A Liberdade do Corvo escrita por Raquel Barros, Ellie Raven


Capítulo 29
Capitulo Vinte e Oito - Emma




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Fecho os olhos com força.

A vida se tornou cada vez mais difícil. Sim! Eu sei. A vida é difícil. Mas se você for a mais fraca da sua turma é muito mais difícil. E se você for não só a mais fraca como a que nunca cresce nem um pouquinho, então sua vida vai se tornar um inferno. Essa é a minha vida. A que piora a cada dia mais. Parece que nada, nada mesmo dá um sinal de uma mudança para melhor. E agora mais essa. Meu irmão é um espião. Logo um dos mais procurados por Onyx. Logo ele. Não vou perdoar o Ethan depois disso. Não! Nunca! Ele matou meu irmão de uma maneira indireta. O levou para seu lado e não mediu conseqüências. Só pensou na maldita Master Great. Não pensou em mim, como se era de esperar. E agora eu vou perder meu irmão. Meu irmão... Ethan não tinha esse direito. De todos que ele poderia usar, não poderia ter escolhido meu irmão. Agora ele, o Vinicius, o meu Vini, vai ser executado por alta traição. E eu vou ficar sozinha. Para sempre. Todo mundo ao meu redor não sabe o que não é ter uma família. A Carmem tem a Emily, a Zoey tem seus irmãos e seus pais, a Gwen também e a Arya tem seus dois irmãos para cuidar dela. Já eu, apenas tenho o Vinicius. Não conheci meus pais e não tenho outros irmãos que saibam da minha existência, ou que eu saiba da existência deles.

–Desculpas Emma, mas, eu vou ter que contar para os meus pais.

Pede Gwen. A ignoro e saio da casa da Arya. Não sou capaz de digerir essa informação dessa maneira. Com pedidos de desculpas, e olhares de pena. Não! Isso não vai me fazer mais forte. A pena não faz ninguém mais forte. A floresta fria e silenciosa de Onyx me parece mais atraente. A vida corre por entre as raízes das arvores. Em um momento como esse sempre corro para onde há mais vida. Parece que essa floresta está se tornando minha melhor amiga. Como se eu já não tivesse um monte. Mas com certeza nenhum é tão silenciosa como essa floresta. Silenciosa e viva. Encosto em uma das arvores de uma das muitas clareiras que tem por aqui. Tenho que falar com o Vinicius. Antes que o prendam.

Corro de volta para minha casa. As luzes estão ligadas e há um grande barulho vindo de lá de dentro. Chegaram antes de mim. Entro na casa apenas para ver meu irmão apenas de calça jeans rolar a escada. Estava com o olho roxo, um corte na boca e hematomas aparecendo por todo o tronco. Três ou quatro darks descem a escada em fúria. Eles param quando eu vou para frente do Vinicius. Não vou deixar baterem em meu irmão. Não vou mesmo. E já o fizeram o suficiente. A lâmpada apaga e acende enquanto encaro o dark de mãos sujas e com um soco inglês que bateu no meu irmão. Os quatro pupilos de Alef me observam seus olhos negros por completo. Um vazio de trevas. Consigo ver suas intenções estampadas. Matar o Vinicius. Reconheço os quatro. Perderam parentes recentemente. Bernard Loyc, Erick Saink, Theodore Inel e Kaue Shovor. Tinham tudo para odiar meu irmão. Para vingar seus parentes que morreram por causa deles. E fariam isso e a maioria das pessoas na Base iria ficar feliz. Uma vingança de quatro que a maioria aprovaria como se fosse certo matar alguém pelo que essa pessoa fez uma vez. Não matam assassinos! Aqui eles andam livremente entre pessoas normais. Ninguém vinga as garotas que foram defloradas. Mas por que meu irmão errou, e errou feio ele não merece uma segunda chance? Uma coisa seria se ele tivesse feito vários erros, vários outros crimes. Mas criminosos não tem julgamentos pelos seus atos? Por que o Vinicius não pode ter também? Ele deve ter um bom motivo para ter feito o que fez. Tem que ter. Só aceito que executem o Vinicius depois de um julgamento. Afinal, todas essas pessoas querem justiça pela morte de seus familiares que morreram, mas matar o “responsável” por todas elas não vai trazê-las de volta. E eu? Eu não conto nessa historia? Meu irmão errou, mas eu só o tenho. Ele foi um estúpido, mas deve ter algum motivo. Eu sei que tem um bom motivo.

–A moça pode sair da frente?

Pergunta Bernard, um jovem de vinte anos, alto e de cabelo loiro escuro e curto em estilo militar. Ele está com o soco inglês pronto para ser usado. Arrumo coragem e me mantenho firme. Respiro fundo e respondo:

–Não posso?

–Por que não?

–Ele é meu irmão! Eu só tenho o Vinicius no mundo.

–O traidor não contou que tinha uma irmã tão lindinha.

Diz Theodore surpreendido. Não gostei do sorriso dele. De maneira nenhuma.

–Essa não é aquela garota que andava com o Ethan?

Pergunta Erick e Kaue comfirma:

–É ela mesma. Uma linda família de traidores.

–Não trai ninguém!

Retruco com um rosnado. Depois dessa eu bato em Vinicius. Ah! Mas como vou bater nele. Vou extravasar minha raiva toda em seu rosto de menino amarelo. Ele que me espere.

–Acha mesmo que acredito em uma mulher que tem o sangue ruim desse daí? E que andava aos beijos com o Ethan Apache?Poupe-me guria!

Pede Erick já dirigindo sua fúria para mim. Trato logo de me defende:

–O Baelfire Raven nunca me pediu informações! E ele sabe que se pedisse eu não daria.

–Mas deve ter pedido outra coisa com certeza.

Insinua Kaue, se prostrando para me olhar olho no olho. A raiva aparece em mim rapidamente e me deixa cega, antes mesmo que eu perceba minha mão explode no rosto de Kaue com força o suficiente para fazer seu rosto girar para o lado. Kaue age de maneira tão rápida quanto. Eu vejo sua mão parar a centímetros do meu rosto. Engulo seco enquanto levanto os olhos para ver O Lorde Dark segurando firmemente o pulso de Kaue. Protegendo-me de um de seus pupilos. Minha mente voa em motivos para ele fazer isso. E eu decido que é por que o Dark sempre foi muito cuidadoso com as pupilas de sua dama Beverly. Mas estranhamente ele nunca me pareceu tanto com um pai. O Dark tem olhos azuis que exalavam paternidade. Talvez ele estivesse com pena de mim. Deve ter aprendido com sua esposa. A ver os pupilos como filhos. E como oficialmente eu não tenho mestre físico, só me resta ele para me proteger. O esposo da minha mestra solta à mão do seu pupilo que o olha sem entender nada.

–Kaue, você recebeu por merecer!

Explica o Alef calmamente. Acabo por não conseguir esconder minha perplexidade com o senso de justiça que ele demonstra. É simplesmente surreal. O Alef me entrega algemas e aponta para Vinicius com a cabeça. Algo me dizia que aquele era meu teste. Eu era fiel a Onyx? Infelizmente para meu irmão, sim. Seguro os braços de Vinicius para trás sem nenhum carinho, ele não está merecendo carinho nesse momento, e coloco as algemas. Aproveito para dar um tapão nessa cabeça imprestável dele que reclama:

–Que coisa feia maninha!

–Estou perto de te bater, Vini! Cala a boca que é melhor.

–Depois das confusões que ela me arrumou com certeza vou fazer isso.

–Sim! Agora levanta!

Ordena Alef. Vinicius faz isso de boa vontade. Pelo menos meu irmão não deu a louca por completo. Ainda. Do jeito que esse menino é, é apenas uma questão de tempo até essa bomba explodir para piorar a situação. O Alef segura o Vini pelo braço, e o leva para fora da casa. Tinha um monte de gente ao redor gritando, pedindo justiça e xingando meu irmão, teve alguns que até jogava coisas que machucavam em nós. O Vinicius parecia que ia enlouquecer, olhava para todos com olhos negros e tremia de raiva. Ele, assim como eu não age bem com a rejeição. Custou para que conseguir-se colocá-lo dentro do carro e o manter dentro. Sento do seu lado e sussurro:

–Não faz nada que piore sua situação, Vini. Eu só tenho você!

Depois ele fica quieto. Pelo menos o Vinicius ainda se importa comigo. Desde que a Carmem me renegou como filha por que achou o Coração do Rei minha vida realmente se resumiu ao Vinicius, a Arya e ao bully. Pior do que a mulher que te criou te abandonar por um motivo tão tosco quanto esse é saber que suas colegas de classe são tão más que a maldade não agüenta dentro do corpo delas. E estamos em pleno século XXIII. O Alef atrás de mim toca o meu ombro e fala:

–Vou falar com você assim que chegamos.

Concordo com a cabeça e espero pacientemente até o grande castelo, onde fica a Central de Controle de Castle aparecer e se aproximar em alta velocidade. O grande castelo era onde a família Blood ficava nas tréguas da guerra. Vim aqui quando era bem pequena. Ficava me perdendo nos corredores e brincava de esconde-esconde com outras crianças. Quem tinha a obrigação de ficar de olho em mim era o Dark. Pelo que me lembro ele é um ótimo pai. Age tão diferente com as crianças que de vez em quando fico pensando se ele é um Dark mesmo? Por que normalmente os Darks não suportam as miniaturas de gente cheias de vida e barulho, já o Alef, ele é muito carinhoso com as crianças, brinca com elas e tudo o mais. E é um bom contador de historias. Muito bom mesmo.

Descemos do carro e o caminho fica livre até o andar que a central de controle funciona. Olhares raivosos se dirigem ao Vinicius. Se o Zayn não colocar-se moral e mandar-se todo mundo ir trabalhar, poderia ser que as coisas começar-se a voar das mesas. Coisas como canetas, porta-lápis, alfinetes, grampos... O Alef da o Vinicius para um guarda que leva ele para um lugar separado. Já eu o sigo por que ele já minha me avisado que era para segui-lo. Entramos na sua sala de escritório. A sala do dele era gigantesca e tinha uma vista maravilhosa para as montanhas. O carpete era vermelho vinho, as cortinas de veludo negro, e os moveis tinha um estilo colonial. Um quadro gigante da Beverly estava no meio de uma parede vermelha com muitas armas de todo o tipo misturado com fotos de família. Eram fotos lindas. Algumas tinham garotos de olhos azuis e cabelos negros brincando, outras de uma garota da minha idade fazendo graça com um jovem de vinte anos, uma em especial chamou minha atenção pela intensidade em que um jovem casal recém olhado se encarava. Tive a impressão que rolou um beijo apaixonado depois dessa foto. Outra, ainda mais impressionante tinha o Alef beijando um dos ombros da Beverly enquanto ela amamentava um menininho bem pequenininho de cabelo preto bem liso. O olhar dele compartilhava um fanatismo por ela e pela criança que eu nunca vi em ninguém antes. Era um amor do tipo que matava e morria de tanta intensidade. Não era a toa que o Dark não é tão Dark. Com uma família e um amor desses quem tem lugar para muita maldade? O Alef tira o blazer e o coloca sobre sua poltrona de veludo e botões.

–Lindo, não?

Pergunta dando um quase sorriso enquanto olha para as fotos. Concordo com a cabeça. É difícil de acreditar que o Dark ama tanto alguém a ponto de colocá-los no lugar onde deveria ser ele o protagonista.

–Eu sei o quanto a família é importante, Emma! Tenho meus sete filhos, minha esposa, desaparecida como você sabe, mas eu a sinto e sei que ela está viva, então dificilmente eu vou saber o que é ficar sozinho. Mas um dia, quando eu tinha mais ou menos sua idade eu fiquei. Fiz escolhas erradas, deixei a pessoa que eu mais amava no mundo para curtir a vida e conquistar poder e eu consegui o que queria, mas nada disso completou o vazio, a tristeza... Já a Beverly sim. Mas resumindo, eu sinto muito por essa situação, mas é provável que seu irmão seja condenado a pena máxima. E isso dói para mim também, Vinicius era quase como se fosse meu filho e eu não consigo imaginar como foi que ele inventou de se meter nessa historia.

–Nem eu.

–Bem que queria eu que ele fosse meu filho, assim eu poderia absorvê-lo e as pessoas diriam, é só o Dark sendo Dark e injusto.

–Mas para isso eu teria que ser sua filha biológica também, e você não pode ter filhas.

–Isso aí! Eu não posso ter filhas nem gêmeos. E quem me dera poder ter, a Beverly ficaria tão feliz com gêmeos e com uma garota para herdar todo o poder que ela tem. Sobretudo, se ela voltar o Henry é que vai ser seu herdeiro oficial, e o Richard o meu.

–A Beverly não poderia ajudar de alguma maneira?

–Creio que não! Ela não se comunicou nos ultimo ano e isso pode significar que ela está guardando energia para voltar.

–Ah! Verdade. Pelo jeito não há mais nada a fazer.

–Tem algo que você pode fazer Emma para Onyx que ajudaria muito ao seu irmão.

–O que?

–Conseguir para mim informações sobre quem seria a Águia Vermelha. Eu vou tomar essa informação como vinda do Vinicius e posso considerá-lo um espião duplo, que trabalhou para Master para conseguir informações para Onyx, aí ele seria absorvido apesar de tudo.

–E por onde eu começo?

–Primeiramente guardando segredo. De Ethan, da Carmem e da Gwen, por que apesar de ser uma ônixsiense valorosa tem a mente compartilhada e isso pode ser um problema. E dos civis. Eles nunca entendem nada e ainda reclamam. Pode pedir ajuda ao Zayn, a Zoey, a Angel, a Arya por que pode dar uma animada nela ajudar em uma causa que era do Aspen, ao Dexter e a Caryn, ao Neal e ao Jasper. A Caryn é ótima em investigação, ela adora um bom mistério. E a mim também, no que precisar estou à disposição. Mas só não me peça ajuda de manhã e no inicio da tarde, por que estou dormindo nesse horário. E comece falando com o Zayn, ele é que tem a maioria das informações.

–Quanto tempo eu tenho?

–Não muito e se eu fosse você começava de agora. Não precisa contar que é para ajudar seu irmão, diga apenas que recebeu uma promoção e está trabalhando para mim. Ninguém vai se espantar, eu já estava pensando em contratá-la há muito tempo, só precisava que a Carmem tirasse aquelas garras nojentas de cima de você. Desculpas aí, eu só não vou com a cara daquela loira azeda. E vai trabalhar logo, menina! Está esperando o que?

–Voc... O senhor sofre de algum transtorno de bipolaridade?

–Não! Sofro de transtorno de dupla identidade. O Alef e o Baelfire estão embolados em minha mente, e eu não consigo decidir quem sou eu e o que é que você ainda está fazendo aqui?

Pergunta. Tento esconder o fato que achei graça. Transtorno de dupla identidade? Nunca ouvir falar disso. Mas considerando o fato que ele continua a ser o Alef apaixonado da Beverly e ao mesmo tempo é o Lorde Dark super mal humorado. Deve ser confuso até para ele mesmo. Ter sentimentos e vontades diferentes misturadas em uma só cabeça deve ser mais caótico do que um quarto da bagunça nunca arrumado.

–Desculpas senhor, eu estava esperando terminar o que dizia. Agora com sua licença.

–Concedida! Agora chispa, sai, cai fora, rala peito, o que preferi.

Responde Alef/Dark. Trato logo de sair e o ouço resmungando alguma coisa sobre Beverly falar com gurias irritantes e com ele não. É o Alef/Dark está mesmo na pior sem noticias da Beverly. Com uma nova esperança vou procurar o Zayn. Ele como sempre está trabalhando, mudando todos os planos de ataque que o meu irmão contou para o Ethan. Não que o Vinicius tivesse acesso às essas informações confidenciais, mas o que ele sabe é o suficiente para causar o caos total.

Zayn fica incrédulo quando conto para ele minha nova função. Parece que ser a irmã de um traidor é quase ser uma traidora também. É inacreditável como as atitudes de uma pessoa próxima a você pode afetar sua imagem. E maior minha incredulidade é como as pessoas nos julgam por nossos familiares.

–Ok! Acho que você tem muito trabalho pela frente, temos pouquíssimas informações. E as que temos são um tanto não confiáveis, foram espiões que nos deram, e eles não são confiáveis. O que é obvio. Para provar que alguém é um espião, Emma, você vai precisar de evidencias. Pelo menos três para se ter uma acusação suspeita. Mas quanto mais tiver, melhor. Não podemos executar alguém que seja inocente. E acho que você deve está com muita pressa, então se quiser começar a trabalha agora, temos um andar especial para missões especiais e secretas. É o andar vinte e cinco. Vou mandar suas informações para lá e é apenas o tempo que você chama seus parceiros de trabalho.

–Obrigada, Zayn.

Agradeço, indo para o elevador. Quanto mais rápido eu chegar lá embaixo, mais rápido começo isso e mais rápido acho as pessoas que irão me ajudar.

–E sinto muito por você!

Completa Zayn falando um pouco mais alto. As pessoas que trabalham com ele levantam a cabeça de seu trabalho e Zayn manda voltarem a trabalhar. Dou um sorrisinho enquanto a porta do elevador se fecha. Logo vou atrás de quem poderia me ajudar.

–-

Estamos todos reunidos em uma grande mesa no enorme andar vinte e cinco. Tudo o que tínhamos estavam espalhados na mesa e nada levava a alguma coisa. Tinha de nomes famosos como Nyx, a super assassina profissional que virou lenda e irmã de Ivy e Derek Trouble, a uma cabana abandonada que ninguém nunca viu por aqui e a única coisa que temos como prova de sua existência é um desenho, a uma cesta de junco e pistache e um recado borrado que ninguém conseguia entender o que queria dizer. Já era desanimador o suficiente se não fosse a duvidas sobre minha fidelidade a Onyx. Suspiro pesadamente enquanto olho aquela cesta velha e tão revirada que claramente não tinha nada. E de pensar que cheguei aqui por uma cesta como essa.

–Está olhando muito para a cesta, Emma.

Avisa Zoey. É claro que ela nunca entenderia a minha fixação por cestas. Nasceu em um berço de ouro e diamantes. Na mesma época eu estava muito ocupada tentando sobreviver depois de ser jogada pela minha mãe em um rio. Só mais uma das muitas diferenças que tenho das minhas amigas. Pego a cesta e dou balançada nela.

–O que você esconde sua cesta maldita?

Pergunto brincando, apenas para descontrair. A Zoey, a Caryn e a Angel dão uma risadinha, mas o olhar de Dexter as faz parar de rir.

–Não deveria brincar com sua função, Emma. O Alef é muito perfeccionista e mais ainda autoritário.

Avisa Dexter. O pai da Zoey está um pouco amargo desde o Cyrus. É como se ele tivesse perdido a vontade de deixar os outros serem felizes e ser também feliz. É tão diferente do homem de um ano e meio atrás que estava tão orgulhoso da filha por que ela conseguiu vencer o filho de Derek em uma luta. Agora a relação deles se tornou algo muito penoso. Ele não fala mais com ela, ela fica toda tristonha por que seu pai não demonstra mais que a ama. E eu acho isso tudo muito errado. Dexter não foi desonrado por sua filha e ninguém manda no coração. Todo mundo já sabe disso, mas parece que para o marido da Zoey isso nunca poderia ter acontecido com uma filha dele. Um descendente de Dexter se apaixonar por um de Derek parece até com uma vaca tossi. É impossível. Ou pelo menos achavam, e por isso essa confusão toda. E para Zoey se apaixonar pelo bruto do Cyrus foi um castigo. Por que ele não tinha nada que ameaçar a família dela. Mas, o que eu sei do amor, não é? O Ethan não deu mais noticias e espero que ele tenha sido devorado por alguma vadia por aí ou por um Sauter. O que for pior.

–Deixa a menina brincar, Dex, ela pode perder o irmão. Tem que dá uma relaxada se não pira. E você também!

Defende-me Angel. Ela está em pé de guerra com marido. Preciso dizer o por quê? Não é claro. A Zoey seria o principal pivô dessa briga se não fosse pelo fato que Dexter e Angel não concordam mais por causa de Cyrus. A Angel acha que o Dexter tem que libera a Zoey para ela ser feliz ao lado de Cyrus, e que é até mais seguro para ela. E O Dexter acha que nenhum filho de Derek vai roubar uma das flores do jardim dele. Apesar de que se os sonhos/pesadelos da Zoey estiverem certos, o Cyrus não só vai ficar com a Zoey como vai ter filhos com ela. Só isso é contraditório mesmo. No pesadelo a Zoey fica com Cyrus, mas parece que não rola a guria loira.

–Você não quer me ajudar nessa missão, está sempre em atrito comigo.

–Claro! Não suporto injustiça! Sou mãe e vejo que nossa filha está dividida e sofrendo.

–Você passou muito a mão na cabeça da sua filha, Angel.

–Nossa filha, seu presai desalmado.

–Olha só...

–Nem começa Garden, nem começa.

–Vocês dois, por favor, parem. Já me bastam os muitos problemas da minha família muito grande. A Lucy só falta transformar minha casa em um bordel. Não agüento mais ver guri por lá. E o Cam está fechando olhos para os problemas da Gwen.

–A Gwen é um problema, não entendeu ainda, Carrie?

Pergunta Angel sendo um tanto maldosa. A Caryn faz uma careta misturado com um rosnado. A Arya suspira impacientemente antes de intervim:

–O problema de vocês pelo menos tem solução, o meu é maior e mais grave. Se chama morte de um grande maior e eu já estou de saco cheio dessa discussão. Vamos nos concentrar em achar aquela maldita Águia Vermelha por que eu quero quebrar o bico dela. E salvar o irmão da Emma é claro.

–Gente...

Chama a Zoey olhando fixamente para a cesta virada. Todo mundo olha para ela. O pivô de todas as discussões aponta para alguma coisa atrás da cesta. Neal, o ruivo mais ou menos bonzinho vai pegar a cesta e tira um envelope do fundo. Era verde como a cesta foi um dia e estava bem camuflado. Estava com a estrada lacrada com cera vermelha. As iniciais eram exatamente um pequeno BCB arredondado e com uma perna graciosa puxada no ultimo B. De um Blood talvez. Mas quem trairia a própria família? Os Blood são fanáticos por seu nome, sua historia, amam intensamente cada integrante de sua família e os agregados. É uma família muito unida em todos os momentos. Por que então um Blood iria deixar sua família de lado para ajudar Great Master?

–Está esperando o que? Rompa o selo, Neal.

Exige Arya ainda impaciente. Neal bem que tenta, mas parece que apenas alguém diretamente da família Blood pode fazer isso, o que faz com que a Zoey que estava mais perto faça isso com tanta rapidez que pareceu até mágica. Ela tira uma folha de papal de bordas lilás e brilhantes, pigarreia e lê em voz alta:

–Quem achar essa cesta deve entregar o precioso conteúdo que existe nela para o príncipe Alef Blood Garden Great de Onyx. Não demore, e dê essa carta para ele. Essas crianças têm que ser criadas pelo pai biológico, o próprio príncipe de Onyx citado anteriormente. Quem não fizer o que essa carta pede, seu portador será castigado com algo bem grave por privar duas crianças do amor e do carinho de seu pai... Cara, quem escreveu isso aqui é louco. Imagina! Tio Alef não pode ter duas crianças.

–Na verdade, pode sim.

Discorda Angel, fazendo a mesma cara que fez a Zoey famosa. A cara de cala a boca que eu sei mais.

–Darks não tem espermatozóides bons o suficiente para ter gêmeos e nem cromossomos feminino o suficiente para terem filhas.

Retruco. Pelo menos nos meus livros de biologia diziam isso. Angel ri e faz muxoxo antes de explicar:

–Mas considerando o fato que o Alef teve um irmão gêmeo, posso dizer que sim, ele tem capacidade o suficiente para gerar gêmeos por que seu pai teve. É algo básico, nunca ouviu falar em genética?

–Então a prole do Alef aumenta para nove. Tem mais dois meninos dele no mundo e os greateanos sabiam disso. E talvez nem estejam vivos.

Conta Dexter sentando em uma das cadeiras. Ok! No final das contas minha brincadeira serviu para alguma coisa. O Dark tem mais dois filhos. A pergunta que não quer calar é como?

–Mas e a mãe? Quem é? O Alef sempre foi tão fiel a Beverly! Tão fanático. Ele nunca a trairia a não ser que a vida dela estivesse em grande perigo como foi o caso com a Nyx.

Indaga Zoey.

–Quais são as iniciais?

Pergunta Caryn colocando os pés em cima da mesa. Tia Caryn é uma espécie em extinção. Por ser mãe de muitos filhos ela é paciente, adocicada, meiga com a maioria, mas tem um brilho de traquinagem em seus olhos como se a qualquer momento ela pudesse aprontar alguma que levantaria os cabelos de todos. Parece que ela nunca envelhece apesar da idade. Ainda usa jeans, tênis e camisas com estampas divertidas como se fosse uma adolescente, não uma mulher de 233 anos de idade. Os meninos da Base gamam nela. Tipo, eles babam e muito. Contudo, não fazem isso publicamente e perto dos filhos ou do marido dela por que todo o mundo sabe que o Cam sempre está sempre com a testosterona nas alturas. E não é a toa que ele já está ficando grisalho. Com tantos filhos e uma esposa que é sempre uma jovem. Por isso que o Alfa é tão desencanado, se ele fosse para resolver todos os problemas de todos os seus filhos teríamos um Alfa um tanto pirado, meio psicótico e muito mais perigoso do que já é. Acho que a filosofia de vida do Cam é exatamente deixe voar os passarinhos com suas próprias asas, se estiverem fazendo errado, prendam no ninho até aprenderem. Uma linda filosofia, eu sei.

–BCB.

Responde a Arya. E olha que ela nem se encostou ao grupo ainda. Parece que a Arya tem os melhores olhos e a melhor mira da Base. Recebeu nota 98 em uma prova que vale 100 por visão aguçada e 99 em mira. É uma das poucas pessoas dessa base que tem o que chamamos o Dom da Caça. É quando um sadic nasce leve o suficiente para não ser ouvido quando anda, têm bons olhos, uma boa mira e inteligência superior a maioria. Com um sadic assim em um grupo não há como não sobreviver anos em uma floresta. Pena que depois da morte do Aspen ela se retraiu. E vai demorar a chegar o dia em que ela se recupere. Muito a propósito. Perder um grande amor desse jeito talvez seja a pior maneira. Afinal, de todas as outras maneiras há uma pequena esperança para esse amor, e com a morte não há volta.

–Beverly Christina Blood. Ou seja? Beverly Blood. Mas minha irmã nunca teve filhos gêmeos, todos os que ela gerou morreram antes de nascerem. O máximo que uma gestação de gêmeos da Beverly chegou foi aos oito meses, quatro meses para nascerem, e se tivesse nascido ela teria morrido. Por que dois bebes a mataria. O Henry quase a matou e outros seis também.

Explica a Caryn com tanta naturalidade e muito menos esnobismo que sua família ao todo. Por que isso é um defeito universal na família. Ser um tanto metido. Mas eu acho que é apenas para se protegerem no esnobismo de uma família extremamente egocêntrica: Os Apaches.

–E nos últimos trinta e quatro anos a Beverly não engravidou. Depois do Jamie ela não teve mais filhos.

Completa Jasper falando pela primeira vez. Ele era tão silencioso que esquecemos na maioria das vezes que ele está por perto. Mas acho que deve ser genética. O Hector conseguiu entrar no quarto da Zoey sem ser ouvido há muito tempo atrás. A frustração abate geral. Eu só não entendo o que dois filhos desaparecidos de Alef têm a ver com a Águia Vermelha? Só imagino que nada. A não ser que a Águia Vermelha tenha dado o sumiço nele.

–De que época é esse papel?

Indaga Zoey colocando as pernas em cima da mesa. Ninguém ligou. A Zoey é tão relaxada, tão desencanada com tudo que isso é apenas uma atitude normal vindo dela. A idéia pega e logo o Neal pede:

–Jasper leva para o Zayn, ele descobrira isso em um instante.

–AH!Neal vai você! Estou com as pernas doendo.

–Você é mais amigo do Zayn. E quem mandou ficar na farra a noite toda?

–Eu vou, suas pulgas de cão sujo.

Irrita-se Zoey, tirando o papel da mão da mãe e indo em direção da porta. Enquanto ela não chegou o silencio pairou na sala. Felizmente não demorou muito. O Zayn apareceu com a Zoey. Os dois estavam com a cara mais confusa do mundo.

–O que aconteceu?

Pergunta Neal, o ruivo da cara mais relaxada que já conheci. Aqui os ruivos sofrem um pequeno preconceito por causa dos Troubles. As filhas de Drakon são ruivas e implicava muito com todos. Resultou que ser ruivo é uma maldição aqui, apesar de que alguns conseguem contornar os preconceitos com maestria, como é o caso de Neal. Ele literalmente acordou ruivo um dia e agiu como se fosse o dia mais normal da sua vida. O cara descomplicou a vida. Pelo menos ele, porque o restante da família tem as vidas mais complicadas da Base. Ethan é príncipe em Great, a Arya é viúva aos dezessete anos e Jasper está apaixonado pela Zoey, mas não pode dizer isso a ela por riscos de vida.

–Primeiramente, o papel não é papel. É alguma mistura de folha com luz que deu nisso. E a tinta não é tinta, é sangue. Conferi e é mesmo da Beverly e tem exatos dezessete anos. Isso faz com que a carta em si também tenha dezessete anos. E antes que eu esqueça tem uma sub - mensagem nela.

Responde Zayn, o lobo mais inteligente da matilha. E o que deve ter mais responsabilidades também. Esse daí passou de Delta a chefe do Controle do Comando Central. O cara está podendo.

–Qual?

Pergunto cruzando os braços. Logo o Zayn começa.

–São coordenadas, apareceram do nada quando botamos na luz. Diz assim: Dentro da Floresta Branca, a 5 m do rio, 96 de altitude, 230 de profundidade, virando a 90 graus à esquerda, embaixo da ponte de pedras a águia e o Lizard se encontram.

–O que isso quer dizer?

Pergunta-se Caryn com um suspiro.

–Pelo o que eu percebo, é algum lugar desconhecido...

–Mãe!

Interrompe Gwen o Dexter que faz uma careta.

–Gwyneth? O que você está fazendo aqui?

–O papai está louco querendo você! E... O que a cabana maldita da Lucy está fazendo aqui?


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Notas finais do capítulo

Comentem e beijocas para vocês.



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