A Guerra dos Dez escrita por Sabs Zullush


Capítulo 7
Quando os extremos se encontram




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Eram cerca de 10 naves do tamanho de pequenos jatinhos, era mais algo visual, o verdadeiro perigo vinha do som de botas marchando no final da longa avenida. Como eles haviam nos encontrado? Pensou Sabrina, mas logo voltou pra realidade.

—Vinny, vai avisar os outros. – Ela mal falara as ultimas silabas e ele já havia sumido correndo até o outro lado da rua para avisar os outros. Eles se abrigaram a sombra de um toldo onde não seriam vistos por cima.

Enquanto isso Dudu tirava as armas das sacolas e começava a monta-las rapidamente, como quem fazia isso sempre, e talvez ele fizesse mesmo, seu passado era um tanto...obscuro. Ele abriu a maleta da mini metralhadora e a carregou, colocando a Correa com as balas em volta do pescoço de Sabrina. Os pedestres a volta que corriam assustados agora tinham medo deles. Estúpidos. Ao pegar a mini metralhadora Sabrina sentiu uma sensação de poder inexplicável e a estudou a arma.

—Voe e use isso no exercito que está vindo, ela atira 10 balas por segundo, então cuidado ao segurar, pois o coice é grande demais, mire bem, não temos tanta munição quanto parece. – Disse Dudu e Sabrina repetiu as palavras em sua mente e assentiu.

—E quanto a vocês?

—Tentaremos ajuda-la daqui. – Achou um pouco injusto mas não questionou, levantou voo e foi para onde o som das botas estava vindo.

Manteve-se escondida pelas sombras dos prédios, e logo avistou o exército que se aproximava, cerca de 100 homens contra apenas ela. Voou para o prédio ao lado, tendo que dividir a atenção entre as naves e a tropa. Era puro suicídio, ela não tinha como lutar contra todos eles, uma vez que estavam armados e sabe-se lá quanta munição carregavam consigo. Era um contraste grande demais, mas se ela queria acabar com essa guerra e ver seu irmão novamente, precisava fazer isso.

Estabeleceu-se então no telhado de um prédio baixo, e pela borda mirou calmamente nas filas do meio, destravou a arma, e apertou o gatilho. A força foi tanta que quase jogou seu braço para trás, mas ela o segurou e com força começou a mover a arma enquanto uma nuvem espessa de poeira subiu à 10 andares abaixo. Tiros eram lançados em sua direção, e ela aproveitou a vantagem visual, travando a metralhadora e saindo dali. Pegou uma altitude a qual as armas mogadorianas não conseguiam alcançar e mudou de prédio, agora indo metros a frente para atingir a linha de frente do exército. Não fazia ideia de quantos alienígenas matara, mas não se importava. Alinhou a arma no primeiro prédio baixo que viu e mirou nos primeiros soldados, destravou a metralhadora e, agora se preparando para o ricochetear da arma, apertou o gatilho. Os alienígenas eram dizimados, deixando para trás o seu pó, a única marca de sua existência. Era estranho saber que também viraríamos aquilo um dia. Sabrina pensou, e logo se martirizou, que pensamento esquisito para uma batalha. Movendo a arma para um alcance melhor, ela via que a correia diminuía cada vez mais e começou a se preocupar.

Ao longe ouviu uma explosão, e olhou para lado para ver o que estava acontecendo. Uma das naves mogadorianas colidiu com outra e bateu no prédio destruindo sua lateral. O sorriso que acabara de se estampar no rosto de Sabrina, esvaiu-se quando as outras naves começaram a atirar com força total para qualquer coisa que se movesse no chão. Ela sentiu o calor e conseguiu desviar. Um dos mogadorianos a vira e tentara atirar nela, foi por apenas centímetros que não viu a morte. A metralhadora agora disparava aleatoriamente no céu, e Sabrina arrumou seu curso antes de trava-la, matando ainda alguns alienígenas. Arrastou-se pelo chão de concreto até chegar na outra ponta do prédio deixando seu corpo cair para logo em seguida subir aos céus novamente. Atravessou a rua e pousou rolando, de bruços para esperar a poeira baixar e ela poder observar quantos soldados ainda faltava. Enquanto isso contava quantas balas ainda tinha na correia, totalizando apenas 50. Ela tinha apenas 5 segundos para acabar com todos eles. Naquele momento sua ficha caiu sobre quanto segundos e milésimos podem interferir em sua vida.

Assim que a poeira se abaixou, e os soldados prosseguiram marchando novamente, pensando que não havia perigo, Sabrina os contou, sobrara 30 soldados e 50 balas, essas ela não podia desperdiçar. Contudo, atirar de lado não adiantava, ela teria que se aproximar. E como uma traidora o fez, pela retaguarda, diminuiu a altitude e quando estava a apenas 23 pés, destravou a arma e atirou, fazendo explodir uma nuvem de poeira e cada vez que essa poeira a alcançava ela tinha se aproximar do inimigo que disparava contra ela. Tentava a todo custo mirar e atirar enquanto tentava sobreviver, mas essa era uma tarefa muito difícil. Foram os 5 segundos mais logos da vida dela. Sabrina continuava a apertar o gatinho mas nada saia pelo cano. Estava sem munição, mas também não havia mais sinal de mogadorianos. A rua se resumia a um montante de poeira. Ela pousou e apoiou-se num prédio deixando a metralhadora cair, estava exausta, física e mentalmente. Olhou para o céu e ainda restavam três naves para serem derrubadas, a batalha não havia terminado.

*

Os mogadorianos que desceram das naves estavam sendo exterminados por Lorenna e Vinny que agora trabalhavam em conjunto e em sincronia perfeita, Chiara, invisível atacava entre a multidão com uma faca. Os que tinham telescinésia, inclusive Tomi, com sua recém descoberta habilidade, formavam uma fila e juntavam seu poder para tentar derrubar as naves mogadorianas, mas com elas atirando neles se tornava uma tarefa difícil, foi apenas Tomi ter aquele pensamento que Caio foi atingido por um dos raios na cabeça, explodindo-a e fazendo-p cair imóvel no chão. Enquanto isso aqueles que não possuíam poderes ajudavam com suas armas. Mama quase fora atingida por um dos lasers mogadorianos e isso fez Tomi quase desabar, ele correu e puxou-a de lá, levando-a para um beco.

—Tomi, o que você está fazendo? – Ela gritou enfurecida.

—Te deixando segura, você vai ficar aqui.

—Quem você pensa que é pra mandar ou desmandar em mim, eu vou lutar e não vai ser você que vai me impedir. – Ela deus as costas para ele, mas Tomi usou a telecinésia para segurá-la, imóvel onde estava.

—Ei, me larga. – Ela praticamente rugia. – Tomilheiro, me larga.

— Só se você prometer que vai ficar aqui. – O som de mais uma nave caindo nos prédios pode ser ouvido.

—Tudo bem, eu prometo. – Satisfeito ele soltou-a da telecinésia.

—Mas eu não posso ficar fazendo nada aqui, as pessoas estão dando suas vidas lá fora.

—Ah, seilá, pintar o cabelo.. – E vermelha de raiva foi o que ela fez, correu até a loja de conveniência ao lado e pegou a primeira tinta que viu, enquanto Tomi voltava para tentar derrubar as naves.

No momento em que as tropas no chão se dissiparam ao vento, Lorena pediu que Vinny a arremessasse em uma da naves, que ela iria ficar bem. E ele inconsequente mente o fez, o impacto de Lorenna com a primeira nave fez com que ela fosse arremessada para a segunda e segundos antes de atingirem o prédio ela pulou em direção ao chão, à uma altura de 20 andares.

*

Vendo a situação Sabrina voou a uma velocidade de 140km/h e pegou Lorenna no ar, trazendo-a para o chão em segurança.

—Tava querendo se sacrificar pela equipe, é? – Sabrina sorriu. – Hoje não!

Com apenas uma nave no céu, os com poderes telecinéticos a derrubaram facilmente, acabando com a batalha.

Dudu e Lyu chegaram gritando para todos pegarem as compras do mercado e as colocarem de qualquer jeito no carro. E todos obedeceram. Quando estavam quase entrando no carro, Sabrina teve uma sensação de que algo faltava, olhou ao redor e percebeu. Havia gente faltando. Dudu e Lyu já estavam prontos para entrar nos carros e dar partida quando Sabrina gritou:

—Esperem! – todos olharam para ela. – Onde estão o André e a Giulia?

Todos se mantiveram em silencio e não havia o menor sinal deles.

Voltando para a metalúrgica sem os dois membros do grupo e com um morto, se deram conta da quantidade de baixas que aquela batalha havia tido. Lyu bateu a porta do carro, mais do que enfurecido.

—Como pudemos ser tão descuidados? Agora perdemos três pessoas pra nada, e por que? Por puro descuido.

—Ei, não desconte na gente, Lyu, ninguém sabia que isso ia acontecer. – Disse Marti levando algumas coisas para dentro, parte com a telecinésia, parte com as mãos.

—É você tem razão. – Ele olhou a redor, e fixou os olhos em Sabrina. – A culpa é sua!

A menina deu um passo para trás, ofendida, ela arriscara sua vida, como ele podia estar falando algo assim?

—Não é a primeira vez que por descuido SEU, perdemos pessoas. Uma vez foi coincidência, agora a gente começa a desconfiar, né dona Sabrina. – Ele estava vermelho, e as pessoas a volta olhavam sem fazer nada, talvez analisando a situação, e procurando descobrir em quem acreditar. – Pode ter sido descuido, como também não pode. Você é uma traidora, afinal? – Os olhos verdes do menino a congelaram no lugar, ela não sabia o que dizer com tamanho absurdo.

—Já chega, Lyu. – Disse Yokota, puxando a menina dali e a levando para um dos escritórios no prédio principal.

A cabeça de Sabrina girava, e ela mal conseguia andar, já não bastava o que havia acontecido hoje, as mortes e desaparecimentos, ela ter que enfrentar um exercito inteiro sozinha. Tinha que aturar desaforo e desconfianças. Ela não fizera nada para merecer aquilo. Admitia que a primeira vez foi puro descuido, mas agora, ela havia feito de tudo para manter todos a salvo, e culpavam a ela.

De fato era estranho ela ter vigiado toda a área, não havia câmeras, e Lyu disse algo sobre traidores, será que era possível? Como André e Giulia haviam sumido sem ninguém notar? Era impossível, a Giu ia querer participar de qualquer luta e o André era nosso melhor atirador. Tinha algo errado.

A palavra traidor rodava em círculos pelo caminho de Sabrina e quando uma dor de cabeça à abateu, ela desmaiou de exaustão sendo segurada por Yokota que a colocou em uma poltrona reclinável no escritório e ficou com ela a noite toda.

Quando acordou uma chuva forte caia do lado de fora, o escritório estava vazio e seu corpo todo doía. Estava extremamente cedo, o que a fazia perceber que dormira a noite toda. Tudo estava calmo, pois todos dormiam e os que não o faziam estavam sentados na parte coberta da entrada do prédio assistindo a chuva, tomando café e conversando baixo.

Uma dor de cabeça veio novamente, mas ela conseguiu se segurar na parede e então tentar resistir a ela. Logo que percebeu que Sabrina estava em pé Yokota e Mama, agora morena, sabe-se lá como, correram para ajuda-la.

—Você está bem, anjo? – Perguntou Yokota, e ela assentiu.

—Mama, o que aconteceu com o seu cabelo? – Ela perguntou.

—Eu pintei. – Ela lançou um olhar ameaçador para Tomi que dormia de bruços e babando no canto da recepção.

Sabrina se sentia vazia, traída, e de repente se lembrou por que não tinha fé nas pessoas. Não importa o quão boas as suas ações sejam, sempre vão achar que é insuficiente, ela pensou.

Na hora do almoço Sabrina não quis se sentar na recepção com todos os outros, ficou na cozinha observando tudo. Mama fugia de Tomi, com raiva, e as vezes eles trocavam agressividades. Malu estava no canto, ficara pior ao saber que André sumira, e era amparada por Thalles. O resto as vezes a encarava com olhares desconfiados, a não ser por Lorenna, Mama, Tomi e Yokota, que eram solidários com ela. Sempre que olhava para Dudu o garoto desviava o olhar e fingia conversar com alguém.

Os dias se passaram e os treinos voltaram a acontecer, mas Sabrina não sentia vontade de participar, e isso só aumentava ainda mais a desconfiança de todos. Mas ela apenas observava, a palavra traidor não saia de sua cabeça, e todas as noites antes de dormir ela analisava todos a sua volta. Foi então em uma noite que a luz a veio, assim como a lua iluminava o mundo lá fora. Ela saiu da recepção e foi para o galpão mais afastado do prédio principal, precisava pensar em particular, o quão estranho isso soava?

Juntou todos os fatos em sua cabeça. Quem foi a pessoa que a mandou em uma missão suicida? Aquela que ficou toda a batalha ao lado das desaparecidas? A única pessoa capaz de alertar alguém sem ao menos sair dali?

Não, não podia ser, ela se recusava.

Se bem que... Fazia sentido.

Ela correu de volta para o prédio principal exumando a ideia de sua cabeça, antes que entrasse ali, sua cabeça girava e logo que sentou no chão ao lado de Yokota, a dor veio novamente. Mentalizou apenas uma palavra, um nome, e a dor passou. Ela se deitou e caiu no sono.

Tentava reestabelecer a confiança de todos, em vão. Voltou a participar dos treinos e aprendeu defesa corporal com Tomi, que lutara muito em sua tribo. Ela estava disposta a fazer todos engolirem suas palavras e olhares, eles ainda iriam se desculpar pelo que fizeram, ou não se chamaria Sabrina.

Era 4 da manha quando ela ouviu o barulho da porta da frente bater, esperou algum tempo e logo ouviu o portão principal ranger. Ela levantou-se rapidamente e com a roupa que estava saiu, mantendo uma distancia segura para não ser vista, ou ouvida.

Sabrina o seguiu em silêncio, se espreitando por entre os prédios como uma águia caçando sua comida. Tremia por medo de encontrar o pior, por medo de que suas suspeitas fossem verdadeiras.

Dudu parou em uma rua sem saída, cujo no final havia uma pequena nave em forma de pérola, era mogadoriana e aparentemente estava vazia, ele se preparava para entrar. Então Sabrina saiu de seu esconderijo pousando suavemente em meio a rua, tão suavemente que demorou um pouco até Dudu notar sua presença. O semblante de Sabrina era de dor e ao mesmo tempo de nojo, como ele podia fazer algo assim? Ele não estava surpreso e tampouco arrependido, seu rosto mostrava desdém e orgulho.

—Seus pensamentos podem ser ouvidos à quilômetros, sabia? – Disse Dudu dando um passo em sua direção. – E, talvez, você não deva sentir esse nojo sobre mim.

—Eu sabia, suspeitava de você há dias. Como pode Luiz Eduardo? Como pode fazer isso conosco? Alguns de nossos amigos morreram e por sua culpa! – Sabrina ainda estava tremendo, porém agora de raiva. Ela não conseguia evitar os olhos cheios de lágrimas. – A que custo você entregou a vida de nossos amigos?

—Ao futuro da Terra, claro. Sabs. Me ouça, os mogadorianos tem algo grande em mente, vão erguer a Terra em glória e eu serei um dos muitos prestigiados por ajudar no Progresso.

—Eles vão nos escravizar! – Gritou Sabs. Tinha tanto a dizer que as palavras a sufocavam, simplesmente não saiam.

—Eu deveria saber que você prefere acreditar em um site ridículo do que em mim. – Dudu se virou para entrar na nave.

—Você é um verme, assim como eles. – Suas costas enrijeceram, ele deu um passo em direção à Sabrina, mas com isso ela levantou voo, e tomou uma distancia segura dele. E então tudo veio a tona, como um raio ela voou na direção de Dudu com o punho fechado e o braço pronto para soca-lo.

O soco o atingiu em cheio e desta vez foi ele quem voou em direção à parede de um galpão abandonado no final da rua. Sabrina fez a volta e parou graciosamente a alguns metros a sua frente. Seu peito subia e descia rapidamente. E também rapidamente Dudu levantou-se. Cega por ódio descomunal Sabrina andou em sua direção a passos firmes pronta para outro soco, mas ele segurou sua mão. Ela pretendia fazê-lo novamente com a outra, mas ele também a tinha. Virou-a de costas, prendeu suas duas mãos em apenas uma das suas e com a outra passou a mão por seu corpo, sussurrando em seu ouvido.

“Eu sou mais forte que você, amor.” Ele virou-a novamente e olhou no fundo de seus olhos. “E essa será uma dádiva que você nunca irá conseguir com sua trupe de macacos. “

Sabrina tentou chuta-lo mas ele jogou-a longe com uma força nunca tivera visto, nem mesmo em Lorenna. Antes de atingir o chão, porém, ela levantou voo desajeitadamente. Estava decidida a acabar com isso. Preparava-se para atacar quando uma dor causticante invadiu sua cabeça, era como as muitas que havia sentido, porém um trilhão de vezes pior. Ela tentou controlar seu poder, mas não conseguiu e acabou caindo sem jeito no asfalto, ouviu um estalo na perna esquerda, mas a adrenalina não permitia que sentisse dor, até porque nenhuma seria maior que a de sua cabeça. Dudu caminhou suavemente até ela. Sabrina estava deitada em posição fetal no chão com as mãos agarrando a cabeça e gritando, o grito mais agonizante que poderia um dia ser ouvido. Ele a estava torturando. Matando célula por célula em seu cérebro e Sabrina achava que não conseguiria aguentar. Ele se ajoelhou e afagou seu cabelo.

—Nunca esqueça que sou alguém misericordioso, até porque, hoje não é o seu dia de morrer, amor. – Levantou-se e entrou na nave.

A ultima imagem de Sabrina foi um borrão branco decolar e então ela caiu na escuridão.


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