A Liberdade do Corvo escrita por Raquel Barros, Ellie Raven


Capítulo 19
Capitulo Dezoito - Zoey


Notas iniciais do capítulo

Oi, sadizinhas. Desculpas a demora, mas meu tempo reduziu de duas para uma hora.



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Fico olhando para a lua cheia que apareceu no céu sem estrelas de hoje. Ela era realmente imponente, linda e cativante. Ver a lua não era a mais vantajosa das atividades, mas quando não se tem nada a fazer se tornava uma atividade em por certo tempo prazerosa. Suspiro ao pensar que ainda tenho a noite toda pela frente. Se antes com o Cyrus normal era entediante, imagina agora, com ele tendo ataques epiléticos de tempos em tempo. Era como tentar conversar com alguém em coma. E eu tinha a impressão de que toda a dor que Ethan estava sentindo Cyrus também sentia. Mas ninguém falava nada. Os príncipes de Master Great preferiam ficar em silencio. Até o Ethan que acordou já todo enfaixado, não reclamava ou gritava. Se a Arya não conferisse a todo o instante sua temperatura ele morreria de febre. O lobo Caleb dormia de tanto tédio, e era o único que fazia um barulhinho no silencio da sala, o de seu ronco bem leve. Pelo menos ele não babava, e depois de um tempo aquele ronco se tornava bem amável. O ronco, por que seu dono não chegava nem perto de suportável quanto mais amável. O Cyrus ficava quieto mesmo. De vez em quando eu tinha a impressão de que até parar de respirar ele parava. A Gwen e a Arya tiraram um cochilo. Até por que, depois de saírem daqui elas vão ter deveres. A Gwen vai correr com o pai para investigar algumas mortes suspeitas e estranhas que ocorreram nos últimos dias. E a Arya vai sair daqui direto para encontrar o Aspen. Ah. Mas eles são tão bonitinhos juntos. Enjoou de ficar olhando para a lua e desço. Quase piso em Cyrus que agora está estirado no chão. Mas é cada uma que esse menino me inventa! Reviro os olhos e deito na cama. Fecho os olhos e fico imaginando qualquer merda. Mas minha paz não dura por muito tempo, por que Cyrus começa a mexer no meu cabelo. Mesmo com os olhos fechados eu sei que é ele. Por causa do cheiro terrivelmente adocicado com um toque levemente cítrico que me deixava um pouco louca. Era tão viciante que se extrair-se o cheiro dele, e o transformar em um perfume ou uma droga, eu estaria entre as viciadas. E também tem a respiração dele. Cyrus respira bem lentamente, como se ele estivesse saboreando o ar como quem saboreia uma comida. Acho uma graça. Abro os olhos bem lentamente, para dar de cara com os olhos vermelhos que o filho de Derek tinha adquirido desde que feriram Ethan. Ele é o protetor de Ethan, então tem uma ligação com ele.

–Você está bem?

Pergunto por educação, ou algo mais. Cyrus desvia o olhar e discorda. Acabo brincando com uma mecha de seu cabelo, chamando sua atenção de novo. Isso não foi uma demonstração de carinho. Eu acho que não foi. Mas Cyrus fecha os olhos e encosta a cabeça na minha perna, enfiando minha mão em seu cabelo. Paro de me mexer automaticamente.

–Você pode, por favor, continuar?

Pede ele, fechando os olhos e suspirando. Continuo por que, por incrível que pareça, eu me sinto confortável perto do Cyrus. E ele tem um cabelo bom, macio, liso e sedoso que dá vontade de ficar tocando. O cabelo de Cyrus agora estava chegando quase nos ombros. Crescia tão rápido quanto o meu. Só que o meu eu posso fazer a manutenção do corte todo o dia. E ele não pode sonhar em pegar um barbeador se quer.

–Cyrus você já é um homem um pouco velho para querer cafuné, não?

–Pra minha mãe eu vou ser uma eterna criança. E eu gosto de você me tocando.

–Começou.

–Não! Não pensa nenhuma bobagem, eu só me sinto muito confortável com você, e isso não tem nada a ver com minha promessa e etc.

–Que bom, por que eu prevejo problemas para nós dois por causa dessa promessa, se meu pai souber...

–Eu sei. É meu fim. Ele vai me jogar para os crocodilos.

–Te jogar aos crocodilos? Ele vai de desmembrar vivo, passar sua carne no moedor de carne, fazer lingüiça e depois jogar para os crocodilos.

–Minha nossa, quanto ódio!

–E nunca mais vai falar comigo!

–Bem, seu pai continuaria a falar com você, Zoey. Eu faço o tipo muito tradicional, e com certeza, se você não me aprontar nenhuma, eu vou pedir sua mão para ele.

Avisa de maneira tão sonhadoramente romântica. Mas ao invés da minha mão é provável que meu pai lhe de uma surra de não se recuperar nunca mais. Afinal, eu sou a filha mais nova.

–Tradicional? Arcaico! Imagina! Para namorar pedir a mão do pai?

–Ah, está bem! Prefere que eu te roube um beijo e você seja deserdada? Eu prefiro assim, por que eu não vou morrer em vão.

–Mas é muito, muito romântico.

Comento, por que gosto da idéia.

–Gosta de romance?

–Acho que você que sabe tudo deveria saber que sim.

–Qual romance? O de livros, ou o de amor?

–Dos dois, apesar de que eu não tenho experiência nenhuma com o segundo.

–Então eu sou um homem de sorte, mademoiselle.

–Por que eu gosto de romance, milorde?

–Porque você é uma boa garota, e está em um estado de conservação que me deixa sem fôlego.

–Está me dizendo que prefere as puras?

–Não! Eu prefiro as puras atrevidas.

–E eu sou atrevida?

–Só me atacou quando nós conhecemos.

–Você é um filho da mãe!

–Sou mesmo! E foi ela que me ensinou a preferir as castas. Isso sem contar que amo a sensação de exclusividade!

–Oooh! Então para você largar do meu pé, vou beijar o primeiro garoto que vi quando sair daqui!

–Zoey, me poupa, vai? Deveria você entre tantas, saber que o primeiro beijo de uma garota é o inesquecível. Se você beijar qualquer cara por aí apenas para não ficar de fora do grupo das não bocas vigem, populares que dão algo que não vai voltar apenas para se amostrar, ou para se livrar de outro, está sendo não só hipócrita, como não está respeitando seu próprio tempo. Afinal de contas, esse é um acontecimento memorável do qual você tem que está pronta para isso! Se não vai se arrepender depois.

–Você não parece com alguém que está a fim de respeitar meu tempo.

–Eu não te beijei ainda por quê? Olha só! Você é menor, mais fraca e tem déficit de atenção. Se eu quiser te roubar um beijo agora, eu conseguiria!

–Então por que não fez isso ainda?

Pergunto tentando não parecer estranha minha duvida ou interessada. Por que eu não tenho interesse nenhum em arranjar um problema na proporção Cyrus. Quer dizer, ele me é mais... Suportável, e é até atraente. Mas já me basta a fama de arranjadora de problema. Cyrus ensaia um sorriso.

–Por que você não está pronta ainda. Nem para um relacionamento, nem para o que planejo para você!

Responde esfregando um pouco o nariz no meu jeans. Meu pai faz a mesma coisa quando quer sentir o cheiro da minha mãe perto de nós. Ele chega e esfrega de leve o nariz na manga da blusa dela, ou na calça, se tiver com a cabeça em seu colo. Quando eu perguntei para ele por que ele fazia isso com tanta freqüência, Dexter me deu um sorriso de pura traquinagem, e disse que era por que o cheiro da mamãe o deixava louco. Isso faz com que o que Cyrus fez seja quase uma atitude carinhosa. Não deixo de tentar imaginar o que ele planeja para mim. Independente do que seja é melhor esquecer que ele está interessado em mim quando eu sai daqui.

– Mas me diga como você sabe tanto sobre garotas?

–Eu tive muitas namoradas e tenho uma mãe.

–E qual das suas namoradas era virgem e atrevida?

–Nenhuma!

–Sabe que isso ficaria injusto?

–O que?

–Eu não teria a exclusividade que você tem comigo!

–Sou um cara leal!

–Pode até ser! Mas a emoção do descobrimento? Onde é que fica? Cadê a novidade? A exclusividade? O pensamento de eu só fui dele, e ele só foi meu? Cadê?

–Se eu tivesse te conhecido antes, Zoey, aí eu ficaria igual a você para descobrir essas emoções com você! Mas agora eu tenho que me contentar com o arrependimento de não ter esperado a pessoa certa. Mas eu estou pretendendo que você seja minha ultima conquista.

–Agora eu sou uma conquista?

Pergunto ofendida. Cyrus revira os olhos e suspira pacientemente. E eu não tenho culpa! Foi ele que me chamou de conquista.

–Não! Você é a pessoa certa a ser conquistada, um desafio a ser terminado e um enigma a ser resolvido.

–Não gosto disso!

–Ah! Qual é flor única do meu jardim?

–Não me chame de flor! Eu não sou uma, e muito menos do seu jardim!

–Claro que é! Lembra de ontem?

–O que aconteceu ontem?

–Mas como é sínica!

–HÂ?

Pergunto me fazendo de desentendida. Cyrus da uma gargalhada gostosa. Que me deixou encantada. Cyrus era muito inteligente, perigoso, tinha um quê de sabedoria, e era um cara sério! Por isso, aquela atitude inesperada me impressionou. A cor dos olhos dele estava ficando cinza novamente. Ou o Ethan parou de sentir dor, ou Cyrus relaxou e esqueceu-se de tudo por um instante. A porta da cela abre, e os vigias que cuidam deles de dia entrou. Quase que imediatamente Cyrus desencosta a cabeça da minha perna, e eu tiro minhas mãos do cabelo dele. Como minha reação foi rápida de mais, meus pais estranham. Ou minha cara estava me denunciando. Mas eu não fiz nada de mais! Eu estava conversando e fazendo cafuné no Cyrus. Só! E é um milagre ele não ter dormido. Levanto, me conserto, e sigo para fora. Dou um sorriso para meus pais, e continuo meu caminho para fora do presídio. Vou direto para os aposentos da minha família, que fica no prédio principal. Entro no apartamento do meu clã, que atualmente não tem muitas pessoas aqui, até por que, meus outros quinze irmãos mais velhos estão espalhados pelo mundo, e aqui sobrou apenas cinco, sem contar comigo: Jonathan, Regina, Wesley, Nathan, e Thomas. Meus irmãos estavam todos espalhados na sala. Enquanto meus quatro irmãos estavam jogando vídeo game, minha irmã lia uma revista de moda de Master Great. Só lembrei-me da minha mãe e de sua mania de ler jornais quando era mais bem nova. Parece que meu pai conseguiu influenciar ela a ponto dela não querer mais saber de jornais. Regina, uma morena de olhos claros, e personalidade doce, que não é nada comum aqui, levanta os olhos quando entro dentro de casa. Um brilho de traquinagem aparece em seus olhos. Ok! Ela tinha alguma pergunta sobre alguém. Conheço Regina a ponto de saber que se ela te olha com um sorrisinho pequeno, é por que tem uma pergunta, ou está te paquerando. Como ela não esta me paquerando, sei que é uma pergunta. E eu não sei se estou a fim de responder perguntas.

–Ah, Zoey, que bom que você chegou! Eu vou te perguntar se o papai socou o Cyrus?

–Como?

–É! Por causa daquela historia de promessa e tal.

–Que promessa?

Pergunto tentado desconversar ou pagar de inocente. Meu Deus do céu! Eu estou tão ferrada! E eu nem tenho culpa de nada! Se a Regina já sabe disso, meus pais também já sabem, todo mundo já sabe... Eu estou lascada! Pronto é meu fim!

–Aquela promessa toda de que ele seria o primeiro em sua vida? Bem, mamãe gostou, por que ela parece que não liga em ter um dos homens mais bonitos do mundo como genro, já o papai está soltando fumaça pelas ventas. E pra você, como é ter o Cyrus Owl como pretendente?

–É desesperante!

–Então é verdade!

Exclama Nathan, deixando seu vídeo game de lado. O Nathan é meu irmão mais teimoso e cabeça quente. Se ele acha que alguém está traindo nossa família, ele deixa isso tão claro. E infelizmente, vejo que ele acha que eu estou.

–Você está mesmo misturando nosso sangue com o daquele maldito, Zoey?

Pergunta Thomas profundamente ofendido.

–Não! É claro que não.

–Ah,mas por que?

Indaga Regina como se eu fosse à pessoa mais estranha do mundo. Se fosse ela, o Cyrus teria muito menos trabalho. A Regina é mais viciada em adrenalina do que eu. Imagina se ela não daria um jeito de estar nos braços de Cyrus pelo menos uma vez? A Regina até ir na montanha do Lizard foi uma vez. Ela quase morreu, mas meu pai foi para lá assim que soube do fato.

–Por que eu estou bem como estou!

Respondo irritada e já indo para meu quarto. Bato a porta quando ouço Regina, Wesley e Nathan vindo atrás de mim. Nunca mais eu vou ter paz nessa casa. Não com esses três obstinados pensando que eu quero e que eu estou com o Cyrus. Jogo-me em cima da cama, e cubro a cabeça comum travesseiro, aproveitando meus últimos momentos de paz. Ouço a porta sendo aberta e trancada logo após.

–Zoey...

–Que foi Jonathan?

–Eu sei que você deve está assustada, ou com medo por causa dessa confusão toda, mas somos sua família, e estamos, eu estou, um pouco magoado com o fato que só fomos saber no que estávamos te metendo por desconhecidos. E nem é culpa sua!

–Você também não se sente traído?

–Você não dormiu com ele! Ainda...

–Cala a boca, Jonathan!

Grito jogando meu travesseiro em cima do meu irmão mais velho palhaço e compreensivo. Talvez um pouco sensível. Isso faz Jonathan gargalhar. Parece que acabar com minha paciência é sua maior especialidade depois das adagas. Por que se meu irmão quiser matar alguém, ele pode.

–E eu aposto que se ele te magoar vamos cair sobre ele como flechas que cobrem o sol.

–É isso aí, poeta. Mas isso nunca vai acontecer!Nem as flechas caindo sobre o sol, nem eu namorando o Cyrus!

–Não subestime seu coração, Zoey, ele é tão incerto quanto o mar.

–Você pode parar de fazer comparações?

–Mas é tão legal! Mais pratico.

–Ok! Já entendi, agora cai fora, por favor.

–Ok, maninha! Mas se cuida ouviu?

–Ouviu.

Concordo enquanto Jonathan sai do quarto e tranca a porta de novo. Aproveito a deixa e durmo.

Olho para a garota de quase sete anos em minha frente. O cabelo de fios grossos e brancos estava preso em uma trança, e tinha uma coroa de flores brancas sobre sua cabeça. Ela sorria para mim e seus olhos cinza com um leve toque azulado que me eram tão familiares. Suas bochechas eram rubras, e seu vestido, branco tinha alguns toques de vermelho. Era uma criança realmente linda, pequena e encantadora. E tinha algo especial nela. Alguma coisa que fazia meu coração bater de orgulho. Ela corre para dentro de um campo de trigo verde, e eu a sigo automaticamente. O lugar não era aqui em Onyx. Tinha um castelo branco imponente, construindo em pedras, a beira de um rio grande e cristalino, e uma cachoeira cortava pelo meio do castelo e desaguava nesse rio. A garota só para quando avista uma família sentada no meio do campo. A mãe, uma loira de cabelos nos ombros brincava com uma criança de cinco meses, e o pai outro loiro, que estava de costas para mim, e eu só conseguia ver uma marca em sua nuca, a abraçava, ele claramente a amava, enquanto outra menina loira, de quatro anos, tirava um cochilo no lençol de piquenique. Aquele era um retrato de uma felicidade que eu não poderia ter. A de ser mãe, ter um marido, e dar netos para meus pais. Mas eu já sou uma pessoa conformado. A mãe olha para cima do morro, sorri para a garota do meu lado, e ela sai correndo. Quando olho para o rosto da mãe, tomo um susto. Aquele cabelo, aqueles olhos, aquela face, ela era eu. Eu mesma, ali, mãe de três filhos. E é tão surreal. Muito surreal. Só poderia ser sonho mesmo. Imagina. Meu Deus! Que sonho. Mas de repente tudo muda. O céu antes azul fica vermelho, todo o campo morre, e se enche de mortos por todo canto, o rio se torna vermelho, minhas mãos estavam tão sujas quanto aquele tio, e o sangue daquelas pessoas subiam até meus joelhos. Eu estava desesperada. O cheiro de carne podre e ferrugem subiam as minhas narinas. E meus olhos ardiam de tanto que eu chorava. No meio daquele campo de mortos horrendo estava alguém. Estava totalmente de preto, encapuzado, suas mãos também estavam sujas, e eu só conseguia ver seus lábios avermelhados com as presas de fora em um meio sorriso perigoso, o maxilar quadrado, e um pouco do cabelo, tão loiro quanto do pai do outro sonho, quanto no mesmo tom do tal. Aquele poderia ser o mesmo homem? Não sei. Não vi o rosto de ambos. Mas o sadic, com o tom de voz suave e aveludado sussurra para mim:

–Isso é tudo culpa sua.

Na hora grito e tudo muda. Estou agora em uma clareira que mais parecia um belo jardim. Era cheio de luz e vida. As arvores eram verdes, e as flores exalavam um perfume delicioso. Adentro ao jardim até chegar ao que parecia um quiosque branco em estilo grego. Como se era de esperar o quiosque estava vazio. Alguém pigarra atrás de mim, e quando me viro, vejo tia Bev, a perdida, escorada em uma arvore de frutas bem vermelhas, me olhando como se eu fosse uma penetra em seus aposentos. Ela levanta uma sobrancelha quando percebe minha expressão ainda aflita. Um monte de gente morreria por minha culpa. Como isso pesa meu coração. O que será que eu fiz para aquele ser matar tantas pessoas? Será que eu o ofendi? Não consigo compreender, por que em uma noite eu tive um sonho bom e um sonho terrível?Meu Deus! Será que é psicológico? Que eu comi alguma coisa pesada antes de dormir?Não! Eu não comi nada. Talvez seja isso.

–Minha nossa! Essa família deve ter é gene de desespero de sobra, por que isso não foi algo que sua mente produziu, criança. Isso foi algum aviso sobre o que suas escolhas poderia causar.

–Um presságio?

–Mais ou menos. Pelo que eu percebi em alguém te dando dicas sobre como agir sem tirar seu livre arbítrio.

–Como assim?

–Bem. Parece que você tem que escolher entre dois homens.

–Como é que é?

–Bem, um pretendente você já tem! Mas, vai aparecer outro. E seu futuro está ligado a quem você escolher. Mas, pelo que me parecer, o assassino, e o pai das crianças é a mesma pessoa. Isso faz com que se você escolher a pessoa errada, a pessoa certa vai destruir todos. E se você escolher a pessoa certa, aquelas crianças vão nascer, você vai ser mãe e toda aquela historia de final feliz que eu particularmente amo.

Explica Beverly colhendo uma das frutas vermelhas da arvore, e a jogando para mim. Olho para aquela fruta em minha mão, tentando entender toda aquela historia. Eu tinha que escolher entre dois homens? E se eu escolher a pessoa errada, quem eu deveria escolher de verdade iria assassinar tantas pessoas? A ponto do sangue delas chegarem aos meus joelhos? E se eu escolher-se certo vai ter três crianças lindas? Mais que pressão colocou em minhas costas! Meu destino está nas mãos de um homem? Mas que idéia!

–Eu não posso ser mãe.

–Por quê?Falta de instinto materno você não tem!

–Não vou te falar isso! Você é minha tia, e ajudou a minha mãe me colocar no mundo! Deveria saber.

–Você pode me fazer um favor, Zoey?

–Qual?

–Morde essa fruta para mim! É que aqui para mim é real, é onde eu estou realmente, mas você está em estado de sono. Ou seja, é tipo uma visão da realidade. Se eu morder essa fruta, e ela for venenosa, eu vou morrer você não. E aí tem antídoto. Então só uma mordidinha, por favor?

Desconversa ela. Agora querendo que eu morder-se essa fruta desconhecida. Pelo menos se eu morrer, ninguém morrerá também. Mordo a fruta e me impressiono com seu gosto. É adocicada, um pouco cítrica. Sinto-me estranha assim que engulo o pequeno pedaço que eu mordi. Então sinto uma dor miserável na região inferior da barriga. Beverly pega a fruta de volta, e ela se transforma em sua mão numa nevoa vermelha, assim como a árvore. Aquela nevoa me envolve fazendo-me encolher. É quando acordo. Em uma poça de sangue. Grito enquanto saio de cima da cama, com os lençóis antes brancos, agora vermelhos. Eu estava toda molhada, e suja. Minha calça jeans de preta tinha adquirido um tom vinho. Olho para o espelho na minha frente e tomo um susto. Um mega susto. Meu cabelo tinha crescido até perto da bunda em poucas horas, e tinha um crescimento estranho na região do busto. Isso sem contar que meu quadril parecia mais largo, me dando realmente curvas que não eram minhas. Continuo a gritar freneticamente. Meu Deus! Isso não aconteceu! É só mais algum tipo de sonho assustador. Aquela não poderia ser eu. Aquele não era meu corpo. Aquele não era meu cabelo. Eu não tinha curvas. Minhas roupas não estão apertadas e molhadas. Mas o que foi que aconteceu? Belisco-me apenas para conferir. Era real. Tudo real!

Jonathan abre a porta do quarto e sua boca se abre em exclamação, assim como a de meus outros três irmãos e da minha irmã. Regina é a primeira a se mover. Ela toca minha bochecha, enquanto todos estão paralisados, me olhando como se eu fosse uma pessoa de outro mundo.

–Ah, meu Boreh! Como você dorme por oito horas parecendo uma garota em desenvolvimento e acorda parecendo uma mulher? Um crescimento tão rápido é impossível!

Pergunta Regina, massageando minha bochecha. Eu nem sabia como responder tal pergunta, ou como pode ter acontecido uma coisas dessas.

–Wesley, chama a mamãe, rápido!

Ordena Jonathan, olhando para a minha cama suja. Ok! Instaurou o desespero geral. Regina me colocou logo dentro do chuveiro com roupa e tudo. Nathan foi procurar meu cartão medico, Jonathan começou a marcar uma consulta, e Thomas foi com Wesley chamar minha mãe. E eu, eu aproveitei que estou molhada, e tomo um banho. Aquela maldita dor ainda estava ali, me enchendo à paciência. Parecia que alguém estava me dando facada. O banho parece que estancou o sangue, mas a dor não passou. Ela continua lá, me fazendo respirar com dificuldade, e me encolher na cama. Boreh! O que é isso? Um ensaio de como se é a dor do parto? Regina me obriga a colocar um absorvente, mas eu acho que não vai funcionar. Isso sem contar que incomoda e dificulta a movimentação. Visto roupas do meu pai, por que eu necessito mais de conforto agora do que antes, e volto a dormir. É nessa hora que minha mãe chega. Desesperada. O medico atrás dela, meu pai atrás do medico algemado a Cyrus. Acho que de todos Cyrus é o mais preocupado. Menos do que minha mãe é claro, ela está histérica. Meu pai não estava entendendo nada. E o medico, o Doutor Draco, está nada menos, nada mais do que a calmaria em pessoa.

–Filhota! Meu bem, meu amor, você está bem?

Pergunta minha mãe, segurando minha cabeça e conferindo se eu estava com febre. Em uma única palavra, foi constrangedor. Ainda mais com o Cyrus olhando para meu pai com uma cara de cachorrinho pidão, e depois me encarando como quem quiser-se me dar um beijo e me abraçar. Olho bem para ele, vendo se tinha algum sinal de violência física. E não é que tinha mesmo. Estava quase sumindo, mas seu olho estava um pouco roxo, e tinha um corte em seus lábios vermelhos, e muito beijáveis. Não é que meu pai extravasou toda sua raiva em Cyrus. Mas não é pra menos, sou a filha mais nova.

–Só sinto dor.

Respondo num dengo grande de mais até para mim. Minha mãe me faz um cafuné, e eu me lembro do meu expectador preocupado, tentando não parar de me encarar, enquanto meu pai fica na frente dele.

–Acho que você vai precisar de um raios-X completo, e talvez até de um exame ultra uterino.

Avisa o medico, olhando para os lençóis com meu sangue em um canto.

–Ela não tem útero! Você já sabe disso, não sabe ladrão de caçulas?

Pergunta Thomas, fuzilando Cyrus com os olhos. Cyrus olha para mim, depois para Thomas, e levanta uma das sobrancelhas antes de responder:

–Se você já diz que sou um ladrão antes mesmo de que roube sua irmã, é isso que vai acontecer. E sim, eu já sabia que a Zoey, era estéril.

–Que garoto estranho.

Comenta Jonathan me olhando um pouco alterado. Olho para o teto pedindo graça e paciência. Se o Cyrus pelo menos já tivesse me beijado, ou alguém tivesse me visto fazendo cafuné nele, aí tudo bem. Seria um motivo justo para tanta implicância. Mas não aconteceu nada. Só meu pai que bateu em Cyrus em vão.

–Não estressem sua irmã agora, garotos! A tudo se tem um tempo, e nosso tempo de discutir o assunto Cyrus, vai chegar. Agora vamos levar a Zoey para uma bateria de exames. Nada do que vocês me contaram é normal.

–Nem esse cabelo, ou essas curvas.

Completa Cyrus, tentado disfarçar todo aquele interesse pervertido que ele parecia que tinha pelo meu corpo agora. Cadê o garoto que me mandou me valorizar agora? Recebeu um míssil na cabeça e morreu? Para compensar meu pai aproveitou a oportunidade e deu uma cotovelada nele, com um belo sorriso no rosto. Cyrus só se curva e coloca os bofes todo para fora. Cotovelada em estomago cheio da nisso. Viro para não olhar, por que se não eu vou colocar bile para fora, por que meu estomago está vazio.

–Você por acaso não acha mais fácil me matar logo de uma vez?

Pergunta Cyrus tentando se controlar. Ele espremeu os olhos, e tentou relaxar. Não adiantou por que depois, ele caiu para trás em convulsão. O lado da algema do meu pai soltou assim que o lado da algema de Cyrus entrou em ação. Era visível a corrente elétrica azul pulsante percorrendo o corpo do filho de Derek. Sinceramente, isso me machucou profundamente. Foi como se tivessem me dado um choque também. Ou me ofendido. Não era culpa de o meu pai ser tão protetor, mas eu sinto que ele está passando dos limites. Logo ele, que está sempre bem controlado, é sempre justo e tem uma capacidade de compaixão espetacular. Era só por que Cyrus se interessou por mim? Será que vai ser assim com todos ou é por que Cyrus é filho de Derek? Meu Boreh! Como isso é tão injusto.

Quando a convulsão de Cyrus para, ele abre os olhos negros, e como se tivesse se transformado, pula em cima de Dexter. Só vemos Cyrus, e meu pai rolando para dentro do quarto, um tentando bater no outro. Era como ver dois gigantes faixas pretos em Karater lutarem. Sinceramente, eu fiquei com medo. Com muito medo. De Cyrus matar meu pai e vice versa. Ninguém sabia o que fazer. Até por que era dois sadics adultos bons de briga brigando. Era magoas de vários anos sendo descontadas. A chance de um matar o outro era tão grandes quanto possíveis. Cyrus tinha vários motivos para se vingar do meu pai, um deles era a morte do próprio pai dele, e meu pai tinha motivos para começar a dar uma extinção total a família de Derek. Os Apaches são muito, muito vingativos, e meu pai, é um pai de família. Ele tem que proteger sua prole. Até por que, minha mãe não suportaria perder outro filho. Os dois continuam a brigar, e rolam, quebrando a parede para a sala. E continuam até baterem na bancada da cozinha. As gavetas caem em cima dos dois. Talheres são espalhados pelo chão. Meu pai agora dá murros em Cyrus, do mesmo jeito que ele esmurra um saco de areia. Forte, rápido e de maneira violenta. Cyrus se defende do jeito que pode. Até que um momento, ele enfia um garfo na panturrilha de Dexter. Meu pai berra. E é outra ferida aberta em meu coração. Cyrus se livra dele, e pega alguma coisa no coturno. Quando vejo, o que é que ele pega, meu primeiro impulso é correr. Correr muito em direção dele, e usar toda a minha força para derrubá-lo. Ele não vai matar meu pai! Não vai mesmo. Só por cima do meu cadáver. Esbarro em Cyrus com força o suficiente para derrubá-lo. A adaga que ele pegou escorrega para longe.

–Você está louco?!

Grito com ele, com tanta raiva e incredulidade que tenho a impressão de que posso matar até um Lizard. Cyrus me olha com tanta incredulidade que até para de se mexer.

–Como chegou aqui tão rápido?

–Quem se importa! Cyrus! Você ia matar meu pai?

–Não sei, eu não lembro!

–Pois deixa eu te avisar, se você me ousar assassinar meu pai, pode tirar de seus maiores sonhos qualquer merda de chance comigo! Está me entendo?

–Estou Zoey.

–Então não me invente de tentar novamente, ou quem vai te matar sou eu!

–Zoey, você está pálida.

–Como?

Pergunto ficando tonta. Eu aqui brigando e esbravejando com ele, e Cyrus vem em dizer que eu estou ficando tonta? Ele está ficando louco? Creio eu que não! Mas minha cabeça está tão pesada e sua expressão é tão preocupada, que não duvido que eu esteja mesmo passando mal. Acho que perdi muito sangue. Meus músculos começam a perder a força, e eu tenho que me escorar para não beijar o Cyrus. A ultima coisa que vejo é ele, me acudindo, e então apago por completo.


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Notas finais do capítulo

Gente, tenho um comunicado importante a fazer: A historia agora vai ter realmente capítulos bem mais longos por causa de sua extensão. E é provável que eu tenha que dividi-la em três livros. Tipo Raven parte 1, 2 e 3. Eu não queria fazer isso, mais já vi que se não fizer a historia vai ficar muito longa mesmo. Com uns cento e poucos capítulos. E se cada um tiver cinco mil palavras vai ficar de um tamanho exorbitante. E beijocas, comentem e dê opiniões.



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