This War of Mine escrita por sabitsuki


Capítulo 3
II — Eu estou empolgada, Sr. Dragneel


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, demorei? Caso sim, desculpem, eu tive um bloqueio imenso, e quando enfim pude passar as palavras para o papel, fiquei sem internet para passar tudo para o notebook. Certo, certo, tive que esperar algum tempo, mas aqui estou eu com mais um capítulo, yeh!
Agradeço aos que comentaram, sério, eu fico muito feliz com vocês



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Sei o que disse antes, sei muito bem. Confesso que estive bem certo do que tinha dito, embora agora, já não esteja mais tanto assim, afinal, a vida é uma caixinha cheia de surpresas que algumas vezes te causam sensações boas, e outras, te fazem sentir náuseas por se sentir tão estúpido e ingênuo. É clichê falar que a vida é “uma caixinha de surpresas”, mas se é clichê, é porque todo mundo também concorda com isso.

É clichê demais dizer isso também? Que seja.

Estava jogado no sofá, zapeando entre os canais da televisão, cujos não passavam nada que me interessasse muito. Já era tarde, três horas ou coisa do tipo desde a última vez que havia checado o relógio, e não me sentia muito inclinado a vê-lo novamente. Não me importava muito.

Nada de interessante em uma plena quarta-feira à tarde, o dia estava correndo muito bem, realmente.

Meu desinteresse e preocupação (não aparente) atuais talvez fossem consequências do dia anterior, tudo que aconteceu. Certo, aquilo tinha uma parcela de culpa, mas talvez não fosse completamente a causa de tudo aquilo.

Era o que eu preferia acreditar.

Estava com as pernas por cima das almofadas inúmeras — exagero, devo dizer, eram cinco — no sofá, com uma expressão bem cansada e quase irritada. Tudo isso porque desde as três da tarde estava esperando o maldito a quem ainda me atrevo a atribuir o termo “melhor amigo”, e por isso não queria ver a hora no momento. Sabia que já havia passado muito tempo, e ver quantas horinhas a mais ele estava atrasado só iriam me fazer ficar mais irritado e aumentar tal tempo a mais num sermão. Funcionava assim. Não que acreditasse que Gray Fullbuster, o maldito samba-canção fosse mudar em algo por apenas um sermão meu. Ou dois. Ou trinta multiplicado por cem, que talvez chegassem a ser o tanto de vezes que já briguei com ele por culpa disso.

Diziam que parecíamos um casal discutindo por atrasos, mas, sério, eu prefiro ter que me enforcar do que parecer ser um casal com Gray.

Até porque, eu sou hétero.

Muito hétero.

E eu realmente não gostei de quando afirmei isso na cara de alguém que tinha dito algo que duvidava de minha preferência sexual e a vi ficar espantada. Assuntos passados não me interessam mais, de qualquer maneira.

Ouvi a porta ser praticamente esmurrada e já tive uma breve imagem de meu melhor amigo lá fora, como um desesperado pronto pra me contar mais uma história claramente inventada para justificar seu atraso.

Abri-a, e, como de esperar, lá estava ele, ofegante e se apoiando na parede. Permaneci impassível, esperando que ele continuasse, e ele não me decepcionou.

— Natsu — começou dizendo, ofegante demais para continuar sua frase. Respirou fundo e levantou a cabeça. — Fui perseguido.

Revirei os olhos quase que no mesmo instante que acabara de falar, como se já esperasse que fosse algo idiota ou coisa do tipo.

— Claro, Gray — minha voz soou sarcástica. — Quem foram os perseguidores da vez? Alienígenas? Canibais? Animais selvagens de um zoológico? Ah, desculpe, minha cabeça não é capaz de projetar outros prováveis perseguidores, já que você já usou todos esses como desculpa. — concluí, abrindo espaço para que ele entrasse em meu apartamento. Como o honorável cara de pau que era, jogou-se no meu sofá não parecendo importar-se com o que disse.

— Não estou brincando dessa vez! — exclamou. Fingiu uma tosse, tão falsa que até ele percebeu que não me faria cair nela dessa vez. — Ok, das outras pode ter sido mentira, mas dessa vez, ultrapassou qualquer coisa! Não foram alienígenas, canibais, animais selvagens, açougueiros com facões, transformers ou...

— Certo, Gray, não preciso ter que ouvir você listar todos os perseguidores que já teve! — reclamei, chutando suas pernas de cima do meu sofá e sentando-me no espaço já livre.

Ele sentou-se também, parecendo recuperar o fôlego perdido anteriormente.

— Estou cheio. Não aguento mais ser perseguido pela Juvia. E estou falando sério. Estou cogitando me mudar para o Alasca e ensinar pinguins a usarem magia.

— Não tem pinguins no Alasca.

— Que seja. Mas tenho quase certeza que pinguins moram no Alasca.

— É na Antártida do Sul, Gray.

— Cale a boca.

Era esse o tipo de diálogo que estava acostumado a ter com Gray. Começávamos falando de algo sem sentido e terminávamos com algo do tipo “onde os pinguins moram?”. Afinal, é o tipo de diálogo retardado que você tem com seu melhor amigo, certo? Diálogos retardados, mas que ficam somente entre vocês. Como um tipo de parceria secreta. Mas, Deus, eu não queria ter parceria alguma com aquele cara. Gray me tirava do sério, às vezes.

— Tá. Devidamente explicado — começou, como se tivesse feito coisa demais ao utilizar mais uma desculpa que podia ser verdade, no entanto. — Pode me dizer o que aconteceu pra ter me ligado tão desesperado e irritado.

— Você fala como se eu quisesse fofocar com você. Você é o que, uma garotinha? — arqueei uma sobrancelha.

— Natsu, se me chamou aqui pra me ofender, posso dizer tchau — cerrou os olhos, me ameaçando. Revirei os olhos, mas jogando-me no sofá e me rendendo. — Certo, diga-me o que aconteceu. Suponho que é algo com a tal garota lá... Lucy Heartfilia? Deve ser esse o nome. Não me espanta que tenha se sentido um idiota na frente dela. Digo, ela deve ter dezessete e você vinte e seis. A idade já te magoa assim como me magoa? Ugh, que droga. Pelo menos os vinte e quatro já passaram. Me sentia um retardado com vinte e quatro anos.

Gray costumava falar coisas do tipo, já deveria me acostumar, mas era tudo tão idiota que simplesmente me sentia inclinado a rir quando ele falava isso.

— Certo — comecei, abrindo a boca e fechando-a logo depois, sem saber como começar. — Ah, droga. A vida é muito complicada e eu odeio surpresas — argumentei numa clara reclamação. Meu amigo me olhou como se me dissesse pra ir logo ao ponto e eu o fiz. — A filha de Jude, Lucy Heartfilia. Não tem nada a ver com ela ser mais nova, é que ela não parecia ser como eu imaginava.

— Não me diga que ela não parece com Layla. Ou que é completamente o oposto. Layla era uma mulher linda, se a filha dela não for como ela, me pergunto se ela é realmente filha dela — disse, interrompendo-me.

— Cale a boca! Não é isso — bufei. Confesso, ela era bonita, mas tinha dezessete anos, pelo amor de Deus. — Ela não é... Bem... Como Layla. Digo, quando se fala em Layla, o que você pensa?

— Uma mulher bonita que eu gostaria de ter como esposa.

Lhe dei um tapa na cabeça.

— Tenha mais respeito com a falecida mulher de alguém, seu idiota! — repreendi-o, enquanto escutava-o praguejar sobre o tapa. — Quando se fala em Layla, eu penso em uma mulher gentil e simpática que sorri quase o tempo todo.

Ele fez uma careta que entendi como sua expressão de quem tinha entendido e concordava. Prossegui então.

— Então — continuei, meio indeciso entre falar ou não. Ah, que fosse. — Ela é maluca. Ela me pareceu, sei lá, animada por ter um professor, mas ela é mimada. Ela zombou do meu cabelo, não falava muito e, quando falava, era pra criticar algo! Eu estava nervoso ensinando alguém que não tinha tido um vislumbre da magia antes, não consegui sequer fazê-la abrir um portão de uma das chaves! — resmunguei, cruzando os braços. — Aquilo foi ridículo pra mim. Não sei se sou capaz de ir tentar ensiná-la com tanta frequência quanto planejei. Não que esteja com medo ou envergonhado, longe de mim, mas, que droga, aquela garota é um saco! A certo ponto, pensei em incinerá-la, eu juro.

Gray gargalhou alto com a minha desgraça. Não era de se espantar, já que qualquer coisa que me deixa irritado ou desapontado é um motivo de piada para ele.

— Você é realmente muito idiota, Natsu. — ele começou, enquanto arrumava a postura no sofá. Já sem a blusa. Ele voltou a falar no instante em que cogitei ofendê-lo até ele vestir sua blusa novamente. — É estúpido. Você deveria saber de algo universal que todo mundo sabe — arqueei uma sobrancelha, como se esperasse-o continuar. Ele bufou, rendendo-se, provavelmente esperava que eu continuasse a frase. — Se impor. Digo, você é o professor, você é mais velho, você é o mestre.

Revirei os olhos. Era de se esperar que eu escutaria algo do tipo dele.

— Não pode deixar uma garota te controlar. Você tem que controla-la. E — soltou uma risada estranha com um sorriso malicioso que não entendi bem por que estava aparecendo. —, isso não se aplica somente ao ensino.

Cerrei as sobrancelhas, não muito certo de onde ele queria chegar. Mais uma vez, Gray rolou os olhos, murmurando algo para que eu não ligasse para isso.

— A questão é que, por mais mimada que ela seja, você tem aquilo que chama de orgulho, certo? Não deixe-a pensar que está acima de você só porque o pai dela te contratou. Mas que você está acima dela porque aceitou ensiná-la.

— Não me parece real — ergui uma sobrancelha, curioso.

O quê foi agora? — bufou, parecendo impaciente.

— Você está me dando uma dica. E parece que funciona. Isso tudo é meio surreal pra mim, desculpe. Preciso de algum tempo pra me recompor.

— Natsu, você devia parar de ser uma bichinha, isso sim — ele reclamou, irritado com minha afirmação sarcástica, e soltei uma risada para respondê-lo. Dando de ombros, ele reafirmou: — Enfim, não a deixe achar que está por cima. Porque, convenhamos, você gasta seu tempo indo ajuda-la e sequer um agradecimento ou uma melhoria na personalidade ela dá? Sejamos sinceros, ela não está te levando muito a sério.

Suspirei, voltando a dispor o peso completamente em minhas costas, já não me interessando ficar em uma boa postura. Não sabia por que estava tão decepcionado assim. É que parecia meio errado que uma pessoa que se mostrara tão inocente, de certo ponto, tão maravilhada em ter alguém para mostra-la sobre o mundo da magia, se mostrasse minutos depois uma pessoa tão mimada e irritante. Porque, sinceramente, foi um baque. Não algo que fosse afetar o mundinho não tão emocionante de Natsu Dragneel, mas...

A quem eu queria enganar? Se eu dediquei parte da minha conversa sobre bobagens com Gray, à conversar sobre como se “dar bem” com aquela garota que não parecia sequer medir esforços para ser uma boa aluna, é óbvio que me importava. Até porque, justamente o fato de não ser tão emocionante assim — minha vida —, não tinha como abafar os gritos de tal problema com outro maior ainda. Claro, claro.

Gray pareceu perceber que eu não estava muito bem, então pronunciou-se entre o silêncio:

— Quer ver algum filme? Preciso parar com a sensação de que estou sendo observado por alguém a todo instante. — arrepiou-se, como se aquela ideia lhe atacasse diretamente nos nervos.

Tombei a cabeça para a esquerda levemente, fazendo uma careta, ponderando se aquilo seria uma boa ideia. É, talvez aquilo me ajudasse a desencanar de todo esse papo problemático. Digo, Lucy Heartfilia era só uma aluna mais antipática que o normal e que logo demais desapareceria de minha vida, cumprida minha missão.

Certo?

✦ ✧✦ ✧

E lá estava eu, mais uma vez diante a porta da família Heartfilia. Algum tempo já havia se passado desde que tive minha última aula com a herdeira Heartfilia, e eu quase tinha me esquecido de o quão desastroso tinha sido. E eu não estava exagerando. Aquela garota tinha uma aversão a mim do jeito que eu tenha aversão a transportes ou qualquer coisa que se locomovesse rápido o bastante para fazer-me desejar vomitar as tripas. É, achei a comparação digna e fixa.

O céu estava cinza e mostrava que em pouco menos de alguns minutos — 7 no máximo —, iria começar uma chuva torrencial, novamente, para meu desespero. Porque tudo aquilo parecia um claro aviso do destino ou o que quer que seja, me avisando de que, não, as coisas não vão mudar só porque eu quero que elas mudem. Querido mundo, venho passando para dizer que não apenas quero que as coisas mudem, mas que preciso, já que vou conviver com esta praga loira de dezessete anos no meu encalço três vezes ou mais por semana, então, se puder ser mais agradável, agradeço.

Estava surtando. Aquilo não fazia bem pra mim, pelo visto.

Balancei a cabeça, me ponderando por alguns segundos se já tinha tocado a campainha quando a mesma serviçal de ontem abriu a porta, com um sorriso no rosto, como se eu fosse bem-vindo ali, do que eu não duvidava, na verdade, com exceção da pessoa que mais deveria me ter como “bem-vindo” ali.

— Senhor Dragneel — meu nome foi dito com uma felicidade que não me pareceu forjada. Ela acalmou alguns poucos cabelos grisalhos enquanto enrolava os dedos no pano do vestido. — Ah, a Hime-sama está muito animada à sua espera! Não parou de falar nos ouvidos do Sr. Heartfilia sobre suas aulas, nem quando ele estava no escritório — riu, abrindo passagem para que eu entrasse, e não a decepcionei.

Arqueei uma sobrancelha com sua afirmação sem sentido. Lucy me odiava. E não gostava nem um pouco de mim, disso eu podia ter certeza, porque era o que odiar significava. E sequer pareceu ter sentido alguma coisa além de “fazer o que, é o que tem pra hoje” em relação a minha aula. E aquilo me deixou de orgulho ferido, instantaneamente.

Mas, sério, o que é que aquela mulher estava falando? Não era como se Lucy Heartfilia fosse incapaz de elogiar algo como uma simples aula, não, mas, o quê? Aquilo simplesmente não fazia sentido. O mínimo dele. Ela quase me jogara da janela do terceiro andar — hipérbole — para me mostrar do pior jeito possível o quanto não tinha simpatizado por mim ou pelo modo como me dediquei, ou tentei, para ensiná-la algo sobre magia. A não ser que no mundinho cor-de-rosa e retardado dela, isso fosse um significado claro de gesto de agradecimento.

— Obrigado por contar-me, mas — parei abruptamente, arqueando uma sobrancelha. — Tem certeza de que ouviu isso? Digo, não sugerindo que a senhora tenha problemas de audição, mas...

— Não se preocupe, Sr. Dragneel — ela soltou uma risada mínima, cansada. — A Hime-sama pode se mostrar desagradável às vezes, eu sei, mas ela só está assustada. Ver novas pessoas e aprender novas coisas é tudo que ela sempre almejou, mas as circunstâncias a fazem ter medo. — suspirou com pesar, levantando o olhar para mim, sorrindo abertamente dessa vez. — Paciência com a nossa garotinha, Sr. Dragneel. Ela é uma garota incrível.

Aquilo não me pegou exatamente como eu desejava — prevenido. Bom, sei que todo mundo tem sentimentos, qualidades, defeitos — e ressalte os defeitos —, mas não esperava que aquilo tudo, aquele comportamento, fosse reflexo da sua nova “perspectiva de vida”. Acho que como educador, o meu dever seria de, no mínimo, ter percebido aquilo.

Sorri sozinho quando ela acabou de falar sobre a Heartfilia ser uma garota incrível. Instantaneamente, recordei-me da primeira impressão a respeito de tal. Eu disse o mesmo e decepcionei-me fortemente de ela não ser exatamente como tive planejado. O costume era que meus alunos fossem extremos, sinceros e ativos, comigo ao menos, e tudo isso no melhor dos sentidos. Mas alguns imprevistos ocorreram e me convidaram a sair da tão convidativa agora, zona de conforto. Pois bem, não ia julgá-la por isso.

Apenas fitei a serviçal mais alegre e animado do que havia chegado.

— Eu sei. — respondi, e ela pareceu gostar da minha resposta.

— Bom — bateu uma mão na outra, com um aspecto de dever cumprido e virou-se para andar. — A Hime-sama já se encontra na biblioteca a sua espera. E não tenha pressa com as aulas; sinto que com a chuva que está por vir, o senhor não sairá daqui tão cedo.

✦ ✧✦ ✧

Aquela situação era desconfortável. Eu estava agindo estupidamente, porque estava em um completo silêncio, como se a garota a minha frente que folhava um livro como se não ligasse para minha presença, fosse oferecer-me algum perigo. Toda a coragem se dissipou no instante que entrei na enorme biblioteca com tantas prateleiras de tamanho colossal que eu era incapaz de contar quantas haviam. Todas elas podiam muito bem me distrair, mas os incríveis e agora tão odiosos cabelos loiros dela se destacavam mais no marrom da madeira e eu não sabia por quê.

Que droga. Não é como se ela fosse muito diferente de todos os meus alunos problemáticos. Digo, só era bem mais antipática, mas não era nada muito novo. Eu estava agindo como um completo babaca inseguro sem motivo algum.

Respirei fundo, era só bobagem minha, no fundo eu sabia.

— Quanto tempo, não, Srta. Heartfilia? — questionei, a voz soando mais alta do que eu realmente pretendia. Ela trouxe o olhar para mim e fechou o livro com um suspiro e um meio sorriso. Como se ela realmente estivesse o lendo... Estou certo que nossa aula hoje vai ser ótima.

Ela revirou os olhos como se o que eu tivesse dito não fizesse sentido algum. Ou a simpatia com que eu falava. Ou os dois.

— Nos vimos a dois dias — começou, com um tom de superioridade na voz. — Além do mais, como assim, “hoje”? Está insinuando que não foi uma boa aula da outra vez?

Desviei o olhar com uma impaciência visível, mais do que gostaria que estivesse.

Lucy percebeu e soltou uma risada que não descobri na hora se era sarcástica ou realmente verdadeira.

— Estou brincando — rebateu meu mal humor no instante. Ah, claro que está. Eu espero que me faça entender algo sobre conjurar espíritos, porque a aula anterior foi um completo fiasco — falou em um tom que indicava sarcasmo.

— Minhas aulas seriam mais efetivas se alguém as levasse a sério, eu acho. É uma suposição, não quer dizer que eu esteja certo. Mas quer saber um segredo? Tenho a completa certeza. — respondi, com um sorriso ousando surgir.

A gargalhada dela foi até o fim do enorme cômodo e pareceu voltar a nossa mesa e me rodear, após, adentrando minha cabeça de maneira irritante. Porque ela estava claramente zombando de mim.

— Você me diverte, Sr. Dragneel — se inclinou sobre a mesa como se precisasse dessa aproximação comigo para frisar o que dizia. — E confesso que não estou odiando.

— Claro, se você tem um pouco de concordância, é visível que não odeia o fato de eu diverti-la

Apoiou o rosto nas duas mãos, debruçando-se mais ainda sobre a mesa, parecendo estar começando a achar aquilo mais interessante do que antes.

— Ah, me perdoe pela falta de concordância. Deixe-me reformulá-la: Sr. Dragneel, você me diverte muito. E como esperado, estou adorando isso.

— Agradeço por ter se dado ao trabalho. Então, eu lhe perdoo — sorri, tirando o caderno de dentro da mochila jogada estrategicamente sobre a mesa. Joguei o livro na direção da loira. Ele pairou na mesa, deslizando e parando poucos centímetros a frente dela. Jurei que ele iria bater no nariz dela. Agradeço que não.

— O que se supõe que seja isso? Sério, você tem tanta higiene quando eu tenho de prática com magia. — e me olhou enojada, segurando o caderno com somente dois dedos. — E eu não tenho pratica nenhuma a respeito de magia.

Não liguei, preferindo não responder sua provocação.

— Iremos anotar todo o seu desempenho aí — anunciei, segurando a caneta entre os dedos. — Ou melhor, você vai. Escreva sobre como vê seus progressos, para que ao fim de todas as aulas, eu possa lê-lo. É uma espécie de motivação para você seguir em frente, vendo o quão progrediu. Como um diário. Mas, por favor, não escreva sobre coisas de garotinha como por quem você se apaixonou ou qual é sua inimiga que causa intrigas entre você e o garoto que gosta, ou como quando menstruou pela primeira vez. Não preciso dessas informações.

Depois de meus breves avisos, o rosto dela tingiu-se numa cor de vermelho muito forte, talvez de vergonha, talvez de raiva, ou talvez um mesclado dos dois.

— Como? Claro, porque presa nessa casa é provável que eu me apaixone pelos esquilos do quintal. E, menstruar? Como se e fosse dar esse tipo de informação num caderno que você vai ler! — o rosto dela ficou mais vermelho ainda e ela ofegou por alguns instantes, como se tivesse demorado muito para proferir as palavras, o que não foi verdade. Completamente ao contrário.

— Só quis deixar bem claro — respondi, sorrindo acidamente, não realmente me importando com sua expressão irritada. — Podemos começar?

O rosto voltou a coloração original, mesmo que as bochechas ainda estivessem em um tom de rosa claro. Ela sorriu-me pela primeira vez com um sorriso em que não encontrei ironia, sarcasmo ou escárnio. Os dentes brancos foram expostos e ela arrumou a postura, as sobrancelhas se curvando para baixo numa expressão desafiadora. Lucy Heartfilia soltou das cordas vocais algo que eu parecia conhecer a muito tempo.

— Eu tô empolgada.

Sorri também.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Se tiveram erros de português ou de formatação, me avisem, por favor, certo?



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