Seiya

O que me restava fazer, depois de tudo de inesperado e maluco que me aconteceu esta noite? Posso voltar para festa, ou ir dormir e ignorar tudo. Posso mesmo levar na brincadeira, como meu gênio alegre sempre deseja. Antes de ser o Cavaleiro de Pégaso, sou um garoto. Mas antes de ser um garoto, sou o homem que estas Guerras Santas me tornaram.

Meus amigos tem notado como mudei, mas não é exclusividade minha. Fomos forçados a mudar, a amadurecer muito cedo e muito mais rápido. Nunca fomos garotos normais. Nem nosso corpo aparenta ter a idade que temos, e sim parece ser mais velho. Nada mais natural, guerreiros que nós somos.

Tudo que aconteceu hoje está além da rotina, da normalidade. Eu não vou voltar para ela. Não posso voltar para ela antes de saber. E para saber, tenho que consultar o motivo da minha alma. Já sinto o furacão se aproximando e dentro de mim. Essa foi a fresta da minha represa, ela não vai mais ficar levantada por muito tempo.

Devo ir. Apesar da hora, os Cavaleiros do Ouro que estiverem em suas Casas não irão negar a passagem. Não a mim.

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Athena

Estive tentando me ocupar durante toda a noite, além do que fiz durante o dia. Mas não deu certo. Infelizmente não deu certo... Eu o via com os olhos do coração o tempo todo. E fisicamente falando, resolvi olhar justamente quando Seiya seguia a Amazona de Cobra para longe, longe da festa, longe de tumultos, para longe de mim. Ah, Pégaso...

Sempre soube que isso aconteceria um dia, ela o ama intensamente, e é linda. A Visão me avisou que ela pode fazê-lo feliz, mesmo eu perdendo uma excelente guerreira. E ele a seguia como que hipnotizado... lembrando do lindo rosto dela, sem dúvida. Ora, é claro que eu sei que ele já viu aquele rosto, apesar de ninguém ter dito nada. Apenas finjo não saber ainda, por que serei obrigada a intervir.

Mas ela vai cumprir a Lei. Pelo que vejo, não precisarei fazê-lo. Ah, por favor. Passei por tanta coisa hoje. Não é justo.

– Senhora? - Pergunta preocupado Aiolos, meu eterno protetor. - Há algo errado? Por favor, diga o que é que eu conserto.

Suspiro com languidez, sentindo meu coração desmoronando dentro de mim:

– Não, meu querido, está tudo certo. Tudo em seu devido lugar. Pedir mais que isso é querer atrair a fúria dos deuses. Estou apenas cansada, vou me retirar.

O Cavaleiro de Sagitário então estende sua mão para a minha, como a me acompanhar, mas parece mudar de idéia no meio do gesto e se ajoelha em silêncio, fazendo todos os demais repetirem o gesto de adoração que não mereço. Retiro-me, sozinha, em silêncio, como tem sido desde tempos imemoriais.

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