A Guerra dos Dez escrita por Sabs Zullush


Capítulo 8
O rumo certo


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, gente. Espero que gostem



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Sonhos conturbados sobre sangue e poeira dançavam sob as pálpebras de Sabrina. No sonho pontadas de dor faziam o mundo tremer, como se a qualquer momento a terra fosse se abrir apenas para engoli-la viva, chamando-a para seu magma borbulhante.

E chamando, e chamando, e chamando...

–Sabrina! Sabrina, acorda, por favor! – gotas de ácido molhavam o seu rosto, fazendo com que um lampejo de dor a atingisse, acordando-a de sobressalto com um grito seco, para o alivio ou o desespero daquele ser que a amparava. Apesar de ter aberto seus olhos, a sua visão continuava turva, talvez pelas lágrimas de agonia que a sufocavam.

Ela estava ciente de seu corpo como um borrão, um emaranhado de terminações nervosas entrando em colapso. O mundo então em foco e Sabrina pode ver Chiara debruçada cuidadosamente segurando seu rosto com as duas mãos, a menina chorava e agora parecia respirar novamente.

–Ki... – Sabrina grunhiu respondendo com dificuldade. A luz se dividia em torno da menina e aquele momento parecia atemporal, como se fosse se prolongar por eras e ela não sentia como se fosse algo ruim. – O-o que aconteceu?

–Eu não deveria ter demorado tanto. – um soluço surgiu em meio as suas palavras. – Vai ficar tudo bem, Sabs, eu prometo. – Ao tirar as mãos de seu rosto, Sabrina viu que estavam manchadas de sangue e arregalou os olhos. – Seus ouvidos estão sangrando, eu-eu não sabia o que fazer. Me conte o que aconteceu! Foram os mogadorianos? Onde está o Dudu?

A menção do nome do amigo, ou nem tanto, trouxe tudo à tona, como a ressaca de uma maré, ou como aquela palavra que estava na ponta da sua língua mas ela não conseguia lembrar até alguém tê-la dito primeiro. Era como o rebobinar de uma câmera em sua mente, e toda a dor, que ela tanto almejava esquecer, voltou a inundar suas lembranças esmagando o seu coração e perfurando seu estomago.

Sabrina respirou fundo e negou.

–Depois. – Chiara assentiu e ajudou-a a se levantar, mas a cada grito sufocado a menina se encolhia mais um pouco. Ambas andaram em direção ao final da rua, passando pelos prédios cinzas que tornavam a paisagem deplorável aos olhos mudados de Sabrina. Foi uma curva, uma dobra de esquina, um piscar de olhos e elas estavam invisíveis.

*

Tomi havia acordado com o barulho de passos, uma movimentação sorrateira mas suficientemente audível para seus tímpanos desenvolvidos. Vira Lyu e Jujubs já acordados e deu pela falta de algumas pessoas, mas não se importou pois a cena que viu foi maior do que qualquer coisa. Lyu estava manipulando a água, fazendo-a entrar em garrafas d’água sem que precisasse enche-las manualmente. Jujubs, estava com duas mochilas nos ombros e logo passou uma para o namorado. Deram uma última olhada para o grupo e sussurraram.

”Nós não deveríamos avisá-los? Eles estão mortos lutando contra O Grande Mogadoriano.” Disse Julia, e quando seus olhos passaram por Tomi ele fechou os olhos fingindo que ainda dormia.

“Eles não entenderiam, eles ainda acham graça em ter poderes, não entendem a crueldade da guerra e o que é preciso fazer para sobreviver.” Lyu disse em resposta, e guiou a namorada a porta.

Tomi não sabia se havia entendido direito, mas tinha medo que o pior houvesse acontecido então fechou os olhos e tentou voltar a dormir.

Acordado por passos e grunhidos novamente, Tomi se levantou assustado, olhou ao seu redor e não via o casal loiro, o incidente tinha acontecido mesmo. Traidores. Foi até a janela e abriu-a deixando um filete de luz iluminar a recepção repleta de corpos jogados dormindo no chão. Sua raiva saia pelos poros mas se esvaiu quando viu uma silhueta surgir de lugar nenhum e abrir o portão com certa dificuldade, enquanto outra tentava se manter de pé.

Ele correu e abriu a porta com tamanha a força que o ruído acordou todos ali jogando xingamentos ao vento. Correu pelo pátio, atravessou o portão que Chiara abrira e tomou Sabrina pelos braços, dando a ela equilíbrio. O corpo da garota estava mole e frágil demais.

–O QUE ACONTECEU? – Tomi gritou desesperado. – O QUE ACONTECEU, CHIARA?

–Eu não sei, eu não sei. – Ela dizia desesperada. – Eu a segui e quando a encontrei, ela estava assim, caída no chão.

Tomi olhou com suspeita e ao mesmo tempo um princípio de raiva sem propósito, quando as pessoas ouviram a gritaria logo saíram do prédio principal e correram para ver o que estava acontecendo. Tomi levou a Sabrina para dentro, para a Malu, que continuava em sua inércia.

*

Quando Tomi colocou Sabrina em um dos sofás de espera e foi chamar Malu que se mantinha na ramificação daquela sala, ela pode ouvir os gritos apesar da dor em seus ouvidos. Tomi gritava que Malu tinha que fazer alguma coisa, que ela tinha que superar e que a vida não acabava ai. Aos berros ele gritou que tinha gente que precisava dela e que era o seu dever ajuda-la. Sabrina se concentrou no teto e logo nas partículas de poeira que voavam por toda a sala, refletindo devido ao sol. O mundo se silenciara e ela só conseguia perceber a dança mórbida e lúgubre. Até que algo irrompeu seus pensamentos.

Malu apareceu e começava a se debruçar para analisar seu corpo. A garota tinha um brilho no olhar que não se via a dias e aquilo trouxe esperança. Ela os ouvia de longe, e a menção de colocar algo no lugar não agradou sua mente danificada. Ao cortar a calça manchada de sangue de Sabrina, todos na sala puderam ver a sua tíbia rasgando a pele em uma horrível fratura exposta. Com um estalo, Lorenna forçou-a para baixo e colocou-a no lugar. Sabrina não sabia de onde tirou forças para gritar, mas lembrou de tê-lo feito. E logo a sensação gelada tomou conta de seu corpo e a calmaria e alivio irromperam sua alma.

Apesar de quase desmaiar com a sensação reconfortante de ter sido curada, uma injeção de adrenalina a fez levantar, mesmo com os protestos de todos ali. Sabrina precisava contar a eles, precisava salva-los antes que fosse tarde demais.

–Nós precisamos sair daqui!

Um coro de perguntas sobre o assunto explodiu na recepção.

–Foi o Eduardo. O Dudu fez isso comigo e se não sairmos daqui não duvido que em no máximo uma hora tropas mogadorianas chegarão e nos dizimarão. Nós TEMOS que sair daqui.

Todos se entreolharam e o medo brotou, assim como a raiva. Eles precisavam sair dali.

–Tudo bem, tudo bem. Onde está o Lyu e a Julia? – Perguntou Thalles

–Devem estar em algum galpão, se é que me entendem. – Martinato abriu um sorriso torto.

–Eles não estão em nenhum galpão. – A atenção de todos voltou-se a Tomi. –Eu os vi saindo sorrateiramente hoje de manhã, eles diziam sobre o grande mogadoriano. Eles mudaram de lado também.

–Quer dizer que nós tínhamos três traidores entre nós? – Rosnou Lorenna, seu rosto começava a ficar vermelho, uma mistura de dor e a mais sólida raiva. Ela iria explodir. –Você só pode estar brincando.

Ela olhou desesperada para Tomi esperando que ele risse e dissesse que aquilo era tudo uma brincadeira, mas ele não iria fazê-lo. E Sabrina sabia que ele não iria, afinal já suspeitava das atitudes de Lyu, o fato de voltar-se contra ela sem nenhum motivo aparente.

Lorenna respirou fundo, sua cor voltando ao normal, suas mãos que estavam em punho prontas para socar alguém relaxaram e ela começou a raciocinar. A beleza austera em seu rosto a fazia uma líder e todos estavam prontos para ouvi-la.

–Juntem suas coisas sairemos daqui em 10 minutos e nada mais que isso.

Não esperaram nem mesmo um segundo, todos se apressaram para arrumar as suas coisas, contudo poucos minutos depois era possível ouvir uma movimentação suspeita do lado de fora. Vozes e ruídos feitos por carros em alta velocidade colocou todos em posição de alerta. Aglomeraram-se perto da porta, ainda na proteção do prédio para ver o que acontecia.

Nos portões da fábrica, dezenas de pessoas se agrupavam, como nos tempos medievais, com troncos de árvore e gritos dizendo que iriam reocupar a fábrica, a tanto tomada. Era estranho pensar nisso pois, até onde sabiam a fábrica estava abandonada, os trabalhadores não voltaram para trabalhar quando a ordem de normalização fora dada pelos mogadorianos. Eles clamavam para quem quer estivesse na metalúrgica que saísse e deixasse a fábrica sem mais delongas ou eles chamariam as forças mogadorianas.

–O que faremos? – Perguntou Chiara olhando fixamente para o tronco que já estava sendo colocado para trás pretendendo derrubar os portões.

–Vamos sair, pacificamente. – A ordem de Lorenna surpreendeu a todos, ninguém achava que ela iria tentar evitar uma batalha. – Eles são civis.

Todos concordaram.

–Peguem suas coisas e saiam com as mãos para cima. – Disse Lorenna. A contagem regressiva dos trabalhadores já começara e eles estavam preste a sair quando ela chegou no um.

O primeiro golpe contra o portão veio e eles não esperaram pelo segundo, simplesmente saíram com as mãos na cabeça. Os queixos de todos os caíram, e eles largaram o tronco no chão. Eram apenas adolescentes.

–Nós vamos sair. – Gritou Lorenna. – Peço que não chamem os mogadorianos, só estávamos procurando um lugar para ficar. – Ela se fez de inocente ainda com as mãos par o alto. – Desculpem-nos.

Ela abriu o portão com a maior naturalidade possível e os homens que estavam na sua frente abriram caminho para que todos passassem. Eles mantiveram o silencio ao caminhar por toda a rua, memorizando as árvores de ambos os lados das calçadas, e só se atreveram a comentar sobre algo quando viraram à direita em uma esquina.

–Par onde a gente vai agora? – Disse Thalles para a sua namorada.

–Não sei. Alguém tem alguma ideia? – Ela se virou mas todos balançaram a cabeça em negação. –De qualquer forma vamos evitar o centro, é lá onde está a maior concentração de mogadorianos até onde sabemos.

Sabrina andava vagarosamente tentando não pensar no desconforto que sentia por ter sido abatida por Dudu tão facilmente. O fato de estar em recuperação também não ajudava, ela deveria estar repousando mas no momento não era possível.

Eles andaram por cerca de 4km antes de Sabrina ficar tão atordoada que perdera as contas, já passava das três da tarde e eles ainda vagavam. Um grupo tão grande de pessoas carregando mochilas e mais mochilas pelas ruas da cidade universitária chamava atenção, mas eles não ligavam, queriam apenas achar um lugar para ficar, pensaram em invadir uma das casas rústicas ali abandonadas, mas então viram que uma família já a ocupava e continuaram a andar, já fadigados.

–Naves. – Sussurrou Tomi do lado de Sabrina, e ela olhou assustada para ele. – Naves estão se aproximando. – Ele gritou e todos paralisaram, resguardando suas forças para a explosão de adrenalina com a finalidade de proteger suas vidas até o fim, era a sobrevivência mostrando seus instintos mais primitivos.

Ao horizonte eles puderam então ver as naves se aproximando.

–Corram. – Gritou Lorenna e guiou o grupo para uma rua menos movimentada. – Vinny, faça a varredura da área, veja se estão vindo por terra e quantos são.

Ele desapareceu levando folhas do chão junto com ele em uma ventania desigual. Menos de cinco segundos depois ele voltou.

–Um exército está vindo por terra, não sei quantos, mas eram muitos e eles estão um tanto bravos.

–Arg, eles parecem que não morrem, não acabam, simplesmente surgem. – Disse Yokota já abrindo as mochilas e distribuindo o restante das armas mogadorianas para todos os sem poderes. Aquelas estavam com resquício mínimo de munição e eles não durariam muito tempo se dependessem apenas delas.

–A gente consegue. Vamos sobreviver e sair daqui. – Mapa tinha uma visão, digamos não positiva, mas incentivadora.

Todos respiraram fundo. Sabrina estava exausta mas reunia cada porção de coragem e dedicação do seu corpo para sobreviver, ela não podia se deixar levar. Se fosse morrer, morreria tentando, mas seu irmão a teria como heroína, isso era a única verdade absoluta de sua vida e seu único verdadeiro objetivo.

–A melhor defesa é o ataque. Não vamos esperar que eles venham até nós, Vinny, Martinato e Chiara venham comigo, vamos derrubar aquelas naves. O resto defenderão a retaguarda no chão. Malu, esteja a prontidão para curar quem precise. – Ela olhou nos olhos da garota. – Nós precisamos de você. Thalles, acho que é a hora.

Ninguém entendeu a última parte, mas depois que o casal se beijou, acharam que fora uma despedida.

Sabrina ficou para trás, carregava uma pistola mas sentia-se irrevogavelmente inútil. Vinny apontou a direção em que o exército estava vindo e, em direções opostas, todos correram. Prestes a virar a esquina, eles encostaram-se na parede do prédio. Yokota observou pela sua beirada e foi só o topo de sua cabeça entrar na visão dos mogadorianos que uma saraivada de tiros os atingiu. Ele recuou rapidamente mandando todos entrar em uma ruela entre os dois prédios.

–Sabs, você tem munição? – Ela tinha, juntamente com a pistola, ela havia recebido uma pequena bolsa com balas e as deu para Yokota.

Ordenou que Thalles e Mapa vigiassem a rua, e deitados no chão com as armas apontadas para onde vieram os tiros eles observavam. Enquanto isso Yokota jogava todas as balas no chão, Sabrina estava tão desnorteada que poderia jurar tê-las visto em câmera lenta. Forrou o chão com a pequena bolsa de pano invertida e abriu a maioria das balas com um golpe da coronha da pistola a fim de tirar toda a sua pólvora. Fazendo um montinho ele fechou o saco e deu para Sabrina juntamente com um isqueiro.

–Quando eu mandar você vai soltar o saco pegando fogo sobre uma trilha de gasolina. – Ela assentiu com a cabeça e pegou os instrumentos com cuidado.

Ele pegou duas das garrafas de água que estavam na mochila mais próxima e derramou seu conteúdo na latrina. Que exemplo de desperdício, pensou Sabrina rindo consigo mesma. Yokota chamou Tomi, que estava, desta vez, apenas conversando com Mama em um canto, enquanto ela revia a munição de todas as armas separando-as em grupos.

–Tomi. – Chamou Yokota. – Preciso da sua ajuda. –Tomi foi ao encontro do asiático. – Abra o tanque e coloque toda a gasolina possível nass garrafa.

Tomi obedeceu sem reclamar e em menos de um minuto já tinham praticamente quatro litros de gasolina.

–Eles estão vindo.

Yokota deu as garrafas para Sabrina e ela subiu para o telhado do prédio a sua esquerda, tinha aproximadamente quinze metros e ela fez o que Yokota ordenou. Deixando uma a bolsinha com pólvora no telhado ela observou seus amigos saírem da ruela evitando ficarem encurralados naquele lugar. O “lado do bem” começou então a retribuir as saraivadas de tiros vindas dos mogadorianos. A diferença numérica entre os dois números e o fato de suas armas terem mais munição mostrava claramente a vantagem de quem sobre quem.

Nuvens de poeira subiam aleatoriamente quando um mogadoriano era acertado pelos tiros humanos. Ela viu Thalles levar um tiro, e em um piscar de olhos que ele se dividiu. Haviam três Thalles na cena, mas ela não poderia se dar ao prestigio de tentar entende-la. Em um momento que Sabrina achava propicio ela levantou voo, normalmente os mogadorianos não a teriam notado, mas aparentemente eles estavam alerta e ela teve que desviar de seus tiros enquanto derramava a gasolina em suas cabeças, quando a garrafa terminou Sabrina voltou para o telhado do prédio e repetiu o processo. Enfim molhou a corda que fechava o saquinho nas extremidades ainda molhadas da garrafa e voltou para a zona de batalha. Com um movimento rápido de dedo, acendeu o isqueiro e colocou fogo na ponta molhada da corda que logo pegou fogo. Soltou-a no mogadoriano molhado mais próximo antes que o saco inteiro pegasse fogo e saiu dali o mais rápido que conseguiu. Assim que o saco flamejante atingiu o alienígena, Luke direcionou sua luz quente para o mesmo e em um milésimo de segundo tudo veio ao ar, os mogadorianos e suas armas, todos aqueles molhados pela gasolina estavam em chamas devido à explosão causada por um pequeno “saco de pandora”.

Logo muitos mogadorianos viraram cinzas, restando apenas uma minoria praticamente inofensiva que logo foi dizimada.

Respirando fundo todos se entreolharam sorrindo, mas ao olhar para trás viram que ainda restava muito para o êxito. Correram então para a avenida de onde tinham vindo e que estavam as naves e onde seus amigos lutavam para derruba-las. E não estavam se saindo bem. Chegaram no momento em que Lorenna jogara um carro em uma das naves mas isso serviu apenas para que ele ricocheteasse e destruísse um poste na rua.

Vindo da mesma direção das nave uma nova orla de mogadorianos se aproximava, duas vezes maior do que a que eles tinham acabado de enfrentar, mas agora não possuíam mais truques contra eles. Tomi foi ajudar Martinato com a telecinésia para derrubar uma das naves, mas era grande demais para apenas os dois.

Enquanto o menino de cabeço castanho claro recebia ajuda do índio, era possível notar as suas veias do pescoço expostas devido ao esforço, assim como uma veia no centro de sua testa. Não prestando atenção no chão, Martinato foi atingido por uma bala laser na perna, e simplesmente explodiu em fúria. Mancou até o hidrante e como se uma força anormal tivesse tomado conta do seu ser o hidrante explodiu em água e imediatamente congelou formando lanças que voaram diretamente em direção dos mogadorianos empalando-os, porém ele não podia focar apenas no chão, a nave de guerra estava atirando neles incansavelmente e ele tentou congela-la, falhando, mas pelo menos, conseguiu danificar algumas das armas que para eles apontavam.

De alguma forma Vinny conseguiu subir no prédio através da sua lateral e com um salto de dar inveja a qualquer atleta, ele conseguiu subir na nave, sumindo da vista de todos que na terra estavam. Aqueles que estavam com arma, então, usaram a última das suas munições e quando esta acabou eles ficaram vulneráveis. Vinny saltou da nave que começava a soltar uma fumaça preta mas continuava inabalada, ao chegar ao chão, correu para amortecer o impacto.

A batalha parecia perdida, não havia mais como lutar contra os soldados mogs que estavam no chão além do uso da força de Lorenna e, com a ajuda da invisibilidade de Chiara, Yokota que socava incessantemente alguns soldados para roubar suas armas.

Eles intensificaram a saraivada de tiros, fazendo os humanos quase dançarem para escapar de suas miras. Malu curava Martinato, mas logo teve que vir o auxílio daqueles que recuavam e eram também baleados. A morte era iminente e eles tinham consciência disso.

Sabrina explodiu de angustia e raiva, não se permitiria morrer, não agora e se lançou na linha de frente mogadoriana apesar dos gritos de Tomi e Yokota. Ela gritou, e seu grito era praticamente um rugido, carregado de ódio e com fogo nos olhos a cegando, ela nem ao menos percebeu o que estava fazendo até já ter feito. Quando respirou novamente Sabrina percebeu que os Mogadorianos estavam congelados no lugar, suas últimas balas disparadas estavam em uma velocidade tão lenta que era possível dar duas voltas nelas sem ser ao menos atingido. Ela olhou para trás e incrivelmente seus amigos estavam em velocidade normal.

Eles não tinham tempo para analisar a situação.

–Vamos sair daqui.

Todos concordaram e correram para o final da avenida, virando à esquerda e procurando um abrigo, não sabiam até quando o mais novo legado de Sabrina funcionaria. Quando eles ouviram o som de tiros novamente, tiveram sua resposta. Martinato então teve uma ideia.

–O bueiro! Eles não vão nos achar lá!

A cara de nojo de algumas pessoas foi sobreposta pela vontade de viver, e com um movimento simples, ele abriu a tampa e fez com que todos passassem.

–Pode ir, Marti. Eu vou por último. –Disse Lorenna e ele concordou. Antes de descer Lorenna puxou um carro e pulou no bueiro, cobrindo-se com ele e depois tampando o lugar, eles não iriam acha-los tão facilmente. Não mais.

Quando todos olharam ao redor, nada viram, era um breu sem fim, e só com a luz de Luke puderam enxergar novamente. O grupo estava com água até os joelhos e a galeria causava asfixia para todos. Ratos passavam pelas ramificações nas paredes.

–E agora? – Perguntou Luke. – Para onde vamos?

–Direita. – Disse Tomi. – Estou ouvindo algo vindo de lá.

–É um basilisco, uuuh. – Yokota fez graça arrancando o sorriso de vários ali.

Eles andaram através das indicações de Tomi por cerca de duas horas, parando as vezes para tomar agua, ou mesmo se apoiar nas paredes sujas, suas pernas já não os sustentavam mais. Foi apenas um vulto no final do túnel que os fez parar. Martinato congelou parte da água suja da galeria e fez uma lança apontada para o vulto.

–Quem está ai? – Ele perguntou inexorável.

–Eu também estava com saudades de você, Marti.

Um homem entrou no alcance da luz de Luke e arrancou o ar do pulmão de todos. Era louro, com a pele muito branca. Corpulento, mas a característica que mais chamava atenção eram os seus olhos, branco acinzentado devido a uma cegueira aguda. E todos o reconheceram sorrindo. Yash.


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