This War of Mine escrita por sabitsuki


Capítulo 2
I — Falta de sorte, ou talvez não


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, heh. Agradeço a Nymeria e Kety Slovinski por terem deixado comentários e a todos que favoritaram, vocês me estimulam a escrever, sério. ahaha
Bom, queria esclarecer que a história será narrada pelo ponto de vista do Natsu, mas talvez hajam vezes em que eu queria mudar ou coisa assim. Não tenho certeza, depende do rumo quase incerto da história. Tem algo no final que pretendo fazer mas não tenho muita certeza.
Enfim, espero que gostem e enjoy~



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Natsu Dragneel é realmente um cara sem aquilo que podemos chamar de sorte, sem dúvidas. Um cara que não sabe o que é ter sequer um dia de sorte na vida, parece bem deprimente. Apesar de ter tantas coisas boas, é um cara exagerado. Mas afinal de contas, Natsu Dragneel é um cara exagerado e muito engraçado. E, por sinal, gosta de falar e pensar a respeito de si mesmo em terceira pessoa.

Aquele não era meu dia de sorte, de verdade.

Acordei realmente animado. Talvez isso se devesse aos acontecimentos do dia anterior como por exemplo quando um de meus alunos explodiu uma bomba de tinta por cima de algumas alunas do segundo ano enquanto elas conversavam provavelmente sobre seus namorados ou esmaltes, já que garotas do tipo parecem bem fúteis. Longe de mim julgar pela aparência, mas eu já escutei quando passava por perto e a minha face de incredulidade não pareceu o bastante para elas entenderem que eu havia achado aquilo estranho. Ou como por exemplo quando fui elogiado na rua por uma velha senhora dizendo que eu tinha um aspecto de modelo. O-k, eu não sou carente o bastante para ficar feliz por qualquer elogio, mas realmente foi inesperado. Ou até mesmo como lembrei que teria uma nova aluna... Ou algo do tipo.

Não que eu seja o tipo de professor certinho ou que gosta de qualquer aluno, não. Eu só simplesmente fico animado porque consigo ser tão jovem quanto os alunos que parecem gostar bastante de mim. Não me culpo por ser assim.

Enfim, o dia amanheceu e pareceu que ia correr tudo bem. Eu me levantei com a pouca disposição que permitia ter durante as seis da manhã (em minha defesa, digo que eu acordo completamente mal humorado, então isso é um avanço), mas quando estava prestes a passar pela porta, bati o dedo na quina da escrivaninha jogada num lugar aleatório do meu quarto. Jogada porque eu não tenho a mínima organização. Bem, tudo certo. Falei alguns palavrões talvez altos demais e pelo fato de não estar morando num dos melhores apartamentos, só talvez uns três ou quatro vizinhos tenham escutado claramente todos eles. E talvez eu tenha a incrível sorte de morar perto de idosos que acham desrespeitoso até mesmo o meu sobrenome. Para boa parte do prédio, meu sobrenome é sinônimo de confusão, confesso. Mas digo que pelo menos eu sou um bom vizinho. Eu acho.

Certo, após tomar banho, peguei a roupa costumeira. Uma blusa social branca de mangas compridas que talvez não fosse passada por um bom tempo, afinal, eu não faço ideia de como se faz isso já que, bem, eu queimo as coisas com muita facilidade. Literalmente. Não que importe muito. Coloquei a gravata preta desleixadamente com um nó obviamente nada decente, mas tudo bem. Vesti as calças e calcei os tênis. Olhei meu reflexo no espelho e só alinhei os cabelos de forma que não ficassem tão bagunçados assim, por mais que uns cinco minutos depois eles voltassem a sua forma natural. O que os olhos não veem, o coração não sente, dane-se.

Pendurei uma mochila no ombro — cuja não leva muita coisa, aliás. Não úteis, a maioria, pelo menos. Em geral, eram algumas embalagens de salgados ou doces que estavam lá a provavelmente muito tempo. Um caderno quase completamente preenchido, mas que planejei levar para anotar o desempenho da garota. Algumas milhares de canetas com tampas de diferentes cores, afinal, é quase como uma surpresa pegar uma caneta preta e descobrir a tintura verde dela. Lembrete: preciso passar a me organizar mais.

Fiz carinho na cabeça do meu gato, Happy, de cor um pouco mais anormal do que estamos acostumados. Ele é azul. Não faço ideia do por que ele é azul, simplesmente o achei na rua bem acabado e com muita fome. Talvez o fato dele ser azul e eu ter cabelo quase rosa me fez achar que tínhamos uma ligação especial ou coisa do tipo. Mas voltando, ele arranhou o meu dedo por estar dormindo e eu talvez tenha o assustado. Ele pareceu bem arrependido, mas não teve disposição para levantar, apenas voltou a fechar os olhos e dormir.

Desci os cinco lances de escada não tão cansativos na maioria das vezes até chegar na rua, onde o movimento mesmo as sete e meia da manhã já era extremo... Sete e meia da manhã?

Estava atrasado, só pra variar. Apressei o passo, não sem antes passar na frente da lanchonete em que eu compraria algo pronto simplesmente para não passar fome depois. Mas vejam só, ela estava fechada.

Tudo bem, não tem nada de mal nisso, é só continuar indo para o seu destino, Natsu. Nada vai te atrapalhar.

Nada com exceção da chuva torrencial e que mais se assemelha com um dilúvio, é claro.

A minha sorte estava praticamente me dando um tapa na cara e deixando-me sozinha com o azar. Como um Gray levando um tapa da Ultear e ficando sozinho com a Juvia. Longa história, novamente.

Após 15 minutos parado esperando a chuva anormal das sete e quarenta e cinco da manhã, decidi ir para a residência dos Heartfilia, não me importando realmente com a chuva. Era só uma chuvinha que logo mais cessaria.

Mas não cessou.

Ela engrossou incrivelmente a medida em que eu andava numa estrada quase deserta, algumas árvores complementando o cenário, então eu não tinha lugar algum pra me abrigar, mas não desanimei. Continuei andando enquanto escutava uma voz incrivelmente chata de um Natsu na minha cabeça falando algo do tipo “Tanta coisa na mochila, e você esquece de um guarda-chuva. Grande Natsu.”.

Só cale a boca, Natsuzinho impertinente.

E é por isso que agora me vejo na enorme sala que não sei definir bem qual é da mansão Heartfilia, com uma toalha branca praticamente encharcada devido o excesso de água ao redor do meu pescoço, meu cabelo e roupas grudadas demais para que eu sentisse conforto ou algo do gênero. Vejamos pelo lado bom: frio, ao menos, eu não estava sentindo. Não que importasse muito, já que a lareira na parede mais próxima estava acesa.

Olhei envolta, a mochila jogada no chão, encostada ao lado da tal lareira.

A decoração era bonita, tinha de admitir, mas um pouco estranha demais para mim. Tinham vários quadros um pouquinho psicodélicos demais além do que eu acho normal. Mas dentre todos eles, tinha um, muito maior, exatamente no centro da parede do fundo. Nem um pouco escondido e completamente perceptível, estava o quadro de uma mulher loira. Seus olhos castanhos brilhavam singelamente, um sorriso límpido e leve estampado nos lábios. O vestido rosa que usava parecia cair muito bem nela, e ela estava em uma posição em que a coluna ficava reta e a fazia parecer quase uma rainha, o coque bem feito com duas mechas loiras caindo sobre os ombros, quase dando-lhe um aspecto angelical.

Aquela era Layla Heartfilia, eu tive certeza no exato instante.

— O que estou fazendo aqui...? — eu me perguntei sem saber exatamente por que, ainda olhando para o quadro de Layla. Ela era muito bonita. Nunca tinha visto-a pessoalmente ou por fotos. Era a primeira vez. A beleza ímpar e os olhos achocolatados dela me passavam um tipo de conforto que não sentia a muito tempo. Quase tanto quanto minha mãe houvera me dado.

Ouvi o barulho da porta de madeira ser aberta com um estrondo repentino quase que repentino e olhei para o lado, levantando-me do sofá já úmido por minha causa. A princípio, achei que veria a tal serviçal novamente, mas me surpreendi.

Era como uma cópia de Layla Heartfilia, a que eu via em minha frente. Cabelos louros completamente soltos e meio desleixados e olhos castanhos moldados com os cílios curvados e longos que me fitavam com dúvida, espanto, curiosidade... Quase admiração. Estava com uma blusa folgada e longa, estampada com algumas figuras que não consegui identificar de primeira.

Me peguei fitando as pernas da garota que identifiquei como Lucy Heartfilia mais tempo do que deveria e desviei o olhar para o lado, forçando uma tosse involuntariamente, somente para não olhá-la. Estranhamente, senti medo do que poderia fazer caso olhasse-a mais do que o necessário.

— Senhor Dragneel? — ela perguntou, a voz doce e calma, como a de uma criança. Ela estava realmente... espantada com o fato de eu estar lá? Ao menos era o que aparentava por seu tom de voz.

Eu finalmente a olhei, já mais calmo e sem o susto de início.

— Sim, sou eu. A propósito, deve ser Lucy Heartfilia, certo? Me chamo Natsu Dragneel. Sou seu professor. — eu disse, agradecendo por a voz não ter fraquejado ou tremido em algum momento. Por que diabos eu estava preocupado com isso? Não era como se fosse fraquejar. Tinha algo estranho comigo. E talvez o “algo estranho” fosse Lucy Heartfilia.

Ela piscou algumas vezes, com uma descrença anormal escorrendo por seus olhos. Literalmente. Lucy Heartfilia estava chorando diante de mim como se não parecesse perceber. Os olhos estavam vermelhos.

Ousou chegar alguns passos perto de mim, estendendo o braço. A princípio, achei que ela fosse me bater ou coisa do tipo, mesmo que sem motivo algum, porque eu não via o por quê de ela estar se aproximando ou estendendo o braço pra mim. Mas então ela tocou o meu braço, cheia de hesitação, como uma criança assustada em brincar com outras. Ela o afastou e voltou a tocá-lo logo depois. Aquilo me deixou atordoado. Eu sou acostumado com contato físico, não vou mentir. Mas aquilo era diferente. Ela estava realmente admirada.

— C-caramba — ela murmurou, ainda chorando. Por um instante achei que ela fosse me abraçar, mas se afastou, olhando-me. — Você é real.

...O que?

Que diabos, é claro que eu sou real. Eu pensei em dizer isso, mas não falaria algo do tipo, parecia rude.

— Que diabos, é claro que eu sou real.

NATSU DRAGNEEL, POR QUE VOCÊ É UM IDIOTA?

Lucy pareceu meio constrangida com o que eu disse.

— Sim, desculpe — começou, abaixando a cabeça como um pedido de desculpas formal demais. — É que... Bem, não vejo gente nova faz muito tempo... É meio estúpido pensar que você não é real, mas... — ela franziu a testa, as bochechas ficando vermelhas. Ela não sabia como explicar. Estava com medo. Eu percebi. — Bem, eu só-

— Hime-sama! — ouvi uma voz desconhecida gritar. A garota virou-se para fitar quem a chamava. Era uma senhora de meia idade chamando-a, e quando me viu, pareceu ficar meio desconcertada. — Não acredito que veio para cá no estado em que está...! Céus, você tem sorte de ser um professor respeitoso como o Sr. Dragneel, outro homem teria imaginado sabe-se lá que tipo de barbaridades com você nesta vestimenta! — exclamou, claramente espantada mas com certo alívio na voz.

Lucy pareceu não entender.

— Mas eu estava animada demais e... do que diabos está falando, Senna-san? — ela parecia meio confusa diante as palavras desenfreadas da senhora que a “protegia”, em sua frente.

A intitulada Senna balançou a cabeça e ignorou a garota.

— Desculpe, Sr. Dragneel. A Hime-sama irá vestir suas vestimentas adequadas e virá vê-lo daqui a alguns minutos. — ela começou, meio constrangida. Tirou uma muda de roupas debaixo do braço e entregou-as a mim. — Aqui está. Não tenho certeza, mas deve caber no senhor. São do Sr. Heartfilia quando era mais jovem. É uma blusa bem parecida com a sua e a calça também. Espero que não tenha problemas.

Pela primeira vez após algum tempo, eu falei.

— Ah, não precisa se desculpar. E desculpe o incômodo.

Dito isso, ela saiu do cômodo e a porta se fechou.

E eu me encontrei sozinho novamente.

E lá, sozinho, com as roupas em mãos, eu ri baixo.

Eu ri porque o dia parecia que não ia ser bom. Certo, eu passei pelo que qualquer um poderia ter passado em um dia de azar qualquer e aleatório, mas não podia mais considerar aquele um dia de azar.

Porque ela parecia ser uma garota incrível e eu teria muito prazer em mostrá-la como a magia funciona e o quão maravilhosa ela pode ser. Seria bom tê-la como aluna.

Pensando agora... Esse foi só um dos primeiros dias de sorte que passei ao lado de Lucy Heartfilia.


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Notas finais do capítulo

Desculpem qualquer erro ou se decepcionei vocês. Eu particularmente gostei do capítulo, principalmente porque ele será narrado pelo Natsu, acho mais fácil/divertido.
Deixem comentários se gostarem ou querem dar dicas.
Até logo~