portão. Apertei o controle entrei.

- Onde está Simone? – Josef Kostan me perguntou assim que entrei na sala.

- Tallbot está a mantendo sob custódia. Ainda não se sabe se a morte de Dominic foi um acidente. – Respondi, indo em direção a Edward e lhe dando um beijo. – Olá querido.

- Olá, minha Bella. – Ele sorriu e me abraçou.

- E daí, chefia, como anda a investigação? – Emmett brincou.

- Tallbot disse que Simone conhecia Dominic. – Olhei Josef.

- Bem, ela nunca me disse nada. – Ele respondeu casualmente, encostando-se num pilar da sala.

- Ele está cogitando um caso entre os dois. - Senti o clima ficar meio tenso, todos me encararam, de novo. Josef engoliu seco, mas enfim respondeu.

- Não acredito nisso. E, eu saberia se ela tivesse um caso. - Ele me encarou. – Mas esqueça Simone, há muitos vampiros envolvidos nessa história.

- Nós vamos descobrir antes que a polícia faça perguntas, Josef. – Edward assegurou-lhe.

- Podemos começar com Emma e Jackson, os empresários de Dominic. – Alice sugeriu. – Eu não consigo ver nada, mas sinto que existe algo por lá.

Josef deu as costas e saiu da mansão. Ele estava com ciúmes, era óbvio, porque bem, se Simone estava tendo um caso, sangue não era a única coisa que ela estava trocando com alguém. Mas era difícil acreditar que um vampiro como ele, centenário e discreto, estava envolvido em algo dessa magnitude. Era difícil de acreditar que todos nós estávamos envolvidos nisso.