A Liberdade do Corvo escrita por Raquel Barros, Ellie Raven


Capítulo 6
Capitulo Cinco - Arya




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Abro os olhos lentamente. O soro pinga aos poucos no meu lado, e uma camada azul de eletricidade cobre a maca. Tiraram minhas algemas. Pelo menos isso. Tonta, coço os pulsos com marquinhas vermelhas. Era até estranho não ter mais algemas me prendendo vinte e quatro horas por dia. Olho para fora da camada que me encubava. Ao meu redor da maca tinha sadics de branco trabalhavam e manipulavam holográficos azuis de um corpo em descanso. Em outros cantos tinham a mesma coisa. Era algo parecido com uma enfermaria de tecnologia super avançada. A camada azul que cobria minha cama abre-se lentamente. Assim eu posso começar a ouvir novamente aquela barulhada toda do lado de fora. E começo a me lembrar de onde estou. Na Base, como chamaram os desconhecidos que conheci na praia. E eu ainda nem sei se eles são confiáveis. Ou se a Base, esse lugar do qual nunca ouvi falar é confiável. Ou decente pelo menos.

–Finalmente acordou bela adormecida.

Diz Aspen atrás de mim. A voz do humano é inesquecível. È uma mistura de suavidade, com veludo e um toque de rouquidão. Viro lentamente para a direção que ele estava e me dou de cara com um Aspen diferente do que vi antes. Ele estava preso em uma maquina de hemodiálise, parecia mais pálido e tinha olheiras como quem ficou a noite toda sem dormir, e hematomas na região dos braços. Isso sem contar que não estava tão arrumado quanto o cara que eu conheci mais cedo. Vestia com calça de moletom cinza, os cadarços da bota bege desamarrados e uma camisa branca por debaixo de uma blusa de flanela e um casaco cinza velho. Acho que o Aspen pode até ser perfeccionista e tal, mas parece que isso não impede dele ser extremamente descuidado quando o assunto tem relação á sua saúde.

–O que aconteceu com você?

Pergunto incrédula. Aspen levanta as sobrancelhas, e com a mão livre coça uma delas.

–Digamos que meus pais não tiveram exatamente genes benignos para me emprestar.

–Ou seja?

–O soro Delta afetou os genes deles, não os transformou completamente e eu nasci com alguns sérios problemas de saúde.

–Você também não se cuida muito.

–Não vou discutir com uma estranha minha saúde.

Rosna Aspen, com a voz em um tom baixo e perigoso. Foi algo totalmente sadic, medonho e assustador. Isso me motivou a não falar mais nada. Fechei os olhos e fiquei quieta. Aspen poderia ser humano, mas até os seres de aparências mais frágeis podem ser extremamente perigosos. E os humanos têm a incrível capacidade de surpreenderem.

–Se eu fosse você, não voltava a dormi, daqui a pouco sua visita vai chegar.

Avisa o humano ainda irritado em um suspiro. Visita? Nunca ninguém me visitou em qualquer que seja o lugar. Afinal, não conheço ninguém. E se conheço, não lembro quem é.

–Na verdade eles já chegaram.

Corrige-se Aspen. Abro os olhos e sigo seu olhar em direção. Cinco sadic observam do andar de cima. Eles eram diferentes e parecidos ao mesmo tempo. As idades variavam de trinta a trinta e cinco anos. Pelas contas de idade sadic, aqueles sadics deveriam ter uns dois séculos de existência, e mais alguns anos. Afinal de contas, sadics e meios sadics param de envelhecer aos vinte e cinco anos para homens e vinte para mulheres, e depois disso só envelhecer mais um ano a cada vinte cinco ou trinta, dependendo dos genes. As duas mulheres sadics eram loiras, de baixa estatura e aparentavam ter trinta anos. Os homens eram respectivamente, trinta e um, trinta e três e trinta e quatro. Todos pareciam aliviados e incrédulos. Talvez eles tenham conhecido meus pais. Se eles conheceram, nasci virada para a lua. Se não, já estive em uma situação parecida antes e estou viva até agora. Os cinco saíram do meu campo de visão quando percebem que estou acordada, os encarando. Alguns minutos depois, todos os enfermeiros do local levantam, em sinal de respeito, e os cinco sadics que me observavam aparecem. O homem mais novo, de olhos azuis celeste, faz um sinal com a mão, e todos voltam ao seu trabalho. Tive a impressão de que ele era o manda chuva de plantão aqui. O cara realmente parecia alguém poderoso. Estava com um terno negro alinhado, talvez feito sobre medida, o cabelo negro e sedoso bem penteados e tinha um anel de ônix com as inicias AB, entre uma aliança de ouro branco e um anel de caveira com olhos de rubis. A única coisa relaxada nele era um colar de correntes grossas, com uma pedra vermelha partido ao meio. Talvez alguma lembrança sentimental. Era claramente um lorde Dark. Não, era O Lorde Dark. Boatos sobre ele corriam a fortaleza, fazendo todos tremer só de ouvir o nome dele. Pelo jeito Alef Blood fazia jus ao seu titulo. Se não fosse é claro, pelos olhos azuis celeste. Aqueles com certeza não eram olhos de um lorde Dark. Eram olhos de alguém que tinha os pés bem firmes no chão. Depois de aparecer o Alef, veio a loira de cabelos cor de areia, e olhos azuis desbotados. Ela me parecia familiar. Principalmente por causa do estilo semi-militar. Estava com uma camisa cinza, calça de couro e botas de cano curto. Usava também luvas de couro. E parecia muito perigosa. Seu olhar parecia que varria a alma de quem a encarava. Era claro, que aquela sadic era implacável. Olhando bem para a loira de cabelos nos ombros percebo de onde veio a familiaridade. Ela parecia com a Zoey. Melhor, a Zoey parecia com ela. Aquela deveria ser a mãe da Zoey. Ou irmã mais velha. Depois da mãe da Zoey aparece outro homem. Alto, moreno, de olhos verde-mar e topete bagunçado, aquela era a visão da serenidade. O presai não era menos perigoso. Não parecia menos perigoso. Mesmo sendo um cara que usa calça jeans Black surrada, tênis e suéter azul celeste, aquele sadic deixava claro apenas pelo olhar e pelo sorriso maroto que não brincava. Ele segurou a mão da mãe de Zoey e logo me lembrei de também ouvi do casal implacável. Angel e Dexter Blood. Um era mestre em artes marciais e a outra era capaz de transformar qualquer coisa a sua disposição em arma. Depois deles veio rostos realmente conhecidos. Aqueles dois eu nunca esqueceria. Cam e Caryn Blood. Eles não tinham mudado nada desde que os vi pela ultima vez. Meus irmãos, Jasper, Neal e Bealfire estavam com eles quando fui capturada, isso fez com que meus irmãos escaparem vivos. Caryn e Cam eram meus padrinhos. Eu passava as férias na casa deles. Empanturrava-me de leite e biscoito. Vê-los de novo foi como se tivesse me dado uma chave para as minhas memórias mais antigas. Alef era meu tio por parte de mãe, e brincava comigo quando estava de bom humor, Angel era minha professora de dança e eu amava ficar perto dela e Dexter era o cara que me distraia nas reuniões chatas de trabalho dos meus pais. Começo a levantar em estado de êxtase. Aqueles sadics faziam parte da minha família. Neles eu poderia confiar. Os cinco sorriram para mim e Caryn abriu os braços para um abraço. Quase que automaticamente, sai da cama lentamente por causa da dormência das minhas pernas, e fui apressadamente para os braços dela. Meu primeiro abraço de anos foi em grupo. Aquela foi à primeira das demonstrações de carinho de anos. Eu estava em casa, finalmente.


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Notas finais do capítulo

Cometem e opinem. Beijocas para vocês.



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